Em um Naufrágio com o Marquês...

By AnnieLeheron

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CONCLUÍDO Pode o amor surgir do resultado de uma grande tragédia? Cinco dias após o naufrágio, Simon e Louise... More

Prólogo
Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capitulo V
Capitulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Capítulo XV
Capítulo XVI
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Capítulo XIX
Capítulo XXI
Capítulo XXII
Capítulo XXIII
Capítulo XXIV
Capítulo XXV
Capítulo XXVI
Epílogo
📚♥️Agradecimentos ♥️📚

Capítulo XX

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By AnnieLeheron

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Boa Leitura ♥️📚

Louise apertou os olhos e levou as mãos enluvadas aos ouvidos. Música tocava ao lado e as pessoas não conversavam. Todas elas falavam dela, sorriam e zombavam. Ela abriu os olhos de novo quando ouviu um gorgolejar.

- Simon? - Olhou em volta assustada.

- Lou!

Ela só podia ouvi-lo. As pessoas que ainda a olhavam abriram um caminho onde no final havia um aquário enorme e dentro dele estava Simon. Se afogando. Ele a olhava assustado, se debatendo e tentando falar, mas só o que fazia era engolir água. Ele gesticulava com a mão, chamando por ela, pedindo ajuda. As pessoas não paravam, a música de valsa estava mais alta assim com as risadas.

- Ela não vai conseguir.

- Olhe só para ela... Tão... Indigna.

- Ela nunca vai ser como nós.

- Ele vai morrer por causa dela.

Ela não aguentava ouvi-los. Tentou dar passos para frente enquanto a multidão continuava a falar e atacar, rindo, falando de suas vestes. Quando Louise olhou para baixo, se viu apenas de chemise, quase transparente pois também estava molhada.

- Desonrada. Sujou a imagem de sua família.

Continuavam a dizer, diziam tudo àquilo na sua frente o que antes falavam por suas costas, o que seu irmão espalhou por toda Londres. Seu tormento voltara. Simon estava agora desfalecendo, desistindo de sobreviver. Não havia como sair daquele aquário. Ele chamava por ela, então ela o salvaria.

Quando enfim tomou coragem, alguém apareceu a sua frente, era alto e forte, ela podia sentir pela firmeza com que o homem segurava em seus braços e apertava. Quando conseguiu avistar o rosto, suas pernas enfraqueceram.

- Olá irmãzinha.

Louise pode apenas balançar a cabeça. Olivier continuava a apertar e apertar seus braços e as pessoas continuavam a se aproximar, a música ficava mais alta enquanto Olivier a abaixava e seus joelhos abriam conforme os cacos de vidro presentes ali a cortavam.

- Todos em Londres sabem de sua fama, irmã. Olha o que você trouxe para nós. Sua reputação está manchada...

Olivier continuou a dizer, mas ela já não tinha mais como ouvir, não conseguia falar, nem queria. Não tinha forças mais para nada. Olivier era mais forte e a sociedade era cruel. E ela não pôde salvar Simon.

- Lou... Louise acorde!

Ela abriu os olhos sendo chacoalhada. Aos poucos identificou o quarto escuro onde estava. Havia dor em seu braço devido ao fato de estar dormindo por cima, e seu rosto estava molhado pois ela estava chorando dormindo.

- Achei que não acordaria.

Ela virou-se para Simon secando o rosto e ele a abraçou.

- Parece ter sido um pesadelo horrível.

- Foi só um lembrete da minha vida.

Ele tocou o rosto dela a fazendo olhar para ele. Louise estava sem forças para conversa naquele momento, então agradeceu ao beijo e abraço que recebeu de seu amado.

- Quero fazer você a mulher mais feliz do mundo, Louise. Quero ver lágrimas em seu rosto somente por alegria.

- Você me faz muito feliz, Simon.

- Queria poder fazer você esquecer tudo e todos que lhe fizeram mal.

- Não pode controlar todos em Londres e não pode enfrentar Olivier de novo, não quero que se machuque.

Simon respirou fortemente e ela se apoiou no braço olhando para ele.

- Agora ele sabe que estou aqui, que nos reencontramos. Quando nos casarmos e todos souberem quem eu sou...

- Miss Winter. Filha de um barão, em seguida Lady Fosbury. Será uma Lady, uma marquesa.

- São muitos títulos. - Disse ela timidamente.

- Gosto do título: minha esposa.

Louise sorriu e balançou a cabeça.

- As pessoas não me terão como marquesa, mal me reconhecem como a filha ou irmã de um barão. Minha reputação é suja, condenada.

- Eu e você sabemos que não fez nada do que seu irmão espalhou ou do que continuam a dizer. As pessoas me conhecem mais como O Herdeiro do Marquês, como se fosse um título, mas não me conhecem de verdade. Eles podem ouvir a verdade do que aconteceu naquela ilha de mim. Até que isso aconteça, seremos só eu e você. Os outros podem ir para o inferno.

Louise o olhou com um sorriso fraco, passou o cabelo para trás da orelha e deitou em seu peito.

- A Sra. Dahoe comentou bastante por esses dias que devíamos nos apresentar em bailes, ou fazermos nossa festa de noivado. O pesadelo deve ter vindo disso.

- Não precisávamos nos apresentar a Londres. Nossa cerimônia será íntima.

- Se fôssemos a Londres, eu ainda seria Miss Winter. Isso causaria uma grande algazarra... Olivier poderia aparecer e...

- Estou tão... Irado por ele te chegado tão perto de você, não cumpri com minha promessa.

- Você não teve culpa, Simon.

Eles ficaram em silêncio por um tempo, Louise achou que Simon havia voltado a dormir, mas então ele falou novamente.

- Há vários bailes nesta época do ano. Se há um momento para se apresentar a Londres seria este. Eu dançaria todas as valsas e quadrilhas com você. Eu deixaria quê todos vissem o quanto gosto de você, e então faríamos a melhor festa de noivado da história.

Louise sorriu se aninhando a ele. Sabia que Simon crescera naquele meio, enquanto ele participava de bailes ela estava trancada em casa, pois mesmo que os convites chegassem, Olivier não permitia sua presença. Então falava até que estivesse enraizado em sua mente, como todos a olhariam e falariam mal dela e isso acabaria sujando ainda mais seu nome. Afinal ela devia sentir vergonha e sumir da sociedade.

- Acho que eu gostaria de ir a um baile. Se eu fosse outra pessoa...

- Você deveria ser você mesma e aproveitar ao baile. Se é da sua vontade, eu cuido disso. Tenho certeza que podemos receber alguns convites.

- Simon, não brinque. - Ela sorriu puxando a coberta para cobrir o ombro.

- Não estou.

Ele ergueu as sobrancelhas a olhando seriamente. Louise sonhara com bailes, danças e um par perfeito. Não gostava que brincassem sobre isso, no entanto, olhando para Simon, ela saberia que poderiam dar um jeito. Ela precisava apenas criar coragem e enfrentar a sociedade que tanto a julgou sem nem ao menos conhecê-la.

Mas ela estava bem do jeito que estava, não estava? Porque enfrentar a sociedade quando podia viver bem e feliz naquela mansão ao lado de Simon? Louise continuou com essas perguntas na mente durante o restante do dia, desabafando com Mary quando não restava mais ninguém, ela tinha poucas opções de amigos de fato, e Mary se tornara próxima de uma forma inexplicável. Louise gostava muito da criada apesar de ser difícil confiar cem por cento, afinal a mesma havia sido amante de Simon. Fato ao qual ela preferia esquecer.

- Ele será um marquês um dia. Mesmo que tente, não poderá evitar eventos sociais. O casamento de vocês deveria ser um evento como esse.

- Nós decidimos por algo íntimo.

Mary suspirou atrás dela, a encarando pelo espelho deixando de arrumar seu cabelo.

- Sempre fui sincera com a senhorita, então não vou deixar de ser agora. Ele precisa de uma marquesa. Uma mulher que não abaixe a cabeça que esteja a altura do que é esperado dela. Eu sei que ele não irá cobrar isso de você, mas a sociedade vai. Uma cerimônia de casamento íntima não irá mudar este fato, Srta. Winter. Precisa estar preparada.

- E como eu me prepararia para isso? Alguma sugestão? Oh, você deve ter já que achava que ele se casaria com você e viria a fazer parte da elite. Me diga como planejou enfrentar isso?

Mary semicerrou os olhos ainda encarando Louise pelo espelho, por trás da fúria havia mágoa, uma mágoa profunda fazendo com que Louise se sentisse a pior mulher do mundo.

- Desculpe, eu não...

- Eu estou bem resolvida com a situação, desde que decidi continuar trabalhando aqui e então me tornando sua criada, porque realmente é isso o que sou. Não faço parte da elite, eu nunca me encaixaria, de fato. No entanto estou muito feliz com o homem com quem vou me casar. Eu achava que somente... Simon poderia me fazer feliz daquele modo, eu o amei tanto... Achava mesmo que me amasse da mesma forma. Mas não e eu encontro alguém que me ama como realmente mereço.

Louise desviou o olhar não sendo incapaz de esconder a fúria do sangue em suas veias, sua pressão subir enquanto o ciúme tomava conta de si. Tinha sido difícil para ela também ter como criada a ex amante de Simon, mas desde que Mary veio dizendo que o que havia acontecido entre eles era passado e que ela só queria trabalhar com dignidade, elas não falavam mais sobre ele. No entanto, Mary adorava falar de seu noivo e de como era feliz com ele.

- Respondendo a sua pergunta. - Retomou Mary ao mesmo tempo que voltava a pentear os cabelos de Louise. - Eu sabia que Simon me protegeria, mas que ainda assim falariam de nós. Então eu daria o meu melhor nos eventos sociais, dos meus deveres como marquesa, eu seria espetacular, faria tudo certo. Para que tudo que falassem por trás não fosse verdade, para que as pessoas que decidissem serem próximas a nós, enxergassem a verdade. Sim, ele havia se apaixonado e se casado com uma criada. Que incrível e inesperado! O seu caso é diferente, a senhorita é uma lady, eles tem a obrigação de não rejeita-la.

- Eles rejeitam alguém com a reputação suja como a minha.

Mary a virou na cadeira e suspirou olhando para Louise da mesma forma que Marrie olhava as vezes.

- Não têm a reputação suja, eles acreditam que sim, mas a senhorita os deixa acreditar quando continua a se esconder e não bota a cara a tapa.

Mary fez um reverência e saiu do quarto deixando Louise sem fala. Ela se voltou para o espelho e ficou se encarando. Havia se trocado para o jantar e sabia que Simon a estava esperando, mas não conseguia tirar o pesadelo de sua mente, a conversa que tiveram quando ele a acordou. E então agora Mary, ela queria ser tudo para Simon, tudo que ele precisava. Queria que ele se orgulhasse dela e não a tivesse como um fardo.

Mesmo que ele garantisse que estava tudo bem, ela sabia que teria outras responsabilidades, se casar com ele significava muitas coisas, não poderia pensar só no amor. Quando decidiu voltar para a Inglaterra com ele aceitou que deveria enfrentar Londres e seu falatório, então esqueceu aquilo por um tempo, fantasiando a vida em uma propriedade no campo, sem a sociedade intervindo em sua vida, mas tinha consciência de que não poderia ser assim sempre.

Quando chegou a mesa de jantar Simon levantou e sorriu para ela. Eles ficaram em silêncio até que tivessem se servido. Eles não haviam se visto desde o almoço, mas Simon estava apressado.

- Recebemos cartas de Naomi e William.

- É mesmo? Porque não falou antes?

- Achei que seria interessante lermos antes de dormir.

Ele deu um sorriso sugestivo e Louise sorriu timidamente olhando para os criados, procurando saber se haviam escutado algo. Se sim, souberam disfarçar bem. Ela devia se acostumar com Simon dizendo tudo o que queria ali, mas ainda ficara envergonhada por saber que podiam imaginar ela tendo relações mais íntimas com Simon antes do casamento. Tinha quase certeza de que não era segredo nenhum que eles dormiam na mesma cama todas as noites.

- Há mais novidades? - Perguntou levando batata a boca.

- Não das quais você acharia interessante. - Simon deu de ombros.

Eles voltaram a jantar conversando casualmente a maior parte em silêncio. Mesmo após o jantar Simon voltou para o escritório e Louise o acompanhou, ela estava ansiosa para saber o que Naomi havia escrito, mesmo sabendo que não seria uma resposta para sua última carta que enviou, referente a visita inesperada de seu terrível irmão.

- Onde está?

Ela perguntou quando Simon se colocou atrás de sua mesa. Ele apenas riu e pegou um maço de cartas separando as quais interessavam a eles, então a direcionou as poltronas para se sentarem. Enquanto ele lia a de William, Louise quase gritara de expectativa abrindo o envelope com as palavras de Naomi.

Ela riu da escrita da amiga, definitivamente Naomi havia escrito aquilo sozinha, e então Cameron corrigiu as frases e palavras com erro por cima, deixando a folha de carta com rasuras, mas ela entendeu o conteúdo. O pequeno Simon Ichiro era uma benção e crescia muito bem, saudável. A amiga sentia falta de Louise, muita, como ficou claro por diversas vezes na carta. Naomi também já havia encomendado o vestido que usaria em seu casamento e toda vez a estilista precisava fazer novas medidas devido ao fato dela estar emagrecendo. Naomi também revelou que adorava a presença e amizade de Cameron, as duas havia se dado muito bem.

Cameron quem finalizou a carta com um P. S informando que adorava trabalhar e ter a amizade de Naomi, estava agradecendo Louise imensamente. O conteúdo da carta aqueceu o coração de Louise de forma que ela levou as folhas ao peito e suspirou de olhos fechados, a saudade apertando.

- Sente saudade? - Ela abriu os olhos ao ouvir Simon e sorriu para ele.

- Muita.

- Eles estarão aqui, falta pouco.

Ela assentiu e dobrou as folhas guardando no envelope novamente.

- Está tudo por lá? William está tendo problemas?

Simon a olhou surpreso com suas perguntas, mas assentiu enquanto guardava sua carta.

- Ele está com saudade do mar, mas está cuidando do trabalho no porto. A frota está seguindo bem... Conseguimos novos clientes. Tudo está bem por lá. Tudo está bem nas viagens...

- Sente saudade? - Ela repetiu sua pergunta.

Simon a olhou inclinando a cabeça e suspirou baixando os ombros largos.

- Sinto saudade da rotina, de dar comando aos homens, de seguir as rotas e encontrar pontos novos para explorar a cada ida e volta. É tudo muito, muito diferente do que estar aqui e passar o dia estudando o livro caixa com o contador das propriedades e advogado. É diferente de acompanhar todas as refeições do meu pai e tentar encontrar onde ele está sendo envenenado, ao mesmo tempo ver que ele não quer fazer nada para mudar sua situação. Apenas escrever em seu diário, me ignorar, me tratar mal, eu apenas não entendo o porque de tudo isso.

Louise ergueu as sobrancelhas a cada desabafo de Simon, ela entendeu que ele estava esgotado, que toda a situação estava pesando em seus ombros. Ela não tinha sentido a dimensão de tudo aquilo ainda, Simon tentava não envolve-la, ele prometeu que a relação dela com o marquês seria somente o necessário, mas ela entendeu agora que ele não poderia mais não falar com ela. Simon precisava de um amigo para enfrentar tudo aquilo, precisava de uma mão para segurar. Precisava dela.

Ela levantou e pegou a mão dele nas suas, deixando um beijo ali. Simon ergueu os olhos para os dela, onde ela podia ver a vergonha e tristeza tomando conta dele. No outro dia, ela o fez se sentir bem com sua boca, de uma forma totalmente inédita e quando ela não estava tão confiante de que estava fazendo certo, mas ele parecei ter gostado bastante.

Agora no entanto, ela sabia que um toque íntimo não iria ajudar, apenas afastar por alguns instantes aquele cansaço, ele precisava chorar novamente e ela lhe daria o ombro. Então o fez levantar e o abraçou.

- Lou...

Simon imediatamente passou os braços por sua cintura e afundou o rosto em seu pescoço, se curvando sobre ela devido a sua altura, mas ele não se importava com aquilo, nem ela. Então Simon chorou, porque sentia que estava perdendo o pai e que as responsabilidades que ele queria que viesse tardiamente estavam chegando.

Louise só conseguia se lembrar de quando perdeu o pai e só queria ser abraçada por ele. Ela não teve o que queria, mas agora ela lhe daria, não poderia fazer o marquês sobreviver, já que o próprio médico atestara que lhe faltaria pouco. Ela abraçaria Simon por toda a eternidade para que ele pudesse chorar o quanto quisesse, mas que também sorrisse, gargalhasse. Talvez ele precisasse de uma distração. E ela daria um jeito naquilo.

Naquela noite quando duas velas apenas estavam acesas e Simon a abraçava por trás enquanto beijava seu pescoço depois de terem feito amor, Louise respirou profundamente e levou a mão ao cabelo de Simon, acariciando a longa mexa.

- Você disse que poderia dar um jeito de irmos a um baile.

- Certamente. - Ele murmurou continuando a trilha de beijos.

- Talvez devesse confirmar nossa presença para um em breve.

Ele parou os movimentos completamente e ela proibiu o próprio corpo de se encolher.

- Um baile? Em Londres?

- Onde mais poderia ser? - Ela virou-se para ele que se apoiou no cotovelo. - Temos que nos apresentar novamente a sociedade.

- Quer anunciar nosso noivado? Para todos?

Ela suspirou profundamente e voltou a olhar para ele.

- A Sra. Dahoe e Mary têm razão, sabe? Elas me confirmaram quais responsabilidades eu deveria arcar. E tenho para mim que isso seria melhor que acontecesse agora. Quando você assumir o marquesado... Haverá tanta coisa acontecendo, não quero que tenha preocupações em sua mente sobre como estarei lidando com tudo. Podemos comparecer a dois bailes, acho que será o necessário para começar. Todos entrarão em choque quando virem a Miss Winter pela primeira vez realmente. E isso já é grande demais.

Simon continuava a olhando de cenho franzido, ele passou a língua pelo lábio e acariciou o rosto dela com o dorso da mão.

- O que está dizendo... Louise... Assim que ouvirem seu nome, será um choque...

- E é melhor que eu enfrente isso logo, está mais do que na hora. Não posso deixar que continuem pensando coisas de mim, e se continuarem pensando, não vou deixar que imaginem essa imagem de mim. Sou uma Lady, sou sua noiva e quero ser respeitada, eu mereço isso.

Louise disse com convicção e Simon balançou a cabeça em concordância, um sorriso se formando em seus lábios.

- Então temos alguns pontos importantes para resolver.

- Quais? - Perguntou em expectativa.

- Teremos que fazer com que sua imagem e vida impecável seja espalhada por aí, por sorte conheço a segunda maior fofoqueira de todas...

- Simon! - Louise riu do modo de falar.

- Mas é a verdade, ela diz isso sobre ela mesmo com orgulho e é uma ótima pessoa. Temos que ter certeza de que as pessoas saibam quem você é e o que se tornará. Vamos reverter a visão que as pessoas tem de você. Eles a conhecerão de verdade. Não uma garota com a reputação imprópria ou a mulher que fugiu de sua própria casa para longe como seu maldito irmão inventou.

- Olivier...

- Darei um jeito de que ele não esteja nesses eventos, que nem chegue perto de você. Essa promessa é verdadeira.

Louise suspirou assentindo. Sabia o quanto Simon se culpava pelo último encontro de Louise com Olivier, afinal ele havia feito uma promessa que o barão nunca chegasse perto dela. Agora que ele havia mencionado, ela estava um pouco mais nervosa.

- Como faremos opara sermos convidados nesse evento?

- Partimos do nosso primeiro e então veremos daí. Só tenho uma certeza: não serão muitos, pretendo anunciar nosso noivado o quanto antes.

- Isso realmente será um choque. - Ela deu uma risadinha.

- Não tanto quanto depois que eu dançar todas as danças com você.

Ela riu balançando a cabeça e levando a boca a dele quando ele abaixou para encontrar a dela.

- Se é isso o que você quer. Eu vou cuidar de tudo, querida.

- Eu quero. Se estiver tudo bem para você também.

Ele a olhou nos olhos e Louise viu quando ele percebeu que ela estava se referindo ao marquês. Simon fechou os olhos e balançou a cabeça concordando.

- Está tudo bem. Será perfeito. Realmente conheço as pessoas certas. - Louise sorriu voltando a beija-lo.

Três dias haviam se passado, desde aquela conversa, e todas as noites Louise incentivava Simon a falar sobre seu dia, a desabafar com ela. E tudo estava seguindo perfeitamente bem, ele havia escrito para um amigo convidando ele e sua família para um visita, sabendo que a mãe do amigo, Edmund como ele havia mencionado, seria a escolha perfeita para esse novo início.

Mary ficou surpresa ao saber, mas então ficara nervosa e ansiosa por saber ela iria acompanhar Louise em Londres também. Naquela tarde, eles receberiam as visitas de seus futuros anfitriões, algumas coisas precisavam ser explicadas e ela estava nervosa com a situação, então decidiu que terminaria um livro para acalmar os nervos, leria até que Simon fosse a chamar após as visitas chegarem, como haviam combinado.

Tamanha foi sua surpresa quando adentrou na biblioteca e encontrou com o marquês guardando um livro em uma prateleira. Um livro que ela não havia notado antes.

- Vossa Graça.

Ela fez uma reverência de respeito enquanto o homem se virava de encontro a ela. Ele estava vestido o mais formal que podia, mas parecia que seu valete não estava presente quando o marquês decidiu sair de seu quarto, ele mal conseguia se apoiar na bengala. Louise se perguntava como ele conseguiu andar por toda a mansão até ali, mas decidiu não perguntar a ele.

- Enfim nos vemos novamente.

- Eu só estava a procura de um livro. - Ela olhou para a porta atrás de si.

- Obviamente. - Ele girou o dedo mostrando a biblioteca. - Não deixe que eu a atrapalhe.

Ele foi para o canto da sala e Louise assentiu indo até a prateleira onde estava seu livro. Ela olhou para o marquês o vendo secar a boca após um sessão de tosse que estava fora do decoro, não que eles vivessem muito em decoro ali. O marquês a olhou por completo enquanto se aproximava e observou o título de seu livro, dando uma risadinha então olhando seu rosto por inteiro.

- Seu irmão estava enganado, você se parece com ela. Sua mãe. Agora que é uma mulher é mais fácil perceber os traços. Ela também gostava muito de ler.

Louise baixou o olhar incomodada com o assunto que ele surgiu.

- Creio que isso seja a única coisa que temos em comum.

- Discordo. - Louise sentiu o sarcasmo na voz do marquês, então o encarou.

- Quer que eu peça que entreguem algum livro em seu quarto? Precisa descansar e vendo que como minha mãe, eu gosto muito de ler. Posso indicar algo muito bom.

- Outra coisa que vocês têm em comum. A língua afiada.

Louise deu um passo para trás querendo se afastar do marquês. Odiava a tristeza que ele causava em Simon, e odiava o fato dele falar sobre seu passado daquela forma. Um passado que ela não conhecia, quando ele próprio junto de Olivier havia se intrometido também. Olhando novamente para o marquês ela decidiu tomar a coragem, sua mudança não viria somente nos bailes e eventos sociais. Ela começaria dali.

- Está acabando com ele. O senhor está acabando com ele, quando age com todo esse orgulho, quando se recusa a aceitar o tratamento que pode salva-lo. Simon o amava e o senhor está destruindo ele.

- Você não sabe o que está dizendo.

- Sei que amo Simon e com isso quero sua felicidade. Você diz o amar, mas não está dispostos a lutar. Simon quer que esteja presente em nosso casamento, nos abençoando apesar de ter feito tanto para nos separar. Eu não posso dizer que o perdoei, mas Simon certamente o fez, ou o fará. O senhor é pai dele. Deveria estar feliz e presente em seu casamento.

- Só que eu não quero estar presente nesse casamento! - Louise se assustou com o tom feroz e elevado do marquês. - Não quero estar lá de pé e vê-lo casando com você! Não quero viver para este futuro, onde você e sua família nos inferniza por toda a eternidade. Eu prefiro morrer do que me sujeitar a isso, me sujeitar a ver meu filho tomando você, coisinha insignificante, como esposa.

- Basta!

A voz firme, cortante, veio da entrada da biblioteca. Simon estava parado ali, encarando o pai com um olhar mortal, ele com certeza havia escutado o que o pai dissera.

- Saia de perto dela. - Seu tom era mortal, como seu olhar.

- Eu não disse antes, mas não vejo porque não dizer agora. Casar-se com essa mulher será um erro, Simon. Eu estava com medo de dizer antes, mas não tenho nada mais a temer se a morte me espera como bem sabemos...

- Eu disse: basta, não quero ouvi-lo.

Simon se aproximou a passos rápidos de Louise tocando seu rosto e a abraçando, ignorando completamente o marquês.

- Sinto muito, querida. Sinto muito. Vim avisá-la de que nossas visitas chegaram.

Louise não havia derrubado um lágrima nem mesmo sentiu vontade de chorar, tudo o que corria em suas veias era raiva, por todas as palavras ditas pelo marquês e pelas não ditas, as quais ele disse apenas com o olhar. Louise não significava menos que nada para ele, então ele iria retribuir o sentimento com prazer. Estava farta daquilo tudo.

- Eu devo me preparar para vê-los então, com licença.

- Espere na sala verde.

Ela olhou para Simon e acariciou a mão que lhe tocava o rosto antes de sair da biblioteca ignorando completamente o marquês. Ouviu a voz alta de Simon, mas decidiu ignorar. Então se arrumou rapidamente, recompondo a postura.

Quando Simon a encontrou na sala verde uma bandeja de chá e aperitivos já havia chegado, ele caminhou diretamente até ela, aninhando seu rosto nas mãos e a beijando com paixão.

- Estou o odiando! Odiando!

- Simon...

Ela tocou-lhe o rosto também balançando a cabeça com um olhar doce e se afastou pressentindo a entrada das visitas. Simon havia falado um pouco sobre eles. Sendo Edmund um amigo antigo de Simon e sua família uma da maiores e mais respeitadas de toda a Inglaterra.

Alfie os apresentou então e Louise observou enquanto as três pessoas entravam na sala, queixo para cima e nariz empinado. Havia o homem, que era muito bonito com seus cabelos preto e olhos em um azul safira como os da mulher mais velha atrás dele, o parentesco não poderia ser negado olhando para eles, sendo a cópia fiel. Ao lado do conde, uma moça, mais jovem que Louise, com seus cabelos loiros e olhos azuis claros. Ela era delicada, e parecia tímida.

Todos se vestiam muito bem, peças elegantes da última moda feitas com os melhores tecidos, assim como as roupas que ela e Simon estavam vestindo. Ela engoliu em seco nervosa e sorriu quando se aproximaram para os cumprimentos.

- É um prazer conhecê-la, Miss Winter. - O conde curvou-se para beijar sua mão estendida então sorriu voltando o olhar para suas acompanhantes. - Permita-me apresentar minha esposa e minha mãe.

Ele apresentou a condessa que sorriu timidamente para Louise e acenou com a cabeça assim como Louise que fez um reverência mais baixa devido ao seu título.

- Está magnífica, Lady Ashworth. - Disse Louise com uma reverência.

O mesmo aconteceu com a condessa viúva, mas esta tinha um olhar mais avaliativo. Ela deu uma piscadela então voltou seu olhar para Simon abrindo um sorriso grandioso quando ele beijou sua mão.

- Continua gracioso, milorde.

- E a condessa continua incrivelmente bela.

Louise queria rir do tom galanteador de Simon, mas fora a risada da condessa viúva quem tomou o ambiente. Ela tomou seu lugar sentando-se seguida por sua nora e então Louise. Os rapazes foram os últimos.

- O Marquês não se juntará a nós? - Perguntou a matriarca.

- Ele está indispostos hoje.

- Oh, sinto muito.

Simon assentiu, mas Louise percebeu seu maxilar se contraindo enquanto ele pegava a xícara de chá que ela havia servido a ele depois de todos.

- Imagine a minha surpresa quando recebemos um convite para uma visita sua, eu nem sabia que estava de volta a Inglaterra, milorde.

- Não faz muito tempo que voltamos, na verdade essa visita é para um pedido sério. Não consegui pensar em ninguém melhor do que vocês.

Edmund olhou para sua esposa e depois para sua mãe, antes de voltar seu olhar para Simon. Louise o percebeu incomodado com algo, mas não sabia bem o que seria. Ele não parecia bem.

- No que podemos ajudar, Simon? - Perguntou o Conde de Kent.

Louise se preparou então para o que Simon diria a seguir. Ela olhou para a única pessoa que parecia nervosa assim como ela. Lady Ashworth devolveu o olhar e então sorriu franzindo levemente as sobrancelhas.

- Gostaria que nos ajudasse a apresentar minha noiva a sociedade, como deveria ser feito anos atrás.

A condessa viúva ergueu uma sobrancelha inclinando a cabeça e observou Louise dos pés a cabeça, então um sorriso gentil se formou.

- Ao que disse na carta ela e filha de um barão, não precisa ser apresentada.

Simon olhou para Louise e assentiu para que ela prosseguisse.

- Sou filha do falecido Barão de Surrey, atualmente meu irmão mais velho possui o título. Nunca fui apresentada devidamente a sociedade.

Os visitantes olharam para ela e para Simon de olhos arregalados e boca aberta ao perceber quem ela era, claro que haviam ouvido falar dela. Não fora Simon quem disse que a condessa viúva era a segunda maior fofoqueira de Londres? Ela desviou o olhar para suas mãos quando Simon começou a contar a história deles, não conseguia de jeito nenhum encara-los novamente.

Essa foi a primeira a aparição do casal do segundo livro da série Herdeiros.
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Story do ig @ana_literalizou

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