Celine
— Eu posso tentar me infiltrar. — Ouvi a voz de Maika na porta e me virei. — Eu sou irmã de Caim. Provavelmente eles conseguiram essas armas dele. Posso fingir estar procurando meu irmão.
— Não. Muito arriscado. — Pether disse.
— Eu posso tentar me livrar das armas. Sei onde eles costumam guardar. Eles são lobos, não vão querer ficar com aquilo nas mãos, a não ser que por necessidade extrema. — Olhei Connor e percebi que ele estava realmente considerando essa ideia estúpida.
— Ela seria uma chance. — Connor falou se levantando.
— O quê? — Eu e Pether falamos juntos.
— Tenho que conversar com meus lobos sobre isso. — Ele se aproximou de mim e deixou um beijo caloroso em meus lábios antes de ir em direção da porta. — Se eles concordarem, faremos uma reunião com quem vai e quem fica. — Ele pegou o celular antes de sair e o quarto ficou num silêncio completo. Olhei Pether e Maika antes de sair atrás de Connor. Ele vai mesmo considerar deixar Maika ir lá naquele ninho de solitários depois de ter sido atacada pelo próprio irmão? Tem que haver outro jeito.
— Connor. — O chamei no meio do corredor e ele olhou pra trás. — E se aqueles solitários souberem o que aconteceu entre Maika e o irmão? Se souberem que ela está blefando...
— Eles podem saber disso, mas nada muda o fato dela poder querer procurá-lo. Ela continua sendo uma solitária para eles. Como Caim. Eu permiti que eles ficassem aqui, mas não são membros da alcateia de fato. Isso a protege deles. — Fiquei em silêncio por um momento.
— Não tem uma forma mais segura para fazermos isso?
— Alguma sugestão? — Ele perguntou, mas eu acabei negando. — Eu vou conversar com os meus lobos. Talvez eles pensem em alguma coisa melhor. É revoltante pra mim também ter que pensar em deixá-la ir. — Ele alisou meu cabelo. — Talvez eu volte um pouco tarde hoje. Vou aproveitar e levar Lori pra casa.
— Eu vou com você.
— Vamos fazer outra reunião amanhã na casa da alcatéia. Tudo o que eu discutir com Kai, Alaric, Dominic e Collin hoje, vai ser discutido amanhã também. Já está ficando tarde. Não precisa ir se não quiser.
— Me escute, não vai querer ouvir eles falando sobre isso, Celine. — Lori apareceu no começo do corredor e sorriu alisando a barriga enorme.
— Certo. Vou te esperar então. — Falei e beijei sua bochecha. Ele assentiu e colocou o celular na orelha antes de seguir para a sala. Fui até Lori e Maika logo saiu do quarto atrás de mim. Ela encarava o chão e seus pensamentos pareciam estar longe.
Lori também notou isso quando disse:
— Não precisa fazer isso, se não quiser. — Maika olhou para nós.
— Está tudo bem. Eu posso tentar ajudar. — Ouvi Connor aparecer da varanda logo em seguida.
— Lori, tudo certo. Podemos ir? Eles vão estar na sua casa.
— Eu mereço... — Ela resmungou e depois abriu um meio sorriso. — Tantos lugares para vocês discutirem isso. — Connor soltou uma risada.
— Não faremos muito barulho, não se preocupe.
— Você disse a mesma coisa da última vez. — Última vez. Então essas reuniões ocorreram muito mais vezes do que eu imaginava. — Vamos logo, quanto mais cedo vocês começarem, mais cedo terminam. — Ela me abraçou e acenou para Maika antes de seguir para a porta. Olhei para Connor e vi ele me olhando de volta. Até dar uma piscadela pra mim e seguir Lori. Seu cheiro delicioso enfraquecendo quando fechou a porta.
— Me faz companhia? — Ouvi Maika e me virei pra ela. Estava acendendo a lareira, mas o fogo parecia menor do que antes. A sala estava um pouco fria depois que Connor saiu lá pra fora pra falar no celular.
— Acho que vi uma coisa escondida no fundo do armário da cozinha um dia desses... — Murmurei passando pelo balcão. Abri o armário e procurei novamente. Tirei algumas coisas da frente e lá estava. — Vamos beber um pouco. — Peguei a garrafa de vodka e dois copos ao lado antes de voltar para a sala. Me sentei no tapete e servi um copo pra ela. Ela fez uma careta quando sentiu o cheiro, e eu acabei fazendo o mesmo.
— Argh. Isso é álcool puro.
— Não tenho boas lembranças com álcool. — Resmunguei segurando a risada.
— Nem eu.
— Brindemos à nossa resistência lupina. — Levantei o copo até o dela antes de virar aquilo num só gole. Ela fez o mesmo e eu segurei a risada com a careta que ela fez logo em seguida. O líquido desceu queimando minha garganta. — Temos que terminar essa garrafa antes que Pether veja. — Resmunguei e vi Maika sorrir ao estender o copo pra mim. Servi nossos copos mais uma vez e repetimos a dose.
Maika encarava aquele fogo perto de nós em silêncio. O álcool esquentava nossos corpos no frio do inverno. Será que estava pensando na sua ideia e medindo os riscos de ir até os solitários? Se ela for mesmo companheira de Pether, até entendo o porquê dela fazer isso. Ele parece uma bagunça depois que recebeu a notícia. E ninguém melhor do que ela para notar. Seria motivo suficiente para se colocar em risco.
— Ahh... — Respirei fundo. — Já que nossos machos não estão aqui para nos esquentar, a bebida o faz. — Falei simplesmente para chamar sua atenção. — Quer dizer, pelo menos comigo. Você ainda tem um candidato pra esquentar os lençóis hoje a noite. — Surpreendentemente recebi um tapa no ombro e olhei pra ela rindo. O fogo deixou suas bochechas vermelhas ainda mais chamativas. — Mas infelizmente não sei como os dois estão para dar uma ideia dessas.
— Nada bem. — Ela falou baixinho. Muito baixo. E eu fiquei em silêncio.
Já estávamos terminando a garrafa quando o sono começou a me rodear. Maika estava deitada de bruços no tapete. Tínhamos conversado um pouco sobre nossos passados. Ela me falou um pouco da sua infância com Caim, das vezes que ele mandou ela fazer coisas horríveis pra ele, e também contou da última vez que ele pediu que ela matasse um homem. Um humano. Aqui no território. Engoli em seco quando lembrei do que Connor tinha me dito dela pela primeira vez. "Eu não matei" Ela falou. "Mandei ele fugir para outro lugar, mas Caim me obrigou a confessar para Connor quando ele nos pegou. Eu menti para os dois". Provavelmente o álcool estava fazendo ela falar sobre essas coisas. E deixei, fui totalmente aberta a ouvi-la. "Pether percebeu naquele dia. Percebeu o meu medo. O medo de que meu irmão me desse outra ordem dessas." Ela sorriu fraco. "E foi me ajudar."
— Claro que foi. — Falei sorrindo, lembrando do jeito que ele olhou pra ela no restaurante. Eu soube no mesmo momento. Era algo que ia muito além do físico.
Me levantei com o meu copo e o levei até a cozinha. Meu corpo estava leve como uma pluma.
— Acho que já vou dormir. Vai ficar bem aqui? — Perguntei.
— Vou. — Ela respondeu sorrindo e servindo o resto da bebida pra ela. — Boa noite. Foi bom ter a companhia de uma Alpha comigo. — Senti meu coração dar um pulo ao ouvi-la.
— Durma bem. — Foi a única coisa que consegui responder antes de seguir para meu quarto e para um banho quente.
Maika
Meus pensamentos estavam mais leves agora. O fogo estava ficando cada vez mais fraco enquanto eu estava enrolada na coberta. A sala estava toda fechada, mas o frio persistia no ambiente. As luzes agora estavam todas apagadas e as brasas da lareira eram meu único ponto visual. E por causa de Celine, meu coração não parava de bater agitado sempre que lembrava do que disse. E o pensamento rodeava minha cabeça como um lobo rodeando uma corsa. Estava frio e eu dificilmente dormiria bem. Levantei e respirei fundo.
Você precisa ter iniciativa.
Agarrei minha coberta, meu travesseiro e atravessei o corredor até a porta do quarto dele. Meu coração estava para escapar pela boca quando parei na frente dela. A luz do quarto de Pether estava desligada e provavelmente já devia estar dormindo.
Levei a mão para bater, mas demorei demais pensando melhor se devia fazer ou não. No final de tudo, dei três batidinhas com os nós dos dedos.
A casa estava extremamente silenciosa e aquilo já parecia alto demais. Encarei o chão quando não ouvi nada do outro lado. Conseguia sentir o resquício do seu cheiro atravessando a porta.
Já ia desistir da ideia quando ouvi a maçaneta girar. A porta se abriu e eu encarei um Pether com uma cara séria, vestindo uma camisa preta amassada e uma calça moletom. Seus cabelos estavam desarrumados e seus olhos... Seus olhos pousaram em mim como se ele já soubesse o que eu tinha ido fazer. Desceu o olhar, apertei o travesseiro nos meus braços e ele suspirou.
— O que você quer? — E mesmo assim perguntou. Mas podia jurar que tinha um sorriso escondido no canto de sua boca.
AIIII EU VOU TER UM TRECO!
ANSIOSA PARA O PRÓXIMO CAPÍTULOOO
Querem essa noite??
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