"Cala. A. Porra. Da. Boca." Ele queria vê-lo sofrer, mais do que nunca, e a quantidade de raiva fervendo dentro dele provavelmente deveria tê-lo assustado, mas não o assustou.
"Vem –" Os olhos de Clifford se arregalaram, quando essa única palavra passou por seus lábios, e então ele rapidamente fechou a boca para se impedir de continuar a frase.
Luke nem percebeu, estando muito ocupado tropeçando para frente e apertando o punho, pronto para jogá-lo diretamente no rosto estúpido de Clifford. Mas então, exatamente no mesmo momento, Clifford também tropeçou para frente, e apenas meio segundo depois seus peitos colidiram.
Assim como seus lábios.
Os olhos de Luke se abriram em choque. Seu primeiro instinto era saltar para trás, correr por sua vida e nunca mais trazer à tona aquele beijo acidental, e era seguro dizer que Clifford concordaria totalmente com isso.
Um batimento cardíaco depois, Luke estava sendo empurrado contra a parede e os lábios de Clifford estavam de volta por conta própria. Fazendo um pequeno barulho na parte de trás da garganta, Luke estava prestes a agarrar os ombros e afastá-lo dele, mas então ele percebeu que isso parecia realmente muito bom e ficou completamente parado por uma fração de segundo. Embora seus corpos já estivessem apertados firmemente, Clifford se inclinou ainda mais perto agora, emaranhado as mãos no cabelo de Luke e movendo seus lábios freneticamente contra a boca fechada dele.
Os olhos de Luke se fecharam. Ele sentiu uma sensação de formigamento correndo por todo o seu corpo, e seu cérebro poderia muito bem ter desaparecido. A única coisa que ele sabia neste momento era que os lábios de Clifford ficaram muito bons nos seus para separa-los, e que suas mãos queriam se enterrar tanto, tanto no cabelo de Clifford.
Ele permitiu que elas fizessem isso sem hesitação, fazendo com que Clifford soltasse um pequeno gemido. Então ele percebeu que Clifford estava passando a língua sobre o lábio inferior, e um pequeno som de prazer escapou de sua própria garganta.
"Vai se foder," ele gemeu na boca de Clifford e puxou um pouco o cabelo, provocando outro gemido dele. "Foda-se, Clifford ..."
Michael não parecia aprovar que ele desperdiçasse tempo falando, porque ele estava praticamente forçando a língua na boca de Luke e Luke estava tão, tão bem com isso. Quando suas línguas se encontraram pela primeira vez - apenas um contato curto, antes que ambos se afastassem novamente - ele soltou um pequeno gemido; foi ridículo, na verdade, o quão rápido ele quase derreteu no toque de Clifford, mas Clifford não parecia se importar.
Na verdade, ele parecia bastante feliz com isso, a julgar pela maneira como ele soltou uma pequena risada sem fôlego antes de voltar a atacar a boca de Luke tão ferozmente que o aperto das mãos de Hemmings em seu cabelo ficou imediatamente mais forte. E mais uma vez, isso fez com que Clifford gemesse alto, então Luke imaginou que poderia muito bem continuar fazendo isso.
Isso foi bom. Bom pra caralho. Na verdade, Luke não conseguia se lembrar de um único momento em sua vida em que se sentiu tão bem. Em um estado menos bêbado, ele provavelmente já havia processado que este era Michael Clifford, a quem ele estava se agarrando - também conhecido como errado, errado, errado!! - mas mesmo assim ele não poderia se importar menos. Seu coração nunca bateu tão rápido, sua pele nunca ficou tão quente, sua mente nunca ficou tão confusa... apenas beijando alguém.
Mas em algum momento, beijar simplesmente não parecia mais ser o suficiente, mesmo que fosse quente. Clifford separou seus lábios dos de Luke e começou a beijar ao longo de sua mandíbula, garganta e finalmente ao longo de suas clavículas expostas. Luke nem tinha notado quando exatamente a metade superior de sua camisa xadrez emprestada ficou desabotoada, mas ele definitivamente não ia reclamar.
"Deus," ele ofegou e apertou os olhos fechados depois de olhar para Clifford por alguns segundos. Então ele puxou o cabelo novamente e Michael gemeu contra sua pele, enviando vibrações por todo o corpo de Luke e fazendo-o ofegar novamente, e antes mesmo de Luke saber o que estava fazendo, ele começou a roçar contra o outro garoto.
"Porra." Clifford amaldiçoou com uma voz rouca, freneticamente recuando sem hesitação.
E assim, Luke estava ficando meio duro em uma fração de segundo, e foi isso que finalmente o tirou do atordoamento. Seus olhos se abriram quando ele percebeu o que diabos eles estavam fazendo aqui, e seu cérebro levou apenas alguns segundos para dizer ao resto de seu corpo o que fazer.
"Não, não, merda ..." Ele agarrou os braços de Clifford e o afastou, e antes mesmo de Clifford ter a chance de reagir, Luke já estava correndo pelo corredor e tropeçando pelas escadas. Ele viu Ashton de pé a apenas dois ou três metros dele, ou melhor, encostado em uma parede, e é claro que ele estava ocupado beijando o rosto de Hood e se esfregando um pouco contra ele. Ótimo, e agora? Ele não podia simplesmente ir até ele e implorar para levá-lo para casa, poderia?
"Ouça, Ash, eu fiquei com Clifford porque claramente estou bêbado, mudo e sexualmente frustrado, então você provavelmente deveria me levar para casa agora." Sim, não vai acontecer. Além disso, ele nem estava tão bêbado, apenas um pouco bêbado. Ele definitivamente não podia culpar tudo pelo álcool e Ashton saberia. Então, contar a ele o que havia acontecido não era absolutamente nenhuma opção - mas nem ficar aqui e arriscar encontrar Clifford novamente. Porra.
Seus pensamentos foram interrompidos, quando de repente ele ouviu uma voz arrastada atrás dele: "Luuuke, meu amigo! É tão bom te ver, como você está?"
"Deus, Zayn," Luke suspirou, enquanto se virava e enfrentava seu amigo bêbado. "Onde está Liam? Ele deveria ficar de olho em você, pelo amor de Deus!"
Zayn encolheu os ombros e jogou um braço em volta dos ombros do amigo, cantarolando alegremente. "Não sei. Vamos lá, eu quero outra cerveja!"
"Oh não, definitivamente não. Obviamente, você já bebeu o suficiente pela noite," Luke protestou imediatamente.
"Apenas três cervejas."
"Sim, e você sabe que não pode ter mais, você é fraco."
Zayn olhou para ele com uma faneca nojenta e adorável e Luke estava prestes a dizer mais, mas só então Liam apareceu do nada e puxou seu namorado para um abraço caloroso. "Ei Zayn. Por favor, não me diga que você tomou mais do que aquela cerveja. Merda, sinto muito, é que eu tinha muito que fazer xixi então dois caras brigaram na frente do banheiro e eu tentei intervir e –"
"Pare de divagar, Payno. Vamos sair daqui, certo? Podemos chamar um táxi e dividir o valor", sugeriu Luke enquanto arrastava os dois em direção à porta da frente.
Zayn balançou a cabeça com veemência, mas Liam concordou surpreendentemente rápido. "Sim, tudo bem. Ash provavelmente quer ficar mais tempo, certo? Eu o vi pegando um cara mais cedo."
"Sim. Todos nós sabemos que esse cara, é Calum Hood. Você acredita que meu irmão está saindo com um de nossos colegas de classe?" Luke resmungou, tentando não pensar no fato de quem ele mesmo havia feito isso há apenas alguns minutos.
"Calum e seu irmão? Isso é meio quente, na verdade," Liam riu, apenas ganhando um gemido em resposta.
"Luuuuke," Zayn de repente começou a reclamar e quase tropeçou em seus próprios pés na tentativa de tropeçar no degrau da porta. "Por que ele acha que outros caras são gostosos?"
"Sério, como ele ficou tão bêbado de apenas três cervejas?" Luke reclamou, tirando o telefone do bolso e procurando o número da empresa de táxi mais próxima.
Liam soltou uma pequena risada. "Mas é fofo. Não se preocupe, Z, você ainda é o cara mais gostoso deste planeta. Eu te amo, agora pare de mau humor, certo?"
"Vocês dois são os piores," Luke murmurou antes de chamar um táxi e levar seus amigos pelo quintal da frente.
Nem meia hora depois, ele foi o primeiro a sair do carro, e ficou muito grato por isso. Ele tinha certeza de que não poderia mais ter ouvido o balbucio bêbado de Zayn, pelo menos não sem asfixiá-lo até a morte. Além disso, ele realmente precisava ficar sozinho depois do que aconteceu na festa. Felizmente, Liam estava tão ocupado abraçando seu namorado que nem notou o leve desespero nos olhos de Luke.
Durante o passeio, ele mandou uma mensagem para Ashton para informá-lo de que já havia ido para casa e, até agora, não obteve uma resposta. Luke realmente não queria pensar na razão mais provável para isso. Afinal, com quem seu irmão decidiu estar, não era da sua conta.
"Luke", disse sua mãe, quando o viu entrando pela porta da frente. "Por que você está em casa tão cedo? Onde está Ash?"
"Hum, ele ainda está na festa. Eu só estava ficando cansado e, hum, chamei um táxi. Tudo bem, Zayn e Liam também queriam ir para casa", ele respondeu rapidamente, dando-lhe um sorriso tranquilizador e indo para o quarto dele.
"Espere. Isso é uma contusão na sua clavícula?" ela perguntou incrédula, e Luke sentiu um rubor quente subindo pelo pescoço dele. Maldito Michael Clifford e suas impressionantes habilidades de sucção ... oh Deus, agora seus pensamentos estavam definitivamente indo na direção errada, e isso não o ajudou a ficar calmo.
"Oh, hum, sim ... isso provavelmente aconteceu quando eu não vi aquela moldura da porta," ele mentiu, tentando soar o mais casual possível e falhando miseravelmente.
Ela continuou olhando para ele, fazendo com que ele se sentisse ainda mais desconfortável. "Querido, isso não parece esse tipo de contusão. Além disso, essas não são suas roupas", apontou ela com uma voz calma demais.
Foi quando ele entrou em pânico. "Eu caí na piscina, certo? Harry me deu algumas de suas roupas. E estou muito cansado, vou para a cama!" ele praticamente gritou antes de se virar e correr para o quarto.
Toda essa situação foi tão devastadora e ele não tinha ideia de como lidar com isso. Diabos, ele nem sabia por que ele e Clifford começaram a se beijar em primeiro lugar, e por que se sentiu tão bem. Claro, ambos beberam algumas bebidas, mas isso não foi desculpa para beijar alguém que eles absolutamente não gostavam. E por que beijar uma pessoa que ele odiava foi tão... tão fantástico?!
"Foda-se, Clifford! Você começou, seu idiota!" Luke murmurou enquanto andava em seu quarto. Deus, ele o odiava por fazer isso com ele. O que ele deveria fazer na escola a partir de agora? E se Clifford tivesse feito isso só para envergonhá-lo de alguma forma, porra, e se ele fosse contar a alguém?! Pelo menos essa foi uma das únicas explicações lógicas pelas quais ele fez isso; a outra seria que ele estava realmente bêbado, o que Luke esperava desesperadamente ser o caso.
.....
Na manhã de segunda-feira, quando sua mãe teve que tirá-lo fisicamente da cama, ele não queria nada mais do que implorar para ela deixá-lo ficar em casa pelo resto de sua vida. Que tal estudar em casa ou cursos on-line ou simplesmente ir para a escola de Ashton? Ou que tal abandonar completamente a escola e se esconder em algum lugar da Europa ou da América, onde ninguém jamais o encontraria? Tudo isso parecia muito mais tentador do que ir à escola e ter que enfrentar Clifford novamente, mas como ele deveria explicar isso à sua mãe?
Ashton, aparentemente apaixonado loucamente e tudo mais, nem parecia ter percebido que seu irmãozinho estava passando pelo inferno agora. Ele estava cantarolando canções de amor no banheiro e na mesa do café da manhã, e ainda estava fazendo isso quando saiu de casa e entrou em seu carro.
Luke sentiu que estava prestes a vomitar. Quando chegou na escola, ele quase se virou para escapar de seu destino cruel.
"Ei bro, como foi seu fim de semana?" Liam perguntou, de repente aparecendo ao lado dele e olhando com expectativa, enquanto mastigava o que provavelmente era seu terceiro sanduíche do dia.
Luke tentou desesperadamente se acalmar. Não funcionou nada.
"Cara, você está bem? Você esta muito pálido, está ficando doente?"
"Estou bem," Luke respirou, segurando o braço de seu amigo sem sequer perceber. Niall levantou uma sobrancelha, mas não disse nada além de: "Pode parar de apertar, por favor? Meio que dói."
Luke assentiu com a cabeça e soltou. Seu coração estava batendo muito rápido e ele começou a se sentir tonto, assim como na sexta-feira à noite, quando foi pressionado contra uma parede, tendo o melhor toque de sua vida. Só que desta vez não foi nada fantástico.
E então ele viu Calum Hood.
"Hum, oi pessoal," ele disse quando eles estavam se aproximando dele, e corou um pouco.
Enquanto Liam não estava fazendo um bom trabalho escondendo um sorriso, Luke tentou o seu melhor para não entrar em pânico. "Oi," ele coaxou.
O de cabelo escuro mordeu o lábio inferior. "Hum, Hemmings ... Achei que provavelmente deveríamos conversar. Você tem um segundo?"
"Claro que sim," Liam riu nada sutilmente e desapareceu com um aceno de mão.
Luke olhou para Hood com olhos arregalados. Ele não deveria ter comido aquela torrada no café da manhã, parecia que ia vomitar a qualquer minuto. Clifford tinha contado ao seu melhor amigo o que havia acontecido entre eles? Ou do que se tratava? Luke demorou um momento para lembrar que, oh, certo, havia essa coisa acontecendo entre seu irmão e o garoto na frente dele.
"Então, Hemmings ... ok, isso é muito estranho, quero dizer, já que agora estou saindo com seu irmão ..." Hood limpou a garganta audivelmente. "Eu só vou te chamar de Luke, certo? Quero dizer, esse é o seu nome, obviamente, mas ... hum, sim, você deveria me chamar de Calum, o que você acha?"
"Oh." Os olhos de Luke se abriram ainda mais. "Ok. Claro. Contanto que você não queira que eu chame seu amigo estúpido de Mi-"
"Oi Cal."
As palavras morreram na garganta de Luke quando ele ouviu a voz de Clifford atrás dele. Porra, porra, porra, porra.
"Tchau", disse a Calum e fugiu, quase esbarrando em vários outros alunos a caminho da entrada do prédio da escola.
Mais tarde, quando ele estava sentado em sua sala de aula, apenas metade ouvindo as palavras de seu professor e as conversas silenciosas de Liam e Zayn, ele tentou não olhar para a parte de trás da cabeça de Clifford. E mais uma vez, ele falhou miseravelmente.