Um lugar muito lindo e organizado, fora o que pensou Lisa assim que adentrou naquele estúdio de dança. Caminhando pelo corredor, vários dançarinos que passavam a cumprimentavam totalmente surpresos pela sua presença, eles também sussurravam poucas palavras em sua direção, porém não do seu interesse saber o assunto. E embora não tivesse esse desejo, era possível perceber que todos à elogiavam, comovidos por conseguir receber a visita dela em seu pequeno local de prática, estavam tão curiosos e energizados, querendo saber o motivo se ter a presença da mesma ali.
A tailandesa, durante o percurso, foi acompanhada de um dos funcionários até a sala do responsável por todo aquele trabalho; finalmente chegando, com seus passos firmes dos saltos que usava. Não era necessário tanto esforço na sua chegada já que sua presença era marcada por cada passo que dava.
- Lisa! - Disse o homem, após a mulher bater na porta e adentrar na sua sala com a ajuda do funcionário. Este a cumprimentou, levantando-se de sua cadeira e se curvando, enquanto o funcionários se despediu e a deixou ali, curvando-se para o maior.
- Eric! - Sorriu animada, já confortável o suficiente para que caminhasse até ele, envolvendo os braços em seu corpo; um abraço leve e breve. Ao se separar dele, caminhou à um dos sofás da sala para se sentar, este a encarou acompanhando-a em sua direção, esboçando um enorme sorriso no rosto.
- Qual foi a razão para essa visita inesperada? - Mantinha seu sorriso se sentando em uma parte do sofá, na qual na outra parte estava a mulher, ainda mantendo uma certa distância. - Sentiu minha falta? -Brincou, logo mexendo na sua gravata.
- Eu? Talvez um pouco, como a minha pessoa ousaria esquecer um dos pestinhas mais importantes? - Balbuciava rindo baixo, enquanto colocava sua bolsa em cima do sofá e ajeitava a sua postura, passeando seus dedos entre os fios do próprio cabelo, os jogando para trás. - Eu vim aqui, pois tenho um projeto em mente e gostaria de saber se você gostaria de ouvir a minha proposta - Disse sendo direta, o encarando.
Eric nunca deixaria de negar algo que se referisse a Lalisa, por isso, apenas confirmou com a cabeça, agora, um pouco mais perto da mesma para que pudesse ouvir sua proposta. Ele suspirou, se preparando para o quão grandioso projeto, provavelmente, a tailandesa havia planejado.
- Com certeza, estou a ouvidos - Suas orbes a encaravam, num olhar ansioso já que o tailandês estava agitado em ouvir o que ela tinha para lhe dizer.
- Como já deve saber, em breve a empresa do meu pai completará mais de 20 anos de carreira, então gostaria que você disponibilizasse alguns de seus dançarinos para uma apresentação... - Informava calma, enquanto gesticulava com suas mãos. - Eu poderia enviar-lhe uma mensagem, mas acontece que eu mesma quero avaliar o andamento dos preparativos para isso - Prosseguia, antes mesmo que pudesse ser respondida por seu amigo.
- Como sempre, querendo estar na supervisão... Não estou surpreso - O homem riu baixo, mas logo continuou. - Mas, voltando a sua proposta, é claro que eu aceito. Como deixaria passar tamanha oportunidade? - Ainda com um sorriso na boca, ele segurou uma das mãos da garota com as duas que o pertenciam, mantendo seus olhos fixos nos dela. - Faço qualquer coisa por você, Lisa.
Sua fala causava um certo receio para a mulher, aquilo a fazia sorrir um tanto envergonhada e por alguma razão, que ela desconhecia, deixava por despercebido. Tentando manter o controle e postura, devolveu um olhar simpático para o homem e agradeceu, este como resposta, soltou sua mão e se aproximou ainda mais (agia discretamente, entretanto, nada passava despercebido por ela), tentando de um jeito indireto, colocar seu braço por detrás das costas alheias.
- Já andou pela Coreia? Se não for um incômodo, adoraria lhe levar para descobrir mais sobre o local - Ele era tão formal e educado, totalmente contrario aos próprios atos. Eram ousados e mesmo que tentassem minimamente não fazer ela desconfiar, ele continuava agindo como se não estivesse fazendo nada. - Presumo que ainda não comeu uma refeição, não é?
Apesar de estar apreensiva sobre a sua proposta, ela não pode o negar. Tudo aquilo a incomodava, embora soubesse que ele não tinha nenhuma má intenção, e muito menos puras intenções. Entretanto, somente por uma singela educação, correspondeu ás suas palavras.
- Eu ficaria bastante grata pela sua companhia, Eric - Disse a mulher. Prendendo a respiração e mantendo a tranquilidade que ainda não lhe foi roubada.
Era de se perceber que o homem não queria apenas um bate-papo com a mulher, ao longo de mais de 10 anos, ele espera um retorno da parte de Manoban sobre seus sentimentos, o que é em vão. Eles se conhecem desde que são pequenos, já que ambos nasceram na mesma cidade, porém, ele nunca a deixou quieta e sempre tentava de alguma forma conquistar a garota, por mais ridículo que fosse.
Toda via, a mulher era alguém diferente, ela não era tão facilmente conquistada e sim o contrário, ela que poderia ter quem quisesse nas suas mãos com poucas e sábias palavras. Por isso, apenas aproveitou-se deste benefício na sua vida profissional, que mantém estritamente em primeiro lugar.
Enquanto isso, as coisas começavam a esquentar para o lado de Sehun, que se sentia tão entediado naquele quarto que até mesmo se perguntava porquê raios ele estava lá. Decidiu então, caminhar um pouco pela cidade de Seul, mas antes de começar o seu passeio, achou certo tomar um banho decente para que assim pudesse andar por aquele local e parar em algum restaurante (sua barriga roncava como um trator).
O jovem andou até o banheiro, já abrindo a torneira da banheira para que ficasse cheia. Em busca de ficar relaxado, procurou alguma música que gostava no telefone, começando a retirar a roupa do seu corpo quando esta - uma de suas músicas favoritas, não poderia a deixar de fora - começou a tocar. Seu corpo tocava a água morna que era liberada pela pequena torneira, sentindo uma sensação maravilhosa de relaxamento, repousando seu corpo na banheira.
Poderia lhe dizer que levou alguns minutos para que enfim, ele pudesse finalmente terminar o seu banho com dignidade. Não estou dizendo que ele dormiu na banheira pelo cansaço, mas isso é exatamente o que ele fez. Ao acordar, já estava anoitecendo e ele riu de si mesmo, por se encontrar daquele jeito.
Se levantou da banheira - obviamente depois de se banhar decentemente - e buscou uma toalha para se secar, acabando por vestir um dos roupões preparados pelo hotel, de fato era um tecido confortável e macio, perfeito para ele. Se retirando do banheiro (obviamente secando seu cabelo), pensava no que poderia comer, não queria chamar atenção - já que julgava ser muito famoso na região, na verdade ele era... um pouco, também nem tão pouco. Para não ser rude, direi que ele era demasiado famoso, mas não muito.
Os verdadeiros grandes nomes da região eram somente as 3 melhores empresas do ramo. Neles estava concentrado o maior número de jovens prodígios que eram dotados de talento.
HKM Ent.¹ alcançava com maior velocidade as mídias coreanas, que até então não focavam tanto nos herdeiros de tal conglomerado. Porém, os irmãos mais velhos de Sehun obtinham um grande reconhecimento nos comércios.
Após longos tempos experimentando e retirando peça, finalmente ele escolheu uma roupa simples, de verdade, apenas uma camiseta larga e leve, de uma tonalidade escura e uma bermuda amarronzada. Em seus pés, calçava lindas chinelas de alta qualidade, para manter o conforto em seus pés. Seu cabelo? Apenas um penteado sem muito exagero, já que estaria coberto pelo capuz de um moletom que vestira.
Se retirando de seu quarto, o homem desceu pelos os andares de elevador, dando de encontro com uma mulher um tanto familiar no quinto andar. O seu coreano estava um pouco enferrujado e não queria passar uma má impressão a mulher, por isso, apenas sorriu gentilmente para ela, se curvando, que retribuiu ao gesto da mesma forma.
- Sinto que conheço essa mulher de algum lugar... - Pensou.
Agora, finalmente nas calçadas daquela cidade, o incrível homem poste caminhava com seu rosto coberto; máscara, boné e óculos. E estava tão distraído pensando na sua comida, só de pensar no cheiro dos restaurantes já faziam sua barriga roncar, isso era um fato. Naquele exato momento, já estava imaginando os deliciosos pratos que sua empregada e até então "babá" fazia, soltando um suspiro de um sentimento bobo. Como uma pequena criança, o moreno se via ao ponto de chorar com saudades da sua casa.
Após algum tempo caminhando, um restaurante lhe chamou a atenção, era um estabelecimento comercial de alimentação gourmet, como não clamava por atenção? Chamava tanto a sua atenção, que ele ficou parado em frente ao comércio apenas observando no menu, localizado do lado de fora, o que seria servido de especial para o dia presente. Hora vai e hora vem e ele finalmente decide entrar e o que irá comer, mas seus olhos se espantaram ao encontrarem uma enorme fila que o jovem teria de enfrentar somente para se alimentar. O fazendo bufar como uma criança, mas não desistiu e caminhou até a mesma.
Ao chegar perto do final da fila, foi surpreendido por uma multidão, não para ele, para uma mulher que estava caminhando em sua direção. Novamente era aquela sensação de familiaridade, com toda certeza ele já teria visto a mesma em algum lugar, mas não conseguia se lembrar, já que naquele momento sua única preocupação era: Por favor, não se aproxime de mim.
Assim como pediu, a mulher realmente o fez, passou diretamente por ele, que acompanhou com o olhar suas expressões de felicidade e conforto diante tantas pessoas à sua volta e o homem que a acompanhava, ela entregava autógrafos e tirava fotos com um sorriso no rosto, um caminho sem fim, porém, enquanto todos prestavam atenção nela Sehun pensou: Por que não seguir pela fila vazia? Ninguém iria notar mesmo, e ninguém notou.
- Lisa!! Lisa!! Tira uma foto comigo por favor! - Dizia um. - Lisa eu te amo, você é a minha inspiração! - Complementava o outro. - Você tem algum projeto novo em mente? Pode nos falar? - Perguntava mais um e assim continuava, enquanto o coreano adentrava no restaurante pela fila vazia e a mulher ficava no centro da aglomeração.
- Lisa - Se questionava. - Lisa... - Suas dúvidas o faziam rir, pedindo o seu primeiro prato, ouvindo seu estômago agradecer a refeição sem ao menos a ver na sua frente. - Lisa - Pronunciava seu nome uma última vez, sem nem ao menos saber mais o motivo de querer pronunciar seu nome corretamente.
Afinal, quem era Lisa?
| Glossário:
¹HKM Ent. É a empresa fictícia do pai de Sehun (o protagonista).