A LUA, O CAOS E A LIBERDADE [...

By MarySinnon

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CONCLUÍDA ✓ ✨Eu não ia continuar naquele lugar. Vivendo como se estivesse morta. Sem sentir, sem me mostrar d... More

Capítulo 1 - Chegada (revisado)
Capítulo 2 - Periferia (revisado)
Capítulo 3 - Quem é você? (revisado)
Capítulo 4 - Hóspede (Revisado)
Capítulo 5 - Uivo (revisado)
Capítulo 6 - Passado (revisado)
Capítulo 7 - Tempo fresco (revisado)
Capítulo 8 - Funcionário Novo (revisado)
Capítulo 9 - Garçom (revisado)
Capítulo 10 - Porta dos Fundos (revisado)
Capítulo 11 - Praça (revisado)
Capítulo 12 - Discussão (revisado)
Capítulo 13 - Desculpas e Planos (revisado)
Capítulo 14 - Não é um adeus (revisado)
Capítulo 15
Capítulo 16 - Alpha
Capítulo 17 - FUJA!
Capítulo 18 - A porra da prata
Capítulo 19 - Onde ela está?
Capítulo 20 - Telefonema
Capítulo 21 - Ele só ladra, não costuma morder.
Capítulo 22 - Isso vai ser interessante.
Capítulo 23 - Tomada de decisão.
Capítulo 24 - Olá, loba vermelha.
Capítulo 25 - Temos assuntos a resolver, Celine.
Capítulo 26 - Morar na casa dele?
Capítulo 27 - Agora ela é assunto meu.
Capítulo 28 - Não vou cometer esse erro duas vezes.
Capítulo 29 - Sem máscaras.
Capítulo 30 - Reunião da alcateia.
Capítulo 31 - A curiosidade pode matar.
Capítulo 32 - Pergunta inusitada.
Capítulo 33 - Saindo pela janela.
Capítulo 34 - Febre.
Capítulo 35 - Jovem lobo.
Capítulo 36 - Feromônios.
Capítulo 37 - Carinho?
Capítulo 38 - Não vai rolar.
Capítulo 39 - Lua cheia.
Capítulo 40 - Cachoeira.
Capítulo 41 - Cachoeira (parte dois).
Capítulo 42 - O segredo.
Capítulo 43 - Provador.
Capítulo 44 - Rejeição.
Capítulo 45 - Novas habilidades.
Capítulo 46 - Jantar.
Capítulo 47 - Encontro indesejado.
Capítulo 48 - Perdição.
Capítulo 49 - Laço de alma.
Capítulo 50 - No banheiro.
Capítulo 51 - Cheiro de medo.
Capítulo 52 - Entrelaçados???
Capítulo 53 - Visitinha.
Capítulo 54 - As visitas chegaram.
Capítulo 55 - Telepatia.
Capítulo 56 - Obediência e culpa.
Capítulo 57 - Entre irmãos.
Capítulo 58 - Dever de Alpha.
Capítulo 59 - Despertando.
Capítulo 60 - Desabafo.
Capítulo 61 - Surpresa.
Cap 62 - Cobrando a aposta.
Capítulo 63 - O brinde de Kai.
Cap 64 - Brincadeira excitante.
Capítulo 65 - Regra quebrada.
Capítulo 66 - Aniversariante.
Capítulo 67 - O pau quebrando.
Capítulo 68 - Plano inimigo.
Cap 69 - Um lobo desconhecido.
Capítulo 70 - Lareira e conselhos.
Capítulo 71 - Cheiro de desastre.
Capítulo 72 - Ideia inconsequente.
Capítulo 73 - Uma cama.
Capítulo 74 - Atrelados.
Capítulo 75 - Está ficando louca?
Capítulo 77 - Enjaulado.
Capítulo 78 - Caçadores.
Capítulo 79 - Porão.
Cap 80 - Aperte o gatilho.
Capítulo 81 - Kendall.
Cap 82 - Como uma sombra.
Capítulo 83 - Vulto chocolate.
Capítulo 84 - Meu verão.
Capítulo 85 - Notícia ruim.
Cap 86 - Um novo plano.
Cap 87 - Instinto e dominância.
Cap 88 - Cheiro de sangue.
Capítulo 89 - Caos e descoberta.
Capítulo 90 - Laço de sangue.
Cap 91 - Terminando o que começaram.
Capítulo 92 - Matando a saudade.
Capítulo 93 - Voltando aos eixos.
Capítulo 94 - Calor.
Capítulo 95 - Sensações novas.
Capítulo 96 - Primeira vez.
Capítulo 97 - Galetos e Natal.
Capítulo 98 - O grande momento.
Capítulo 99 - Eternos.
Capítulo 100 - A lua, o Caos e a Liberdade.

Cap 76 - Na casa dos solitários.

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By MarySinnon



Maika

O caminho de ônibus até o território de Kendall nos rendeu algumas horas. E durante essas horas, Liphe foi a pessoa mais chata que existiu. Não parava de me perguntar sobre as coisas, de como eu conheci Pether, de como fui salva, de como fui parar na casa de Connor e entre outras coisas que me senti obrigada a contar. Ele me ouvia atentamente e minhas histórias pareciam pelo menos matar o tédio dele. E quando estávamos chegando, senti um alívio gigante. Tanto por ter parado de falar quanto por ter desabafado um pouco.

Descemos do ônibus e era a primeira vez que estava pisando no território de Kendall.

— Maika... — Ele sussurrou enquanto andávamos. — Se formos parados por algum lobo de Kendall, eu sou da alcatéia de Connor, ok? Mas se formos parados por solitários, esqueça o que eu acabei de dizer. — Segurei a vontade de rir e olhei em volta.

— Ok, pode deixar. — Suspirei. Tinha voltado a nevar. — Mas acho que os lobos de Kendall estão muito bem escondidos agora. Se formos parados, o que não vai demorar, vão ser solitários.

A cidade era grande, arborizada e as pessoas andavam tranquilamente pelas ruas completamente alheias ao que estava acontecendo nesse território. Era uma cidade bonita demais para Pether deixar de se importar tanto assim. Fico pensando ainda mais nos seus motivos agora para ter deixado esse lugar.

Ao longe, além dos prédios e casas, podia ver o relevo alto de florestas. Era enorme...

— Preste atenção... Já nos perceberam. — Arregalei os olhos quando ouvi Liphe.

— Sério? — Olhei disfarçadamente em volta e percebi alguns indivíduos nos encarando. Alguns em frente a estabelecimentos, outros sentados em bancos. Solitários. 

Isso tinha sido rápido demais.

— Vamos para um lugar mais isolado para que cheguem até a gente. — Ele falou e andamos mais uns quarteirões até acharmos um depósito vazio. Entramos e Liphe suspirou baixinho. — Agora é só esperar. — O silêncio se estendeu e ficamos parados ali dentro daquele depósito abandonado esperando qualquer alma viva aparecer. — Maika se voltarmos vivos desse lugar, me lembre de cuidar melhor daquele bar. Quem sabe eu não te contrate.. — Olhei pra ele de esguelha ao ouvir aquela informação. Pressionei os lábios e o observei enquanto parecia checar o local mais uma vez. Não sabia que Liphe tinha essa lado tão fofo.

— É uma promessa. — Falei baixo.

— E vocês, quem são? — Ouvimos uma voz rouca soar junto a vários passos na entrada do depósito. Levantei o olhar e vi os seis homens que entraram ali dentro. — O que estão fazendo aqui? — Engoli em seco quando ouvi um clique familiar soar atrás de nós. E quando olhei, vi mais dois solitários. Esses estavam armados. 

Respirei fundo e ignorei o fato de que essa ideia de merda de vir pra cá era horrível. Provavelmente Liphe estava me xingando em pensamentos agora.

— Olá, somos solitários, não viemos causar problemas. — Levantei as mãos e Liphe me imitou fingindo um sorriso que eu sabia ser mais falso do que o que eu tinha acabado de dizer.

— Ei amigos, não precisam de armas, precisam? — Ele falou. — Estamos desarmados, podem nos revistar se quiserem. — Olhei pra ele com as sobrancelhas franzidas, mas aceitei. O solitário que tinha feito perguntas acenou com a cabeça e dois caras vieram nos revistar, arrancando também nossas mochilas para conferir o que tinha dentro. O líder parecia ter uma cicatriz no queixo e parecia ser ele de quem Bernard citou.

— Limpos. — Ouvi o barulho das armas e percebi que tinham abaixado. Jogaram as mochilas novamente para os nossos pés. Abaixamos as mãos e eu voltei a colocar a mochila no ombro.

— O que querem aqui?

— Sou irmã de Caim. Fiquei sabendo do trabalho fantástico que fizeram aqui. Estou procurando pelo meu irmão já que essas armas aí foram fornecidas por ele. Pensei que pudesse estar por aqui. — O solitário me encarou por um momento e estreitou os olhos.

— Irmã dele? — Seus olhos correram pelo meu rosto. — Vocês se parecem. Ouvi falar que vocês brigaram feio a alguns dias. Vocês estavam na alcatéia daquele Alpha... Connor Blake, não é? — Senti meu coração bater forte. Eles sabem disso.

Você já sabia que eles poderiam saber. Relaxa.

— Sim. Eu e meu amigo Liphe vazamos de lá.

— Interessante... Está com saudades do maninho ou quer se vingar? — Levantei uma sobrancelha.

— Só o que você precisa saber é que eu estou procurando por ele. Caim tem alguma relação direta com esse ataque? — Calma Maika, você quer se tornar amiga deles, não inimiga. 

Senti Liphe encostar a mochila em mim quando ajeitou a dele no seu ombro. Eu sei, desculpa.

— E se ele tiver? — Perguntou secamente.

— Eu o agradeceria e pediria para me juntar a vocês.

— Ah, é mesmo? — Ele resmungou sorrindo e olhando para os outros solitários que permaneceram em silêncio. — Bom, infelizmente não tive contato com seu irmão. E não... — Continuou olhando para o seu bando. — Ele não teve relação com esse ataque.

— Nosso pedido continua sendo o mesmo. — Liphe interrompeu. — Queremos nos juntar a vocês.

— Não sei se devo confiar... Por que querem tanto se juntar? — Se aproximou. Os olhos brilhando alaranjados.

— Cara, pelo simples fato de ter um lugar pra ficar já é ótimo. — Liphe falou antes que eu respondesse qualquer coisa. — Vivemos lutando para mantermos um território digno para nós solitários. Sem Alphas para nos submeter, um lugar onde não precisamos fugir. O que estão fazendo aqui é lutar em conjunto por uma única causa. Nós queremos lutar com vocês. — O solitário encarou Liphe por um tempo considerável antes de me encarar também. Olhei de soslaio para Liphe. Ou ele tinha realmente uma língua de ouro ou ele estava dizendo algumas verdades.

— Certo... Ficarão em observação na casa da alcateia. — Ele franziu as sobrancelhas e passou a mão no cabelo castanho antes de ajustar a jaqueta de couro cor de merda. — Não podemos recusar solitários. Cada ajuda é bem vinda. Principalmente no começo. — Quase não consegui segurar um rosnado. 

Esse desgraçado estava falando essas merdas enquanto matou e ameaçou os lobos daqui. Ele ameaçou mulheres e crianças para fazer Kendall cair. Lobos inocentes que acreditavam na segurança de uma alcateia e que agora estavam escondidos em qualquer lugar. Estão fazendo a mesma coisa que repudiam.

— Obrigada. — Tentei sorrir, mas falhei.

— Guiem eles. — Deu as costas e eu quis pular na sua garganta. Mas me distraí com o respirar profundo de Liphe ao meu lado. Os outros lobos perto o suficiente da gente estavam atentos. — Aliás, meu nome é Bram. — Falou e voltou a andar na nossa frente.

Nos colocaram dentro de um carro e nos levaram para um casarão enorme. Distante da cidade e completamente escondido por árvores. Seguimos por uma estrada de cascalho por bons metros até estacionarmos na frente dela.

Quando desci e Liphe assoviou contemplando a casa, eu só pude pensar o quão perto eu estava de Kendall. Ele estava em algum canto desse casarão, preso, desacordado ou sei lá o quê.

Quatro solitários nos levaram até a porta. Haviam outros espalhados por toda a propriedade. Como Bernard havia dito... Haveriam centenas espalhados por toda a cidade também, apostaria. Mas as armas... as armas provavelmente só os solitários mais importantes tinham permissão para uso. Não existe arma pra todo mundo e acredito que nem todos aceitariam usar. Foi o que Bernard confirmou também. Eles devem estar mantendo tudo isso aqui. Longe e seguro.

Quando entramos, me deparei com uma casa extremamente bagunçada. Muito bem mobiliada, mas com as coisas fora do lugar. Isso tudo deveria estar impecável antes de invadirem.

— Desculpem a bagunça. — Ele riu ao perceber minha cara enquanto olhava em volta. Liphe diferente de mim, não pareceu se importar nem um pouco. — Não tivemos tempo para organizar essas coisas ainda. — Não respondi. Provavelmente houve luta aqui dentro no começo. — A sorte de vocês é que essa casa possui tantos quartos que não é problema nenhum acomodar vocês dois. Levem eles para algum deles. — Pediu para outro solitário, e este, pediu para que o acompanhasse. Estavam sendo gentis demais conosco apesar de tudo.

Entramos em um dos quartos do corredor no andar de cima e vi que era grande. Tinha uma beliche no canto do cômodo, um tapete rosa, um armário branco e uma mesinha ao lado do criado mudo e da cômoda espelhada. Meu estômago se revirou quando vi os retratos nas prateleiras.

Deixei a mochila sobre a cama e ainda pude sentir os cheiros doces desse quarto. A jovem que estava no retrato ao lado de outra. Gêmeas. Sorrisos lindos que estampavam seus rostos. Provavelmente o cômodo era delas.

Tomaram esse lugar.

Se acalme, Maika.

Mal me importei que ficaria no mesmo quarto que Liphe. Pelo menos ficaríamos juntos, poderíamos conversar sobre qual passo tomar primeiro.

Bram logo apareceu na porta. Arrumei a postura e sorri ao agradecer pelo quarto. Que na verdade não era nem dele. Olhou o cômodo como se estivesse observando o lugar pela primeira vez. Desgraçado.

— E então? O babaca do Alpha está morto? — Perguntei, descontando a raiva que eu estava sentindo nessa frase. Acho que soaria real o suficiente. Bram sorriu e encostou no batente da porta.

— Está apagado a dois dias e meio.

— Como conseguiram? — Perguntei e vi Liphe se sentar na beliche. Encarei Bram e vi que ele respirou fundo. Talvez pensando se realmente daria uma resposta.

Oras, vamos, seja um pouco burro. Você trouxe a gente até aqui, não?

— Altas doses de tranquilizante e um dardo de prata.

— Tranquilizante? — Minha pergunta foi tão espontânea que logo me atentei a soar menos surpresa. Como não pensei nisso? Era um alívio saber que não estava morto e que a dose de prata era pequena. Então aqueles outros dardos que o atingiram não foram prata como Bernard pensou. Isso é bom...

— Não queríamos matá-lo agora. Só precisávamos prendê-lo. — Ele permaneceu com o sorriso no rosto. O solitário era um pouco mais alto que Liphe e parecia ter por volta dos 30 e poucos anos. Provavelmente estava abrindo a boca porque queria falar um pouco sobre seus trunfos. Pois nunca mais teria chance de fazer isso novamente na sua vida. — Teremos muito tempo com ele quando acordar. — Um arrepio subiu pelo meu corpo.

— Ver Kendall inconsciente agora seria uma ótima visão... — Liphe resmungou abrindo um sorriso folgado. — Por favor, tenho certeza que poderiam me dar um espaço para torturá-lo também. — Ouvi uma gargalhada vir de Bram e depois de analisar Liphe cuidadosamente, virei o rosto para o solitário parado na porta.

— Posso pensar nisso. — Bram se recuperou da risada. Liphe estava ganhando empatia de uma forma que me assustava. Provavelmente estava analisando mais coisas que eu. Ou era só despreocupado demais para mandar uma dessas. — Você, Maika, não é? — Olhou pra mim. Os olhos agora num castanho fosco. Sabia o meu nome. — Seu irmão já foi uma grande pedra no meu sapato, mas já me ajudou muito. Espero que voltem a se dar bem. — Eu realmente espero que não.

Mas vou aproveitar essa informação. Bram estava confiando mais na gente por causa do vínculo que tinha com meu irmão. Pela primeira vez na vida vou agradecer por Caim ter sido um filho da puta e ter mantido contato com gente pior ainda.

— Sim, meu irmão é complicado, mas... Ele tem suas... — Pensei em qualidades... mas ele não tinha nenhuma que eu admirasse de verdade. — Enfim... — Encarei o chão ao cruzar os braços. — Espero que possamos ajudar em alguma coisa por aqui. — Olhei Bram novamente e vi seu olhar me percorrer. Minha garganta se fechou.

— Poderiam começar pela bagunça lá embaixo. — Quis matá-lo, mas seria um bom jeito de explorar melhor a casa.



Celine

Acordei num pulo quando ouvi um rosnado alto soar da sala. Eu estava sozinha na cama. Meu coração disparou e quase saí correndo do quarto, mas notei que estava sem roupa. Puxei uma camisa de Connor que estava ao meu lado na cômoda e coloquei minha calça que estava jogada na beira da cama. Me vesti rápido e saí quando ouvi Pether gritar.

— O que houve?! — Perguntei quando cheguei lá. Ajeitando a camisa de Connor no corpo. Olhei em volta e vi Bernard pálido sentado no sofá, a haste do soro logo ao lado dele. Kai perto de um Pether que não parava de andar de um lado para o outro com as mãos na cabeça. Os olhos esmeralda do seu lobo eram as coisas mais vivas que vi. Dominic, Alaric e Collin estavam perto de Connor que agora olhavam pra mim com uma feição de que nada bom tinha acontecido. — O que houve?! — Repeti. Meu coração apertou, esperando o pior.

— O que houve?! — Pether olhou pra mim. — Bem, o que houve é que Maika foi colocar aquele plano ridículo dela em ação. Nem mesmo esperou essa maldita reunião!! — Ele apertou as mãos e sua feição dizia que queria socar qualquer coisa que visse pela frente.

— Bernard nos contou. — Connor se aproximou de mim olhando como eu estava.

— Antes que falem qualquer coisa, eu não tive culpa de nada, ok? Ela só chegou pedindo pra que eu desse informações de lá. Disse que iria sem minha ajuda ou não.

— E você deu? — Pether perguntou virando para ele.

— É óbvio, né? Já que ela estava colocando sua conta em risco, pelo menos ajudaria ela com algumas informações valiosas.

— Por que não impediu que ela fosse?! — Pether rosnou.

— Você queria que eu fizesse o quê? Que eu dominasse ela? Prendesse ela com o scalp do soro e mantivesse em cativeiro até que voltasse? Saiba que ela tinha argumentos muito bons para ir. — Pether quis avançar na direção de Bernard, mas Kai segurou seu braço com força.

— Ei. Não. — Sussurrou.

— E vocês estão brigando enquanto ela já deve estar lá? — Era uma notícia aterrorizante, mas que não tinha mais o que fazer.

— Só o que podemos fazer agora é pensar em um outro plano e confiar na ideia da Maika. — Connor falou, mas passou a mão na nuca. Sua mente agora provavelmente estava a mil.

— Nem sabemos se aqueles malditos aceitaram que ela ficasse lá! Não sabemos de nada! — Pether não estava pensando direito e quando me aproximei dele, pude sentir o cheiro de Maika no seu corpo. Uau eles...

— Se acalme. — Segurei sua mão e ele olhou pra mim.

— Suponhamos que ela consiga chegar até os solitários, quanto tempo vocês acham que ela vai levar para se livrar daquelas armas? — Kai perguntou.

— Se ela conseguir agir rápido, talvez uns dois dias, mas existem milhões de variáveis.

— Ela disse que ia levar alguém. Uma ajuda. — Bernard falou.

— Quem? — Pether parou ao meu lado.

— Ela não disse.

— Bem, não importa. Se ela levou alguém, isso já melhora um pouco as coisas. — Connor cruzou os braços e encarou o chão. — De qualquer forma, temos que ir e ficar na fronteira do território.

— Aquele lugar vai estar infestado... — Alaric resmungou.

— Os solitários que estiverem vigiando a fronteira não vão estar armados. Pelo menos é o que eu suponho. — Bernard respondeu.

— Ah, eu vou adorar isso... — Dominic riu. — Já fazia tempo que a gente não comia rabo de solitário. — Franzi o cenho para ele e segurei um sorriso quando vi Bernard levantar uma sobrancelha para Dominic.

— Não podemos ser vistos. Se formos atacar, vai ser na surdina. — Connor falou. — Bernard, sabe de algum lugar mais estratégico? — Ele pareceu pensar.

— Eu sei. — Pether falou no lugar. — Existe uma floresta densa perto da casa da alcatéia, rodeando pelo norte da fronteira. Seria mais fácil se esconder por lá se fôssemos atacar. — Olhou para Bernard. — Acho que aqueles solitários, apesar de estarem protegendo a fronteira, vão estar mais concentrados na cidade. E de qualquer forma, o centro ainda é o principal lugar que eles vão se preocupar.

— Mas também é possível que eles redobrem a atenção no norte. — Bernard falou. — Você sabe muito bem que eles também conhecem os melhores lugares. Já tentaram invadir muitas vezes.

— Bernard tem razão. Devemos tomar cuidado. Sabe mais outro lugar que podemos usar? — Connor perguntou.

— Não. Pether falou do melhor lugar que temos até agora. Além da floresta, quanto mais próximo chegarmos da casa, mais vigiado será.

— Alguns dos nossos lobos poderiam chamar atenção no sul enquanto invadimos pelo norte. — Kai cruzou os braços. Os olhos azuis escuros encaravam Connor.

— Pensei a mesma coisa. — O Alpha confirmou e olhou pra ele. — Diga aos outros que irão conosco que se preparem até hoje a noite. E que todos disfarcem seus cheiros. Vamos caçar um pouco. — Ele se permitiu sorrir e eu quase caí de encantos por aquele macho.

— É ISSO! — Dominic falou levantando seu punho. — Já estava sentindo falta de uma tensão.

— Calma lá, idiota. — Alaric deu um tapa na cabeça dele. — Dá última vez, você quase perdeu a orelha e o focinho. — Olhei para Pether que se tencionou e só aí percebi que ainda segurava sua mão.

— Ah vamos lá... — Dominic respondeu ao irmão. — Era Pether porra, não vale. — Sorri ao ouví-lo.

— Celine, venha comigo um instante. — Ouvi meu companheiro se aproximar de mim. Soltei a mão de Pether que me olhou cuidadosamente e sorriu. Fiquei aliviada que parecia mais calmo.

Segui Connor pelo corredor até entrarmos no quarto.

— Diga, meu Alpha. — Fiquei na ponta do pé e beijei seu maxilar. Ele sorriu rodeando os braços na minha cintura.

— Está se sentindo melhor? — Ele estava falando do nosso entrelaço mais cedo. Não vi quando ele saiu de dentro de mim, mas não estava mais doendo.

— Estou ótima.

— Que bom... — Beijou minha pálpebra e foi até uma gaveta antes de abri-la.

Levantei uma sobrancelha ao pensar no que estaria fazendo. Mas logo descartei a ideia quando vi ele tirar um celular lá de dentro e se aproximar de mim novamente.

— Aqui, pegue isso pra você. — Estendeu.

— Pra quê? — Peguei o aparelho, receosa.

— Pra falar comigo, oras... — Riu fraco, mas vi seus olhos tensos. — Era meu celular antigo. — Senti ele tirar minha franja do rosto.

— E porque está me dando isso agora? — Liguei o celular. Estava com a carga completa.

— Porque você vai precisar dele quando eu estiver lá. — Meu lábio subiu num sorriso sarcástico e ele me encarou com a sobrancelha erguida. O olhar imbatível.

— Espera... você não está querendo dizer que eu vou ficar aqui né? — Deixei o celular em cima da cômoda com uma sutileza que me surpreendeu.

— Celine... — Segurou meu rosto. — Não posso deixar você ir com o risco de estar mesmo grávida. — Ouvir a palavra da sua boca era chocante e me fez arrepiar.

— Connor! Isso é ridículo. Nem deu tempo ainda de acontecer, para com isso. — Segurei sua mão, mas ele permaneceu com ela no meu rosto.

— Não Celine, isso acontece mais rápido do que você imagina. Ainda mais quando atrelados.

— Mas-

— Se você estiver lá assim... — Continuou. — Eu não vou conseguir me concentrar. — Só em pensar nele se machucando por teimosia minha... — Entenda meu lado, por favor. — Encostou sua testa na minha. Parecia desesperado ao tentar me convencer. — Na nossa espécie, o começo da gestação é a mais sensível. Não aguentaria ver você lutando com alguém, se esforçando quando algo meu está aí dentro tentando ficar. — Um arrepio subiu pelas minhas costas. — Eu sei que não podemos ter certeza, mas só em pensar nisso...

— Eu entendi, Connor.

— Collin ia gostar que você ficasse com Lori.

— Ele ou você? — Encarei seus olhos verde água belíssimos e ele sorriu.

— Nós dois, na verdade. — Encostou seu nariz no meu. — Pode fazer isso e cuidar das coisas por aqui? Por mim? Pela nossa alcatéia? — Me encarou profundamente. Eu poderia xingá-lo por tentar me induzir com esses olhos lindos. — Por um possível bebê? — Fechei os olhos e respirei fundo.

— Posso... — Passei os braços ao redor da sua cintura. — Mas eu poderia ajudar de alguma forma por lá...

— Eu sei que poderia. Mas não se preocupe, vou estar muito bem acompanhado. — Ele deu um sorriso largo e beijou meus lábios tão carinhosamente que quase me quebrou. Então permaneci com meus braços em volta da sua cintura só para tê-lo alguns segundos a mais.

— Tudo bem... — Falei resignada. — Mas se você não voltar logo, eu juro que vou atrás de você. — Ouvi ele gargalhar e apoiar a bochecha na minha cabeça. Acabei rindo também. 

Ele tinha a risada mais gostosa de todas.

— Claro. 


Aí gente... 🥺
Pq o Bernard não amarrou a Maika numa cadeira? Kkkkkk

É pra acabar heim...

Apesar de tudo... Espero que tenham gostado! Kkkkkkkkk

Até o próximo 😘😘😘

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