Recomendo lerem esse capítulo ao som de: Lovely - Billie Eilish
Boa leitura 🖤:
Harry piscou e sentiu suas mãos caírem úmidas enquanto olhava para o pequeno pedaço de pergaminho. "Isso não pode ser o que parece", ele pensou consigo mesmo. "Draco nunca faria isso comigo..."
Harry baixou as mãos tremendo e olhou para a janela ao lado dele. Ele olhou com força para seu reflexo no painel de vidro, seus olhos procurando algum tipo de garantia de sua contraparte de que tudo isso foi apenas um grande erro. Talvez não tenha sido de Draco, talvez tenha sido apenas uma piada de uma das outras Sonserinas.
"Harry?"
Harry se virou e viu Ron cutucando a cabeça pela porta com cautela.
"Você está bem, amigo?"
"Estou bem," Harry encolheu os ombros.
"Você parece um pouco abalado", disse Ron, dando mais um passo dentro da sala. "Foi de, Malfoy?"
"Não tenho certeza", disse Harry, olhando para o inocente pedaço de papel preso em seu punho.
Ron entrou e fechou a porta atrás dele antes de se juntar a Harry na janela. "O que diz?" ele perguntou curiosamente.
Harry entregou o pergaminho e olhou para trás para fora enquanto Ron olhava para ele e franzia a testa.
"Você não tem certeza se é dele?" ele perguntou. "É a escrita dele?"
"Sim, mas pode ser alguma piada que uma das outras Sonserinas decidiu puxar. Draco não faria isso comigo."
Ron estreitou os olhos, mas permaneceu quieto.
Harry voltou para seu melhor amigo e sorriu um pouco enquanto buscava o jornal novamente. "Vou perguntar a ele sobre isso hoje à noite quando o encontrar."
"Você vai encontrá-lo hoje à noite?" Ron perguntou de surpresa.
"Sim, à meia-noite. Enviei-lhe um bilhete."
"Antes ou depois de você ter este?" Ron questionou.
"Antes, mas isso não significa..."
"Isso é exatamente o que significa", Ron interveio. "Harry, esta carta é de Malfoy e é exatamente o tipo de coisa que ele faria."
"Isso não é verdade!" Harry exclamou defensivamente. "Você não sabe como ele é agora, ele mudou. Não me importo se você o odeia, Ron, ainda vou vê-lo e você não pode me impedir."
"Sim, mas ele pode", Ron respondeu. "Sábio, Harry, ele acabou de te largar."
Os olhos de Harry brilhavam de raiva. "Mal posso esperar para ouvir suas desculpas mais tarde, quando voltar e provar que você está errado."
Harry se afastou de seu assento e caminhou até a porta, empurrando o papel no bolso do manto.
"Harry, espere!" Ron ligou.
Harry abriu a porta e fechou atrás dele sem uma palavra. Ron suspirou e sentiu uma onda de simpatia e, em seguida, a raiva o alavou. Ele sabia que o bilhete deveria ter sido, Malfoy. Pobre Harry, ele não precisava lidar com isso além de perder seu padrinho também.
Ron rapidamente caminhou até o porta-malas de Harry e vasculhou o manto da invisibilidade. Ele o encontrou amontoado no canto e o agarrou, depois jogou-o em volta dos ombros enquanto corria atrás de Harry.
* * * * * * * * *
Harry passou por Hermione e saiu do buraco do retrato sem uma palavra enquanto ela se levantava, abrindo a boca para chamá-lo. Ela franziu a testa e se perguntou o que poderia ter acontecido em tão pouco tempo.
"Hermione."
Hermione pulou enquanto uma voz sussurrou de repente ao lado de seu ouvido. "Ron," ela assobiou com raiva. "O que você está fazendo? E o que está acontecendo?"
"Acho que Draco acabou de largar Harry, e ele está em séria negação. Por favor, abra a porta para mim, preciso segui-lo e ter certeza de que ele está bem."
Hermione assentiu para mostrar que entendia e casualmente caminhou até a porta. Ela abriu e saiu, dando tempo suficiente para Ron passar antes de voltar.
A Dama Rosa resmungou de aborrecimento quando Ron correu pelo corredor atrás de Harry.
Harry entrou no jardim e sentou-se no banco de pedra que ele e Draco haviam ocupado na última vez que estiveram lá. Ele deixou de lado quaisquer pensamentos preocupantes e tinha certeza de que tudo isso era apenas um grande mal-entendido, Draco havia dito que nunca o deixaria, não importa o que acontecesse. Realmente não foi tão ruim, Draco teria que enfrentar seu pai e dizer a verdade. Então eles poderiam ser felizes e estar juntos em público.
Harry estalou a cabeça com um sorriso quando ouviu alguém chegando. Mas o caminho estava vazio e o som desapareceu tão rapidamente quanto chegou.
"Draco?" Harry gritou. "É melhor você não brincar de novo, realmente precisamos conversar."
Harry esperou por uma resposta. O silêncio ficou ainda mais evidente depois que sua voz foi engolida pela noite. Ele suspirou e voltou para olhar para o relógio; ainda era cedo.
"Oh, merda!" Harry ofegou e saltou de pé. "Eu tenho detenção com Snape!"
Ele franziu a testa e se virou novamente enquanto ouvia algo alto nos arbustos próximos. Ele entrou no jardim e sentiu-se com as mãos no escuro, tocou em algo sólido, mas não conseguia ver nada lá.
"Quem está aí?" ele exigiu.
Ron puxou o capô do manto da invisibilidade e olhou para Harry timidamente. "Desculpe, Harry. Eu só queria ter certeza de que você estava bem."
"Quer dizer que só queria provar que eu estava errado", acusou Harry.
"Não", disse Ron enquanto lutava de pé. "Honestamente, quero que Malfoy apareça e que você seja feliz com ele... se é isso que você quer."
"Você simplesmente não acredita que ele virá", concluiu Harry.
"Para ser justo, ainda não vi o lado bom de Malfoy", ressaltou Ron.
"Então acredite em mim", Harry implorou. "Seja um amigo."
"Estou sendo seu amigo, Harry. Só estou preocupado."
"Você faria algo por mim?" Harry perguntou.
"O quê?"
"Você poderia ficar aqui e esperar por Draco por mim?"
"Tenho que falar com ele?" Ron perguntou, encolhendo-se.
"Não," Harry suspirou. "Apenas espere e veja se ele aparece, depois volte para a torre e me diga se ele aparece."
"Ok, a que horas ele deveria vir?"
"Meia-noite."
"Meia-noite!" Ron exclamou. "Não são nem dez!"
"Por favor, Ron? Você disse que era meu amigo."
Ron virou os olhos e balançou a cabeça. "Tudo bem, mas você não pode usar essa desculpa novamente."
"Obrigado", Harry sorriu e o ajudou a sair dos arbustos.
Ron escovou a sujeira e galhos agarrados ao manto enquanto via Harry fugir pelo caminho. Ele se sentou no banco e se preparou para um longo período de ficar totalmente entediado.
* * * * * * * * *
Harry deu boa noite ao Professor Snape e correu para seu dormitório, grato por Snape não ter sido muito duro com ele por estar atrasado e ele não ter que adicionar mais detenções ao seu total em lenta diminuição; faltava apenas uma semana.
Ele deu a senha às pressas e escorregou para dentro. Já eram quase doze e meia e todos os outros alunos haviam ido para a cama. Hermione ainda estava acordada e sentada no chão perto do fogo com sua lição de casa.
"Harry", ela cumprimentou em alívio. "Onde está Ron?"
"Ele ainda está lá fora esperando por Malfoy", explicou Harry enquanto descia no velho sofá vermelho.
"O quê?" Hermione perguntou confuso.
"Longa história," Harry encolheu os ombros.
Hermione franziu a testa e decidiu deixá-lo ir quando voltou para sua lição de casa. Harry se acomodou de volta nas almofadas macias e esperou pelo retorno de Ron.
~ Uma hora depois...
Ron abriu o buraco do retrato com um coração pesado e entrou na sala comum. Ele viu Harry sentado no sofá cochilando e Hermione com a cabeça deitada em seus livros dormindo.
Harry mexeu, enquanto Ron gentilmente o tocava no ombro. "Ron," ele disse com sono. "Você viu, Draco?"
Ron balançou a cabeça tristemente.
Harry franziu a testa e mordeu o lábio.
"Harry, ouça-"
"Não, está tudo bem. Ele provavelmente não conseguiu fugir hoje à noite. Tenho certeza de que seus colegas de casa estão de olho nele depois de tudo o que aconteceu hoje."
Ron olhou para ele incrédulo. "Harry, pare de inventar desculpas para aquele bastardo."
"Ron, estou avisando", disse Harry, enquanto se sentava. "Não fale sobre ele dessa maneira."
"Quando você vai acordar e ver que ele te deixou, Harry?"
"Por que vocês estão gritando?" Hermione perguntou com preocupação sonolenta enquanto levantava a cabeça da mesa.
Harry olhou para Ron. "Vou para a cama."
Harry se levantou e deixou os outros dois sozinhos. Uma vez que ele chegou ao silêncio de seu dormitório, ele vestiu o pijama e subiu cansado para a cama; tinha sido um longo dia e ele estava começando a se sentir exausto. Ele se inclinou para colocar seus óculos na mesa de cabeceira, depois descontraiu e fechou os olhos.
Não muito tempo depois, Ron entrou e subiu em sua própria cama, depois de substituir o manto da invisibilidade de Harry de volta em seu porta-malas.
"Da próxima vez, pergunte", disse Harry, por trás de tapeçarias de cama fechadas.
"Então, o que você vai fazer, Malfoy?" Ron perguntou, olhando para o teto sobre sua cama.
"Falo com ele amanhã, antes do café da manhã."
Ron suspirou e balançou a cabeça. Amanhã seria um dia difícil para todos.
Harry ficou despreocupado no Hall de Entrada, encostado em uma das estátuas sob as escadas e mantendo os olhos abertos para Draco. Ele havia saído de seu quarto esta manhã o mais rápido possível, um silêncio gelado pendurado entre ele e Ron.
Ele ignorou os olhares e sussurros do outro aluno enquanto esperava, mesmo olhando para alguns deles que pareciam que iriam fazer perguntas a ele.
De repente, as portas do calabouço se abriram e Draco saiu liderando uma matilha de seus colegas de casa; que incluía Pansy, Blaise, Crabbe e Goyle.
Harry tentou chamar a atenção de Draco enquanto passava.
"Acredito que Potter está tentando te sinalizar, Draco", brincou Pansy. Ela pegou a manga de Draco e o puxou para uma parada na frente de Harry. "Você tem algo a dizer a ele?"
Draco se recusou a olhar nos olhos de Harry e, em vez disso, optou por suspirar de aborrecimento e olhar para Pansy. "Não, cansei dessa putinha."
Harry ofegou e sentiu como se tivesse sido atingido no estômago.
Pansy sorriu em triunfo e começou a liderar os outros em direção ao Grande Salão para o café da manhã de domingo. Draco manteve os olhos focados no chão enquanto seguia atrás, ele não conseguia olhar para Harry. Seu coração doeu fisicamente enquanto tentava bloquear as palavras que tinha acabado de pronunciar para derrubar o mundo de Harry.
Lágrimas borraram os olhos de Harry enquanto ele observava Draco se afastar. Ele sentiu vontade de cair no chão e ficar lá para sempre. Ele precisava sair antes de se envergonhar ainda mais.
Ele correu cegamente em direção às portas e explodiu do lado de fora no chão, uma forte chuva derramando sobre sua cabeça enquanto corria e corria, até entrar em colapso na grama molhada ao lado do lago.
Ele enterrou o rosto em seus braços e chorou, os soluços quebrando sua pequena moldura enquanto derramava toda a dor e traição que sentia. Ele não podia acreditar. Como Draco poderia fazer isso se ele o amava? Tudo tinha sido apenas um jogo para ele? Mas parecia tão real...
Harry apertou os olhos fechados enquanto se culpava por ser tão crédulo. Ele passou as mãos pelo cabelo agora molhado e deixou uma nova onda de lágrimas rolar pelas bochechas, misturando-se com os minúsculos riachos de chuva.
Uma mão gentil pressionada em seu ombro.
Harry abriu os olhos e olhou para cima, rezando para que fosse Draco.
"Ethan", disse Harry surpreso. "O que você está fazendo aqui?"
"Eu pensei que você poderia usar alguma companhia," Ethan sorriu com simpatia. "Eu vou embora se você quiser. Eu só pensei que você poderia usar um ombro para chorar, ou alguém para gritar se você precisar disso também."
Harry sorriu através de suas lágrimas. "Obrigado."
Ethan sentou-se ao seu lado e tirou sua varinha, lançou um feitiço de aquecimento em torno deles e um escudo repelente de água para protegê-los da chuva.
"Não acredito que ele disse isso para você", disse Ethan em silêncio.
"Eu não entendo," Harry chorou. "Ele...nós... Eu pensei que ele tinha mudado."
"Ele te enganou?" Ethan perguntou com preocupação.
"Eu acho." Harry olhou para Ethan, imaginando o quanto ele poderia dizer a ele. Foi bom estar falando sobre isso depois de mantê-lo engarrafado por tanto tempo. "Ele me disse que me amava."
"Oh, Harry," Ethan balançou a cabeça e colocou um braço reconfortante em volta do ombro de Harry.
"Sabe qual é a pior parte?" Harry disse, sua voz tremendo.
"O quê?" Ethan empurrou a franja molhada de Harry da testa.
"Eu ainda o amo."
"Isso é perfeitamente compreensível", argumentou Ethan. "Ele foi seu primeiro amor, certo?"
Harry balançou a cabeça e limpou os olhos.
"Não se preocupe, Harry. Vai ser difícil, mas você vai superar ele e aprender a amar o outro."
"Eu não sei..."
"Você vai, você é forte e ainda tem seus amigos. Eles te entendem, não entendem?"
"Ron e Hermione?" Harry perguntou, olhando para o rosto de Ethan.
"Eles são seus melhores amigos, não são?"
"Sim."
"Eles sempre apoiam, certo?" Ethan sorriu.
"Tipo de..." Harry disse lentamente, pensando no tom irritado de Ron ontem.
"Eles falaram com você sobre seu relacionamento, Draco? Ou seus sentimentos sobre ele?"
"Na verdade não, eles não queriam ouvir sobre isso."
"Não acredito nisso", disse Ethan em choque. "Quando você mais precisa deles, aposto que está sempre lá para eles."
"Estou", disse Harry, sentado. "Você deveria ter visto Ron ontem à noite, ele não acreditou em mim."
"Harry, ouça-me", Ethan falou sinceramente. "Você deve saber que eu gosto de você, mas não importa agora, eu quero que você saiba que se você precisar de um amigo, eu estarei aqui por você. Você pode falar comigo sobre o que quiser. Eu entendo o que você está passando, na verdade, eu mesmo passei por isso."
"Você?" Harry perguntou incrédulo.
"Sim," Ethan sorriu timidamente. "Eu também estive do lado abandonado do que eu achava que era o relacionamento perfeito. Eu o amava e ele não me amava o suficiente."
"Então, você entende", disse Harry, sentindo-se menos sozinho em sua miséria.
Ethan balançou a cabeça e tirou o braço dos ombros de Harry. "Então, se você precisa de alguém para conversar..."
"Obrigado." Harry sorriu, feliz por ter alguém que entendeu. "Você provavelmente é a única pessoa na escola falando comigo agora, de qualquer maneira."
Ethan sorriu. "Você quer que eu traga um café da manhã aqui para você? Poderíamos fazer um piquenique muito informal."
"Claro", disse Harry incerto. "Er, Ethan?"
"Sim?"
"Você sabe que não estou pronto para um relacionamento agora, certo?"
"Claro, Harry. Não se preocupe, somos estritamente amigos. Eu não sonharia em namorar alguém quando eles não se curassem de seu último término."
"Só para você saber," Harry sorriu em desculpas.
"Esteja de volta." Ethan sorriu e saiu correndo debaixo do disfarce e em direção à escola, abriu as portas da entrada e entrou no Grande Salão.
Ele sorriu quando viu Draco cutucando miseravelmente em seu café da manhã. Ele não podia acreditar como tinha sido fácil separa-los, quase muito fácil. Ele mal podia esperar até ter Harry só para si, para fazer o que quisesse. Não demoraria muito para quebrá-lo, apenas mais alguns pedaços de seu plano tinham que se encaixar antes que Harry desmoronasse e caísse diretamente em seus braços de espera.