-"Preciso de uma mulher esta noite."- Disse Arthur metendo à boca o resto do whisky que havia sobrado. Helena que olhou para ele com um ar divertido, levantou-se dirigindo-se para a escadaria seguida pelos irmãos. O corredor no topo das escadas era infindável, com uma passadeira vermelha para cada porta.
-"Só tem de escolher Arthur."- No mesmo segundo que Helena falou, as portas dos quartos abriram-se quase em sintonia para deixarem revelar algumas das mulheres mais bonitas que Arthur já tinha visto. Arregalou os olhos com a visão e quase salivou que nem um animal. Passou a língua nos lábios ajeitando o cabelo e pegou na cara de Helena com as duas mãos dando-lhe um beijo na testa. -"Oh love, trata-me por tu! Tommy vou à minha vida!"- Fez uma continência desajeitada ao irmão e começou a afastar-se.
-"Finn?"- O mais novo estava boquiaberto e sem saber o que fazer olhou para Thomas de modo a pedir permissão.
-"A noite é tua, irmão."- Disse Thomas divertido. O mais novo sorriu com aquela resposta e correu para uma jovem bonita que o agarrou pelo colarinho, puxando-o para dentro da divisão.
-"Só falta o senhor, Mr. Shelby."- Helena disse para Thomas que estava ligeiramente atrás de si, sem o conseguir encarar com receio da resposta. Thomas aproximou-se vagarosamente dela e sussurrou ao seu ouvido.- "Achei que já tínhamos passado essa parte Helena. É Thomas."- O coração de Helena saltou 3 batidas quando ouviu aquela voz grave no seu ouvido, Thomas apercebeu-se do arrepio no corpo de Helena e colou definitivamente a boca no seu ouvido-"Já estou acompanhado."- Helena esqueceu-se de quem era ao sentir a respiração quente de Thomas colada na sua pele. Permitiu-se fechar os olhos e morder a língua para se lembrar onde estava e com quem estava, aquele homem estava a mexer com ela de uma maneira que não achava possível.- "Eu não sou como elas Thomas."- Disse ainda de olhos fechados tentado abstrair-se da boca que estava colado ao seu ouvido e que fazia questão de respirar pesadamente para ela o sentir. Thomas abriu o sorriso sabendo as sensações que lhe estava a dar.-"Mostre o caminho, Helena."- Disse antes de lhe dar algum espaço, encostando-se à parede. Helena deu-lhe as costas sem o conseguir encarar e seguiu para o lado oposto do corredor.
Pegou num velho candeeiro de parede e puxou-o, o que revelou uma abertura na parede falsa. Thomas franziu as sobrancelhas de espanto ainda encostado à parede, Joaquim revelava-se cada vez mais engenhoso, aquele edifício era o seu quartel e ele tinha-se certificado que ninguém saberia onde procurar. Helena subiu a escadaria revelada pela abertura e Thomas seguiu-a com a falsa parede a fechar-se atrás de si. No topo, deu por si numa das maiores mansões onde alguma vez tinha estado, deixando-se absorver pela decoração e pelo espaço.
-"O teu tio realmente não poupou esforços, não foi?"- Disse com as mãos nos bolsos olhando para Helena que parecia perdida nos seus pensamentos.
-"Nunca poupa, devo-lhe a minha vida."- Helena sorriu levemente. Thomas deu mais alguns passos até uma janela que deixava vislumbrar a cidade de Lisboa. Magnífica pensou ele, mesmo envolta em escuridão não deixava de ser uma vista de cortar a respiração.
Thomas levou a mão ao bolso interno do casaco e ofereceu um cigarro a Helena que se aproximou para o aceitar. Não pôde deixar de reparar como o fogo dava à sua pele pura um tom ainda mais delicado mas ao mesmo tempo selvagem. Aquela mulher era alucinante.
-"Lamento muito por tudo Helena, os teus pais vão ser vingados. Vingamos sempre os nossos." Disse pesadamente. Helena aproximou-se um pouco mais da janela e cruzou os braços sobre o peito.
-"Eu sei, obrigada Tommy." Helena levou o cigarro à boca e percebeu a sinceridade nas suas palavras.
-"Tommy ahm?"- Permitiu-se brincar um pouco com ela, não podia negar que estava a aproveitar cada segundo daquela aproximação e que ansiava por mais.- "Olha por esta janela."- Thomas deixou Helena ficar à sua frente pegando delicadamente os seus ombros com as mãos, sentiu-a ficar tensa com o seu toque. -"Esta cidade é tua. Tudo o que vês no horizonte é teu. Os teus demónios não te podem vencer enquanto tentares acordar todos os dias para lutar."- Helena fechou os olhos e inconscientemente posou a cabeça no peito de Thomas, vendo-a relaxar desceu as mãos até à sua cintura delicada e acabou com qualquer espaço que existia entre os dois. Travou o maxilar quando se deixou embriagar novamente pelo seu perfume tentando controlar o desejo cada vez maior que sentia, não queria que ela se assusta-se com o volume no fundo das suas costas.
-"É possível um coração despedaçado amar?"- Helena pergunta inconscientemente ainda de olhos fechados, nunca se tinha sentido tão vulnerável na sua vida, nunca se tinha permitido a isso.
-"Eu amei."- Thomas disse quase em sussurro. Sem pensar posou o queixo no ombro de Helena, tentando digerir todas as emoções que de uma forma ou outra tentava reprimir, ela sabia perfeitamente de quem ele falava.
-"Podemos ficar assim mais um pouco?"- Sentia-se segura no abraço de Thomas e só queria que o tempo parasse.
-"O tempo que quiseres, love."- Ouvir o carinho que saía da sua boca abriu-lhe um sorriso sincero na cara, desfrutavam de um silêncio confortável e sem nenhuma palavra ser pronunciada permitiram-se ser o apoio um do outro. Pela primeira vez aqueles dois corações despedaçados e cheios de escuridão encontravam-se.
-"Sabes que tenho de fazer isto não sabes?"- Helena abriu os olhos e virou-se para encarar Thomas que lhe desviou uma mexa de cabelo da cara e desenhou a linha do seu rosto com o polegar.
-"Ao menos que um de nós que tenha paz."- Thomas segurou-lhe o queixo com o polegar, olhou directamente para a boca de Helena e molhou os lábios quando o desejo começou a inundar novamente a sua mente, estava reprimir-se desde o momento em que a tinha visto. Inclinou-se lentamente até sentir a sua respiração quente nos lábios.-"Eu disse-te que não era como elas, Tommy."
Helena passou por Thomas deixando-o atordoado e sem reacção- "O teu quarto é o último à esquerda, não me venhas bater à porta durante a noite porque não vou abrir."- Correu para o quarto e trancou a porta enquanto perdia a força no seu corpo e escorregava até ao chão. Por momentos esqueceu-se dos seus demónios. Thomas mandou a cabeça para trás sem acreditar no que tinha acontecido enquanto tentava ignorar o volume latejante nas calças.
-"Fodasse Helena."