Depois da Meia-Noite (Bubblin...

נכתב על ידי TersyGabrielle

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Marceline e Bonnibel foram um casal durante o ensino médio. E como todo casal adolescente, estavam certas de... עוד

Prólogo
Capítulo 2 - O Baixo e o Sangue
Capítulo 3 - Os Motivos Pelos Quais Eu Deveria Odiar Você
Capítulo 4 - O Céu Nos Olhos Dela
Capítulo 5 - Canela
Capítulo 6 - Espaços Vazios
Capítulo 7 - Deixe Para Lá
Capítulo 8 - Quando Agosto Acabar
Capítulo 9 - Bonnibel, A Sensível
Capítulo 10 - Uma Garota Não Tão Boa
Capítulo 11 - Andrea
Capítulo 12 - O Começo do Fim
Capítulo 13 - O Lugar Que Você Deixou Vazio
Capítulo 14 - Depois Dela, É Minha Vez
Capítulo 15 - O Horizonte Tenta, Mas Não Se Compara
Capítulo 16 - Rosas Pretas e Cor-de-rosa
Capítulo 17 - Um Vislumbre de Nós
Capítulo 18 - Sangue & Lágrimas Azuis
Capítulo 19 - Cartão Postal
Capítulo 20 - Um Passo Atrás
Capítulo 21 - Papai, Cadê Sua Dignidade?
Capítulo 22 - Chuva a Meia-Noite
Epílogo
Notas Finais e Agradecimentos.

Capítulo 1 - Tudo ou Nada

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נכתב על ידי TersyGabrielle

Sejam bem vindos ao meu novo projeto!!

Eu estou muito muito empolgada em finalmente dividir com vocês um trabalho que tem um pouquinho mais a ver com a Tersy jovem adulta tentando lidar com essa nova fase da vida, então espero que gostem.

(Eu ainda tô morrendo de saudades de Agridoce. Ai.)

Boa leitura!!

~•~•~•~•~•~•~•~•~•~♪~•~•~•~•~•~•~•~•~•~

Só mais um dia normal na editora. Nada de muito diferente de todos os outros dias deslizando por aqueles corredores, com a pequena excessão da música nos seus fones de ouvido.

Até o momento, ela havia feito um bom trabalho em convencer a si mesma de que estava apenas ouvindo mais um hit que todos os outros estavam ouvindo, e não alguma coisa potencialmente escrita em referência a ela.

Good little girl
Always picking a fight with me
You know that I'm bad
But you're spending the night with me
What do you want from my world?
You're a good little girl

Good little girl
Don't you know what you do to me?
I know you're not bad
Yet you're breaking the rules for me
Now you're part of my world
You're my good little girl

O pé batendo lentamente no chão do elevador enquanto ele subia até 36° andar. Alguém entrou no 15°, distraindo-a da sua mente que insistia em querer se encharcar de nostalgia.

- Bom dia, Bonnibel!

- Bom dia, John! Como vai?

- Na correria, como sempre. E você?

- Na verdade as coisas estão um pouco paradas agora, mas acho que isso vai mudar. Phoebe me mandou vir o mais rápido possível hoje, então algo me diz que minhas curtas férias acabaram.

- Bem, boa sorte então. Deus sabe que Phoebe adora um prazo apertado.

Os dois dão uma risada leve. John para no 24° andar acenando um adeuzinho, o que dá tempo suficiente para que ela dê atenção a letra novamente.

Don't you know that I'm the villain?
Every night I'm out here killin'
Sending everybody running
Through the streets like they're all children

I know why you're mad at me
Afraid my demon eyes can see
Everything you ever wanted
And you bet I know is me

- Bonnie! Phoebe está elétrica num nível que eu nunca vi. Parece que ela recebeu um pedido irrecusável e não vai deixar ninguém escrever além de você - uma garota chegou logo atrás dela, um manuscrito sendo segurado junto ao peito.

- Ok, agora estou curiosa, Íris - ela disse, parecendo um pouco mais empolgada. - Que o contrato seja bom.

- Vai ser - ela responde, com uma piscadela, antes de se dirigir para outro ponto do andar.

I know all your deepest fears
Baby, I'm not from here
I'm from the Nightosphere
To me you're clear, you're transparent
You've got a thing for me, girl
It's apparent

- Bom dia, Bonnibel! Ela está em reunião agora, mas vai falar com você assim que terminar - a secretária de Phoebe levantou os olhos rapidamente e sorriu para ela, antes de continuar digitando o email que escrevia.

- Bom dia! Ok, vou aguardar por aqui. - ela respondeu, se sentando em uma das cadeiras na área de espera, voltando a bater o pé no ritmo da música.

Good little girl
Always picking a fight with me
You know that I'm bad
But you're spending the night with me
Now that you can't leave my world
Be my good little girl

Antes que ela pudesse pensar demais no que estava ouvindo, Phoebe chamou-a para dentro do escritório. Bonnibel pausou a música e entrou.

- Bonnie, Bonnie, Bonnie! Sente aí. A gente tem uma proposta grande. Das boas!

- Bem que me avisaram que você estava elétrica hoje - ela disse, com uma risada. - Bom dia pra você também.

- Bom dia. Desculpe. Mas eu realmente estou agitada - Phoebe arrumou alguns papéis em sua mesa antes de virar o seu monitor para que Bonnibel pudesse ver o conteúdo na tela. - Só pra você ter uma noção, isso aqui seria o valor repassado pra editora, e esse aqui seria o valor pago diretamente pra você, além dos direitos autorais das vendas. Inclusive, o email deixa bem claro que tem que ser você. Não vão aceitar nenhum outro autor.

- Mas o que - puta merda, Phoebe! - Bonnibel deixou escapar, de queixo caído. Os valores da oferta tinham um número generoso de zeros.

- Pois é. É uma grana preta. Se a gente fechar isso, posso convencer os chefões a deixarem você publicar o que você quiser em seguida, com liberdade criativa quase irrestrita. Você vai virar sinônimo de lucro garantido. Vou poder liberar a verba que eu bem entender. Tem noção do peso disso na sua carreira?

Bonnibel abriu um sorriso. Não que ela não tivesse renome dentro da editora: ela já era um dos nomes favoritos ali dentro. Tinha um bestseller do qual se gabar. Mas aquilo... aquilo parecia ter o potencial de colocá-la em outro patamar.

- E o que seria o projeto pra estarem dispostos a pagar tanto assim só pra fechar o contrato?

- Uma biografia. É pra algum artista muito famoso, pelo o que mandaram aqui. É parte do projeto de divulgação de um álbum novo com uma pegada mais intimista e eles querem aproveitar pra contar a história do cantor. Ou cantora - disse Phoebe, enquanto relia algumas partes do email.

- Não falam qual artista seria?

- Não. Eles vão mandar um representante da equipe de marketing pra buscar você hoje ao final da tarde, pra uma reunião com o tal artista. Aparentemente a coisa toda ainda está em sigilo, então eles estão evitando qualquer coisa que faça a informação vazar, pelo menos até terem um autor confirmado e mais algumas coisas.

- Hm, mistério interessante. Nenhuma pista mesmo de quem seja?

- Nada concreto. Mas pela gravadora, poderia ser praticamente qualquer um da nova geração do pop rock. Não dá pra saber.

- Bem, pelo valor que estão oferecendo, com certeza é alguém gigante.

- Isso é certeza. Então, posso contar com você?

- Phoebe, eu sou provavelmente a pessoa mais bem ajuizada que você vai esbarrar na vida. E recusar isso aqui seria perder o juízo - ela respondeu, apontando o valor na tela.

- Minha garota. Bem, esteja pronta pra ir a essa reunião às 17h. Vamos ver quem é a estrelinha querendo contar sua história.

Bonnibel deixou o escritório dela energizada. Nunca tinha escrito uma biografia na vida, mas tinha talento o suficiente para trazer os sentimentos alheios a tona. Era uma exímia contadora de histórias. Não poderia ser tão difícil.

E o dinheiro cairia bem.

Passou as horas seguintes andando pela editora, organizando algumas coisas para o lançamento da edição especial de seu livro mais recente, aprovando artes de capa, modelos de pins, cards e marcadores de páginas que deveriam ser inclusos no box especial. Quase não viu a hora do almoço chegar.

Sentou na mesa do refeitório com um prato de massa e um suco de laranja. Em pouco tempo, tinha Íris e Jake com ela na mesa.

- E aí, qual era o grande projeto? - perguntou ele, se curvando sobre a mesa. A namorada ao seu lado aguardava a resposta com a mesma expressão animada.

- É uma biografia. Só que a coisa toda é meio bizarra, a equipe da gravadora que entrou em contato não disse sobre quem seria. Só disseram que é para um cantor e passaram uma proposta absurda.

Quando ela revelou os valores, os queixos dos outros dois quase bateu na mesa.

- Porque ela não é da minha equipe? - perguntou Jake olhando para Íris, meio exasperado, meio brincando. - Queria eu ser o editor responsável por um contrato desses.

- Eu nunca vou perdoar Phoebe por ter encontrado a galinha dos ovos de ouro antes de mim - brincou Íris, fazendo os outros dois rirem.

- Good little girl... - Finn se aproximava da mesa do grupo, cantarolando distraído. O irmãozinho de Jake era o estagiário conhecido por sempre estar com a cabeça nas nuvens.

- Ah Finn, eu finalmente tinha parado de cantar essa música na minha cabeça! - disse Íris, com uma risada.

- Foi mal - ele disse, tirando o fone com um sorriso. - Mas eu também não tenho culpa se tudo da Marceline gruda na cabeça.

Bonnibel se concentrava no prato em sua frente, tentando parecer o mais calma possível. Empurrava as lembranças para longe tanto quanto podia.

- Sabe, bem que eu queria que certas pessoas tivessem essa vibe do mal as vezes - Íris provocou, cutucando o namorado na cintura com o cotovelo.

- Bleeeh - Finn fingiu uma ânsia de vômito com a troca de olhar entre o irmão e a cunhada.

- Informação demais! - disse Bonnibel, dando risada.

- Cara, tô ansioso pra esse álbum novo dela - disse Jake, desconversando de propósito as provocações de Íris.

- Nossa, sim! - ela disse, engolindo rápido uma garfada. - Vocês leram a entrevista dela pra Rolling Stones?

- Nah - respondeu Bonnibel, com um dar de ombros. Tinha por regra não ir atrás de qualquer informação que fosse sobre Marceline. Não conseguia fugir das músicas porque, bem... elas estavam tocando em todo lugar, a todo momento. Uma hora ou outra, invadiam sua bolha. Mas conseguia fazer um trabalho descente para evitar as notícias, salvo quando eram o assunto da rodinha, como naquele momento.

Para os amigos, era apenas Bonnie sendo Bonnie, nerd demais para estar por dentro da cultura pop atual.

- Parece que vai ser um álbum super intimista. Good Little Girl foi totalmente produzida por ela, parece que ela tocou todos os instrumentos e fez a versão final sozinha, só com um ou outro retoque do produtor. E o álbum inteiro seria assim, gravado em casa - disse Finn, ainda um pouco avoado.

- Amei a vibe meio Flowers for Vases/Descansos da Hayley Williams - disse Íris, animada.

Bonnibel sorriu e meneou a cabeça. Mas tinha um quê de ansiedade crescendo dentro dela.

Phoebe não tinha dito que a gravadora queria um livro biográfico para acompanhar o lançamento de um álbum 'super intimista'?

Depois de um tempo, sacudiu a ideia para longe e voltou para a conversa leve com os amigos. O universo não poderia ser assim tão cruel com ela, afinal.


~•~♪~•~


- Pra falar a verdade, a ideia me soa meio boba. - resmungou Marceline, sentada de qualquer jeito em frente ao homem.

- Vamos lá, Marcy. Não é tão ruim.

Simon empurrou os óculos pelo nariz, encarando a mulher a sua frente. Marceline podia ter vinte e seis anos de idade, mas ainda tinha o mal humor característico dos adolescentes.

- Seus interesses como produtor são os interesses da gravadora, Petrikov - ela respondeu, olhos semi serrados.

- Por mais que eu precise, sim, me ocupar com os interesses da gravadora, você sabe muito bem o quanto me preocupo com você e seus interesses, garota. Eu tive mais de uma oportunidade de deixar a indústria te comer viva.

Marceline engoliu em seco. Sabia muito bem que Simon tinha sido mais que meramente o seu agente e produtor de seus álbuns durante todos aqueles anos. Tinha um motivo para ela fazer barraco e exigir que ele produzisse todos os seus trabalhos.

- Ok, desculpa - ela resmungou. - O que você acha desse livro?

- Não me parece má ideia. Você escreveu músicas sobre sua vida, seu passado. Está gravando tudo no seu estúdio pessoal. É um trabalho tão introspectivo, e ter acesso a esse background pode ser interessante para o público.

- Simon, o álbum é tenso do nome às letras. Não é só, sei lá, um álbum de término ou sobre odiar sua cidade natal. É meio... pesado? Não sei se quero deixar tão claro as intenções por trás das letras.

- Good Little Girl me parece uma música leve - brincou Simon. Marceline revirou os olhos.

- Essa é a questão, Petrikov! Quero que as letras dêem a entender que são sobre algo que eu vivi, mas sem dar tanto contexto. Ninguém precisa saber o que essa música significa.

Marceline se mexeu na cadeira, desconfortável.

Simon deu um sorriso de canto. Sabia qual era a questão da garota. Sim, o álbum era pessoal e trazia algumas informações um pouco pesadas sobre o seu real estado mental no início da carreira, mas não era essa a parte que ela não queria que ficasse óbvia.

Good Little Girl e outras faixas mostravam uma vulnerabilidade específica da qual Marceline não se orgulhava.

Se todo mundo aceitava razoavelmente bem a existência de seus antigos amores de escola, para ela era uma fraqueza que não deveria ter tido. E todas aquelas letras que pareciam apenas nostálgicas, eram bem carregadas de rancor. Cantá-las era uma coisa. Discorrer em um livro - que nem seria escrito por ela mesma - sobre o quanto aquela experiência havia moldado sua forma de ver o mundo era outra completamente diferente.

- Eu conversei com o pessoal da divulgação - ele disse, se curvando sobre a mesa. - Você não tem que botar nesse livro nada que não esteja afim. Omita as partes que você não quiser falar, não é como se fossem saber que você fez isso. Você sabe que esse álbum é bem menos comercial e a gravadora só está tentando garantir que ele venda.

- Eu sei, Simon. Por isso aceitei, mesmo com um pé atrás - ela respondeu, soprando uma mecha de cabelo do rosto. - Certo, acho que posso dar um jeito. Não preciso contar tudo, não é?

- Não, Marceline. No final das contas, é você. Poderia inventar que é filha de um anjo caído com uma humana e as pessoas acreditariam, porque você é peculiar assim.

Ela caiu no riso, provavelmente pela primeira vez em alguns dias. Então se levantou da cadeira.

- Você sempre melhora as coisas, Simon.

- Considero parte do meu trabalho - ele respondeu, com uma piscadela.

Marceline sorriu para ele e saiu do escritório. Então, andando pelos corredores da gravadora, começou a cantarolar.

I know just what you're
Your eyes reflect the stars
Love that little pout you wear
When you're realize something

You're not so far from me
Corrupting subtly
But something tells me
That you knew that, darling

- Ela é tão famosa que tem até biografia agora - Marceline se assustou de leve com a voz repentina, mas sorriu quando viu que era apenas Keila.

- Tecnicamente eu ainda não tenho uma, mas vai acontecer. E que fique claro que isso é parcialmente contra a minha vontade - ela disse, com um riso debochado.

- Ah, qual é! Isso é o mínimo que você pode fazer pra garantir que o álbum venda, e por chutar minha bunda - brincou Keila, lhe dando um cutucão na cintura. Ela era a guitarrista de tour de Marceline desde o início da carreira, e normalmente tocava o instrumento no estúdio também. Mas com a proposta desse novo trabalho, ela havia sido "deixada de banco" até que a turnê de divulgação começasse.

- Cristo, como é dramática - Marceline disse, com um revirar de olhos, fazendo a amiga rir. - Você vai estar nos palcos, Keila. Agora pare de choramingar.

- Certo, sua tirana - ela respondeu, também revirando os olhos. - Vejo você por aí, Marcy.

- Até, Keys!

You walked into the lion's den
Saying 'please take me'
You sacrificed your innocence
Don't you know, baby?

No, there's no going back
So take another step
'Cus even if you try I'll
Always pull you right back in

-É, vou fazer essa merda - ela anunciou, entrando no carro. O amigo deu risada antes de dar partida e sair da vaga.

- Bem, vamos torcer pra que você não tenha que lidar com nenhum autor bacaca - disse Ash após um tempo em silêncio, parando em um sinal vermelho.

- É o mínimo que eu espero - Marceline resmungou. Olhou pela janela, distraída, mas algo chamou a atenção de seus olhos.

Em uma livraria pequena acanhada entre as outras centenas de lojas, um livro estava em destaque na vitrine. A capa tinha tons combinados de rosa e preto, duas garotas se beijando. Havia uma pequena placa ao lado para que quem estivesse de longe pudesse saber qual era o livro.

"Cante Só Mais Uma Vez - por Bonnibel Andrews"

Ela virou o rosto de volta para rua quando o carro voltou a andar. Ficou pensando no que os gigantes da gravadora haviam dito para ela na última reunião.

- Não se preocupe com o autor. Vamos encontrar alguém competente, de renome e que tenha experiência em conversar com o público mais jovem que queremos atingir. Você só vai precisar fazer algumas reuniões com a pessoa para dizer o que gostaria que fosse escrito e então você vai poder focar na sua parte do negócio, que é o álbum.

Sabia que Bonnibel se encaixava bem na descrição, então era um risco. Mas muitos outros nomes também se encaixavam, então não era um risco tão grande assim.

- Ash, me passa o isqueiro - ela disse, ainda pensativa, puxando um baseado do bolso.

- Você quer tanto assim entrar pra Maldição dos Vinte e Sete Anos? - brincou ele, tirando o objeto do bolso e entregando para ela.

- Cala a boca, cara.

Ela riu, e procurou não pensar demais naquilo. Já tinha muito com o que se preocupar.


~•~♪~•~


- Muito obrigado por comparecer, Srta. Andrews.

- É um prazer, senhor.

O homem era alto e imponente, tudo o que se esperaria de um magnata da indústria musical. Bastava olhar na cara dele para perceber que não estava nem um pouco preocupado com o teor artístico, a mensagem ou o conceito de um trabalho musical, mas sim com seu potencial de venda. Bonnibel já não tinha ido muito com a cara dele.

Apesar de se sentir uma farsa, porque sabia que o seu papel ali era basicamente escrever o material de marketing que a gravadora achara necessário para divulgar um álbum que claramente não tinha a intenção de ser comercial.

Entraram no prédio da gravadora. O ambiente era um pouco opressor, gente andando para todo lado e cada expressão parecia mais tensa e preocupada que a outra. Bonnibel se viu lembrando de uma coisa que havia ouvido de Marceline muito, muito tempo atrás.

A única certeza que eu tenho é que a indústria é um poço de gente podre, Bon. Se eu quiser entrar nessa, tenho que ser dura na queda pra não ser afogada.

Se perguntava se a menina havia sido dura o bastante. Mas não precisou se perguntar por muito tempo.

Foi dirigida a uma sala, e distraidamente se ajeitou numa cadeira, até ver de relance os vestígios da reunião anterior que estavam sobre a mesa.

Diferentes imagens que muito provavelmente eram opções para a capa de um álbum. A que ela pode ver bem era de uma mulher de frente. Ela encarava a câmera com um olhar pesado, um pouco assustador. Tinha uma coroa de rosas azuis na cabeça, e um dos olhos completamente embebido em vermelho. Uma lágrima de sangue escorrendo dele.

E a mulher era Marceline.

Foi uma questão de segundos até alguém recolher as fotos, mas então Bonnibel já sabia o que estava prestes a acontecer.

E foi no meio do choque que a própria Marceline entrou na sala, acompanhada de um homem um pouco mais baixo, óculos redondos e cabelo um pouco comprido. Ela usava um terninho preto com camisa vermelha por baixo. Ela ria de algo que o homem dizia, até seu olhar recair sobre a mulher na outra ponta da mesa. E então sua risada morreu no meio de uma expressão presa entre susto e indignação.

Mas logo ela adotou uma expressão neutra, se aproximou da outra e estendeu a mão.

- Boa tarde, Srta. Andrews.

- Boa tarde, Srta. Abadeer.

Todos se ajeitaram em volta de mesa. A tensão era perceptível no ar, mas ninguém fez menção sobre. Era uma indústria feita de tensão e contratos em que uma ou mais pessoas assinavam os papéis com dentes cerrados.

- Imaginei que já se conhecessem, pelo menos por nome - disse o produtor chefe, com uma descontração forjada. - Pensei que pudesse ser um trabalho mais tranquilo de fosse realizado entre duas mulheres jovens, de públicos alvos parecidos e com... Bem, identidades compatíveis - completou ele, discretamente ajeitando a gravata. Claro, as palavras "comunidade LGBT" jamais sairiam de sua boca sem um bom motivo comercial por trás, mas era fácil entender onde ele queria chegar.

- Incrível como eu sempre tenho um motivo plausível pra questionar suas ideias - resmungou Marceline, braços cruzados e o olhar o mais longe possível da outra ponta da mesa. Engoliu em seco quando Simon lhe deu um cutucão com o pé por debaixo da mesma.

- Bem, essa reunião é justamente para ajustar espectativas, Marceline. Em primeiro lugar, foi você quem nos deu aval para escolhermos um autor, com um "tanto faz" bem auto explicativo - disse o homem, levemente exasperado. Lidar com Marceline era provavelmente sua parte menos favorita do trabalho, mas era um sacrifício que ele julgava plausível toda vez que sua parte das vendas lhe entrava no bolso. - Se esse arranjo não estiver bom para qualquer uma das partes, podemos não prosseguir. Mas você tem pouco tempo para se decidir por um novo nome, Abadeer. Já disse: tempo é dinheiro. E acho que ninguém aqui quer jogar dinheiro fora.

As duas trocaram um olhar breve. Para Bonnibel, dar meia volta e ir embora era uma opção quase nula. Em uma coisa ela teria que concordar com aquele cara: não estava muito em condições de queimar dinheiro. E aquele contrato estava valendo umas boas dezenas de milhares de dólares só para assinar a papelada. As vendas provavelmente lhe renderiam mais um bom tanto.

O suficiente pra pagar a terapia que eu vou precisar depois, pelo menos, ela pensou consigo mesma, no tom mais amargo possível.

E para Marceline, dizer não era um risco considerável de ter seu trabalho inteiro barrado. E tinha um contrato nada agradável impedindo que lançasse qualquer coisa de forma independente por mais cinco anos. Pouca coisa - se é que realmente existia algo - era mais importante para ela do que o bom andar de sua carreira.

- Por mim não há empecilho algum - disse Bonnibel, séria e profissional como se esperava que ela fosse. - Do meu ponto de vista é uma oferta quase boa demais para ser real, então não tenho porque trazer qualquer objeção. Então, se não tiver problemas da parte de vocês, me considerem dentro.

Marceline a encarou por um instante. Tinha esquecido o quanto aquele ar de mulher de negócios em Bonnibel a irritava profundamente.

- É, financeiramente falando é o combo perfeito. E como o único assunto nessa sala parece ser dinheiro toda vez que entro aqui, tudo bem por mim. Desde que o álbum seja lançado totalmente dentro das minha condições, o que vocês decidirem pro resto eu aceito. Podem fechar o contrato.

- Sábia decisão, Marceline - disse o produtor chefe, satisfeito. Cópias do contrato foram distribuídas entre as pessoas responsáveis, e seus conteúdos foi demoradamente discutidos.

Cerca de duas horas depois, todos saem da sala com o compromisso firmado.

- Bem, vou acompanhar o andamento desse livro de perto, mas entendo que para sair algo decente, a escrita em si deve ser entre vocês duas - diz o produtor, parado na saída da sala. - Portanto, vou deixar que decidam entre vocês como pretendem se organizar e reunir para o trabalho, mas preciso ser atualizado semanalmente sobre o andamento. Espero que esse período de seis meses seja suficiente para você, Srta. Andrews.

- É um pouco apertado, sim, mas considerando que é apenas o prazo para o manuscrito inicial, sem considerar a edição e publicação, é razoável - ela disse, com um pequeno dar de ombros. - E vou estar focada unicamente nesse projeto. Vai ser suficiente.

- Ótimo. Mais uma vez, muito obrigado pela colaboração. Peço apenas que leve a sério o sigilo sobre essa situação. Nada deve vazar até decidimos o melhor momento para iniciar a divulgação.

- Obviamente. Agradeço a oportunidade - ela diz, estendendo a mão em cumprimento. Com um último aceno, ele segue pelo corredor, deixando as duas mulheres sozinhas ali.

Há um silêncio desconfortável por um momento. Marceline permanece apoiada ao batente da porta de forma relaxada, enquanto Bonnibel continua em pé com a postura reta demais, ambas evitando se encarar.

- Podemos começar na segunda, se estiver bom pra você - diz Marceline, a voz firme e alta, tirando um maço de cigarros do bolso da calça. Olha para a outra com a cabeça levemente abaixada, uma sobrancelha arqueada.

- Por mim está ótimo. Acredito que sua acessoria vá entrar em contato com o endereço e horário para essa reunião.

- Seu telefone, por favor - diz Marceline, depois de um revirar de olhos. Está estendendo o celular para a outra, com uma expressão mau humorada.

- Perdão?

- Qual é, Andrews. Sabe muito bem que eu não sou a Srta. Profissional, nunca fui. Vou usar a acessoria quando for necessário. Só salva teu número aí, tá legal? Eu posso muito bem marcar a maldita reunião eu mesma.

- Ok, ok. Tanto faz. - Agora é Bonnibel quem está com a careta mal humorada no rosto, enquanto digita seu telefone. Faz questão de salvar o contato com nome e sobrenome, o mais impessoal possível. - Me comunique com antecedência o horário e o endereço, por favor. Gosto de me organizar com tempo hábil pros meus compromissos.

- Não precisa me ensinar meu trabalho, Bonnibel. Não foi com você dando sermão que eu cheguei aqui, no nível de ter gente te pagando pra escrever sobre mim.

Bonnibel engoliu em seco. Depois, estendeu a mão em cumprimento.

- Até segunda, então. Tenha um bom fim de semana.

Ela já estava a meio caminho para virar o corredor quando Marceline a chamou. Parou onde estava e a olhou por cima do ombro. A mulher lhe encarava com as duas mãos nos bolso, o cigarro ainda por acender entre os dentes. Tinha os primeiros botões da camisa abertos.

- Só pra constar, diferente de você, não estou focada só no livro. Então a minha agenda está bem cheia. Vou precisar de você disponível bem tarde.

- Defina tarde, Abadeer.

- Tarde mesmo, Bonnibel. Tipo, depois da meia-noite.

~•~•~•~•~•~•~•~•~•~♪~•~•~•~•~•~•~•~•~•~

Slskakajsjaja eu tô muito empolgada

Por favor, me deixem saber o que estão achando, e não esqueçam de votar se tiverem gostado!

Vejo vocês logo! xx

- Tersy 🥀

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