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É mais fácil explicar nós dois
Para pessoas que nunca caíram de amores.
Pois as que tropeçaram em suas rasas paixões
Chamam de mentirosos
Os que se afogaram de amor.
- Nem toda poesia é feita para todos entenderem.
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✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶
- Esse barulho é novo para mim- A serafim não escondeu a surpresa e a risada que surgiu- As vezes você grunhi alto, mas é mais parecido com um rosnado do que com um miado.
- Tudo bem engraçadinha, já entendi.
Do bolso do meu casaco Ciel colocou o rabo felpudo para fora.
- Quando você entrou aí?- O peguei pelas asas e ele escondeu os olhos com as orelhas, mas rapidamente ele pulou em cima de Astéria.
- Há quanto tempo eu não te...- A fala dela foi interrompida pelo meu olhar de desconfiança- vejo um animal da sua espécie.
- Eu sabia que tinha sido você.
- Eu enviei ele para ir com você, mas noturnos como esse não gostam de pessoas, mesmo assim ele decidiu ficar com você. Então o mérito é todo seu.
- Então você fugiu e achou que um animal ia substituir seu lugar? Achou que isso ia suprimir minhas dores e diminuir sua culpa?
Ela tapou os ouvidos de Ciel e respirou fundo.
- Eu nunca esperei o seu perdão, ou mesmo que seus amigos me tratassem de forma amável como fizeram em Arcádia- Ela enxugou o olho antes que a lágrima caísse- É só que... Eu consigo lidar com seu ódio. Mas não me peça para aceitar sua melancolia.
O sol já estava posto e iluminava todo o ambiente. Haviam arco-íris formados pelo reflexo da luz, fragmentados em pequenos pedaços que se estendiam no chão, e nas paredes, nos objetos e em nós.
- Az, você merece tudo. E a verdade é que nós dois já fomos algo, mas hoje somos nada, apenas um grande vácuo. Você merece alguém que seja como uma carta de amor, não uma pessoa que se pareça a uma faca de dois gumes.
- Qual lado está mais afiado?
- Vamos descobrir.
Ela assobiou e o enorme pássaro de armadura surgiu.
- É isso que você sempre faz não é? Você foge, foge porque tem medo. E quando alguém demonstra o real afeto por você, você se recua.
- Eu sei o que é perder a pessoa que mais se ama. Eu já senti essa dor, mas não vou senti-la nunca mais. Já está na hora- Ela soltou um papel dobrado no chão e subiu no pássaro. A serafim conquistou os céus, e nele, sumiu da minha vista.
No fim, ela já estava decidida a ir embora de novo. O papel estava amassado, parecia ter sido escrito completamente de incertezas e lágrimas.
"Talvez o nosso felizes para sempre não exista. Não somos romance intanfil. Somos aço e ferro. Titânio e diamante. Não quebramos fácil, e não aceitamos desistir.
E mesmo que a nossa história seja uma página rasgada, com a tinta falhada e com um futuro incerto. Eu ouso dizer, eu te amo até que essas palavras fiquem entaladas na minha garganta. Eu te amo até que me embriague no desejo de ter você. Eu te amo, mesmo que você me odeie, porque no fundo, toda luz tem trevas, e toda escuridão tem algo irradiante.
Eu vejo estrelas em você.
E nós dois juntos somos um céu estrelado."
A verdade é que ela tinha me ensinado, na presença e mesmo na ausência o que é permitir alguém invadir a sua vida, e se sentir confortável com isso. Ela me ensinou o verdadeiro significado do amor, e mais importante, a aceitar ele. Estava na hora de eu fazer isso por ela.
De uma só vez todo o círculo íntimo invadiu a sala.
- Onde está Astéria?- Cassian perguntou com um bolinho na boca.
- Foi para Hybern- Rhys foi quem respondeu com as mãos nos bolsos.
Cassian cuspiu o bolo, Mor não conseguiu conter o rosto surpreso.
- Mas ela...- Feyre parecia ter se convencido novamente que ela nunca nos trairia. Mas dessa vez, isso era verdade.
- Ela é uma faca de dois gumes.
De alguma forma todos entenderam o que isso queria dizer, principalmente Feyre, que mais do que ninguém entendia o que estava acontecendo pela sua pequena atuação na Corte Primaveril.
- Temos a fórmula de um antídoto, comecem a trabalhar nela- ordenei em bom som- Falem com os exércitos, com ou sem os Illyrianos, nós vamos.
- E onde você vai?- Cassian perguntou e eu já estava pronto para alçar vôo.
- Vou para um lugar escuro- Eu tinha demônios a enfrentar, porque me tornaria indestrutível, como aço ou titânio.
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Eu entrei naquele sótão, estava escuro e úmido. Estava tudo velho e empoeirado, não que alguma vez estivesse limpo de verdade. Eu me sentia como uma criança ali, fraco e sem poder de escolha. Era como se eu diminuísse e minhas asas ficassem cada vez menores.
Doía.
- Este lugar é podre, por dentro e por fora- sussurrei para que só minhas sombras e eu pudessem escutar.
Aqui passei os piores anos da minha existência infinita. Mas machucava estar aqui, ardia como fogo em brasa, era como uma facada da espada mais afiada e me corroía da maneira mais dolorosa possível.
Eu pensava que já tinha superado isso tudo, pensei que era passado.
Me joguei no chão, pouco me importava o quão sujo estava.
"Você aprendeu a dominar a escuridão, só que ninguém te disse que há sempre um equilíbrio"
"A sombra é intensa mesmo estando tão perto da luz"
Através dos buracos nas paredes, flashes de luz entravam no ambiente. Estiquei minha mão e "toquei". Tudo que eu fazia era focar na respiração. O sol ficava mais forte, e consequentemente, a sombra ao redor da luz também. Minhas sombras se enrroscaram na minha mão, que tomou uma cor de um preto tão forte que parecia absorver a luz. E estava rígido.
Dei um soco no chão, e parecia que eu estava com uma armadura de aço, além do enorme buraco que eu causei no solo com uma pequena quantidade de força.
Nos deixe brincar- as sombras sussurravam.
Então eu só fechei os olhos e as deixei livres. Reproduzi a imagem do sótão na mente. Mas eu não conseguia conter minha raiva, minha angústia. Lembrando de tudo que me fizeram passar ali. Mesmo com os olhos fechados e deitado no chão eu queria destruir tudo ao meu redor.
Um barulho estrondoso interrompeu minha linha de pensamento. Quando eu abri os olhos vi a sala inteiramente negra, como a escuridão que tomou de conta da minha mão, aos poucos ela foi diminuindo e tudo ao meu redor estava em pedaços.
- O que exatamente...?- Encarei minha mão e a ergui, e através da sombra de uma cadeira pude arrasta-la. Apertei meus dedos até que os nós ficassem brancos, e então as sombras dominaram e quebraram a cadeira ao ponto de ela virar farpas.
"Você pode Az, na verdade, pode muito mais que isso
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✶O cap de hoje foi esse galeris, espero que tenham gostado 🧚♀️✨
✶A verdade é que esse foi bem parado e sentimental, mas no próximo eu prometo trazer um pouco de medo e desespero p vcs 🙆
✶Não encontrei o autor da arte, mas de toda forma, créditos à ele pela maestria