Contra Regra

By jbdesire

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Aquilo que é proibido, geralmente se torna irresistível. Os burburinhos espalham sua fama de perigoso, alguns... More

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Vermelho.
Boa Escolha.
Olhares que despertam.
Tempestade de insanidade.
Desejos revelados.
A negação que faz chorar.
O prazer que vem do caos.
Verdade ou desafio, ou desculpas aceitas?
Caça ao tesouro.
Quebrando promessas, sangrando mentiras.
Derrotado.
Antes do sol se por.
Olhos a espreita.
O medo estampado.
Um segredo encoberto.
Vinho é a cor mais quente.
Uma aposta MUITO mal sucedida.

Bem-vindo ao passado.

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By jbdesire

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Na manhã seguinte, sinto meu corpo despertar contra a minha vontade, me reviro na cama tentando voltar a dormir, mas mesmo estando de olhos fechados o quarto parece claro demais. Incomodada com a luminosidade, acabo abrindo os olhos e sinto a luz do sol me cegando no mesmo instante, o que me faz reclamar e fechar os olhos novamente. Mas porque diabos as cortinas e janelas estavam abertas?

- Que bom que está acordada, precisava vir pessoalmente ver se estava viva.

Ouço a voz de Savanna ecoar de algum lugar do quarto e reclamo outra vez, eu só queria voltar a dormir.

- Primeiro te vejo sendo levada pelo carrasco, depois fico horas sem saber onde você está, até que o Chaz me avisa que Justin está te levando pra casa. Você tem noção o quão preocupada eu fiquei?

O nome me faz despertar. De repente algumas lembranças da noite passada começam a surgir como flashes, os beijos, as carícias, o céu estrelado, seu corpo encima do meu, os gemidos. Tudo isso fez com que eu me desligasse momentaneamente do que havia a minha volta para me recordar que na noite passada eu havia me entregado a Justin pela primeira vez, e tudo que eu podia desejar é que isso acontecesse outra vez, e de novo, e de novo...

- Lana? Está tudo bem? Você parece meio aérea, aconteceu alguma coisa? – Sav se senta na beira da cama.

- Aconteceu, digo, tá tudo bem – tropeço nas palavras – eu só fiquei sem bateria.

Ela me olha desconfiada.

- Alana Grace, o que você aprontou na noite passada? Sinto de longe esse cheiro de sexo.

Pego um dos travesseiros ao meu lado e jogo em sua direção.

- Savanna cala a boca! – exclamo entre risos, enquanto recebo seu olhar curioso em resposta.

- Eu aqui toda preocupada e você dando? Sua filha da puta – ela ri alto – por isso que o Justin te levou pra casa! – diz ela como se tivesse acabado de desvendar um mistério.

- Se você tivesse feito o mesmo, não teria com o que se preocupar – digo fingindo um falso deboche.

- Sua lazarenta, por isso que ta toda cansada e com essa cara abobada, pelo menos direito da pra ver que ele fez.

Sinto minhas bochechas corarem.

- Ok, podemos mudar de assunto agora?

- O que pode ser mais interessante do que minha amiga ter dado para o garoto mais detestável e cretino dessa cidade? Nem pra você me contar que ele não deu conta ou que tem pinto pequeno – diz ela decepcionada.

- Quando vocês vão parar de se odiarem tanto? Parecem duas crianças, ele é o melhor amigo do seu namorado, vocês vão ter que se aturar querendo ou não.

- É, e pelo visto agora, tá querendo por as garras na minha melhor amiga também – diz ela descontente.

Me levanto da cama, e antes de seguir até o banheiro, reparo que há um papel na cor preta sobre minha penteadeira.

- O que é isso? – digo ao pegar o papel, parecia ser um convite.

- Você também recebeu – Savanna se levanta e se aproxima – ao que parece ser é um convite para um baile de máscaras.

Rolo os olhos pelo convite em minhas mãos a procura do nome de quem pudesse ter me enviado aquilo, mas nada encontro.

- Estranho, não tem o nome do organizador ou anfitrião, só mostra a data e local.

- O meu também veio assim, acredito que seja um convite para a cidade toda, afinal, tem várias pessoas postando a foto do convite no instagram.

O baile aconteceria às oito da noite no Mazzoli, o maior casarão da cidade. A casa não era aberta a eventos, o antigo morador, o dr. Vicent Raymont havia morrido há oito anos, e desde então ninguém na cidade teve dinheiro o suficiente para comprar a propriedade, o que a fez ficar fechada desde então.

- Pelo visto temos um novo morador na cidade – coloco o convite sobre a penteadeira novamente – você vai?

- Nós vamos – corrige ela – seja quem for, provavelmente é um magnata, e não são todos os dias que a gente é convidada para um baile de máscaras.

Sav parece animada com a ideia de comparecer a tal festa, apesar de me parecer estranho não encontrar nenhum nome no convite, ela tinha razão, um baile como aquele não costumava acontecer em Bolsover.

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O relógio marcava oito e quinze da noite quando finalmente me senti satisfeita com meu reflexo no espelho. O vestido vermelho curtinho contrastava com o tom da minha pele, o tecido justo e brilhante tornava as curvas da cintura mais evidentes, e o salto fino que usava, parecia tornear ainda mais minhas pernas. No rosto optei por uma maquiagem um pouco mais marcada nos contornos das bochechas e olhos, afinal, iriamos usar máscara, então dei uma atenção maior para a área dos olhos. Para finalizar, ondulei o cabelo e o deixei solto, vendo-o quase alcançar minha cintura, estava enorme.

Antes de sair de casa enviei uma mensagem para avisar Savanna que já estava a caminho, por segurança resolvi pedir para o motorista do meu pai me levar até o local da festa. O casarão não ficava tão longe do condomínio em que morava, por isso poucos minutos depois já estávamos adentrando pelos grandes portões do local.

Ao notar a intensa movimentação de pessoas pelo imenso jardim de entrada, percebi que Savanna tinha razão, o convite havia sido feito para toda a cidade, o que deixava as coisas ainda mais intrigantes. Quem convidaria a cidade inteira para uma festa, e por quê?

Ao me destinar para a fila de mulheres, recebo uma mensagem de Savanna informando que já está dentro do hall a minha espera. Demora um pouco para chegar minha vez, até que finalmente recebo minha mascará. O objeto é colocado delicadamente ao redor dos meus olhos, e amarrado por trás da cabeça. Ironicamente a máscara preta contendo diversos detalhes, acaba combinando com meu look.

Assim que termino de subir as escadarias que dão acesso a porta de entrada, atravesso pela mesma e chego ao hall. O movimento por ali parece ser ainda mais intenso do que ao lado de fora, várias vozes ecoam pelo ambiente, muitas delas conversando sobre a decoração provençal que os móveis e objetos tinham, ou sobre quem poderia estar por trás daquela festa.

- Aqui está você – sinto meu braço ser agarrado por uma mão, que logo dou conta ser de Savanna.

Ela me conduz entre os convidados até chegarmos em uma parte onde as pessoas estavam um pouco mais dispersadas pelo salão. Sav também está usando um vestido curto, porém o seu é brilhoso e com um decote generoso na lateral das pernas e costas, sua máscara é prata e também combina com a cor de seu vestido. Savanna estava impecável como sempre, os olhos azuis quase tão brilhantes quanto o vestido. Aproveitamos e tiramos algumas fotos juntas, até que um garçom passa por nós servindo alguns drinks, Sav opta pelo sex on the beach, enquanto eu acabo escolhendo o martini.

Ficamos conversando e opinando sobre as roupas de algumas meninas da cidade naquela noite. As escolhas musicais do dj ficavam cada vez melhores a cada música, o que impedia que qualquer pessoa presente ali ficasse parada.

- Olha só, se não são os Peaky Blinders – diz Sav apontando seu copo para a direção em que está olhando.

Olho para a direção em que apontou e em meio há tanta gente, consigo enxergar três figuras masculinas entrando no local.

- Como sabe que são eles? – questiono, pois devido a distância e as máscaras, mal consigo identificar quem são.

- Chaz disse que viria com um relógio de bolso, igual eles usam na série – ela revira os olhos achando graça – vi de longe.

Olho novamente na direção em que eles estão, e sinto meu coração acelerar quando Sav acena para Chaz e eles olham em nossa direção. Do momento em que eles olharam para nós, até o momento em que começaram a andar em nossa direção, eu só conseguia olhar para Justin, como se fosse humanamente impossível desviar o olhar. Por que ele tinha que ser tão diferente de todos ali? A camisa social branca estava por fora da calça e por baixo da jaqueta preta, a gravata estava caída de forma irregular sobre a camisa branca, dando-lhe um ar mais jovem e descontraído, como a merda de um adolescente rebelde e fodidamente lindo.

O ar escapa pelos meus lábios assim que param em nossa frente, Justin nota meus lábios entreabertos, o que faz surgir um pequeno sorriso de canto, o sorriso mais cafajeste que ele podia dar, pois ele sabia o que aquilo significava, sabia que me deixava nervosa só com sua presença.

- E então, palpites de quem organizou tudo isso? – pergunta Sav, puxando assunto.

- Deve ser algum velho da lancha, certeza – responde Ryan, virando o pescoço para observar a bunda de uma garota que havia acabado de passar.

- Bom, seja quem for, quis chamar atenção e conseguiu, basta saber o porquê – diz Chaz.

- Que seja – Justin da de ombros, aparentando pouco interesse sobre aquele assunto.

- Ou talvez seja algum político querendo ganhar confiança – completa Sav.

- Seja quem for, vai aparecer na hora que quiser aparecer – digo por fim.

Coincidentemente no momento em que se encerra o assunto, o dj interrompe a música e informa que o baile de entrada iria começar em instantes, ele pede que as mulheres se organizem em uma única fileira e que os homens façam o mesmo do outro lado do salão, ficando de frente para as mulheres. Apesar de ser uma tradição extremamente antiga, em poucos minutos o salão foi completamente dividido entre homens e mulheres.

Assim que o terceiro toque é dado, indicando que os cavalheiros deveriam convidar uma dama para dançar, um rapaz alto de olhos verdes, usando um terno de linho cinza escuro foi o primeiro a pegar em minha mão, ele me conduz gentilmente até o centro do salão junto aos outros pares, e então começamos a dançar ao som da triste Blood, Tears and Gold. Tento olhar para os lados disfarçadamente sem fazer com que ele perceba que estou procurando por outra pessoa, porém acabo falhando na missão.

- Procurando alguém senhorita? – seu timbre é cordial e apreensivo.

– Uma amiga – minto transparecendo um sorriso afável.

Era confortável estar nos braços de alguém que não me fizesse perder o controle sobre mim mesma, embora fosse esse o meu desejo. Na metade da música a troca de casais foi autorizada e Chaz apareceu me convidando para dançar.

– Onde está Savanna? – pergunto enquanto dançamos e nos deslocamos um pouco – Podia jurar que estaria com você.

– Ela está com Ryan agora – responde simpático – mas não por muito tempo.

Ele me faz dar um giro, o que acaba me colocando nos braços de outra pessoa.

- Hola gatita – diz Ryan em um espanhol improvisado, pegando em minha mão e depositando um beijo.

- Parece que alguém anda assistindo muita série mexicana – retribuo o sorriso.

- Ouvi dizer que elas não resistem a um espanhol ao pé d'ouvido, mi amor – e lá estava ele tentando imitar o sotaque espanhol novamente.

Mas antes que eu pudesse responder, Ryan me gira, e lá estou eu nos braços de um outro alguém outra vez.

- Fui vencido pela distância – justifica expondo um sorriso sacana.

- Achei que distâncias não fossem um problema pra você, Justin – forço uma piada interna. Ele franze o cenho surpreendido pelo meu senso de humor repentino, e balança a cabeça negativamente.

- Vejo que está de muito bom humor, Alana Grace – eu amava a forma que ele enfatizava meu nome – a noite foi boa? – provoca ele.

- Melhor do que possa imaginar – devolvo sua provocação.

- Você sabe que – ele pausa a frase para umedecer os lábios – pode ter outras melhores?

- Posso? – arqueio uma sobrancelha.

Justin se aproxima da curvatura do meu pescoço e inala o cheiro do meu perfume, em seguida sinto seus lábios se aproximarem do meu ouvido, o que me provoca um intenso arrepio pelo corpo, que termina bem na altura do ventre.

- Deve – responde ele por fim.

Meu coração quis explodir dentro do peito, mas era óbvio que eu não deixaria aquilo transparecer tão facilmente assim. Afinal, eu não queria ser só mais uma boba apaixonada como todas as outras. Mas enquanto meus olhos estão presos aos seus, eu torço com todas as minhas forças para que ele não seja capaz de perceber o quanto eu estava entregue a ele.

A música se encerra e no mesmo instante as luzes se apagam, restando apenas a luminosidade de um holofote focado no topo da escadaria que dava acesso ao piso superior do casarão. Há um homem alto e aparentemente jovem – apesar do uso da máscara – no alto da escada, ele leva o microfone que há em suas mãos até a altura do rosto, e sua voz começa a soar pelo local.

– Espero que todos estejam gostando da festa, caso contrário a porta da rua é serventia da casa – anuncia ele, causando um silêncio simultâneo no ambiente – estou brincando – avisa num tom risonho, fazendo com que os convidados soltem um "ah" de alívio – acabo de chegar à cidade e nada melhor do que recebê-la em minha nova casa. Minhas intenções aqui são os negócios, porém tirando as causas nobres, meu maior desejo nessa cidade é reconstruir a confiança que meu irmão tinha em mim – e mais uma vez o público reage, mas dessa vez o coro soa com um "oh" de admiração – Peço para que todos vocês se direcionem ao jardim a meia-noite, teremos uma queima de fogos para celebrar esse momento. Um brinde a Bolsover – diz erguendo a taça que tem em mão.

O discurso é finalizado sem que ele diga o seu nome, é possível ouvir diversas vozes ao nosso redor cochichando sobre quem seria o tal homem misterioso e rico recém chegado a cidade.

- Pra que tanto mistério? – reviro os olhos e encaro Justin novamente.

Ele parece sério, o semblante que antes era calma e descontraído agora está carregado uma expressão rígida, o que me faz perguntar o que eu tinha perdido.

- Está tudo bem? – pergunto tentando chamar sua atenção.

- Onde está Chaz e Ryan? – é tudo que ele se limita dizer ao se afastar de mim.

Não consigo raciocinar sua mudança brusca de humor, por que ele estava sendo tão ríspido?

- Eu não sei – digo como se fosse óbvio - o que está acontecendo?

Ele olha ao redor como se me ignorasse por um instante, até que Ryan, Chaz e Savanna se juntam a nós.

- É quem estou pensando que é? – anuncia Ryan, também aparentando cara de poucos amigos.

- Mesmo que seja, ele está na nossa cidade agora, e aqui quem manda somos nós – responde Chaz um pouco irritado também.

Savanna me encara aparentando estar tão perdida quanto eu.

- Você tem um plano Justin? – questiona Ryan, ao perceber que Justin continuava calado.

- Eu sempre tenho – responde ele em tom desafiador, seu olhar parece tão gelado quanto o ártico – Temos que ir.

Eles simplesmente vão embora sem ao menos se despedirem, como se nada além do ocorrido importasse, até mesmo Chaz saiu sem se despedir de Savanna. Sav e eu nos encaramos por um momento, sem conseguir raciocinar algo que explicasse o que tinha acabado de acontecer.

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Oiii, sim eu voltei! É emoção que vocês querem? Então é emoção e um pouco de ~raiva~ que vocês terão.

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