Ampulheta Quebrada

By piwrre10

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Tentando salvar Sirius Black de um destino terrível, Hermione envolveu Harry com seu vira-tempo. Porém, ao in... More

Prólogo - (Remastered)
Família
Por Entre Chamas
Enxurrada Solta
Visitantes do Leste
A Floresta Proibida
Aceitação
Entre a Varinha e um Olhar
Quebra-Cabeça
Cavalo de Troia
Ao Olho do Furacão
Correndo para o desconhecido
Quem eu sou? - Parte I
Quem eu sou? - Parte II

Labirinto de Emoções

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By piwrre10


- Você tem certeza que quer fazer? – Hermione perguntou. Seu olhar tinha um misto de emoções.

Harry ajeitou as vestes e tirou a firebolt de dentro pacote de James. Suas mãos tremeram um pouco; era realmente uma firebolt, novinha em folha. Quanto tempo não colocava a mão em uma. Ele agarrou firmemente.

- Tenho, sim. – Harry confirmou.

Hermione não devia estar ali, mas eles estavam no dormitório masculino do sexto ano.

Harry havia se decidido, iria voltar ao quadribol; deixaria muitas coisas para trás e faria isso. Para qualquer um, poderia não parecer nada, mas para Harry, significava tremendamente.

- Você deve estar um pouco atrasado. – Hermione disse, olhando para o relógio de pulso. – Pelo menos, não devem ter muitas pessoas na sala comunal, então você pode caminhar tranquilo para o campo.

- Certo. – Harry concordou. Contra sua vontade, ele estava nervoso para aquilo. Será que ainda saberia como se voar? Principalmente bem.

- Aqui. – Hermione se aproximou de Harry, terminando de abotoar suas vestes. – Assim fica melhor?

- Fica sim. – Harry agradeceu, um pouco envergonhado: mais de sua postura.

Ele não estava conseguindo encarar Hermione da mesma forma de sempre nos últimos dias. Absolutamente tudo parecia mais difícil de se fazer com ela. Sempre sentia as borboletas no estômago se intensificarem, cada vez que ela falava ou chegava muito mais perto. Não estava sabendo lidar com esse sentimento, ficava óbvio em seu rosto, achava. Não demoraria muito para que ela percebesse e Harry tinha medo de pôr tudo a perder. O que era o certo a se fazer?

- Harry, tudo bem? – Hermione olhou bem de perto, seus olhos curiosos. Ela estava tão linda naquela tarde, mesmo tão simples.

- Tudo, t-tudo. – Harry respondeu, desviando-se do olhar. – Preciso ir, né?

- Acho que sim. – Hermione disse, sorrindo minimamente. – Vai ser bom, te garanto. Fico feliz que esteja fazendo isso.

- Eu pensei muito. – Harry respirou fundo e voltou a encara-la. – Em muitas coisas, refleti bastante. Ainda quero que saiamos daqui, mas...

- Não vamos falar muito nesse assunto. – pediu Hermione, Harry se surpreendeu que ela estivesse evitando. – Boa sorte. – ela abraçou Harry, antes que ele dissesse mais alguma coisa.

Ele ficou um pouco decepcionado, talvez? Mas logo se repreendeu. Sua bochecha coçou... não negava que gostaria de mais um beijo de boa sorte ou despedida, qualquer coisa assim. No que você está pensando?

- Vou indo. – Harry se despediu o mais rápido possível, para que não se visse pensando mais nenhum absurdo. – Vejo você lá.

Felizmente, a sala comunal estava vazia. Era horário de aula de alguns, outros estavam estudando e o resto, provavelmente, no campo, pronto para assistirem ou participarem do teste.

Obviamente, enquanto passava pelos corredores da escola, foi avistado por alguns curiosos, mas nenhum deles falara nada demais, a não ser ficar encarando.

Harry, no momento, se sentia ansioso para voar. Ele não imaginava que isso jamais voltaria a acontecer.

Quando chegou no campo de quadribol, avistou a aglomeração no meio do campo; eram pouco mais de sete pessoas com vassouras em postos e vestes de quadribol, além de alguns membros do time, acompanhados de Bruce, o capitão.

Harry caminhou lentamente, enquanto escutava Bruce explica minuciosamente os detalhes para os presentes. Ele não parecia tão interessado naquilo.

- Será que poderia começar a explicação novamente? – perguntou Harry, enfiando a cabeça por entre os participantes assustados. – Ou já não posso participar mais?

- Não, você não... – Bruce já estava negando, quando então, ergueu o olhar. A cara dele fez Harry quase rir ali mesmo.

O espanto fez ele achar que o capitão cairia no chão à qualquer momento. Ele travou por completo por alguns segundos, estupefato, mas então, a energia tomou conta dele novamente; definitivamente, estava mais empolgado do que nunca.

- Harry! – a voz dele saiu aguda, ele pigarreou. – Harry, claro... eu explico novamente, pode entrar sim.

- Você tinha dito para chegar no horário! – um garoto do quarto ano protestou. O olhar de Bruce a seguir provavelmente perfurou o jovem como uma espada, pois ele não resolveu argumentar mais nada.

- Bom, Harry... – era curioso que Bruce basicamente não ligava muito mais para os presentes. Seu foco era Harry e apenas ele. – Não tenho muito o que explicar, o regulamento é simples: - ele abriu a maleta aos pés dele, destrancou as travas e apanhou o pomo de ouro entre os dedos. – quero o melhor apanhador. O melhor apanhador é aquele que apanha o pomo. Escapando de todos os outros entraves, é claro. – ele girou os braços, mostrando os batedores do time da Griffinória, posicionados e também os balaços, prontos para serem soltos. – Agora, peço que cada um de vocês tome um determinado espaço de segurança, antes de começarmos.

Harry deu alguns passos para trás e viu os outros ao seus arredores se afastarem. Ele se perguntava: o Harry anterior era melhor que ele? Pareciam realmente teme-lo. Esperava que estivesse à altura.

- Estão preparados? – Bruce perguntou. Ele olhava fixamente para Harry. – Aqui vai.

Ele imediatamente soltou o pomo e os balaços, Harry subiu na vassoura, pronto para decolar, mas então, um clarão tomou conta do local. Bruce tinha usado a varinha para cega-los. Harry demorou-se a recuperar; quando percebeu, era o único ainda no chão; Bruce parecia desesperado com isso.

Vamos. Harry deixou o chão.

Aquilo ainda era sensacional, o primeiro contato tinha sido maravilhoso. A sensação de deixar o chão, ganhar velocidade e estar no ar, totalmente livre. Definitivamente ele ainda sentia tudo aquilo, estava arrepiado. Mas foco, havia um pomo para pegar.

Ele não se sentia totalmente confiante em investidas com a vassoura, sentia-a um pouco arisca em alguns momentos, pela sua falta de prática, mas sentia que estava no caminho. Todos voavam desesperadamente pelo local à procura do pomo. Não parecia haver sinal dele ainda.

Harry observava com olhos de águia; ele sempre achava primeiro, ainda conseguiria?

Aparentemente não. Alguém passou rasgando o ar por ele.

Harry tentou reagir rápido, mas já havia ficado para trás; inúmeros candidatos voaram na mesma direção. Ele não tinha visto o brilho dourado ainda...

Um barulho seco.

Um dos balaços dos batedores acertou em cheio um dos competidores. Harry conseguiu escutar as risadas da arquibancada. É claro, era por isso que eles estavam ali.

A Firebolt ainda era absurdamente rápida. Harry sentia que era indiscutivelmente o mais rápido do campo. Estar naquela velocidade fazia o coração de Harry pulsava forte. Ele se sentia empolgado, tomado por uma adrenalina irracional; nada externo importava. Harry estava se divertindo.

Abruptamente, o líder da fila brecou movimento; Harry teve que ter um tempo de reação aguçado para não se chocar. Todos eles pareciam ter perdido de vista o pomo, se é que em algum momento haviam visto. Harry achou melhor subir um pouco.

Devagar, ele sentia que ia domando a vassoura novamente. Se sentia mais apto à movimentos mais técnicos e também se sentia mais solto para analisar o campo ao redor. No momento, ele sentia que todos prestavam atenção na reação dele. Não podia vacilar, ainda mais agora, que acompanhava o pomo com os olhos, voando rapidamente pela torre dianteira esquerda do campo de quadribol.

Tinha de pensar rapidamente; haviam pessoas mais próximas ao pomo. Se ele indicasse o local, voando ou olhando muito descaradamente, eles iriam chegar primeiro, mesmo que seu tempo de reação fosse o melhor possível. Aliás, o pomo estava muito próximo. Alguém veria, nos próximos instantes, se ele não fizesse algo.

Com toda convicção do mundo, Harry girou na vassoura e disparou à toda velocidade para o lado oposto do campo. O efeito desejado estava acontecendo. Como a maioria estava com os olhos nele, imediatamente acompanharam-no.

- Merda! – gritou um garoto.

- Você não vai pegar esse pomo, Potter! – berrou outro.

Obviamente, ninguém estaria vendo nada, o pomo não estava ali. Estava no lado oposto. Harry precisava afasta-los o máximo da região do pomo e então reagir e voltar mais rápido que todos.

- Ah, maldito Potter, essa não vai funcionar! – Harry gelou ao escutar uma exclamação do outro lado do campo. Ao olhar de esgueira, percebeu. Um dos competidores havia ficado: e ele havia localizado o pomo.

Harry não teve tempo de parar; girou a vassoura com toda velocidade que podia, em um movimento arriscado e zarpou em direção ao outro lado do campo, em paralelo com as arquibancadas.

Conseguia escutar todas as pessoas vibrando de lá, ou vaiando. Estava muito perto, e muito rápido. Harry estava dando tudo que a Firebolt tinha e não era pouca coisa. Ainda assim, seria impossível chegar a tempo.

Escutou um barulho cortando o ar à sua direita.

Balaço. Seu instinto de apanhador despertou.

Desviou-se do balaço, que atingiu uma das torres do campo. Aquilo foi perigoso... não havia tempo para pensar.

Vamos, vamos, vamos! Harry falava mentalmente. Sentia a Firebolt instável naquela velocidade, ainda mais com a inclinação leve que tinha de fazer, para acompanhar a linha da arquibancada. Estava à poucos metros, mas os dedos do outro garoto competidor estavam prestes a se fechar no pomo. Era uma questão de segundos.

Harry queria muito vencer. Seu coração bombeava sangue incessantemente. Ele se sentia louco, se sentia tomado pela mais pura adrenalina. Jamais tinha sentido algo perto daquilo. Que sensações eram aquelas? Por que estavam aparecendo agora? Harry se sentia como um animal, apenas sentindo o calor e a energia lhe dominarem. O mais puro instinto. Ele queria vencer, depois de anos; queria provar aquele sabor. Aquele era ele. No fim do túnel, aquele era o Harry de sempre. Harry se pôs de pé na vassoura e mergulhou em direção ao pomo de ouro.

Sentiu-o em seus dedos, enquanto escutava a arquibancada eufórica, mas apreensiva. Estava em queda livre, sua vassoura passava logo acima dele; foi o que ele viu, antes de cada parte de seu corpo doer.

***

Harry via tudo laranja ao redor, algo estava errado.

- Ei?! – ele chamou, sua voz falhada, saiu como se não falasse há muito tempo. – Tem alguém aí?

Nenhuma resposta. Onde estava? A mente de Harry era uma grande incógnita, tudo estava nebuloso.

Ele conseguia caminhar, apenas não sabia para onde.

Tudo era um grande borrão laranja, ou vermelho. Uma tonalidade agressiva, que quase fazia os olhos arderem.

Harry escutou vozes, ao longe; risadas, para falar a verdade. Eram de alguma maneira, familiares. Lhe provocam uma sensação interior de... nostalgia; mas ninguém estava ali.

- Tem alguém aí? – Harry perguntou. Sua voz ecoou por todo local, sem respostas.

Ele se lembrou da dor do último impacto, com um pouco dificuldade. Nem mesmo sabia porquê aquilo tinha acontecido. Ele estava morto?

- Você está vivo. – Rony Weasley lhe chamou por trás.

Harry se virou, imediatamente.

Não acreditou no que via. Era Rony, ali na frente. Exatamente como ele se lembrava. Em carne e osso. Alto, magrelo, o cabelo ruivo que só, as sarnas no rosto... Ele ainda usava as vestes de Hogwarts como Harry se lembrava da última vez. Era o mesmo Rony.

- RONY! – Harry berrou, a voz esganiçada. Ele não conseguia raciocinar se aquilo era real ou não. Apenas correu para cima de Rony, era o que precisava.

Harry não conseguiu toca-lo. Não conseguiu chegar perto. Algo o impedia. Ele se sentia frustrado. Estava tão perto...

- Rony! – Harry chamou, mais uma vez, desesperado. Rony o olhava com tristeza. – O que está acontecendo?

Rony não respondeu nada. Ele olhava Harry de maneira enigmática. Lhe incomodava profundamente aquilo.

- Ei, Rony! – mais uma vez Harry chamou o amigo. Ele tentava se aproximar, mas o local parecia ter uma vontade própria: e ela não permitiria aquilo. – Por favor, responda.

Rony bateu no lado esquerdo do peito.

- Obrigado por me manter aí por todo esse tempo. – o ruivo disse, sem demonstrar nenhuma expressão. – Você precisa encontrar seu próprio caminho, independente do que quer que signifique.

- Por que você está aparecendo aqui, Rony? – Harry quis saber, desesperado. – Que lugar é esse?

- Você está completamente dopado de remédios. – Rony disse. – Não acho nem mesmo que vai lembrar disso aqui.

- Estou alucinando? – perguntou Harry. Ele tocou o próprio rosto. Incrivelmente, estava encharcado de suor, mesmo que não sentisse calor nenhum.

- Bem provavelmente. – Rony esboçou um sorriso mínimo. Ainda parecia no mínimo triste. – Se não, não estaria vendo nada disso.

- Você não é real, não é? – Harry questionou, sentindo medo da resposta.

- Pra você, sou sim. Até agora. – respondeu Rony. Novamente ele bateu no lado esquerdo. – Aqui, sempre fui real.

Harry respirou fundo. Estava meio perturbado; estava conversando com a própria cabeça? Rony parecia muito muito real. Talvez fosse. Talvez ele estivesse falando a verdade.

- Eu sinto sua falta. – Harry desabafou, mesmo que não fosse o verdadeiro Rony. – Todos os dias.

- Sim, sente. – Rony concordou com a cabeça. – Mas você está pronto para dar o próximo passo, você acabou de provar isso. Você quis jogar quadribol. Você se sentiu vivo, como nos velhos tempos. Você não precisou de mim para isso, assim como não precisa de mim para estar bem ao lado de Hermione. Você está apaixonado por ela...

- Não diga assim...

- É a verdade, Harry. Você também enxerga assim. Os vazios estão se preenchendo, como deve ser, ao longo da vida. Toda vez que um buraco se abre, gradualmente, as coisas se compensam. Sempre é assim.

- Você está me dizendo que nunca vou sair daqui, então? – Harry interrogou.

- Não disse isso. – Rony respondeu. – E não acredito nisso, também. Esse é o próximo passo, Harry. Eu tenho certeza que achará todas as respostas, mas você precisa estar forte para isso. Obsessão não é uma qualidade tão boa, você precisa saber equilibrar. Eu confio em você, sei que conseguirá. É o único que consegue.

- Você só pode estar na minha cabeça. – Harry esfregou o rosto, quase rindo. – Ou então Rony virou um filósofo ou coisa parecida...

- Sou apenas seu subconsciente, mas também sou seu melhor amigo. – Rony respondeu, sorrindo. – Adeus, Harry. Torço por você.

Suavemente, Harry sentiu as cores ao redor se aliviarem, indo em direção ao preto. Quando percebeu, Harry não se sentia mais lá.

Abriu os olhos, com um pouco de dor; estava na ala médica e Hogwarts.

Ele não sentia muito bem seu corpo, mas ainda doía, lá no fundo. Tentou mexer o pescoço, mas não deu muito certo; estava completamente anestesiado.

Respirar também doía um pouco... o quê é que ele tinha feito? Se lembrava de Rony, agora pouco, mesmo que com dificuldade. Se agarrava aquelas imagens, mas era difícil deixa-las com ele.

Aquele impacto... ele tinha batido com aquela força no chão do campo de quadribol. Era uma altura enorme. Parecia uma idiotice tremenda agora.

Harry não conseguia mexer a cabeça, mas tinha certeza que era noite agora lá fora. Será que ainda era o dia do teste ou tinham se passado mais? A bronca que iria tomar de Hermione... Ele não sabia porquê tinha sido tão inconsequente.

Os sentimentos enquanto estava voando eram tão puros. Harry se levou por eles, totalmente. Foi tomado e não conseguia pensar em mais nada. Foi tão bom que Harry não se julgava por feito aquela ação. A conversa com Rony agora a pouco... estava se lembrando.

Ele sabia que não era de verdade, não podia ser, mas mesmo assim, era uma conversa com o que estava em seu interior. Foi verdadeiramente profundo.

Harry estava cansado, seus olhos queriam se fechar mais uma vez. Não iria conseguir fazer nada àquela hora da noite. Quando percebeu, já estava dormindo mais uma vez.

Harry acordou no outro dia com uma cena curiosa. O diretor Agnis Mirno estava sentado na beirada de sua cama, encarando-o. Ou era o que achava.

- Di-retor? – Harry perguntou, com a vista embaçada, sem os óculos.

- Aqui, Sr. Potter. – ele viu Agnis tatear a sua esquerda e lhe entregar seu óculos. Com uma certa dificuldade, Harry os colocou no rosto.

Lá estava ele, em seu terno arroxeado, com um tom beirando quase o preto; bem diferente das túnicas mais longas e claras que Dumbledore costumava usar. A fisionomia era achatadinha, o que era notável, mesmo sentado. Sua barba parecia fofa e era quase como uma juba de leão; a tonalidade enferrujada, unindo-se a pele esbranquiçada lhe conferiam um ar caipira irlandês. Para completar, ele usava óculos quadrados junto de seus olhos castanhos quase que alaranjados. Na cabeça, havia uma cartola que remeteu à Cornelius Fugde na mente de Harry.

- O que está fazendo aqui, diretor? – Harry tentou se ajeitar na cama. Estava bem melhor, mas ainda sentiu algumas dores ao ajeitar o travesseiro.

- Se acalme, Potter. – o diretor fez sinal com as mãos. – Imagino que ainda esteja um pouco dolorido.

- Estou bem. – garantiu Harry, mesmo fazendo um pouco de careta para ficar sentado. – Quanto tempo se passou?

- Um dia para o outro, você caiu ontem. – o diretor responder, encarando Harry. – Amorteci a queda. Sorte a sua, eu diria.

- Obrigado... – Harry agradeceu, envergonhado.

- Tenho de repreender tamanha irresponsabilidade, entretanto. – o diretor Mirno disse, com o olhar ácido. Harry engoliu em seco. – O que levou o senhor à se jogar da vassoura?

- Eu... não pensei muito. – Harry foi sincero. – Me desculpe, diretor.

- Se você viesse a falecer, seria responsabilidade minha, Harry. – Harry se surpreendeu com Aidan lhe chamando pelo primeiro nome. – Não pode haver tanta displicência assim. A Profa. Minerva me contou a situação de semanas atrás... no que está pensando, Harry?

- Não sei, diretor. – respondeu Harry.

- Não sabe... – Aidan concordou com a cabeça, enquanto tinha uma expressão contrariada.

O diretor tinha uma aura esquisita, mas estranhamente semelhante com a de Alvo Dumbledore; Harry, mais uma vez, não sabia expressar isso em palavras ou pensamentos. Ele sentia que eram muito diferentes, mas alguma coisa... alguma coisa era igual. Ele só não sabia explicar direito.

- Bom, Harry... são só conselhos. – o diretor retomou a fala. – Você é um bruxo muitíssimo talentoso, mas tenho juízo, garoto...

- Pedi para que me chamasse assim que o garoto acordasse, Mirno! – o doutor Augustine entrou, trotando pela sala. – Como se sente, Sr. Peter?

Era um senhor baixinho, o rosto semelhante ao de um roedor. Possuía um cavanhaque pontudo e excêntrico, que quase enrolava-se por si próprio. Seu rosto era enrugado e um pouco manchado, além do cabelo que lhe faltava. Curiosamente, ele usava uma roupa muito parecida com a de Madame Pomfrey, Harry se lembrava.

- Potter, senhor... – Harry corrigiu o doutor Augustine.

- AHN? – ele berrou. Augustine não tinha ouvidos muito bom. – Está bem, Sr. Po... Paul?

Harry respirou fundo, Aidan Mirno gargalhou.

- O garoto está bem, doutor. – Aidan disse, se levantando. – Estava tendo uma conversa franca com ele. Ele parece bem. Não é, Potter?

- Sim. – Harry concordou com o diretor. – Obrigado mais uma vez, diretor.

- Não precisa me agradecer. Agradeça à sua sorte. – Mirno disse, bem franco. – Boa recuperação e pense bem no que te falei.

O diretor Mirno tem alguns tapinhas nas costas do doutor Augustine e deixou a ala hospitalar.

- Sem dores no corpo, P... patt? – o doutor Augustine perguntou, sacando a varinha. – Deixe me ver.

Harry já tinha desistido; Augustine jamais iria falar seu nome de maneira certa.

O doutor passou a varinha em movimentos verticais.

- Seus ossos parecem bem. – notou ele. – Sem dores, Paul?

- Um pouco, mas...

- COMO É?

- UM POUCO, MAS ESTÁ BEM MELHOR. – Harry teve de falar desesperadamente alto.

- Ah, que bom, então. – Augustine devolveu, como se não tivesse berrado segundos antes. – Você está liberado, então. Deixe os efeitos dos remédios passarem e vá antes do almoço.

Harry deixou a enfermaria às dez horas, com um pouco de dor, mas bem. Era horário de aula, não havia ninguém nos corredores. Melhor assim.

Talvez fosse bom ir para a sala comunal. Ele tinha certeza que Hermione passaria lá, antes do almoço, como sempre fazia. Queria vê-la, mesmo tendo certeza da bronca que havia acabado de receber. Algo definitivamente havia mudado quanto à ela, seu próprio interior havia lhe dito isso. Ele estava apaixonado?

Ele estava próximo da torre, no sétimo andar, quando algo estranho lhe chamou a atenção.

Harry escutou um barulho vindo da parede no seu canto; rapidamente, assustado, ele se virou para ver o que estava acontecendo: uma porta grande de ferro estava do seu lado.

Ele não se lembrava daquilo. Ali no sétimo andar, num corredor aleatório... aquela porta sempre esteve ali? Não podia ter surgido do nada, podia? O barulho... não era possível.

Harry caminhou lentamente para a porta. Certificando-se de olhar para as duas extremidades do corredor, ele girou a maçaneta vagarosamente. Tinha de matar sua curiosidade.

Achava-se em uma sala do tamanho de uma grande catedral; mal era possível ver seu teto, lá no fundo escuro. Altas janelas lançavam raios de luz do sol do fim da manhã, iluminando uma verdadeira cidade de elevadas muralhas construídas com objetos, percebia Harry, escondidos por gerações e mais gerações de habitantes de Hogwarts; assim ele acreditava. Haviam alguns milhares de livros em qualquer quanto que olhasse. Haviam catapultas aladas; haviam frascos lascados com poções congeladas, chapéus, joias, capas; haviam coisas que pareciam cascas de ovos de dragão, garrafas arrolhadas cujos conteúdos ainda refulgiam malignamente, várias espadas enferrujadas e um machado sujo de sangue. A cada passo que Harry dava em frente, mais ele surpreendia com a imensidão de conteúdo daquele lugar. Soava como um ferro velho em Hogwarts, mas Harry tinha certeza que a maioria dos objetos que estavam ali não eram lá muito... legais.

A questão era: ele nunca tinha dado notícia daquela sala. Definitivamente ele saberia se aquilo existisse, através do mapa do maroto.

Harry tinha medo de encostar naquelas coisas, dava para esperar qualquer reação daqueles objetos. Ele caminhava sem rumo, apenas olhando pilhas e mais pilhas; quando foi perceber, não sabia onde estava mais. Olhou ao redor; era um labirinto. Ele analisou uma fechadura brilhante e dourada no meio de uma pilha de livros jogadas; se agachou para ver mais perto; podia jurar que já tinha passado por aquele mesmo lugar. Olhou de esguelha para trás e se surpreendeu; a rua em que estava continuava até certo ponto, mas depois dividia-se em uma bifurcação. Não era possível; ele apenas tinha seguido reto. Voltou para conferir àquilo. Realmente não era o caminho do qual ele tinha vindo.

- Que lugar é esse?! – Harry exclamou, sua voz abafada pela imensidão de coisas.

Ele se virou novamente para ver seu ponto de referência, o baú dourado atolado, mas pasmem; em questão de segundos, ele não estava lá também. Sem que Harry percebesse, outro corredor estava em sua frente.

O lugar tinha algum tipo de vida própria e ele estava tirando uma com a cara de Harry. Sem se desesperar, Harry tentou respirar fundo, observando o local. Ele não sabia se era só impressão, mas as montanhas ao seu redor pareciam maiores naquela parte da sala, ou então ele estava muito no centro pois mal dava para receber a luz do sol. Era quase como se fosse noite. Harry sacou a varinha, trêmulo:

- Lumus – murmurou ele, o único barulho de toda aquela sala.

A ponta de sua varinha iluminou-se e ele recomeçou a andar. Tudo parecia mais sinistro quando iluminado apenas por uma pequena luz esbranquiçada.

Harry não tinha ideia de onde estava indo e também não sabia se isso adiantava naquele local. Cada vez mais, percebia sua respiração; a sensação de estar enclausurado tomava conto do seu peito.

Por favor, só quero sair daqui.

Ele se assustou quando deu de cara com uma armadura completa da grande guerra bruxa. Deu alguns passos para trás enquanto encarava a couraça de bronze.

Era uma armadura da aliança e Harry só sabia disso por conta de Hermione. Na hora, veio em sua mente as horas em claro que eles passaram no quarto, dissecando livros e mais livros de história da magia, tentando entender as mudanças daquele mundo o suficientemente para se encaixarem nele.

As mudanças eram devidamente profundas. A armadura só foi possível porquê, ao invés do que Harry tinha para si como verdade, em 1945 Alvo Dumbledore perdeu a batalha contra Gellert Grindelwald, pelo menos como contavam. Estava mais para: Dumbledore fugiu da batalha, ao ver que não conseguiria. Isso soava mal para Harry, do Dumbledore que ele conhecia.

Grindelwald reinou por longos nove anos, expandido sua influência por toda a Europa no período que ficou conhecido como "Décadas Puras", devido à enorme matança de que se deu de trouxas, nascido-trouxas e até mestiços. No entanto, tudo terminou, após muitas e muitas batalhas em 1954. As tropas aliadas, como eram chamados o conjunto de exércitos da Inglaterra, EUA, França e Rússia, conseguiram romper o círculo fechado de Munique durante a coroação máxima de Grindelwald como senhor da Europa. Com isso, eles colocaram Alvo Dumbledore novamente face a face com o rival enquanto travavam a batalha mais sanguinária de todos os tempos em solo alemão. Dessa vez, Alvo conseguir impor um fim ao domínio de Grindelwald, mas também perdeu sua vida no processo. Nenhum dos dois sobreviveu, porém as tropas do Eixo foram derrotadas, libertando a Europa e o mundo daquele terror absurdo. Dumbledore era condecorado como um mago tão superior quanto a Merlin em suas memórias póstumas.

A magnitude daquela guerra, na opinião de Hermione, era o que tornava aquela realidade tão diferente da deles. Uma enorme quantidade de pessoas havia sido apagada, seus nomes rabiscados das páginas do destino. Mudanças drásticas eram a coisa mais óbvia.

Harry chacoalhou a cabeça; não estava numa situação que lhe dava o luxo de perder tempo pensando naquilo. Afastou-se da armadura de guerra e retomou a procurar um caminho.

A luz estava ficando mais forte, Harry percebeu. Não sabia como, mas ele devia ter conseguido sair do centro obscuro da sala. Só não sabia se para o lado da porta. Os caminhos, no entanto, pareciam os de sempre; era difícil discernir aquele tanto de coisas, mas Harry não teve certeza de ter realmente visto mais de uma vez nenhuma daquelas coisas.

- Achei! – Harry não conseguiu conter a empolgação. Ele tinha parado numa clareira circular, mas logo do outro lado havia um caminho reto que levava em direção à porta de ferro.

Com cuidado, ele começou a correr em direção à porta. Queria sair daquele lugar sinistro, mesmo que fosse cativante.

Mantinha a porta em enfoque, não queria que a visão desaparecesse. Felizmente, conseguiu chegar e agarrar a maçaneta. Se sentiu aliviado.

Olhou mais uma vez para as pilhas de coisas, retumbantes. Que sala era aquela? Harry deveria voltar? Poderia ter alguma resposta ali. Se ficasse perdido no meio daquelas coisas, não iria conseguir obter resposta nenhuma. Resolveu sair, mas ainda voltaria para buscar algo ali; de preferência com Hermione ao seu lado.

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