Fated ABO [2jae]

By xnessan

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Youngjae nunca concordou com o fato da sociedade ser regrada pelos alfas, ele sempre se esforçou para que as... More

Introdução
Contrato
Convivência
Provas
Palpitações
Impulso
Família
Encanto
Desencanto
Falta
Frenesi
Paz
Distância
Brincadeiras
Vergonha
Crise
Conforto
Paraíso
Erro
Ameaça
Pesadelo
Fogo
Marcas
Inconsequência
Poder
Proteção
Segurança
Ciúmes
Destinados
Profundezas

Aromas

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By xnessan

Youngjae já havia levantado com toda a sua paciência contada. Sabia que seria difícil agora que seu pai havia falecido, mas não contava que iria ser tanto assim. Foi um susto para todos quando o seu pai, o presidente e cabeça da Choi Construction, faleceu de um infarto fulminante a duas semanas atrás. Youngjae não podia dizer que fora completamente de surpresa, pois o seu pai, apesar de ser uma alfa, não era a pessoa mais saudável do mundo, sempre se estressando, fumando, bebendo e comendo muitas coisas calóricas que obviamente não fariam bem ao seu coração. Mas ele amava o seu pai e claro que foi um grande baque, a sua mãe ficara completamente desconsolada, principalmente quando recebeu a notícia dos médicos do falecimento de seu marido. Youngjae precisou ser forte por ela para aguentar toda a cerimônia de encomendar o funeral, papeladas, receber parentes, resolver os seus bens com os seus advogados entre tantas outras coisas. Fora uma barra bem pesada de segurar, afinal Youngjae só tinha vinte e três anos e ver a pessoa que mais admirava no mundo falecer assim tão de repente não era algo que desejava a ninguém.

Mas agora que a poeira havia baixado, ele estava tomando as rédeas da situação. A sua mãe ainda estava preocupada demais se deveria ou não doar os seus ternos italianos caríssimos guardados no closet, mas a preocupação de Youngjae com certeza era com a empresa, a CC.

Veja bem, ele era um ômega, mas isso não significava que ele era menos capaz do que qualquer outro ali, afinal, ele havia estudado e se tornado sempre o melhor da turma para quando este dia chegasse não houvesse ninguém que pudesse duvidar de suas capacidades só porque ele era um ômega. Ele conhecia aquela empresa como a palma de sua mão, muito antes de se tornar uma grande construtora de capital aberto como era hoje, ele tinha todo o direito de assumir o posto que um dia fora do seu pai, afinal, também herdara as ações majoritárias dele na empresa. Ele já trabalhava na CC havia algum tempo como diretor, mesmo sendo tão novo, e para ele estava mais do que certo o posto que iria assumir, se não fosse por aquele pequeno detalhe...

— Como assim eu não posso assumir a CC, mãe?! - ele praticamente gritava ao telefone. Estava um engarrafamento infernal que estava minando toda a pouca paciência que tinha. - Eu pensei que estava tudo certo para isso hoje! Jackson, não dá pra ir mais rápido? Eu to atrasado! - resmungou com o motorista, um alfa chamado Jackson que só deu de ombros.

— Nada feito, patrão! O trânsito tá todo parado!

— Que inferno. - Youngjae bufou - Mãe, me explica essa história direito sobre o testamento do meu pai. - voltou a falar com a ômega pelo telefone.

— Filhote, eu também não sabia disso! Mas hoje o nosso advogado ligou e nos informou sobre uma cláusula no testamento dizendo que você não poderá assumir enquanto não estiver em um relacionamento sério com um Alfa! E foi assinado pelo seu pai!

— Mas isso é ridículo! O meu pai nunca pediu para que eu me casasse nem nada! - mais uma vez reclamou.

— Sim, mas é o que tá escrito aqui! Enquanto você não pode assumir, o segundo sócio majoritário assumirá por você, ou seja, Cha Siwon...

— O QUÊ?! - Youngjae gritou, incrédulo - Jackson, pare o carro, eu vou andando!

— Mas Sr. Choi...

O ômega não quis saber, ele desceu do carro levando a sua pasta e o telefone consigo no ouvido, andando por entre os carros com os passos largos, nada feliz e com o olhar ameaçador, emanando o seu aroma de chocolate amargo de quando estava muito irritado.

— Você quer dizer que aquele aproveitador do Siwon vai assumir a presidência só porque eu sou um ômega, é isso? - disse desviando de um carro, ainda não havia chegado na calçada.

— Youngjae-ah... não é assim...

— Como não é assim, mãe?! Eu não fiquei naquela faculdade cheia de alfas imbecis e comecei do zero estagiando na CC pra chegar no momento que eu finalmente pudesse assumir o que eu quis a vida toda para chegar um cretino desse e...

— EI! CUIDADO!

Youngjae ouviu o som de uma buzina, mas foi tarde demais para o que viria a acontecer a seguir, pois o seu corpo já havia sentido o impacto de uma motocicleta vinda em sua direção, mesmo que tenha ouvido o som do pneu tentando freiar o avanço antes da batida. Ele caiu alguns metros na frente, sentindo o seu corpo ser arranhado e sua roupa social ser totalmente arruinada pelo asfalto e pelo sangue. Sentiu uma dor grande em seu braço por receber a maior parte do impacto de seu corpo, mas felizmente a sua cabeça fora a última a bater no chão, não saindo tão forte quanto o resto do corpo. Ele não chegou a apagar, mas a sua visão ficou turva por um breve momento, piscando algumas vezes tentando entender como aquilo havia acontecido. Sentia o seu corpo inteiro doer, principalmente o braço e a coxa esquerda, seu celular não estava mais em sua mão e a sua pasta havia voado, mas pelo menos estava vivo e com todos os membros grudados no corpo.

— Hum... o que... aconteceu...?

Estava se sentindo totalmente grogue, estirado no meio da calçada. Sabia que algumas pessoas haviam se juntado ao seu entorno, mas estranhamente a primeira figura que conseguiu distinguir foi de um alfa de olhos felinos, junto com duas jóias sobre os seus olhos.

.

.

Jaebeom se levanta no susto, o despertador tocando insistentemente ao seu lado. No dia anterior havia trabalhado ate mais tarde para compensar as horas que ele faltaria hoje por conta da sua entrevista de emprego. Mal tinha visto sua mãe e Yugyeom e quando acordou, nenhum dos dois se encontrava mais na casa. Se espreguiça enquanto caminha em direção a cozinha, encontrando um bilhete em cima da mesa.

📝 Deixei café da manhã bem reforçado pra você hoje, pois quero que tudo dê certo na sua entrevista. Você é um ótimo profissional meu anjo, faça tudo com calma, okay? Não te acordei pra tomar café com a gente porque achei que você precisava descansar, você chegou de madrugada ontem do trabalho. Yugyeom te desejou boa sorte. Te amamos.

P.S.: Tira essa porra desse piercing.

Inevitavelmente um sorriso se abre em seu rosto. Sua mãe era impossível às vezes. Mas só às vezes. No geral, a ômega era doce e carinhosa, sempre muito atenciosa e batalhadora. Depois da separação, ela deu a vida praticamente pra cuidar dos seus dois filhos da melhor forma que podia, mesmo Jaebeom já sendo maior de idade e a ajudando nas contas de casa.

E tinha mais um porém. Ela odiava seus piercings. Mas ele os amava. Muito. Ignorou essa última parte do bilhete. Pelo menos agora se sentia menos nervoso depois de ler aquele recado, pois sabia que sua família sempre o apoiaria em qualquer coisa que ele fizesse. Se senta após pegar as coisas para tomar seu café da manhã que não estavam a mesa e come devagar enquanto lia as notícias do dia a dia em seu celular. Ao ver no aplicativo do GPS que um engarrafamento enorme estava se formando por conta de um acidente, Jaebeom larga o café da manhã e corre para tomar seu banho e se vestir.

Percebeu que não conseguiria ir de carro, então opta por ir em sua moto, o seu xodó, uma Harley Davidson Fatboy, sua companheira de todas as horas. Era nela que Jaebeom passava o tempo quando queria desestressar, viajando aos finais de semana livres com Jinyoung ou às vezes sozinho. Ele gostava de sentir o cheiro da estrada, o vento tocando em sua pele, dando uma sensação de liberdade que ele não sentia em seu dia a dia trancado em um escritório o dia todo.

Após se arrumar, Jaebeom monta em sua moto, colocando o capacete e ajeitando sua mochila nas costas. Ouvir o ronco do motor lhe dava vida e assim ele partiu até mais animado do que antes para sua entrevista de emprego.

O local onde Jaebeom trabalha não era ruim, eles pagavam bem, o suficiente para que ele arcasse com as despesas da casa (como um alfa deveria arcar) e para os seus hobbies. Porém Jaebeom descobriu recentemente as dívidas enormes nas quais seu pai (que também era um alfa) havia se metido e ele era obrigado a pagá-las, não porque seu pai havia falecido, mas sim porque o sistema no qual o seu pai havia se enfiado cobrava de um jeito muito peculiar: Ou pagava a dívida, ou sua família morria. Jaebeom então se viu tendo que reorganizar toda a sua vida financeira apenas para pagar as dívidas de jogo, enquanto todo o dinheiro de sua mãe ia para as contas de casa. E de repente o seu salário já não era mais suficiente, além de achar que nao conseguiria proteger sua família, caso alguma coisa acontecesse e o dinheiro faltasse. Jaebeom fazia diversas horas extras, trabalhando até de madrugada e aos finais de semana para ter o dinheiro certo no final do mês. Ele já não aguentava mais ver sua mãe definhar de tanto trabalhar para pagar uma dívida que nenhum deles tinha contraído e até Yugyeom, seu amado irmão ômega, tinha dado seu jeito de ganhar dinheiro para ajudar, resultando em um péssimo rendimento escolar, algo que perturbava a Jaebeom.

Estava para entrar em desespero após a cobrança do último mês, quando viu o anúncio de uma vaga na Choi Corporation, uma das mais importantes empresas do ramo. Jaebeom conhecia a empresa e sabia que pagava muito mais do que a que ele estava, porque não tentar? Já não aguentava mais viver na situação que estavam vivendo e se conseguisse aquele emprego quitaria a dívida de seu pai mais rápido do que planejava, talvez até o final do ano...

Mandou currículo, sem muitas esperanças de que conseguiria. Quando recebeu o e-mail com o horário marcado da entrevista, quase não acreditou. Comemoraram naquele dia e ele nem havia sido contratado ainda. O currículo de Jaebeom era bom, mas ele não achava que era bom a ponto de trabalhar na CC. Parecia um sonho.

Por isso ele se cobrava tanto por conta dessa entrevista. Ele tinha conseguido essa oportunidade e abraçaria com tudo o que tinha.

Apesar do engarrafamento, ele conseguia andar por entre os carros rapidamente, fazendo com que ele chegasse até mais cedo do que o que havia planejado. Nada poderia dar errado.

Bom, pelo menos era o que ele pensava.

Estava desviando dos carros parados, quando de repente um rapaz bem vestido aparece em sua frente, saindo de trás de um carro preto.

ㅡ CUIDADO! ㅡ Jaebeom grita, mas já era tarde demais.

Jaebeom vira a moto a tempo de não atropelar o rapaz, mas inevitavelmente o seu corpo se choca com o dele, o empurrando contra o chão. Consegue se equilibrar na moto a ponto da mesma não cair no chão e ele mesmo se ralar. Desliga a moto e desce, completamente em pânico, com medo do rapaz ter se machucado demais. Ao se agachar ao lado do rapaz repara um pouco de sangue em sua cabeça e pega o celular do bolso, já ligando para a ambulância. O rapaz estava se levantando, resmungando qualquer coisa, quando Jaebeom toca levemente o peitoral do mesmo, o fazendo se deitar.

ㅡ Por favor, não se mova. Você pode estar seriamente ferido. ㅡ Disse bem próximo ao seu rosto.

Jaebeom dá as coordenadas de onde estavam e começa a tentar acalmar o rapaz. Reparou que o braço do mesmo também estava ralado, mas nada muito grave. O que o preocupava era sua cabeça. Mas ao ver que o rapaz parecia bem lúcido, Jaebeom não pôde deixar de soltar um suspiro longo, aliviado. É quando o rapaz parecia reparar nele pela primeira vez, o encarando de volta.

ㅡ Como está se sentindo? ㅡ Pergunta, se inclinando um pouco mais sobre o castanho, abrindo um pequeno sorriso tímido. ㅡ A ambulância deve chegar daqui a poucos minutos, por favor, se mantenha calmo.

Youngjae estava com a cabeça latejando, doendo forte enquanto a sua visão voltava a se alinhar diante de seus olhos. Um forte cheiro apimentado invadiu as suas narinas, como um whiskey temperado e importado que ele conhecia vagamente. Quando conseguiu focar, se deparou com um alfa de cabelos negros e olhos rasgados, com dois pontos de luz a baixo de seus olhos. Ele franziu o cenho, o seu corpo sentindo-se estranhamente confortado dentro dos braços daquele estranho.

Mas duas vozes chamaram a sua atenção, o tirando do seu breve momento de torpor:

— Ei! O que está acontecendo aq... - um dos seguranças do prédio da Choi Construction, um alfa, lhe gritou, e quando estava próximo o suficiente o seu rosto se retorceu de susto - S-Senhor?! O que aconteceu...?

Youngjae pareceu finalmente entender o que havia estar acontecendo. Havia saído do carro por causa do engarrafamento, estava para chegar no prédio da CC quando uma moto bateu bem de frente à ele e agora ele estava ali com o alfa que o atropelou:

Ele se debateu dessa vez, tentando se levantar.

— Tira suas patas de mim, seu Alfa imbecil! – ele tentou se desvencilhar, querendo ficar de pé, mas pela dor que sentiu, previu que havia torcido ou quebrado – Você quebrou meu pé! – os seus feromônios se projetavam sem ele perceber, cheirando a medo e chateação com seu aroma de cacau queimado.

Antes que o alfa pudesse reclamar, os seguranças o afastaram dele com brutalidade, pegando-o pelo braço e fazendo uma cena no meio do trânsito. O alfa com cheiro apimentado agora reclamava enquanto os dois homens armários conseguiam imobilizá-lo. Os pelos de sua nuca de Jaebeom se eriçaram e seu cheiro apimentado ficava cada vez mais forte. Estava começando a perder a paciência. Se acalma, Jaebeom, se acalma., repetia para si mesmo, como um mantra.

— O que fazemos, Sr. Choi?

Felizmente a ambulância chegou, tirando completamente a atenção dele dos dois homens que o seguravam.
Os socorristas já estavam pondo-o dentro para dentro mas Youngjae conseguiu fixar os seus olhos no rapaz que havia lhe atropelado e gritar:

— Ei! Alfa estúpido! Você vem comigo!

E dizendo isso os seguranças o soltaram, o ômega o desafiando a não fazê-lo.

O ômega continuava lhe dando ordens para que ele fosse na ambulância e os seus pelos da nuca se eriçaram novamente. Quem ele achava que era, para poder mandar nele assim? Caminhou em direção a ambulância encarando o ômega e reparando pela primeira vez o quanto ele parecia bonito, mesmo todo sujo e desarrumado. Para em frente a porta, ainda encarando o rapaz com o semblante irritado, lhe dando ordens para que Jaebeom fosse com ele.

ㅡ Eu vou seguir a ambulância. ㅡ Declara e se vira para o socorrista, que prontamente lhe dá o nome do hospital para o qual o levariam. ㅡ Okay, não demorarei muito para chegar lá, err... Qual o seu nome?

O rapaz responde Choi Youngjae e seu coração gela, por um segundo.

Puta que pariu, não pode ser...

Solta um suspiro e um sorriso forçado. Felizmente o hospital era perto da empresa, mas mesmo assim achava que não conseguiria chegar para a entrevista. Além de amarrotado e possivelmente sujo, ele acaba de atropelar alguém que possivelmente faz parte da família do dono da empresa na qual faria entrevista. Desistiu de pensar que o dia não poderia ficar pior, pois ele ja tinha percebido que poderia. Montou em sua moto e seguiu o caminho atrás da ambulância, aproveitando que a mesma abria um caminho mais fácil por entre o engarrafamento.

Já no hospital, enquanto Youngjae era atendido, Jaebeom redige um e-mail relatando os últimos acontecidos e porque ele não poderia comparecer a entrevista. Estava nervoso, pois era uma oportunidade única. Quando teria outra dessas? Infelizmente o universo não estava ao seu lado e colocou esse monte de empecilhos para fazer com que ele não fosse a entrevista. Uma pena.

Ligou para sua mãe, que se desesperou ao telefone achando que Jaebeom havia se machucado. Estava prestes a sair do trabalho, quando Jaebeom conseguiu convencê-la de que realmente estava tudo bem e que os médicos insistiram em examiná-lo. Não era uma mentira, era só meia mentira, pois foi Jaebeom quem pediu para ser examinado. Precisaria do atestado médico depois, claro. A única coisa que havia acontecido a ele era o pé ter torcido um pouco, mas nada que imobilizar com uma tala não resolva.

Seguiu até o quarto onde Youngjae estava hospedado, batendo na porta educadamente. Assim que ouve o sinal para entrar, o cheiro de chocolate invade mais fortemente suas narinas, porém parecia mais um cacau doce misturado com morfina. Se lembrou da forma autoritária com a qual Youngjae se referiu a ele mais cedo, fazendo-o se perguntar o porquê ainda permanecia ali. Quando seus olhos se encontraram, Jaebeom reuniu toda a força que tinha para ser o mais educado o possível.

ㅡ Está melhor? ㅡ Para alguns passos a frente da porta, ao lado da poltrona do acompanhante

.

.

Após ele ser levado ao hospital e ser atendido, confirmando a fratura em sua perna e a leve concussão em sua cabeça, ele foi levado para a área vip do hospital particular, como não havia de deixar de ser, visto que o seu plano de saúde era o mais benéfico possível. Mexia freneticamente no seu celular no momento, estressando tudo o que não podia ao conversar com o seu advogado sobre a tal cláusula que o seu pai deixara no testamento para assumir a empresa. Aquilo era um completo absurdo! O seu pai sempre lhe dera liberdade para os seus relacionamentos, inclusive liberdade para não ter um relacionamento, por que logo depois de morrer ele decidira que Youngjae só seria capaz de gerar uma empresa se tivesse um alfa ao seu lado...?

O anúncio na porta, seguido do cheiro de Whiskey apimentado o fez se lembrar do alfa que o atropelou. Céus, ele odiava alfas, e no momento ele particularmente queria matar aquele dali, mesmo que parecesse bonito com aqueles ombros longos e boas proporções corporais, maxilar desenhado e olhos intensos.

Que droga!

— Então você é o alfa que me atropelou com aquela monstruosidade? Como se chama mesmo? – ele estava prestes a abrir a boca, quando Youngjae resmungou – Ugh, tenho sede, pegue água pra mim, faz o favor.

Jaebeom revira os olhos ao ouvir o castanho falar daquela forma consigo e trinca o maxilar para não explodir de raiva. Mas de nada adiantou, o seu cheiro apimentado invadiu o ar enquanto ele caminhava até o filtro para pegar um copo d'água. Estende na direção do mesmo e quando a mão do rapaz se aproxima do copo, Jaebeom o tira de seu alcance.

ㅡ Im Jaebeom. E não, eu não te atropelei, você quem entrou descuidadamente no meio do caminho enquanto falava ao telefone. ㅡ Dá o copo de água para Youngjae e se afasta novamente. ㅡ Bom, parece que você está bem. Até mais, estressadinho.

Dito isso, Jaebeom se vira de costas, ajeitando o terno. Coloca a mão na maçaneta e antes de sair, ouve seu nome ser chamado.

ㅡ O que foi agora? ㅡ Se vira, encarando Youngjae, obviamente sem paciência alguma.

Youngjae franze o cenho, não gostando da forma que aquele alfa estava se mostrando impaciente quando ele o atropelou! Se não fosse por ele e aquela máquina assustadora Youngjae não estaria naquela condição!

— Onde pensa que vai, alfa? Sem antes me dizer como pretende me ressarcir pelo que aconteceu? – viu como ele deu meia volta e uniu as sobrancelhas que não havia entendido o que estava sugerindo, o que fez o rapaz abrir um sorriso vitorioso no rosto – Sim, pois eu acho bom você já está pensando em como pagar as minhas despesas médicas já que foi sua culpa eu estar aqui e fiquei sabendo que já estou em contato com o meu advogado para te processar, Im Jaebeom. – era mentira, não pretendia processá-lo, mas uma ideia estava surgindo na sua cabeça e para isso precisava de ferramentas de barganha. Enviou uma mensagem para um outro contato seu, precisava de informações.

Okay. O seu dia acaba de piorar e muito, pensa Jaebeom. Será que ainda dava tempo de montar na sua motocicleta e se jogar da ponte?

Jaebeom respira fundo, não havia pensado em nada. Além de ter pouco dinheiro para pagar as dívidas do pai, ele arranjou isso. Se amaldiçoa diversas vezes, até por ter nascido. E ele podia ter atropelado qualquer pessoa, mas não, ele tinha que atropelar aquele ômegazinho irritante que se acha o dono do mundo. Morde o canto do lábio, se recusando a admitir por alguns segundos, mas o fazendo quando viu que não tinha solução.

ㅡ Não pensei em nada. Mas pode mandar o seu advogado me processar, mesmo sabendo que você se jogou na frente da moto por falta de atenção. Eu dou o meu jeito. ㅡ Dá de ombros.

Talvez tivesse que fazer muito mais horas extras, quem sabe passar a dormir duas horas por dia e trabalhar as outras. Algum jeito ele daria. Jaebeom caminha em direção a cama e coloca o seu cartão de visitas na mesa de cabeceira.

ㅡ Quando acertar tudo, entre em contato comigo. ㅡ Abre um sorrisinho e pisca um olho.

Jaebeom sempre adorou chocolate, mas naquele momento o cheiro o enojava e o que ele mais queria era sair dali para o mais longe o possível. Esperou que o rapaz dissesse mais alguma coisa, porém ele não disse.

ㅡ Então até o dia da audiência, Youngjae.

Pensou que Jaebeom fosse se intimidar com a ameaça de processo, mas aparentemente não, e era isso que ele odiava em alfas. Não adiantava o quanto ele tentava se impor, parece que eles sempre arranjavam um jeito de saírem como superiores. Youngjae cerrou o punho, não ia sair machucado daquela história e ainda por cima deixar o rapaz sair impune, ah mas não ia mesmo! Se não ele não seria capaz se gerir uma empresa como a CC sendo um ômega! Virou os olhos novamente para ele, o desafiando, não ia deixar a sua posição de submisso perder, se recusava.

— Como eu ia dizendo... - tentou prosseguir antes que ele fosse embora.

— JAE-JAE! Pobrezinho! - uma voz escandalosa o cortou e Jaebum virou o olhar em direção a porta se perguntando o que estava acontecendo ali.

Salvo pelo gongo.

Uma figura vestindo um casaco de plumas, sapatos reluzentes, cabelo platinado e óculos escuros se prostrava com uma expressão horrorizada. O desconhecido cheirava como um ômega, mas usava um perfume caro que o confundia e misturava os cheiros, que Youngjae sabia ser originalmente de melões e pitayas. Ele se aproximou de Youngjae, querendo abraçá-lo mas foi espantado pelo seu braço não machucado.

— Sai, Bambam. Eu to vivo, mas ainda dói, ok?

— Ai, credo, mal humorado! - ele bateu o pézinho - Eu fiquei preocupadíssimo com o meu hyung que foi acidentado, tadinho! Espero que na próxima passe um trem por cima!

— Cala a boca. - Youngjae bufou - É ele, fez o que eu te pedi? - apontou para Jaebeom, que franziu o cenho quando subitamente começaram a falar dele.

Bambam levantou uma sobrancelha e retirou os óculos, olhando para si e logo em seguida para um tablet que estava em sua mão. Ele digitou algumas coisas e enquanto isso Jaebeom não se atrevia a dizer nada, mesmo que fossem só dois ômegas presentes.

— Aqui, e sim, é ele mesmo que estava para fazer uma entrevista de emprego para Choi Construction hoje: Im Jaebeom, 25 anos, alfa, solteiro. - ele começou e Jaebum tomou um susto, pois Bambam parecia ler algo sobre si - Arquiteto. Empregos anteriores: garçom, motoboy e estágios em algumas empresas interessantes como a Bae Architects, Feng Construction. – Youngjae e Bambam lançaram olhares apreensivos – E foi monitor na faculdade, maaaaas tem algumas recorrências e suspensões na escola, nervosinho! Seus pais são um alfa e uma ômega. Não temos informações sobre o seu pai, parece que ele saiu da cidade a alguns anos. A sua mãe trabalha em um salão de beleza. Tem um irmão mais novo que está na faculdade. - o queixo de Jaebum caiu quando o magrelinho com sotaque começou a falar aquelas informações tão pessoais - Está no período de tolerância para pagar as contas da faculdade. E também está envolvido com a máfia, devido a agiotagem e apostas. - Jaebum lançou um olhar desesperador à Youngjae, que fez cara de tédio.

A última informação fez o estômago de Youngjae borbulhar.

Quando o ômega Bambam finalmente terminou, Jaebum aspirou o ar com rapidez quase se engasgando no processo, mas antes que ele pudesse perguntar como sabia daquilo tudo, Bambam acrescentou:

— É muito fácil achar informações sobre você por aí, more. – o ômega deu uma piscadinha – Devia ser mais cuidadoso com a sua privacidade.

— Eu já havia pedido para que Bambam procurasse sobre você enquanto eu ainda estava sendo atendido. - o outro ômega suspirou - Não importa porquê, só importa que você não tem condições de me pagar. Máfia? Você jura? Você poderia ser preso, Im Jaebeom.

Jogou a sua última cartada, deixando transparecer um pequeno sorriso no canto de seu rosto pensando finalmente ter uma vantagem ali. Pra falar a verdade ele também não esperava que o alfa estivesse tão enrolado com dinheiro, até Bambam fez uma expressão exagerada para demonstrar que ele estava ferrado, e pela sua expressão, parece que Youngjae finalmente havia pego ele.

Jaebeom desistiu de ter qualquer esperança de que a vida pudesse melhorar depois daquilo. Ao ouvir aquele rapaz magrelo falar sobre toda a sua vida diante de seus olhos percebeu que estava mais sem saída do que parecia estar. Apoia o rosto em uma mão enquanto ainda ouvia o rapaz falar, até que o mesmo começa a falar dos seus problemas com a máfia. Jaebeom coloca as mãos nos bolsos e joga a cabeça para trás, alongando o pescoço e encarando o teto, esperando o rapaz que se chamava Bambam terminar de falar. O que poderia fazer aquela altura além disso?

O rapaz a sua frente, apesar de arrebentado, insistia em chantageá-lo, arrancando um revirar de olhos do alfa. Um sorriso vitorioso pareceu surgir no rosto de Youngjae e toda a paciência que restava em Jaebeom se esvai naquele momento.

O que será que eu fiz pra merecer isso, meu Deus?

De fato, Jaebeom nunca foi um filho problemático, a não ser na época de escola, onde descontava sua frustração dos problemas com seu pai nas pessoas com as quais arranjava briga. Mas não passava disso, rebeldia de adolescente.

Bem, parecia que até isso estava contra ele hoje.

ㅡ Eu não tenho problemas com a máfia, foi meu pai quem... Olha, não sei nem o porquê eu estou me explicando, você não deve se importar com nada além da sua grana mesmo, então fala logo o que você quer de vez. Já tô fudido mesmo, com essa confusão eu tô é fudido e meio. ㅡ Fala rispidamente. Enquanto falava, seu próprio cheiro apimentado queimava suas narinas.

Youngjae observa ele perder a paciência com a ameaça, mas também pudera, ele era um alfa e se havia algo que alfas faziam era perder a paciência com facilidade.

Bambam levou a mão ao peito, parecendo profundamente ofendido.

— Que alfa mais mal educado! É assim que se fala com um ômega? - Bambam protestou.

Jaebum bufou, próximo ao limite de sua paciência.

— Deixa, Bammie. Não podemos esperar nada de um alfa chucro e grosseiro como ele. - Youngjae disse direcionando um olhar frio à ele. Ele poderia dizer que lhe ofendeu, mas o outro não dizia nada mais do que a verdade - Mas quanto às contas, não pense que irá passar impune. Eu tenho uma proposta à ele.

O moreno novamente franziu a sobrancelha mas não desfez o contato visual com o ômega, estava curioso também.

— Trabalhe para mim, Jaebeom.

O moreno paralisou por um instante. Youngjae aumentou o seu sorrisinho vitorioso. Nem mesmo Bambam pareceu entender qual era a sua intenção já que ele era o seu assistente. Mas hohoho, ele tinha uma ideia para aquele alfa depois de toda aquela confusão que o seu advogado arranjou para si. O único problema é que ele precisava de um alfa para comer em sua mão e Youngjae, hum... Youngjae não era um ômega fácil e nem muito famoso por aí por conseguir manter relacionamentos, pelo contrário, ele espantava todos os alfas que tentavam se aproximar dele, mesmo aqueles que tinham interesse em sua fortuna. Por isso ele precisava de alguém que não iria lhe dar um golpe, que também não estaria mínimamente interessado nele, e que estaria completamente à mercê dele, e toda essa situação com Im Jaebeom era perfeita.

— Você estava prestes a fazer uma entrevista para a Choi Construction mas perdeu o horário quando me atropelou, certo? Pois bem, eu estou oferecendo um emprego à você como forma de me pagar pelo que aconteceu. Você seria um... assistente? Eu perdôo a sua dívida e lhe dou um salário. É pegar ou largar.

Jaebeom o olhou completamente atônito, parecia não saber o que lhe responder.

Bambam riu. Ele já havia se jogado no sofá no canto da sala.

— Ousado da sua parte faltar a uma entrevista na empresa dele.

Jaebum olhou de Bambam para Youngjae, ainda completamente descrente. Como assim empresa dele? Bem que... o sobrenome do garoto era Choi, assim como o nome da empresa, mas ainda assim...

Espera... Foi isso mesmo que ele ouviu?

Só podia ser piada. Ele atropelou o dono da empresa para a qual ele ia fazer entrevista? E ainda por cima ele estava oferecendo um emprego PARA O CARA QUE ACABOU DE O ATROPELAR? Isso devia ser uma ilusão. Na verdade ele deve estar em coma no hospital após ter se ralado no asfalto no acidente e batido a cabeça muito forte. Porque não tinha outra explicação para o que estava acontecendo. Começa a rir, desacreditado.

ㅡ Okay, cadê as câmeras? Isso só pode ser pegadinha. ㅡ Tira as mãos dos bolsos e cruza os braços.

Youngjae, por sua vez, se limitou a reforçar o que tinha acabado de dizer, de forma séria. Jaebeom o olhava, dessa vez confuso. Não podia ser real. Não mesmo. Agora tinha mais certeza de que estava em uma ilusão.

ㅡ E... Que tipo de trabalho você quer que eu... faça...? ㅡ Se força a dizer, mas sem abaixar a guarda. Se aproxima cautelosamente de Youngjae (algo que não havia feito ainda desde o acidente) o analisando enquanto arqueava a sobrancelha, em desconfiança. Repara nas bandagens em sua cabeça e dá de ombros. Deve ser efeito da batida. ㅡ Quer saber, melhor você descansar, você bateu a cabeça com força, deve estar delirando.

Por um breve segundo, Youngjae ficou lisonjeado com a preocupação do alfa com relação à sua saúde, apesar de saber que ele estava em sua perfeita sanidade mental. Não havia batido a cabeça forte o suficiente para estar alucinando, ou talvez até estivesse, pois em algum momento naquele estranho diálogo entre eles os seus olhos o analisaram e acharam a aparência do alfa até atraente... mesmo com o cabelo longo e os piercings, logo o tipo de homem que ele se manteria afastado. Youngjae já era um ômega difícil de lidar e muito exigente - fato esse que o fazia ser solitário no auge dos seus 23 anos, e bad boys definitivamente não faziam o seu tipo. E bem... Im Jaebeom lhe parecia um típico.

Bambam novamente caiu na gargalhada, tirando graça da reação de Jaebeom diante da oferta de Youngjae mesmo que o ômega tenha sido bem direto. Youngjae, por sua vez, bufou.

— Ai céus, Jae, ele é muito lento. Você quer mesmo isso? - Bambam perguntou, revirando os olhos.

Na verdade não, ele não tinha certeza de nada, mas estava agarrando a oportunidade que a vida deu a ele. Se ele não podia ser um ômega independente como sempre quis, um alfa que pudesse manipular era a melhor opção.

Embora a sua intuição lhe dissesse que Im Jaebeom não seria assim tão fácil de manipular como estava imaginando...

— Bambam, marque uma reunião com ele amanhã no meu escritório particular. Dê o endereço.

— Claro, claro, senhor. - o magrelinho começou a anotar freneticamente com uma caneta digital em seu tablet.

— Eu já vou ter saído do hospital, então não se atrase. - Bambam lhe entregou um papel anotado o endereço que ele deveria estar para que eles conversassem melhor amanhã sobre o seu plano mirabolante. Além disso, também precisava resolver algumas coisas... - Agora vá, o seu cheiro está me enjoando. - o ômega fez um sinal com as mãos para que ele saísse.

Assim que este deixou o quarto do hospital, Youngjae finalmente pôde respirar direito. O cheiro daquele alfa era tão intenso em seu olfato que ele não sabia como iria prosseguir com aquilo sem se afogar naquele aroma. Virou-se para Bambam, que parecia rir de alguma coisa secretamente enquanto mexia no seu tablet. Ele não questionava nada, também nunca o questionava, embora o julgasse, e muito.

— Você também sentiu?

— Senti o que? - perguntou o tailandês.

— O cheiro dele... - Youngjae esfregou os próprios braços, sentindo os seus poros se arrepiarem - Não é estranho?

— Achei normal. - o magrelo deu de ombros, sem nunca tirar os olhos do seu tablet. Devia estar fazendo compras online. Sempre que ele estava muito concentrado em algo nunca estava trabalhando.

Youngjae suspirou. Hoje não era o seu dia de sorte... Primeiro descobriu que não iria assumir a presidência sem um alfa ao seu lado, e agora estava com uma perna quebrada, e agora conheceu este alfa teimoso... Mas esperava que com o seu plano pudesse contornar tudo isso. Era uma ideia idiota, e talvez no fim Im Jaebeom pudesse estragar tudo e comprometer a sua imagem... Mas se pusesse rédeas no rapaz, o quanto mais fortes possíveis, melhor seria o resultado final posteriormente. Se ele fosse seguir com essa ideia para frente, teria que investir de cabeça, e do jeito que Im Jaebeom era, também teria que investir a sua paciência.

Esperava que a sua intuição estivesse certa sobre quem aquele homem era.

— Bambam... Chame Jackson. Temos algumas dívidas com a máfia para lidar.

.

.

N/a: Gostaram? O YJ é meio chato mas é o jeitinho dele vocês vão se acostumar kkk. Vou tentar atualizar já amanhã, vou ver se tento att uma ou duas vezes por semana. Amanhã vou att VoL também então fiquem ligadinhos amorecos bjos

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