Ampulheta Quebrada

By piwrre10

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Tentando salvar Sirius Black de um destino terrível, Hermione envolveu Harry com seu vira-tempo. Porém, ao in... More

Prólogo - (Remastered)
Família
Por Entre Chamas
Enxurrada Solta
Visitantes do Leste
A Floresta Proibida
Labirinto de Emoções
Entre a Varinha e um Olhar
Quebra-Cabeça
Cavalo de Troia
Ao Olho do Furacão
Correndo para o desconhecido
Quem eu sou? - Parte I
Quem eu sou? - Parte II

Aceitação

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By piwrre10


Harry não estava nem um pouco animado durante semana. Cumprir todas as detenções, com diversos professores, era um saco. E não apenas por ser; ele não suportava o fato de que Hermione e ele estavam em detenções separadas. Todos os dias.

A noite de sábado havia mexido com Harry. Mais precisamente, o final dela.

As palavras, o toque e o olhar de Hermione perduravam em sua mente por horas. Ele sentia o estômago despencar, por alguma razão; lhe faltava ar só de pensar naquilo. Ela tinha sido tão doce, mesmo que tivesse inúmeros motivos próprios para não ser.

Pense no que eu te disse, ok? Ele se lembrou. A voz e o rosto tão lindos, era um pedido quase impossível de negar. Mas o que ela queria dizer com aquilo? Harry estava pensando nisso, enquanto ia para a detenção de quinta-feira, junto do zelador Filch.

Eles tinham falhado na floresta proibida; obviamente, ambos estavam muito frustrados com isso. Queriam respostas, acima de tudo; mas até onde ia isso? Harry deveria parar de privar sua liberdade? Deveria voltar ao quadribol ou coisa parecida? Não conseguia se ver nisso ainda. Ele parou em frente à sala de Filch e bateu na porta grossa de madeira.

Ninguém respondeu, por ora. Ele conseguia ouvir barulhos lá dentro, podia ser tanto a gata de Filch, quanto o próprio. Ele bateu mais uma vez, à espera de respostas. Sem retorno mais uma vez, ele encostou na parede e se pôs a esperar. Foi uma espera torturante, pelo tanto de coisas que ele ocupavam sua mente no momento.

Era um dilema difícil, ele constatou. Voltar a jogar quadribol parecia algo banal, visto de fora; nada demais. Mas para Harry, significava. Se lembrou de Rony, ele estava do outro lado.

Harry sentia que viraria as costas para ele, que desistiria, se isso acontecesse. Eles, que costumavam compartilhar todas as experiências sobre o esporte. Harry não se sentia digno de fazer isso com ele, mas, ao mesmo tempo, esse discurso parecia mentiroso.

O luto sempre tinha um ponto de aceitação. Harry se perguntava se havia chegado a hora de aceitar e seguir em frente. Hermione parecia pronta para isso.

- Ei, você. Está aí? – Harry despertou de seus devaneios; uma garota lhe chamava, logo à frente.

Ele quase deu um salto, assustado: era Sophia Hartman que estava logo na sua frente.

Sophia era uma garota linda, mas intimidadora ao mesmo tempo. Ela tinha um rosto ossudo, sobrancelhas grossas e uma expressão séria, porém levemente simpática, de uma maneira que Harry não conseguia explicar. O cabelo incrivelmente não era loiro, julgando que era alemã, e sim preto escuro, junto com sua pele que também fugia do estereotipo germânico, tomando um aspecto moreno bem evidente. A postura dela devidamente chamava a atenção; era muito certinha e estável, como se desde nova tivesse sido perfeitamente lecionada aos bons modos. Ela tinha o cenho inclinado e os braços cruzados, encarando Harry com uma expressão curiosa que incomodava.

- Você estava viajando por completo aí. – Sophia disse, suprimindo um sorriso mínimo e colocando as mãos para trás.

- O que você está fazendo aqui? – Harry deixou escapar, estupefato. – Digo... aqui, na porta da sala do zelador. – ele completou, após ver que soou um pouco grosso demais.

Sophia abriu os braços.

- O mesmo que você, eu imagino? – ela perguntou, irônica.

A porta atrás deles se abriu bruscamente. O zelador Filch apareceu, com sua gata, Madame Norra. O olhar dele brilhava de uma maneira que fez Harry engolir em seco.

- Espero que estejam preparados. – disse ele, olhando especificamente para Harry, de uma maneira satisfeita. - Andem logo e me sigam.

Bem que James havia falado. Harry pensou, temendo o pior.

Filch fechou a porta atrás dele e começou a andar pelos corredores. Ele carregava um balde de madeira, lotado de água. Sophia e Harry foram logo atrás.

O que Sophia estava fazendo ali? Harry não gostava da presença dela, principalmente do que tinha visto de Ethan no último sábado. Na verdade, todos eles, aqueles três alunos vindos de Durmstrang, soavam estranhos.

- Vocês vão ficar aqui hoje. – Filch anunciou, com prazer. – Quero tudo limpo até as nove horas... – ele bateu o balde no chão, de modo que derrubou um pouco da água aqui. – e com isso aqui. Eu saberei se vocês usarem magia para limpar então não banquem uma de espertinhos.

Madame Norra miou de forma ameaçadora. Harry podia jurar que era um carro no corpo de uma gata. Filch felizmente se afastou sem dizer mais nada, mas os deixou com todo aquele trabalho.

Harry se lembrou dos Dursley; aquilo não seria tão difícil para ele, embora fazesse tempo que não praticava a limpeza trouxa.

Filch havia os deixado no corredor dos troféus da escola. Havia um bocado deles para limpar; Harry puxou o balde para perto. O zelador havia deixado dois panos. Ele molhou um deles na água com sabão e começou a lustrar os objetos, o mais rápido possível e sem falar nada. Sophia também fez o mesmo no começo e eles ficaram calados por um bom tempo.

- E aí... eu suponho que esteja aqui por sábado à noite. – ela disse, enquanto Harry limpava um troféu de Alvo Dumbledore. Ele se virou alarmado para ela.

- Como você sabe disso? – Harry perguntou, um pouco alterado.

- Ethan me contou, é óbvio. – ela disse. Harry percebeu que ela estava tendo uma dificuldade enorme para limpar. – Ele disse que vocês ajudaram ele...

- Não quero em saber no que ajudamos ele... – Harry comentou. – Ele estava vagando pela escola...

- Ele estava na torre de Astronomia. – Sophia foi direta. – O céu de lá é bonito. Terça eu fui com ele, e aí fomos pegos... quer dizer, apenas eu. Eu não queria que o Ethan pegasse detenção então eu chamei atenção do zelador para que ele pudesse escapar. Aqui estou eu.

- Ah, sim. – Harry não engoliu muito aquela resposta. Sentia que não devia acreditar.

- É verdade. – Sophia pareceu perceber a reação dele. – Entendo você não se sentir bem com a gente.

Harry não respondeu nada, apenas continuou limpando o troféu em que estava focado.

- O Ethan... ele é um cara fechado, acho que você percebeu isso na sua sala comunal. – Sophia disse; ela não estava nem um pouco afim de limpar algo. – Eu não queria ter que ficar longe dele, em outra casa, mas aconteceu, e isso não é bom para ele. Sei que ele pode parecer ameaçador em alguns momentos, mas ele é uma boa pessoa.

- Você sabe que precisamos sair daqui com tudo isso limpo, não é? – Harry se virou, apontando para as coisas que ela tinha de limpar.

- Ok, ok... – disse Sophia, se virando para o seu trabalho pela primeira vez.

Harry achou bom um pouco de silêncio para fazer aquilo, entretanto ele estava pensando sobre o que Sophia havia falado. Eles realmente tinham passado por coisas que Harry nem podia imaginar. Eles tinham uma história tão dura quanto a dele, que ele não podia desdenhar. Tinha suas ressalvas contra Ethan, não podia negar que ele tinha uma aura estranha, mas talvez fosse por isso; muito sofrimento.

- Não deve ter sido fácil a vida na Noruega. – Harry comentou, envergonhado, após um tempo. – Digo, com tudo aquilo.

Sophia não respondeu; Harry se virou para encara-la. Ela limpava os troféus de maneira automática, com o olhar perdido. Quando percebeu que Harry a olhava, ela despertou.

- Ah, é... foi um dia... difícil. – disse ela, desconsertada.

- Desculpe, eu nem devia ter citado isso. – Harry desculpou-se. – Eu só... não tenho nada contra vocês. Mal posso imaginar o que fez vocês virem para cá.

- Estávamos visitando a vila do Ethan. – Sophia começou a falar, sem olhar diretamente para Harry. – Era um dia comum, como todos os outros. Férias de verão. Era o aniversário do... de um amigo do Ethan. Não sei o que aconteceu direito, mas em poucos instantes estávamos em chamas. Quase como se um exército flamejante houvesse invadido o local. Nós tivemos sorte de ser uns dos poucos a conseguir evacuar o local. O amigo de Ethan não teve muita sorte, assim como muitos outros conhecidos. Foi... o pior dia da minha vida.

- Eu... nossa, que terrível. – Harry não sabia muito o que dizer, abalado pela história.

O olhar de Sophia era algo realmente muito triste. Harry sabia que a história era verdadeira. Um sentimento genuíno transbordava dela. Partia o coração.

- Ele não conseguiu ficar lá mais. – Sophia prosseguiu. – Nós pedimos transferência pra cá junto com ele, depois de um tempo. Dimy e eu não deixaríamos Ethan sozinho. Ainda tenho muito medo do que pode acontecer com ele.

Harry concordou com a cabeça, sua boca estava seca.

- Não precisa continuar falando sobre isso. – Harry falou. – É um assunto pesado.

Sophia não disse nada, Harry esperava que ela não estivesse chorando.

- Só acho que ele ter ficado afastado assim não foi legal. – Sophia continuou. – Estamos tentando manter contato, mas o tempo é apertado. Ver as estrelas com ele na terça foi algo... legal. Valeu a pena estar aqui.

- Ele parece realmente sentir a falta de vocês. – Harry disse. – Tenho certeza que fazem bem para ele.

- É... acho que sim. – Sophia parecia estar se segurando. – Melhor terminamos isso, como você disse, não é?

- É uma boa ideia. – concordou Harry e eles se puseram a limpar novamente.

Harry reimaginou o rosto de Ethan. Talvez fosse aquela tristeza e melancolia que lhe provocasse aquela sensação ruim. Ele não sabia, mas Sophia parecia sincera. Depois de contar parcialmente a história deles, Harry podia acreditar quando ela falava que Ethan era uma boa pessoa.

- Você joga quadribol? – Sophia voltou a falar algo, depois de alguns minutos.

- O quê... eu... não mais. Por que?

- Seu troféu. - ela mostrou um troféu dourado arredondado. Nele haviam os inscritos:

"HARRY POTTER. Melhor apanhador do campeonato de 1992."

­- Ah, sim, faz tempo. – Harry mentiu. – A última vez que ganhamos, a Griffinória.

- Você parou? – Sophia questionou, colocando o troféu de volta no lugar. – Você era realmente bom, pelo que parece.

- Sim. Acho que me cansei.

- Ah, que pena. – lamentou Sophia. – Pensei que iriamos nos cruzar nos campos esse ano.

- Você vai... jogar? – Harry quis saber, surpreso.

- A mais nova apanhadora da Sonserina, na sua frente. – anunciou ela, dando um sorriso amarelo. – Você foi um dos primeiros saber, não espalhe por aí.

- Fiquei sabendo que eles fizeram um teste semana passada... mas não esperava que fosse você.

- Não pareço uma apanhadora pra você? – questionou ela, cruzando os braços.

- Parece... na verdade, não sei como se parece uma apanhadora. – disse ele, descontraído. – Acho que você só tem que ser boa nisso, certo? Você deve ser, se não não teria ganho a vaga.

- O que acha de ver isso no campo? – perguntou ela. – O teste da Griffinória é semana que vem, eles não tem apanhador, pelo que eu sei. Porque você não volta?

- Ah... – Harry hesitou.

- Me desculpe, você deve ter seus motivos. – ela disse, imediatamente, fazendo um gesto com as mãos.

- Não... é que eu estava mesmo com isso na minha cabeça esses dias. – Harry se lembrou. – É uma possibilidade, quem sabe?

- Bom escutar isso. – disse Sophia, sorrindo. Harry teve certeza que aquela garota era uma pessoa muito legal. Ela parecia tremendamente sincera em cada palavra ou expressão. – Seria legal te ver lá.

Eles continuam o trabalho pela próxima hora. Harry se surpreendeu bem positivamente com a presença de Sophia. A garota alemã tornou tudo mais fácil. Conseguiram terminar tudo antes que Filch chegasse. Obviamente, ele achou alguns defeitos no trabalho, mas os dispensou, felizmente.

- Nos separamos aqui. – Harry disse, quando chegavam perto da área da cozinha.

- Certo. – concordou Sophia. – Foi uma boa conversa.

- É, confesso que fui babaca de torcer o nariz pra vocês por causa do Ethan. – Harry resolveu dizer. – Meio insensível, também.

- Não é sua culpa. Eu sei como é. – respondeu ela. – Enfim, espero que pense bem sobre o quadribol. Seria legal.

- Talvez. – ponderou Harry. – Vejo você por aí.

- Fique de olho no Ethan por mim enquanto não posso. Pode fazer isso?

- Tentarei.

E então Sophia se afastou, acenando.

Harry se afastou, tomando o caminho da própria sala comunal.

Tudo tinha saído melhor que o planejado. Por algumas horas, ele esqueceu um pouco suas dúvidas e problemas; jogar quadribol parecia até uma boa ideia no momento. Sophia era uma garota muito simpática.

Quando Harry alcançou a sala comunal, se sentiu cansado; mas ainda queria esperar por Hermione. A noite era um dos poucos momentos que poderiam conversar normalmente, depois da detenção. Ele não queria perder isso.

A sala comunal estava saindo do horário de pico agora, mas ainda estava bem cheia. Ele realmente não estava afim de um ambiente daqueles agora, mas não tinha muita escolha. Deu uma breve passada de olho na sala e achou um lugar razoavelmente tranquilo, no lado esquerdo, com um sofá livre.

Harry se sentou, sentindo-se levemente tentado à dormir por ali mesmo. As dores nos braços, de ficar esfregando, e nas costas, por ficar muito tempo agachado, estavam chegando.

- Harry, aí está você! –Harry se assustou tremendamente; ele estava praticamente com os olhos fechados, mas Bruce Brown, o capitão do time de quadribol da Griffinória, chegou, falando na maior altura do mundo.

Bruce era um garoto de pele escura e com o cabelo volumoso e cacheado. Era robusto, como um artilheiro tinha de ser. Sempre foi uma pessoa muita elétrica, mais que qualquer outra coisa. Harry respeitava ele, quando não estava lhe enchendo para voltar ao time (90% do tempo).

– Preciso falar com você, meu garoto! – ele disse, deslizando pelo sofá e abraçando Harry. – Como vai?

Harry se desvencilhou do braço de Bruce, um pouco incomodado.

- Eu já sei o que você vai falar, Bruce. – Harry disse, se arrumando no sofá.

Bruce riu, apontando o dedo para Harry como se disse: "Ah, seu Sherlock!"

- Esperto, Harry. Esperto... – disse ele, sem soltar o sorriso do rosto. Ele falava tão alto que todos os alunos da Griffinória prestavam atenção naquela conversa. – Mas, aí... a resposta seria a mesma de sempre?

- Eu juro... não sei como você não desiste. – Harry disse, balançando a cabeça.

- Estamos tomando pancada de todos os lados faz três anos, Harry! – Bruce exclamou, abrindo os braços repentinamente. Harry quase desviou para não ser acertado. – Precisamos de você no time, meu jovem! Insistir é a única coisa que eu posso fazer.

Harry se lembrou da conversa com Hermione e depois da motivação repentina que ele sentiu com Sophia lhe chamando para o desafio. Valeria a pena tentar voltar um pouco ao normal? Ele encarou o olhar esperançoso de Brown, como se dessa vez, completamente do nada, Harry fosse aceitar o septuagésimo pedido dele. Talvez acontecesse.

- Estou meio cansado da detenção, cara. – Harry desconversou. – Não estou muito afim de falar sobre isso agora, pode ser?

Bruce sorriu, aquilo pareceu uma vitória, por alguma razão.

- Ok, ok... – ele se afastou. – O teste é quinta que vem, para você saber. Você não precisaria de um, mas se quiser aparecer. Eu não sei, Harry. Precisamos de você e você sabe disso. Você deve ter seus motivos para não jogar, mas era legal quando você jogava. Tanto faz, nos vemos por aí.

E então Bruce se afastou. Harry sentiu que toda a sala da Griffinória lhe olhava no momento. Não quis encarar no rosto de ninguém, porquê muitas pessoas lhe torciam o nariz por aquela decisão. Se eles ao menos soubessem 1/3... (era melhor que definitivamente não soubessem de nada).

- Eles realmente querem você. – Marie falou. Harry arregalou os olhos, ela estava sentada do lado dele. Como? – E aí, como vai? Sinto que você está me evitando nos últimos dias.

- Ah, Marie... muitas detenções, sabe como é. – Harry mentiu. Às vezes ele realmente fazia o possível para não cruzar com um grude da garota.

- Minerva foi dura com vocês. – disse ela, em tom de lamentação. – Você não vai poder ir em Hogsmeade esse fim de semana, não é?

- Definitivamente não. – negou Harry. – Não que eu fosse antes. Onde está o seu irmão?

- Coisas de monitor-chefe. Vai saber? – questionou ela. – Bom que ele não nos incomoda, né? – Marie chegou bem próximo de Harry.

- Ah, Marie... não estou nesse clima... – ele se afastou, à procura privacidade. Era incrível que, novamente, ele era o centro das atenções.

- Sem problemas, então... – disse a garota, dando se por vencida. – Mas é realmente uma pena que você não possa ir, sério... Pelo menos aproveitar esse tempo livre, né? Seria legal. Você devia ter falado com Hermione que não era seguro ir buscar um livro na biblioteca assim. Ela anda meio irresponsável, não é? Eu acho...

Harry dava graças a Merlin que Minerva não havia os exposto sobre a Floresta Proibida, então simplesmente podiam falar algo mais leve para todos. O que as pessoas iriam pensar se soubessem que eles tentaram entrar na Floresta Proibida? Já havia desconfiança sobre eles, desde sempre.

Alguém pigarreou de uma maneira bem alta. Harry ergueu o olhar, era Hermione, de pé, encarando Harry e Marie.

- Olá, Marie! – Hermione cumprimentou, sorrindo obviamente muito forçada e ironicamente. Marie estava petrificada. – Harry, vejo que sua detenção foi tranquila... já até está aqui.

Ótimo, ela tinha ficado de mal humor. Marie tinha que falar aquelas coisas? Qual problema aquelas duas tinham?

- Eu acabei de chegar, Hermione... – Harry rapidamente, se explicou. – Podemos conversar a sós? – pediu, clamorosamente.

Hermione deu de ombros, tipo: "tanto faz".

- Ótimo. – disse ele. – A gente se vê depois, Marie. – Harry acenou, nervosamente, enquanto conduzia Hermione para fora da sala comunal. Quando se aproximava do buraco do retrato, cruzou olhares com Ethan, que estava para subir as escadas do dormitório masculino. Novamente sentiu algo estranho, uma sensação inquieta. Ethan, com aquele olhar caído e seu rosto manchada parecia uma figura perturbada; Harry não tinha dúvidas disso, principalmente após conversar com Sophia.

- Eu posso andar, Harry. – Hermione apertou o passo, cansada de Harry conduzindo-a.

- Ok, ok... – Harry a soltou. – A detenção com Snape foi tão ruim assim?

- Com certeza foi péssima. – disse ela. – Do que você quer falar?

- Nada em especifico. – Harry disse, eles estavam próximos do retrato da mulher gorda, mas estava quieto ali, comparado com o interior. – Só dar uma escapada da Marie, ele está impossível e...

- Você estava querendo escapar dela? – perguntou Hermione, rindo. - Não parecia quando eu cheguei na sala comunal, com todo aquele grude.

- Por favor? Claro que não, eu estava me afastando! – Harry argumentou, achando um absurdo. – Porquê você se importa tanto com isso, afinal? – disparou.

- O quê?! Me importo? – Hermione fez uma careta feia. – Tanto faz pra mim o que você faz com sua vida amorosa, Harry, sério... Só estou fazendo uma constatação.

- Vida amorosa, como assim, Hermione? – Harry abriu os braços. – Você só pode estar brincando se realmente acha isso.

- Hum... – disse ela, balançando a cabeça.

- Olha, eu só quero conversar, ok? – Harry pediu. – Será que podemos?

Hermione ainda parecia indignada, mas a expressão dela parecia convidar para uma conversa.

- Sinto sua falta nos últimos dias. – comentou ele, se sentando no canto da escada.

- Nos vemos todos os dias. – Hermione respondeu, sem entender. – Do que você está falando?

- Sim, mas apenas na aula. – Harry retrucou, nervoso. Realmente: do que ele estava falando? Parecia uma ideia estranha agora. - De qualquer outra forma, estamos em detenções separadas. Sinto falta, de não sei... conversar normalmente?

- Ok, Harry... estamos aqui agora. – Hermione disse. A expressão dela estava um pouco melhor agora. Se sentou ao lado de Harry, mas ainda não parecia entender suas últimas palavras. – Do que quer falar?

- Ah, não sei... – Harry se sentia nervoso com Hermione tão perto. Era diferente de Marie, agora a pouco. Uma sensação que ele não tinha certeza se já tinha sentido. – O que acha de irmos em Hogsmeade no fim de semana? Pra descontrair.

- Escondidos? De jeito nenhum! – Hermione exclamou. – Já não acha que temos detenções suficientes, Harry?

- É, tem isso. – lamentou Harry. – Se lembra de quando fui usando o mapa do maroto no terceiro ano?

- Claro que me lembro, mas você tinha a capa da invisibilidade. – lembrou ela, com certa nostalgia no olhar.

- Queria saber por onde anda ela... – Harry soltou, frustrado.

- Não acho que vamos saber tão cedo. – Hermione soou mais pessimista do que nunca. – Enfim, já se decidiu sobre as horas extra-classe?

Harry corou de vergonha quando se lembrou da última conversa deles dois sobre isso. Tocou o próprio rosto, como se pudesse reimaginar o selinho de Hermione ali.

- Ahn, Harry? – Hermione notou a ação. – Tudo bem?

- Claro, t-tudo ótimo. – ele soou de nervoso. Definitivamente não era mais a mesma coisa perto de Hermione. – Só estava lembrando da nossa última conversa. Estou pensando sobre isso, acho que você tem um pouco de razão. O que é que você vai fazer?

- Que bom que esteja pensando nisso. – a garota pareceu muito mais leve agora. Harry se sentiu bem com isso. – Não tem muitas coisas que me chamem a atenção, mas não sei... estava pensando no coral...

- Você canta? – Harry perguntou, surpreso.

- Não! – negou Hermione, rindo. – Mas sempre tem uma primeira vez, não é?

- Eu adoraria te ver cantando. – Harry deixou escapar. Obviamente, ele sentiu em seguida que não deveria ter dito aquilo. Hermione ficou vergonha.

- Obrigada... – disse ela, claramente envergonhada. – Mas não acho que seria muito bonito.

- Você é muito boa em qualquer coisa que faz. – Harry disse, escolhendo bem as palavras. – Talvez cantar seja uma delas.

- Não sou boa em tudo que faço. – respondeu ela, com modéstia. – Por exemplo, não consigo voar em uma vassoura. Isso você faz bem.

- Qualquer dia eu vou te ensinar. – Harry disse, brincando. – Embora, eu mesmo não tenha tanta certeza se ainda consigo.

Hermione riu.

- Você não vai acreditar em que dividiu detenção comigo. – Harry disse, após algum tempo rindo.

- Quem? – Hermione falou, curiosa.

- Sophia Hartman. – ele respondeu. – Sabe, a amiga do Ethan, a garota que foi transferida.

- Sério? O que ela estava fazendo lá? – Hermione perguntou, arqueando o cenho em curiosidade.

Harry olhou ao redor, para ver se estavam sozinhos e então contou resumidamente sua conversa com Sophia.

- Enfim, ela parece ser uma pessoa legal. – Harry terminou. – Talvez eu tenha julgado mal, eles sofreram bastante... eu entendo isso.

- Faz sentido... se ela tiver falado toda verdade.

- Com certeza parecia. – Harry interveio. – Ela soou bem sincera.

Hermione balançou a cabeça; ela estava desconfiada, por alguma razão.

- Acho que vou tomar um banho, Harry. – disse ela, repentinamente, quando olhou para o relógio.

- Também. E depois cair na cama, essa semana não vai ser fácil.

- Nenhuma vai. – Hermione se levantou. – Boa noite, Harry. Até amanhã.

- Até...

- Harry... você tem mexido naquele livro? No diário...

- Todo dia antes de dormir. – Harry respondeu imediatamente. – Nada de novo, nada aparece.

Hermione suspirou fundo.

- Certo. – disse ela. – Vou indo.

De banho tomado e cabeça tranquila, Harry mergulhou em sua cama. Ele se sentia bem, ao fim daquele dia. Porquê? Talvez estivesse colocando em prática o que Hermione tinha falado. Não abriu o antigo diário de Harry naquela noite e nem olhou o mapa do maroto, à procura de algo. Apenas relaxou, com o olhar voltado para o teto, como costumava fazer para esvaziar a cabeça.

Tinha conhecido Sophia e tido uma boa conversa com ela. Parecia legal. Voltara a ter uma conversa tranquila com Hermione; era bom trocar palavras, encarar seu olhar, sem motivo algum para isso. Harry não conseguia mais negar; seu coração estava batendo de uma maneira diferente ao lado dela. De uma maneira nunca antes vista.

Ele se sentia mal pensando nisso; sentia que cada vez que pensava mais, mais o sentimento se intensifica. Harry tinha muito medo de onde aquilo daria.

Sobre o quadribol... ele estava realmente tentado. Podia facilmente ir no corujal e pedir sua vassoura para James. Esperava que ele não estivesse muito bravo com o reporte de Minerva. Sem que percebesse, Harry apagou, com esses pensamentos banais sobre sua vida. Era uma das primeiras vezes nos últimos anos que ele dormia sem estar pensando em algo torturante.

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