The Saints of the blood ♱ Jjk...

By bangtan-ssi

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O sangue. A mistura irreal entre o bem e o mal deram origem a criança maldita, uma criatura peculiar. Fruto d... More

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00 - L¡mbo
I - Hierofante
II - A Temperança
III - A Sacerdotisa
IV - O julgamento
V - A estrela
VI - O louco
VII - A Carruagem
VIII - Roda da fortuna
IX - A lua
X - O mago
XI - O pendurado
XII - A Justiça
XIII - O Imperador
XIV - A Força
XV - O Sol
XVII - A Torre
XVIII - O mundo
XIX - Rei de copas

XVI- Rainha de Espadas

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By bangtan-ssi

#DarkoMoranguinho

[ Capítulo não revisado]

A caída da noite trouxe o sereno junto a si, estrelas pintando o céu, algumas maiores, outras menores, mas cada uma estava ali para cumprir o mesmo papel, ajudar a lua iluminando o céu, o azul profundo de cada noite.

Diferente do clima que estabelecia-se do lado de fora, o pub do Hop estava denso, sufocante e desagradável, isso graças as reações providas perante a aparição da Ex de Jungkook; Hoseok roeu as unhas, Taehyung colou em Jimin tentando manter-se calmo e passar calma ao loirinho, Yoongi decidiu que era melhor dar total atenção a guitarra e Jungkook...estava tentando lidar com a situação do mesmo modo falho que a faceta tentava disfarçar o incômodo.

— Eai, gatinho. Não vai me cumprimentar? — indagou, calma e dócil. Em poucos passos já estava abraçando aquele sem reação.

Taehyung apertou as unhas contra o braço de Jimin,

— Oi Hye. — respondeu, o corpo deslizando para fora do aperto — O que faz aqui?

A garota sorriu, feliz por estar próxima ao baixista após meses distante.

— Tirei um dia de folga, e Hop me avisou que estariam ensaiando aqui. Nada melhor do que juntar o útil ao agradável — tocou-lhe o peitoral, em um ato descontraído.

Jungkook seguiu o movimento, com os olhos recheados de confusão, não compreendendo a proximidade que Hye insistiu em manter.

— Eles parecem próximos...— balbuciou, sobre os próprios devaneios, o foco no semblante sorridente e confortável da outra.

— Shh, fica quieto! — sussurrou chacoalhando-lhe o braço, as unhas gravadas machucando a pele leitosa.

— Certo.— foi a reposta do baixista a fala da garota.

— Hye, quanto tempo! — a voz com falsa animação exclamou — Você não anda saindo muito, né?

O acastanhado deu ênfase a palavra "saindo", as orbes fitaram Taehyung indicando que aquilo fôra um sinal. Taehyung apesar de lerdo, capitou a mensagem do amigo, levando Jimin para longe do ambiente sitiado do ar desconfortável.

— Oi Hoseok. — neutra, respondeu — Realmente, com a correria do trabalho, não estou conseguindo viver a mesma vida de....

A fala foi cortada no momento em que aquele em que seus olhos admiravam, voltou sua atenção para longe dali. Ele moveu os pés, prestes a sair quando viu que Yoongi também estava seguindo o mesmo caminho dos dois outros garotos. Despertou do transe quando sentiu um toque no ombro.

— Onde você 'tá indo? — indagou confusa— Também estou falando com você.

Yoongi aproximou-se dos garotos sentados à mesa, dispersos em seus próprios interesses.

— Eai — cumprimentou ao que deixava a guitarra apoiada sobre uma das cadeiras.

— Eu não acredito que depois de tanto tempo, ela apareceu sem mais nem menos. — o esverdeado já desabafava, indignado.

Min sentou ao lado do amigo, tentou trocar olhares com Jimin, porém, nenhum fôra correspondido.

— Olha loirinho, se eu fosse você iria lá e ajudava o Darko, porque olha... — continuou — Ela saiu da vida dele, e agora volta como se fosse ainda próxima.

— Taehyung, ele não deve estar entendendo nada — supôs o mais velho, um suspiro deixou os lábios.

Jimin sentiu-se perdido, imóvel por fora, os pensamentos movimentados atormentando-lhe: "E se Jungkook ainda gostar dela?" "Ela é tão bonita" "Ela é modelo" "Por que eles terminaram? São tão lindos juntos..." e assim por diante.

— Não frite esse seu cérebro, loiro. A história desses dois acabou a um tempo, o que existia não era amor, estavam apenas tentando preencher um vazio — Confidenciou — Se ela vier lhe atormentar, não se preocupe, para veneno de cobra eu tenho o antídoto.

Taehyung soltou uma gargalhada resposta a fala final do amigo, o clima foi perdendo a densidade, Jimin relaxou na cadeira, rindo junto.

— Você é o mestre das frases de efeito, Hyung — o esverdeado elogiou, Yoongi deu de ombros com o meio sorriso aparente — Uma vez, estávamos conversando sobre sonhos e eu perguntei a Yoongi qual era o dele e ele respondeu: "me perguntaram qual era o meu sonho, então eu virei para o lado e continuei dormindo." Ele realmente virou para o lado e dormiu.

Os dois mais novos riram, Yoongi revirou os olhos com bom humor.

— Por isso que não se deve deixar velhos na internet, eles gastam esse tempo pegando foto de bom dia e frase de lacração — com o cotovelo cutucou a costela do mais velho, em uma provocação infantil, Jimin perdeu o ar de tanto rir das expressões que ambos proviam — Você não encontrara um velho mais lacrador que Yoongi, Jimin.

— Ah, acho que encontro sim — inteirou, os dedos batendo sobre a mesa — Meu amigo Jin também é um lacrador nato.

— Pronto, já sei que não podemos juntar os dois em um cômodo porque será lacre atrás de lacre — Min bagunçou os fios esverdeados do mais novo, chiando para que ele se calasse.

O desconforto de outrora houvera dissolvido, a interação com os amigos de Jungkook não falhavam em fazer Jimin rir até doer-lhe a barriga.

Deixou a curiosidade falar mais alto e buscou Jungkook com os olhos.

A garota moveu os lábios uma última vez, entregando um papel ao baixista, ele o pegou, ela abaixou a cabeça parecendo suspirar. Os braços finos abraçaram o corpo esculpido, um aperto incomum depositado ali, Jungkook não de moveu mas a abraçou de volta, a de fios longos deixou um beijo demorado na bochecha do tatuado e assim se afastou.

Jimin voltou a atenção à mesa o mais rápido que pode, ao sentir um incômodo crescer no peito, não queria ter visto tanto. Agora está remoendo a cena vista fora de contexto, a mente trabalhando como uma máquina de cenários com nenhum deles de seu agrado.

— Tam tam tam — uma melodia reproduzida por uma voz calorosa, bebidas juntamente de copos foram deixados à mesa — Vim trazer a animação dessa mesa.

Hoseok, com toda sua luz e presença.

— O que seria da minha vida sem meu raio de sol, companheiro de Soju, Jung Hoseok? — Taehyung carregou o tom dramático, a mão apontando ao outro e em seguida indo até o peito, parando sobre o coração — Oh, meu Romeu cachaceiro.

— Meu Julieta alcoólico — cantarolou — Trouxe um soju de cada sabor, um de pêssego para Tae e um de morango para Jimin.

As garrafas foram respectivamente indicadas, Hoseok arrumou os copos a frente de cada um. O corpo jogado na lateral da mesa.

— Não acredito que você deixou o Darko sozinho com ela — provocou.

O som do lacre da tampa da bebida sendo aberto preencheu o ambiente.

— Eles pareciam precisar de um tempo a sós — suspirou, o copo estendido em direção ao outro, esperando pelo álcool.

Jimin levantou o copo, Taehyung o serviu primeiro, Jung reclamou.

— Ele precisa mais do que você — Foi a resposta do guitarrista ao amigo.

— Justo.

O loirinho encarou o líquido, suspirou e o degustou, a sensação de queimação não fôra nada perto do incômodo crescente no âmago. Assim se estenderam mais três copos de soju, a esperança de afastar os sentimentos ruins.

Jungkook não estava em seu campo de visão, uma hora passou e nada, ao menos um fio azul para contar história.

Te amei fui sincero, te quis e você sabe disso — Hoseok cantarolou, abraçando Yoongi que estava ao seu lado — Eu não merecia isso...

Jimin balançou o corpo de um lado para o outro, um apoio transparente a cantoria do outro.

Eu não merecia isso! — a entonação exagerada, Taehyung riu da desafinação do amigo sendo acompanhado por Jimin — Luan Santana sabe fazer músicas para se cantar bêbado.

— Ainda bem que você não é vocalista da Hotel — Yoongi foi sincero.

— O Ji gostou — apontou para o loiro, que sorriu concordante.

— Ele 'tá bêbado, não conta.

— Bêbados são mais sinceros que os sóbrios — fez um adendo, o dedo levantado.

— Ele tem um ponto — Concordou o esverdeado.

Yoongi suspirou, já farto daquilo.

— Finalmente, Darko! — comemorou Hoseok, sorrindo torto.

Jungkook aproximou-se em passos leves, as mãos no bolso da jaqueta, a capa com o baixo apoiada em apenas um ombro, o olhar ainda perdido porém com total atenção em apenas uma pessoa: Jimin.

— E cadê o código roxo?

— Ela foi embora, nos já resolvemos o que estava pendente — já próximo da mesa, o corpo parou atrás da cadeira do loirinho.

Park ao menos virou para encara-lo, a lateral da cabeça apoiada na mesa e os dedos brincando com os guardanapos de papel. As mãos que apoiaram em seus ombros o fizeram suspirar.

— Gracinha, será que podemos conversar? — a pergunta soou calma e baixa, torso projetado para frente, os lábios próximos ao ouvido do outro.

O loiro suspirou, a cabeça movendo em uma concordância sútil, Jungkook estreitou o corpo e Jimin se pos de pé, quase caindo para trás pela tontura do levantar repentino.

— Estamos indo, falo com vocês depois.

Murmúrios soaram como a despedida.

— Vou te ligar mais tarde, loirinho! — animado o garoto exclamou, o que fôra avisado acenou ao mesmo que sorriu.

[...]

O carro estava silencioso. Voltas e trajetos longos não foram o suficiente para que Darko encontra-se palavras que explicassem tudo o que houvera ocorrido.

Jimin nunca fôra falante, não com Jungkook, mesmo assim no momento, seu silêncio era ensurdecedor.

A atenção sobre as próprias mãos, o peito subindo e descendo dentre a respiração lenta. Darko o encarou, buscando palavras para iniciar.

— Eu preciso fazer xixi, Jungkook. Então, se tem algo a me dizer, poderia se apressar um pouquinho?

Estava feito, como um calmante natural, a voz de Jimin serviu como encorajamento para o baixista. Em seu subconsciente um incômodo gritante, não sabendo muito bem o porque, agora estava claro; ele só queria ouvir a voz de Jimin, para que assim, sentisse o direito de ser ouvido.

— Hye veio me procurar para que voltássemos — direito e fácil assim a atenção de Jimin foi capturada — Disse que ainda gosta muito de mim e não consegue parar de pensar em nosso passado, no que poderíamos ter construído se ela não tivesse escolhido ser modelo.

— E o que você respondeu?

— Bem, eu disse que sinto muito por ela ainda se sentir de tal forma, assim como ela não controla seus sentimentos, eu também não controlo os meus — a faísca foi solta assim que Jimin buscou os olhos do outro — Agora gosto de um garoto de mechas listradas, meu vizinho — o fim do relato acariciou os ouvidos daquele que encontrou-se apreensivo.

— Você dispensou uma modelo por mim? — pelo efeito do álcool, Jimin acabou falando mais do que a própria boca — Que universo paralelo é esse?

— Eu disse uma vez e direi novamente, estou louco por você, anjo — a mão segurou a de Jimin.

Desejou tê-lo perto.

— Aí caramba — sussurrou estupefato, querendo esconder a expressão embasbacada — Se eu fechar os olhos, eu acordo desse sonho? Acho que sim, vou tentar.

As pálpebras trêmulas e fechadas, a voz interna contando até três. Os dedos do baixista ainda envolvendo-lhe a mão, em um aperto firme que avisa : "— Ei, eu estou aqui, gracinha"

— 2...3...e — os olhos abriram de maneira  preguiçosa, a reação de Jimin não surpreendeu o tatuado. O rosto do loiro a centímetros do dele — Agora você está tão próximo, tão pertinho.

As mãos esculpidas acolheram o rosto rubro sob o palma gélida. Troca de olhares, a respiração que outrora era única e exclusiva de cada um, tornou-se uma só.

— Eu sei que não deveria estar chateado com algo que você não controla, Jungkook — iniciou — digo, ela é sua ex, é passado, mas meu coração ainda ficou tão incomodado com o jeito que ela olhou com os olhos brilhantes pra você, vocês parecem ter tanta história juntos. E também aquele beijo na bochecha que ela te deu, o abraço...

Um longo suspirou foi solto. Darko uniu as sobrancelhas, tão confuso.

— Talvez seja por eu gostar tanto de você e isso acaba misturando com minhas inseguranças e bem, o resultado são esses sentimentos ruins, que odeio estar sentindo — os lábios com piercings deixaram selares ao que o outro falava.

O toque que fala mais de mil palavras.

E aqui vai mais um detalhe a acrescentar na lista de  coisas que Jimin e Jungkook tem em comum; não conseguem expressar os sentimentos através de palavras, para ambos elas soam nulas perto do que o peito carrega e a alma sente.

— Eu nem sei mais se faz sentido o que eu digo — resmungou as palavras embaralhadas — Se você não me pedir para ficar quieto, irei continuar me lamentando pelo resto da noite. Acho que realmente estou bêbado e...

E com as mãos que já estavam sob a face do anjo, Darko provou dos lábios profanos, calando-o.

Boca na boca, o material gélido dos piercings em atrito contra os lábios carnudos do loiro, as mãos de dedos curtos procurando um local para se encaixar, enquanto as do baixista, acariciavam as bochechas e colocavam alguns fios loiros para trás da orelha do outro. As línguas se encontraram, ambos suspiraram, as cabeças movendo na dança lenta do ósculo.

Jimin finalmente achou um lugar para as mãos inquietas, os dedos seguraram firme na jaqueta de couro que o outro usava. A sensação da língua quente de Jungkook envolvendo a sua em uma harmonia perfeita, o corpo derreteu.

Darko suspirou, como em todas as outras vezes que aqueles lábios o fizeram ver o paraíso, mesmo que estivesse longe de pisar os pés por lá.

— Morango, hm — murmurou dentre o ato luxurioso, sorrindo ao que puxou os lábios maltratando-os sob as presas — Álcool e morango.

— Esse deve ser um misto de sabores ruins para você.

— Hm, não lhe contaram que após ter conhecido um tal loirinho, passei a amar morangos? — o beijo encerrado, as faces permanecendo próximas, cômodas — Morangos, doces... odiei outrora mas agora, sou viciado apenas por me lembrarem você.

Risadinha, seguida de um soluço e uma mão sobre os lábios: esta foi a reação que Jimin proporcionou perante a fala repentina.

— Você realmente deve ser o amor da minha vida — o encanto na voz, a confissão sussurrada e quase nula ao ouvido.

Sussurros deixados ao vento sempre chegam ao ouvido daquele que está procurando o que confidenciar. Jimin confessou na esperança de não ser ouvido, Jungkook o ouvinte, que confidenciou tudo com o coração flamejando.

— O que você murmurou, hm? — questionou esperançoso, a sobrancelha arqueou ao que sorriu ladino.

— Eu realmente 'to muito apertado — resmungou, o cinto foi solto e a porta aberta. O loiro pulou para fora do carro em um piscar de olhos — Um dia terminamos essa conversa, ok? Talvez eu até esqueça dela.

A porta do carro foi fechada com pressa.

— Ei, gracinha! — vozear aveludado lábios moldados em um sorriso, o baixista exclamou por aquele que já estava próximo a porta da casa — Eu te adoro.

O loirinho sorriu, lançando beijos ao ar, na expectativa deles alcançarem o outro.

— Eu também te adoro! Muito mesmo.

Como uma carta aberta ele exclamou, esbanjando carinho, grato pela ajuda do álcool que o possibilitou isso; sem gaguejar e longe de sentir as bochechas tornando-se rubras.

[...]

— Você tem que contar a Jimin — concluiu Taehyung, as orbes fitando os papéis sobre as mãos.

Darko suspirou, a mão passando pelos fios agora bem crescidos, em uma altura um pouco a cima do meio da nuca.

— Não aceitarei essa oferta — deu de ombros, o olhar sobre o amigo parado a frente — Nossa banda está indo bem sem uma gravadora.

— Independente disso, capetinha — o esverdeado jogou os papéis sobre a mesa de centro, deixando o corpo cair ao lado do baixista — Conte sobre esse contrato que foi oferecido, ele pode não falar mas deve querer saber. Afinal, ele viu quando ela lhe entregou os papéis.

— Certo, vou contar a ele — apreensivo, concordou — Descobriu algo sobre Theliel?

Taehyung engoliu seco, preparado para contar as novas descobertas ao amigo.

— Na verdade...Ele nos descobriu.

— Não acredito, Taehyung.

— Espera, antes de você ficar frustrado — as mãos tocaram os ombros do amigo — Ele ter nos descoberto foi bom, pois encontramos a resposta de como retirar a energia de anjo do Jimin.

Darko relaxou os ombros.

— Mas tem o lado ruim, Azael está atrás de Jimin — Darko respirou fundo lutando para manter o autocontrole — Ele está disfarçado, assim como suspeitávamos do primeiro demônio que foi enviado.

— E se Theliel estiver mentindo? Quem é ele? Como ele sabe tudo isso?

— Darko... — respirou fundo — Theliel é confiável nas circunstâncias atuais. Os demônios não irão atacar por agora, só ocorrerá se notarem que Jimin não está recebendo mais nenhuma energia de anjo, por isso temos que ir atrás de Miguel, para que ele nos ajude.

— Você sabe que aquele arcanjo caído não irá ser de grande ajuda, Taehyung, ele é um dos peões de Lúcifer — a calmaria de outrora deu espaço ao vozear grave.

— É nossa única chance de mudar o destino, Darko. Temos duas formas para morrer; na batalha e com honra, ou, fingindo estar de mãos atadas.

— Certo, me de a moeda e eu enfrento a batalha de honra sozinho.

— Não, temos outras formas de chegar ao "castelo" estás sem incluir o seu sacrifício, uma delas é o cristal, Yoongi acredita ser um portal seguro até Miguel. — apontou para o objeto citado, acomodado juntamente de outras peças místicas — Todavia, o único que poderá chegar bem com esse método, é Jimin.

Jungkook negou, uma resposta automática e certeira.

— Não irei colocá-lo em risco, ele ao menos sabe o que está acontecendo, Taehyung — os dedos descontaram nos fios a frustração — E sem mas.

— Uma hora ou outra você irá ter que contar, Darko. Ele já deve estar suspeitando — suspirou — E essa seria a última opção, ok? Também não quero colocar o loirinho em risco.

— O medo é meu combustível, nessa situação sinto que ele me faz fraco, me impende tanto quanto esse  pensamento de que tudo irá dar errado. Se Jimin resolver ficar, não quero vê-lo carregar o peso de viver com dias contados, muito menos envolvê-lo nessa guerra — as mãos nervosas buscaram pelo maço de cigarro.

— Infelizmente, não temos todo tempo do mundo. Traga aquele Darko destemido de volta, se alimente da incerteza, pegue o medo e faça como sempre fez, o transforme na irá, na sede, está na hora de ser verdadeiro.

[...]

Quinta-feira.

A caminhada do ponto de ônibus até a escola era curta, mas para Jimin pareceu maior do que o costumeiro. Namjoon estava vindo de carro com Jin, Theliel nunca vinha de ônibus e Jungkook estava provavelmente dormindo, descansando sem preocupações.

Em um andar saltitante, as mãos seguraram a alça da mochila — está decorada por bottoms e chaveiros barulhentos — dedilhando o material. Cantarolou uma das músicas de sua banda favorita, os olhos concentrados na própria sombra.

Em um ato abrupto, parou, os olhos buscando de onde vinha a segunda sombra que surgiu um pouco atrás de si, uma energia estranha. Um homem alto, esquio; roupas pretas, máscara cobrindo metade da face, a respiração mesmo que longínqua, soou arrastada. Localizado a poucos pés de distância, ágil e em passos largos poderia alcançá-lo.

Jimin tentou apertar o passo, o homem o imitou.

O coração afundou no peito, os dedos apertando a alça da mochila, a respiração descompensada, o medo dominando-lhe os sentidos. Olhou de relance para trás, viu mãos abertas e olhos verdes o devorando. Não era religioso, mas rezou pela proteção.

Se perguntou onde estava a proteção do Arcanjo neste momento.

— Só mais alguns passos, Jimin — incentivou a si mesmo, trêmulo.

A figura aproximou-se, agora a centímetros do garoto. A respiração atingindo lhe.

— Garotinho... — o timbre distópico sussurrou — Garotinho.

Jimin avistou o portão da escola, as pernas falhas reagiram, uma corrente de ar bagunçou os fios detrás da cabeça, o coração gelou.

O homem tentou puxa-lo.

Assim que pisou os pés na escola, correu até o adentrar o hall, olhando para trás. O corpo colidiu com outro, ao que deslizou pelo corredor repleto de armários.

— Ei, ei — a voz conhecida — O que aconteceu?

Fios vermelhos, voz grossa.

— Theliel... — o ar voltou aos pulmões conforme fechou os olhos, a mão do amigo passando delicadamente sobre seu ombro — Eu estava sendo seguido, quero dizer...quando cheguei ao ponto de ônibus, percebi estar sendo seguido.

— Você veio sozinho hoje? Namjoon não costuma vir contigo? — indagou, dócil.

— Ele dormiu na casa do Jin — as mãos trêmulas gesticularam.

— Você está bem? Ele conseguiu lhe alcançar? — os mirantes azuis o analisaram com cautela, Jimin negou, piscando lentamente — Consegue se recordar de alguma característica dele, Querubim?

O loirinho ponderou, trazendo as imagens que guardou como flashs.

— Alto e bem magro, estava todo de preto e usando máscara, os olhos eram verdes, pela sobrancelha parecia ter cabelo castanho claro.

Theliel respirou fundo, a frustração o pegou desamparado.

— Vou ver se consigo encontrá-lo apenas com essas características — concluiu, entregando um sorriso ao amigo.

— Espera, também me recordo dele ter uma cicatriz circular na mão, entre o pulso e a palma — mostrou a própria palma, desenhando o formato da cicatriz.

Theliel nunca fôra tão grato por Jimin olhar primeiro as mãos e depois o rosto.

— Vou caçar esse cara.

— Nos vamos caçar ele  — deu ênfase, sem se mostrar aberto a negação.

— Sobre o que estão fofocando? — Jin aproximou-se com toda sua presença alegre, Namjoon logo ao lado, a cabeça movendo em concordância a fala do namorado.

O loirinho sorriu aos amigos que chegaram, tentando disfarçar o corpo ainda trêmulo.

— Que caras são essas?

— Longa história.

— Na verdade, vamos caçar um cara com cicatriz na mão, ele acabou de me seguir do ponto até a escola — Jimin confessou. O de fios rosa arfou chocado, Namjoon foi até o loiro o braço sobre seus ombros, um abraço de apoio.

— Você está bem, Ji?

— Estou sim, foi só um susto. Me senti em um filme de terror.

— Ele falou com você?

— Só ficou murmurando "garotinho", com uma voz super estranha — o corpo arrepiou ao lembrar — Nada mais.

— Mesmo assim, vamos descobrir quem é esse filho da puta — Seok não hesitou — Ele não será páreo contra 4 adolescentes que sabem como socar e com muita adrenalina acumulada na veia.

Jimin levou a mão a testa; ele não sabe como socar, e os eventos passados comprovam isso.

— Cara, nós somos a patrulha canina! — Namjoon exclamou animado, tentando elevar o clima, os outros o encararam com olhos de quem julga — O que? Da certinho, ó; o Jin é a Skye porque ele tem cabelo rosa, o Theliel o Marshall por ter mechas vermelhas e olhos azuis, eu sou o chase por te cabelo azul e o Ji é o Rocky porque ele é todo mãe natureza e fofo.

— Eu não acredito que acabei de ouvir você dar nomes e o significado deles baseado-se na patrulha canina — Jin proferiu risonho, Jimin ficou perplexo por alguns segundo, logo abriu um sorriso.

— Eu gostei, apesar de nunca ter assistido, faz sentido para mim — o joinha fôra mostrado, Namjoon sentiu-se radiante.

— Bem, o grupo já tem um nome, só nos resta começar a caçada — o americano pronunciou com a voz em meio a um riso controlado, Jin o encarou parecendo suporta-lo no momento.

Theliel prometeu a Taehyung que iria se encarregar de encontrar Azael, com as suspeitas apontando ele como o cara que perseguiu Jimin, ter ajuda para encontrá-lo não seria de todo um mal, afinal manteriam distância e depois, ele sozinho acabaria com a vida do demônio.

— Começamos hoje? Quero testar meus dons de espião — Namjoon sussurrou como um segredo. Jin revirou os olhos em uma expressão divertida.

— Amanhã. Hoje iremos combinar tudo de modo correto, procurar por alguém não é fácil como nos filmes — Theliel acabou por quebrar as grandes e sonhadores expectativas de Namjoon.

— E quando o cara for identificado, o que faremos? — questionou o loiro, apreensivo.

— Fácil, levamos até Jungkook e deixamos que ele acabe com o cara, assim ele aprende a nunca mais te seguir — disse o de fios rosa, como se fosse a resposta a mais óbvia.

— Não! — a negação soou desesperada, Jin arqueou a sobrancelha.

— Por que não? Me parece uma ótima opção.

— Por agora, o Jungkook não precisa saber disso — murmurou, a cabeça abaixando gradativamente, os olhos sobre o anel de pedra vermelha.

— Jimin...

— Jin, ele quer deixar isso entre nós — Namjoon interrompeu o namorado, os olhos compreensivos sobre o loirinho — E se Jungkook fosse resolver isso, ele acabaria com a vida do cara, então é melhor começar  com calma.

Theliel soltou um riso nasal, os braços cruzados sobre o peito, parecendo concordar com a fala do azulado.

— Uma hora eu conto a Jungkook. — Jimin incentivou a si mesmo, intercalando o olhar a cada rosto amigo.

— Certo. Depois da aula, começamos a combinar tudo — Theliel avisou, os murmúrios concordantes o deixaram satisfeito.

[...]

— Devo arriscar-me mandando-lhe mais proteção, pequeno humano? — Miguel, fraco demais para conseguir enxergar o mundo mortal, agora só ouvia vozes. Sentiu falta da imagem — Minha criança retirou a que eu havia lhe dado, as visões não eram nada perante os demônios sedentos que o perseguiram de agora em diante.

Tentou, a ardência predominante no corpo, o mesmo que um dia fôra imortal.

— Não sou capaz. — frustrado, jogou o cristal sem energia para longe — Está por sua conta, pequeno humano. Que Deus seja misericordioso contigo, assim como Darko, que ele tenha misericórdia por aqueles que cruzarem o teu caminho.

Os olhos do arcanjo pesaram.

— Venha ao meu encontro — pediu, ouvindo a risada do garoto que se distraia com os amigos — O cristal é a chave, pegue-o e encontre-me, Jimin.

A culpa; corrói a carne, queima a cerne e arranha a alma.

Salve o Darko. Salve minha criança, Jimin.

❄️

Oi anjinhos!

Como vocês estão?

O capítulo de hoje não teve tanta interação dos nossos pombinhos, porém ele é super importante para o futuro da história, ok?
Se preparem que o próximo será recheado de momentos entre o Ji e o Darko, alguns de morrer de amores.

Não se esqueçam de dar uma olhadinha no meu Twitter, to sempre postando sobre a fic, deixando spoilers e threads como essa:

É isso, vejo vocês na próxima.
Se cuidem e até mais!

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