Astromélia || H.S || Complete

Per loveficsgirl

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1960's and 1970's Aaliyah acaba de perder seu irmão em uma abordagem policial, ele era sua única família em... Més

» Notes
» Epigraph and Cast
» Prologue
» 01
» 02
» 04
» 05
» 06
» 07
» 08
» 09
» 10
» 11
» 12
» 13
» 14
» 15
» 16
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» 35
» 36
» 37
» 38
» 39
» 40
» 41
» 42
» 43
» Epilogue
Agradecimentos
» Bônus Aaliyah I
» Bônus Aaliyah II
» Bônus Harry (Final)

» 03

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Per loveficsgirl

Aaliyah

13 de Fevereiro de 1968

Eu sou linguaruda. Não fui a primeira a admitir isso, mamãe quem me disse que eu era assim. Quando criança e pensava muito em alguma coisa, alguma situação chocante que havia visto ou simplesmente sabia de algo novo simplesmente não conseguia guardar para mim. Precisava contar para alguém, já tentei escrever um diário uma vez. Minha mãe disse: Querida, escreva as coisas aqui, converse com você mesma.

Eu me senti uma boba com aquele diário, escrevia e ninguém me respondia. Me frustrei, então continuei contando tudo para minha mãe. Chegou um momento em que ela desistiu de me fazer parar, mas disse que eu deveria saber guardar segredos, pois muitos deles são valiosos e podem ferir as pessoas. Mamãe também disse que eu deveria ter um porto seguro, uma pessoa para o qual eu poderia dizer tudo e ter a certeza que ela guardaria minhas palavras em uma gaveta com cadeado. Que a conversa que teríamos seria apenas nossas e que essa pessoa deveria ser especial. Tinha apenas dez anos quando ela me disse aquilo e então confessei a mamãe:

'Então você é meu porto seguro' e um sorriso surgiu nos lábios dela.

'Sempre serei seu porto seguro, meu amor.'

Infelizmente, ela não está mais aqui e estou sem porto seguro. Sem minha mãe e sem meu irmão, para quem eu também dizia várias coisas. Portanto, quando vi Harry beijando Frank fiquei perturbada, queria conversar com alguém e entender porque existem homens que gostam de homens sendo que sempre me disseram que isso é algo errado e perverso. Alguns dizem que é uma doença. Só que Frank não parece nada doente e muito menos Harry. Queria entender isso, porque Frank, principalmente, é a melhor pessoa que eu conheci desde a minha perda, como ele pode ser errado e perverso se foi ele quem me ajudou a levantar do meu luto?

É tudo confuso e não entendo. Ainda é algo bem chocante e por um momento, pensei em questionar Megan sobre, contar o que eu vi a ela. Mas senti medo dela chamar a polícia e prenderem Frank. Não quero isso, seria desastroso e vergonhoso para eles. Dessa forma, acabei falando sobre a situação que vi, com quem estava lá.

Porém, ele está me encarando assustado.

— Eu não sou gay — diz firme e bem baixo. — Você está doida e vendo coisas.

— Nada disso, foi depois da sua apresentação. Olha, não vou contar para ninguém que você é gay. Vai prejudicar Frank e não quero isso — digo simples e Harry se aproxima de mim.

— Eu já disse que não sou gay — insisti e suspiro. — Gosto de mulheres também.

— E tem como gostar das duas coisas ao mesmo tempo?

— Para mim tem.

— Ah...

Isso fica mais confuso a cada dia.

— Aaliyah? — Harry me chama e eu o olho. Seus olhos são verdes e estão brilhando, nunca vi um olho tão verde assim, as pupilas estão dilatadas e o preto faz contraste com a sua íris colorida. Ele dá mais um passo e fica mais perto de mim.

— Eu não vou contar nada a ninguém — garanto e Harry acena com a cabeça. Ele continua perto de mim.

— Obrigada.

Seus olhos percorrem pelo meu vestido, ele tem mangas longas e bem mais largas do que de costume. Tem um decote em V e os olhos de Harry percorrem por lá também. É um vestido cor de vinho e floral que bate na altura do joelho e eu estou usando botas também. Os olhos do britânico percorrem todo o meu corpo. Ele gosta de mulheres.

Antes dos seus olhos retornarem para os meus, ele observa meus lábios e se aproxima um pouco mais. Prendo minha respiração e sinto a sua respiração batendo contra minha pele. O que ele está fazendo? Provando para mim que gosta de mulheres também? Eu já entendi isso e se ele der mais um passo sou capaz de dar um tapa em seu rosto.

— Você tem gloss? Sua boca é bonita e deixar ela brilhante seria irresistível.

Fico sem palavras. No entanto, eu tenho gloss.

— É... Eu... Quer dizer, tenho sim — respondo um pouco inerte. Preciso acordar. — Frank sabe que você gosta de mulheres também? — Pergunto, o moreno fica me encarando.

— Não e não diga nada a ele — fala sério.

— Por que?

— Arranje um gloss, Ally.

E assim, ele saiu do banheiro me deixando mais confusa do que antes. Que homem complicado.

{•••}

Tocamos diversas músicas e eu nunca vi aquele bar tão cheio para uma terça-feira. Pessoas negras indo escutar um jovem branco tocar músicas de rock. Bem, isso não é tão absurdo, acredito que o problema seria o oposto, com certeza as pessoas brancas odeiam admitir que gostam do que a gente faz e Harry tem um jeito simpático e encantador quando está cantando. Ele sabe seduzir a plateia e deixou várias pessoas satisfeitas essa noite, além disso, apesar de ser um bar em um bairro negro vi um casal de brancos hoje.

Porém, focando na apresentação, Harry também deu espaço para que Frank e eu cantassemos algumas músicas e fizemos isso. Foi divertido e para uma noite de terça-feira e ainda me sentia surpresa pelo fato do clube ter enchido, surpreendida de um modo bom. Isso está sendo insano, parece que conseguimos atrair a atenção das pessoas e estamos conseguindo dinheiro com isso também. Megan estava radiante com o movimento do clube e eu não poderia estar diferente. Como um garoto britânico consegue tanta atenção assim em tão pouco tempo?

Nós paramos de cantar às nove horas da noite, mas ninguém foi embora. O ambiente do clube estava bom e Frank, Chris e Bailey ficaram tocando jazz e blues e as pessoas dançavam.

Por outro lado, eu estava sentindo calor com aquele lugar lotado então fui para fora. O clube fica perto da praia então caminho um pouco até a grade e fico observando a lua refletindo o mar e as pequenas ondas que caiam na areia.

— Noite bonita — diz, respiro fundo e sinto o cheiro de cigarro misturado com perfume caro. Escuto seus passos. — Não acha?

— É sim — respondo baixinho, não viro meu rosto para olhar para ele. E sinto a fumaça do cigarro.

Não fumo, eu tentei, Megan disse que é algo de mulheres de classe. Mas eu fiquei vomitando depois, então esse tipo de coisa não serve para mim.

— Você foi bem hoje — Harry puxa assunto.

— Fiz o que tinha de fazer — dou de ombros. Agarro mais meu dedos na grade.

— Quer ir para praia?

— Estou bem aqui.

O moreno suspira, olho para ele e ele me olha. Tem um pouco de luz no lado de fora do clube. É um lugar vazio e escuto as risadas que vem do estabelecimento lá dentro. Também escuto o miado de gato, ondas do mar e sinto o cheiro de cigarro com perfume caro. Também sinto o vento tocando minha pele e observo os olhos de Harry me encarando, olhando para meus braços e depois subindo para meus lábios até encontrar meus olhos.

— Obrigada pela música, você é uma boa compositora — diz e volta a tragar o cigarro.

— Não fiz nada demais — dou de ombros.

— Não teria terminado a música sem você.

— E quanto a Frank? Ele te ajudou — digo e volto a olhar para a praia.

Ir para lá com certeza não seria uma má ideia, mas não iria para lá com Harry. Ele está com Frank e fica me olhando como se me quisesse também, é errado.

— Não como você — diz perto de mim. Viro meu rosto e o rosto de Harry está perto do meu, volto a sentir sua respiração perto de mim.

Sinto seus dedos em minha bochecha e sinto meu coração acelerar por isso. Por um momento prendo minha respiração.

— Você é linda, Aaliyah — sussurra.

— Você está com Frank.

— Estar transando com ele não me faz o namorado dele e ele sabe disso — Harry fala direto, olho chocada para ele. — Mas se você não quiser, é só falar.

Fico calada. Não sei o que eu quero.

— Semana que vem é o aniversário de Frank. Megan e eu estávamos pensando em fazer uma comemoração na praia. Frank gosta do pôr do sol. Você pode nos ajudar com a surpresa? — Mudo de assunto, é o melhor a se fazer nesse momento.

Harry joga o cigarro no chão e apaga pisando nele.

— Será um prazer — fala e aceno com a cabeça. — Agora é melhor eu entrar.

Mordo meus lábios e o moreno fica me encarando. O que ele espera que eu diga? Que eu peça para ele ficar um pouco mais. Não iria fazer isso, não importa o que ele tenha dito sobre estar ou não com Frank, não vou ficar com ele, está decidido.

Então, engolindo minhas vontades e minha curiosidade de continuar a conversar com ele, eu o ignoro e volto a olhar para o mar.

Escuto a porta se fechando e soube que estava sozinha. Solto um suspiro e gostaria que meu irmão estivesse aqui comigo, ele ia gostar de me ver tocando. Também gostaria que mamãe estivesse, ela saberia como me aconselhar sobre esse garoto britânico atrevido. Mas não tenho eles, estou sozinha.

21 de Fevereiro de 1968

Hoje é quarta-feira, um dia ensolarado e bem bonito.

Hoje também é o aniversário de Frank e eu fiquei encarregada de fazer o bolo, peguei a receita com Susan e me senti animada para preparar o bolo. Por isso, coloquei o disco do Stevie Wonder para tocar. Só que tudo saiu um desastre, a massa do meu bolo está horrível, muito ruim, está dura e não sei o que fazer para arrumar. Então acabei tendo uma crise de choro por isso. O meu bolo deu errado.

— Ally? — Escuto a voz de Harry.

Nós tomamos uma certa distância desde a noite da semana passada, Robert voltou a tocar baixo e eu não quis tocar mais, apesar da insistência, acredito que me afastar de Harry será o melhor e o moreno entendeu isso. Só que no final de semana, enquanto ele cantava, não parava de olhar enquanto eu passava. O clube lotado e os olhos verdes dele sempre me encontravam. Ele me deixa confusa, mas eu o evitei para ficar menos confusa.

Só que agora eu estou chorando porque fiz uma massa de bolo horrenda e nem sei se isso vai conseguir crescer. Sou uma cozinheira deplorável, o que vai ser de mim se eu casar e tiver filhos?

— Ally, tudo bem? — Harry pergunta mais perto de mim e limpo meu rosto. Fico quieta e o britânico fica ao meu lado, seu braço toca no meu e ele olha para a vasilha com massa. — Está chorando por causa da massa?

— Está horrível — fungo. — Não sei fazer um bolo.

— Não está horrível, só precisa de mais leite — fala calmo e pega uma xícara de leite.

— Mas Susan disse que era apenas um copo — explico e pego o papel que havia notado a receita. Um copo de leite. — Olha só.

Harry olha, mas ignora e coloca mais leite na vasilha, ele tira a colher de pau da minha mão e começa a misturar.

— Isso depende da farinha que você usa, vou te ajudar com o bolo — diz e fico olhando para ele. — Não precisa chorar, Ally — sorri. — Agora pega as gotas de chocolate, uh?

Eu faço isso e pego as gotas de chocolate, me aproximo de Harry. O moreno vai adicionando leite aos poucos enquanto mistura e fico olhando para aquilo, ele sabe fazer isso muito bem.

— Quer misturar? — Olho para ele.

— Pode continuar, você é melhor com isso — digo e movo minha mão. — Por que?

— Trabalhei em uma padaria — diz e olho curiosa para ele. — Quer que eu conte mais?

Aceno com a cabeça e o moreno me conta mais, ele me conta que veio de um lugar bem pequeno na Inglaterra chamado Holmes Chapel. Disse que não tinha quase ninguém lá e que ele sempre quis conhecer lugares maiores. O britânico me contou que ele saiu de casa, não me disse o motivo, apenas que saiu e foi viajando para cidades na Europa enquanto tocava em bares. Até que o pai dele morreu, ele conseguiu dinheiro e decidiu vir para cá para perseguir seu sonho de ser cantor. Apenas fiquei mais curiosa sobre ele e questionei, porque não ir para Nova Iorque ou Los Angeles?

O moreno me explicou que sempre achou Astromélia um lugar mágico. Uma cidade em que ele poderia se encontrar para escrever as coisas certas e então continuar sua caminhada, ele também disse que chegou nos Estados Unidos a mais tempo do que aparenta e que encontrou com Frank pela primeira vez no fim do em uma praia em Malibu, ele também veio para cá por isso, por causa do meu amigo.

Então, depois de ouvir bastante sobre sua história e seus sonhos. Ele quis ouvir minha história, não tinha nada de emocionante para contar a ele. Disse que minha mãe morreu de câncer quando eu tinha quatorze anos, depois meu irmão por abordagem policial. Harry perguntou sobre meu pai e contei a ele o que sabia. Que meu pai — o pai de Khalil —, nunca me assumiu como filha. Segundo ele, eu sou filha do irmão dele,tio John. No entanto, mamãe nunca me contou se a história era verdadeira, mas me lembro de uma vez de que tio John me deu um presente no meu aniversário de oito anos, um vestido amarelo de seda, que a mãe dele fez, minha vó. Tio John me abraçou com força naquele dia e disse que eu era a coisa mais linda que existia no mundo inteiro, meu pai nunca me tratou assim. Depois, ele colocou algumas notas na minha mão e pediu para avisar para minha mãe que ele iria para Washington. Nunca mais vi ele desde aquele dia e mamãe passava pela linha de trem com as roupas lavadas ou sujas das mulheres brancas a qual ela trabalhava, minha mãe olhava para cada vagão procurando por algo, no fundo eu sabia quem ela procurava. Mamãe nunca me disse se eu era filha do tio John, mas às vezes eu acho que sou mesmo. Só que ele sumiu e penso que talvez tenha morrido.

Harry ficou calado depois de ter ouvido minha história, talvez eu tenha exagerado, tenha dito demais e ele não gostou. Devo ter dito demais e agora não sei se me arrependo disso.

Apenas terminei de ajudar Harry a arrumar o bolo e depois de ter colocado no forno eu tiro o meu avental.

— Meu pai descobriu que eu gosto de homens — fala, olho curiosa para o rapaz. — Me expulsou de casa, eu não fui embora porque queria, mas porque ele disse que eu deveria ir para longe e esquecer que pertencia àquela família.

— Harry... — começo a falar e ele levanta a mão.

— Sempre quis sair de lá mesmo, mas escutar ele falando que eu não pertencia àquela família, que eu não era homem e sim um doente. Uma deformação de pessoa. Aquilo me machucou, ainda sim, quando ele morreu eu chorei — sorri sem humor e seguro a mão do rapaz. — Pais são uma merda, Aaliyah e eu sinto muito pelo o seu.

— E eu pelo seu — sussurro. Fico olhando para ele. — Você não é uma deformação de pessoa.

Então o moreno sorri quando 'My Girl' começa a tocar.

— Eu amo essa música. Dança comigo? — Pede em um sussurro. — Por favor — acrescenta.

Continuo a olhar para ele, estou evitando Harry porque ele vem me deixando confusa e me fazendo sentir confusa, mas ainda não soltei a mão dele. Os seus dedos estão quentes e são macios, ele me toca com carinho, como foi quando acariciou minha bochecha. Qual seria o problema de uma dança? É apenas uma dança.

— Danço sim.

Ele sorri e eu também.

Continua...

Notas: Oi meus amores, como vocês estão?

Gostaram do capítulo? O que acharam das histórias da Aaliyah e do Harry ein?

Comentem por favor o que estão achando, porque isso faz uma pessoa (eu) feliz. Beijocas, vejo vocês em breve. Anna. Xx


Continua llegint

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