Deus também estava lá.

By jar140128

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Claudia é uma jovem traumatizada, protegida pelos pais, e descrente. Ela decide morar sozinha e trabalhar, e... More

Prólogo - Se os teus olhos forem bons, você terá luz.
01 - O Senhor é o meu refúgio.
02 - Eu o instruirei e o ensinarei no caminho.
03 - O coração angustiado oprime o espírito.
04 - Não estejais inquietos.
05 - Orai uns pelos outros, para que sareis.
06 - Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe.
07 - Levai as cargas uns dos outros.
08 - Tu pusestes sobre mim a tua mão.
09 - Ele é o Senhor que nos livra da morte.
10 - Os justos clamam, e o Senhor os ouve.
11 - Lance sobre Ele toda a sua ansiedade.
12 - Eu sararei a sua infidelidade, voluntariamente os amarei.
13 - Tornaste o meu pranto em folguedo.
14 - Senhor, Tu me sondaste, e me conheces.
15 - Deus não nos deu o espírito de temor.
16 - Dá força ao cansado, e multiplica as forças.
17 - Os beijos do inimigo são enganosos.
18 - Lança o teu cuidado sobre o Senhor, e Ele te susterá.
19 - E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração.
20 - O próprio Senhor irá à sua frente e estará com você.
21 - Vinde a mim todos os cansados.
22 - Deus faz que o solitário viva em família.
23 - Bem aventurados os pacificadores.
24 - O homem afia o rosto do seu amigo.
25 - Deus é a fortaleza do meu coração.
26 - Dá-nos auxílio na angústia.
27 - Amai-vos cordialmente uns aos outros.
28 - O que confia no seu próprio coração é insensato.
29 - Deixai a mentira e falai a verdade ao seu próximo.
30 - Os que aconselham a paz têm alegria.
31 - Escolham a vida para que vocês e seus filhos vivam.
32 - A alegria vem pela manhã.
33 - Esforçamo-nos em promover tudo quanto conduz à paz.
34 - Não abandone o seu amigo.
35 - Cada um cuide, não somente dos seus interesses.
36 - Se confessarmos os nossos pecados, Ele é Fiel e Justo.
37 - Todos tropeçamos em muitas coisas.
38 - Cura-me Senhor, e eu sararei.
40 - Deus livrou-me de todos os meus temores.
41 - Posso todas as coisas nAquele que me fortalece.
42 - Ensina-me fazer a tua vontade.
43 - O Senhor está comigo, não temerei.
44 - Tudo que o homem semear, isso também colherá.
45 - Em tudo dai graças.
46 - A fé é a prova das coisas que não se vê.
47 - E terás confiança, porque haverá esperança.
48 - Tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus.
49 - Buscai primeiro o reino de Deus.
50 - O amigo ama em todos os momentos.
51 - Ele cura todas as doenças.
52 - Quando você andar através do fogo, não se queimará.
53 - Lance sobre Ele toda a sua ansiedade.
54 - O Deus da esperança os enche de alegria.
55 - Deus deu Seu Filho para que tenhas a vida eterna.
56 - O amor não busca os seus próprios interesses.
57 - Tornaste o meu pranto em regozijo.
58 - Esforçai-vos e Ele fortalecerá o vosso coração.
59 - Senhor dá-me um coração puro.
60 - Sede sóbrios; vigiai.
61- Creia e será salvo tu e a tua casa.
62 - Não nos cansemos de fazer o bem.
63 - O Senhor teu Deus é o que vai contigo.
64 - Nada fica oculto aos olhos de Deus.
65 - O que perdoa a transgressão busca a amizade.
66 - Eis que faço uma coisa nova.
67 - Deus é maior que a nossa consciência.
68 - Sejam bondosos e compassivos.
69 - A boca fala o que há no coração.
70 - No amor não há medo.
71 - Melhor é o seu amor do que o vinho.
72 - Descansa no Senhor e espera nEle.
73 - Entreguem-Lhe todas as suas ansiedades.
74 - Feliz é aquele que tem sua transgressão perdoada.
75 - Esforçai-vos e não desfaleçam as vossas mãos.
76 - Como perfume derrado é o teu nome.
77 - O amor deve ser sincero.
78 - O homem que encontra uma esposa encontra um bem precioso.
79 - Eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito.
Epílogo - Não fui Eu que ordenei a você? Seja forte e corajoso!

39 - O Senhor sonda os corações.

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By jar140128

Michael mandou uma mensagem para o seu pastor antes do café da manhã, gostaria de falar com ele no horário do almoço. Encontrou a filha e dona Neuza à mesa.

- Cadê todo mundo? - Perguntou franzindo a testa.

- O tio Patrick tomou um café puro queimando a língua e saiu correndo. - Respondeu Katherine.

- Algum problema no trabalho, parecia grave, pelo modo como ele ficou. O trabalho desse menino é muito perigoso! E seu pai disse que precisava resolver uma coisa com urgência, e a Lauren...

- Bom dia! - Cumprimentou Lauren chegando de uma corrida.

- Bom dia. - Responderam todos. Ela foi até a filha e beijou-a no rosto.

- Boa aula minha filha, Deus te proteja. Dona Neuza eu vou tomar um banho e desço para te ajudar, pode tirar a mesa, eu como alguma coisa mais tarde, bom trabalho Michael; que tal você pegar uma rosa no jardim e levar para ela; ela ama rosas vermelhas. - Sussurrou no ouvido dele, ao passar por ele.

Michael olhou para as duas sentadas à mesa, mas ambas estavam falando sobre orar por Patrick, não estavam observando-o vermelho até o couro cabeludo, sentou constrangido.

Talvez a rosa não fosse uma má ideia, mas não queria meter os pés pelas mãos, iria esperar pela resposta de Deus, um pouco de prudência não lhe faria mal, já ficara tempo demais sozinho, para agora se perder por estar com pressa.

- Pai eu te espero no carro. - Disse a filha beijando-o e subindo, ele franziu a a testa.

- O que deu nela? Não precisei dizer pra ela se apressar? - Perguntou intrigado, surpresas nunca eram boas com a filha.

- Ela não me disse nada dessa vez. - Respondeu dona Neuza levantando. Ele terminou seu café e subiu ainda pensando na filha.

- "Cadê essa menina"? - Pensou ao chegar no carro e nem sinal dela, pegou o celular para ligar, o pastor havia respondido, esperaria por ele na igreja.

- Oi pai! - Surpreendeu com a filha ao seu lado, e ficou em choque ao vê-la com um buquê de flores. - Desculpe-me, por ter demorado um pouco, eu não sabia que demorava tanto para fazer um buquê, mesmo um pequeno. - Disse sorrindo e entrando no carro.

Ele não se mexeu, o buquê era mesmo pequeno, mas estava bem arrumado e havia rosas vermelhas e brancas.

- Pai? - Chamou tirando-o de seu torpor.

- "De onde essa menina tira essas coisas"? - Pensou frustrado, entrando no carro. - Foi sua mãe que te ajudou a fazer o buquê? - Perguntou desconfiado.

- Não. Foi foi o seu José, ele leva o maior jeito, ficou lindo, não ficou? - Perguntou orgulhosa.

- Ficou sim, e para quem é esse buquê? - Perguntou inocentemente.

- Para a tia Claudia. Eu perguntei se ela gosta de receber flores, e ela disse que gosta muito, que é uma pena que as pessoas só lembram de dar flores a ela, quando ela está hospitalizada, por isso eu vou levar pra ela, eu tenho certeza que ela vai amar. - Disse sorrindo.

Ele sorriu pra ela pelo retrovisor e não disse nada, estava surpreso com a atitude da filha.

🌹🌹🌹

Claudia terminava de se arrumar e lamentava, pois pela segunda manhã consecutiva não iria ler a bíblia antes de ir para o trabalho, pois perdera a hora. Distraída assustou quando bateram na porta, pensou que fosse Luciana preocupada.

- Entre! - Respondeu.

- Sou eu Claudia. Gostaria de falar com você. - Pediu Hércules, ela foi até a porta e abriu.

- Pode entrar Hércules, perdi a hora.

- Todo mundo perdeu a hora, até a Luciana, ela está toda chateada. Carla está tentando acalma-la. - Disse sorrindo, ficando sério imediatamente. - Querida a Carla me disse que te contou como nos conhecemos, vocês duas estão se dando tão bem, se possível eu gostaria de pedir, que você não se afaste dela, pelas coisas que ela fez em uma época em que ela não tinha muita sabedoria para discernir as coisas. - Pediu carinhosamente.

Claudia abraçou o cunhado, aquele homem amara o que havia de pior na irmã, ele esteve ao lado dela, nos piores momentos da vida dela, ser um casal era isso, se conhecerem verdadeiramente sem máscaras ou fantasias.

- Obrigada! Por tê-la amado e protegido, foi bom ela me contar, nunca passou pela minha cabeça que ela se sentisse daquela maneira, nossos pais não tem muito tato para lidar com as dificuldades das filhas.

- É por isso que ela não quer filhos, ela leu em algum lugar que os filhos tendem a cometer os mesmos erros que os pais, e entra em pânico só de pensar que não saberá cuidar dos nossos filhos, e eles fiquem igual a ela. - disse com pesar.

- Deus vai cuidar dela, e ela vai mudar de ideia você vai ver. - Disse com um meio sorriso.

- Você sabe que está ficando parecida com o Marcelo, não sabe? - Perguntou sorrindo.

- Esse é o meu alvo. - Respondeu piscando. - Não se preocupe com a Carla, eu vou cuidar dela.

- Obrigado, cunhadinha! - Disse saindo.

- Espera vou com você. - Disse pegando a bolsa e seguiu-o direto para a cozinha.

Luciana estava mesmo arrasada, mas já tinha feito café, Carla dizia que era o suficiente.

- Bom dia! - Cumprimentou Claudia. - E ela tem razão, eles vão tomar café com a mamãe, e eu estou na minha hora, eu como qualquer coisa na escola. - Disse se servindo de uma xícara de café.

- Não sei como eu perdi a hora desse jeito, desculpa! - Pediu constrangida.

- Está tudo bem, a culpa foi minha que fiquei te segurando até de madrugada. Faça alguma coisa para você comer, só lamento porque não vamos ler a bíblia hoje de novo.

- No horário do almoço? - Perguntou sorrindo, Claudia assentiu. Hércules despediu de Luciana, pois não voltaria ali antes de ir embora.

Na garagem despediu-se do cunhado, abraçou a irmã e cochichou em seu ouvido.

- Seja o mais sincera possível com a mamãe, diga como sempre se sentiu, mude a sua relação com ela. Eu te amo! - Beijou o rosto da irmã e foi para o seu carro.

Chegando na escola, Andréa foi encontra-la apressadamente.

- "Tem algo podre no reino"! - Pensou ironicamente.

- A dona Benta disse para você ir direto para a sala dela. - Disse pegando sua bolsa. Suspirando ela foi para a sala da diretora. Preocupou-se ao ouvir vozes alteradas.

- "Essa escola parece uma feira livre, gritaria em um dia, e gritaria no outro também". - Pensou sacudindo a cabeça.

Bateu na porta e entrou. A cena era digna de uma comédia de sessão da tarde. Uma mulher que ela não conhecia ora apontava o dedo para o Michael, ora se esfregava nele, ela virou o rosto, aquela visão era no mínimo grotesca, o pior que a perua era bonitona, sentiu o rosto arder diante de tais pensamentos.

A pequena Cristina estava agarrada nas pernas de Victória e dona Benta os mandava se acalmar, e o chão estava com pétalas de rosas? Ela abaixou e pegou uma, sim pétala de rosas naturais. Victória e dona Benta se aproximaram dela, a menina olhou para Claudia com tamanho ódio que ela se afastou receosa.

- Ou eu deixo essa escola, ou essa escola me mata. - Disse dona Benta.

- Quem é essa mulher? - Perguntou baixo.

- A minha mãe. - A menina respondeu.

- A minha filha não vai ser prejudicada porque você está trepando com a pedagoga. - Gritou a mulher.

- Por um acaso a pedagoga em questão sou eu? - Perguntou irritada.

- Sim. - Respondeu Victória, dona Benta suplicou com um olhar para ela ficar quieta; ela fingiu não ver.

- Vick, leve a menina lá pra fora, por favor! - Pediu olhando para a mulher que continuava a ofender a ela e ao Michael.

- "Por que raios, ele não faz essa fulaninha calar essa boca"? - Pensou furiosa.

- Ela não quer sair, e a mãe disse que não é para tirar a filha a força. - Respondeu Victória, Claudia abaixou ao nível da criança.

- Querida o seu pai sabe que a sua mãe está aqui dando este espetáculo? - Perguntou serena, a menina engoliu seco. - E ela pediu para você não contar ao seu pai, não foi? - A menina começou a chorar. - Pois bem, ou você saí para eu resolver essa situação com a sua mãe, ou eu ligo para o seu pai vir resolver, e aí o que vai ser? - Claudia sentiu a desaprovação das duas mulheres, mas ignorando continuou olhando para a menina.

- Eu vou sair. - Disse tímida.

- Ótimo! - Disse Claudia levantando-se.

As duas mulheres olharam para ela furiosa, era hoje que ela perdia o emprego, mas ela não iria ficar aqui parada ouvindo uma fulana que estava louca para dar uns amassos no professor da filha ofendê- la gratuitamente. Esperou Victória sair com a menina, ela foi até a mulher e torceu o braço dela pra trás.

- Ai! - A mulher gritou de dor. Ela jogou-a na cadeira.

- Não me julgue por você, rameira da alta sociedade. - A mulher abriu a boca, e Claudia aproximou-se dela, e ela calou. - A minha vida particular não é da sua conta, mas se a senhora quiser discutir sobre ela, vamos discutir do portão pra fora, vamos lá? - Perguntou irada.

- Você é louca! - Resmungou apavorada.

- Na verdade, não sou não! - Disse olhando as unhas. - Na verdade eu sou adaptável. - Olhou séria para ela. - Se a senhora age como louca, eu também agirei assim, agora se a senhora quer falar civilizadamente sobre o que te trouxe aqui, sou toda ouvidos, civilizadamente falando. - Disse sentando de frente para a mulher que olhava de dona Benta para o Michael desesperada. - Agora, se a senhora não tem nada para me falar, eu vou embora, mas volte a falar de mim nos termos em que a senhora estava falando, e eu meto um processo na senhora. E lembre-se respeito é bom e cabe em todo lugar. - Disse levantando.

- Você é louca sim. - Disse a mulher levantando e se escondendo atrás do Michael. - Você não pode trabalhar em uma escola cheia de crinaças.

- Sério? E como é possível a senhora ser mãe? A senhora tem noção das coisas que a senhora disse na frente da sua filha? A senhora tem ideia do que foi para a sua filha vê a mãe se esfregando no professor dela? - Ela se afastou de Michael empurrando-o.

- Eu não estava me esfregando nele. - Esbravejou constrangida.

- Ah, estava sim! Mas como isso não é da minha conta, vamos ao que é da minha conta. Eu fui chamada até aqui para o que mesmo? - Perguntou olhando para a dona Benta.

- Por favor, vamos sentar. E vamos conversar como pessoas civilizadas. - Pediu dona Benta cansada, sentando atrás de sua mesa; todos sentaram, Michael ficou entre as duas.

- Eu não aceito minha filha ficar sem recreio, por causa de uma bastarda. - Começou a mulher, Claudia viu Michael ficar vermelho, mas ele era profissional demais para discutir com a mãe de um aluno, e cavalheiro demais para colocar uma mulher escrota em seu devido lugar.

- Com licença dona Benta, eu não vou me demorar, se vocês puderem me esperar, eu agradeço! - Disse já levantando, correu até a sala de Victória. - Me empresta seu gravador.

- O quê? Para que...

- Por favor, Vick! Me empresta. - Pediu desolada.

- Está bem! - Disse pegando um gravador pequeno e entregando a ela. - Só espero que você saiba o que está fazendo.

- Obrigada, mas não faço ideia do que estou fazendo. - Disse saindo correndo. Voltou à sala da diretora, e colocou o gravador em cima da mesa. - Podemos começar de novo? O que foi mesmo que a senhora disse sobre a filha do professor? - Perguntou cruzando os braços, a mulher fuzilou-a com os olhos, ela sorriu e voltou para a sua cadeira. Dona Benta virou a cara com um meio sorriso.

- Claudia essa é a Carol, mãe da menina Cristina, e ela não aceita a filha ficar sem recreio.

- As filhas, dela e do professor Michael não ficarão sem recreio toda a semana, cada uma ficará dois dias na semana, os pais de ambas receberam uma notificação do motivo dessa medida, e ambos asssinaram a autorização, permitindo que eu passe dois intervalos por semana com elas, pelo tempo que eu e Victória acharmos necessário.

- Eu não assinei nada! - Gritou ela furiosa.

- O pai da criança assinou. - Disse Claudia calmamente.

- Mas eu não assinei, e eu não concordo. Eu vou ao conselho tutelar. - Disse levantando.

- Como a senhora quiser. E só lembrando que na autorização estava explícito que se a criança faltar aula no dia em que ela deveria passar o intervalo comigo, ela passará o intervalo comigo do dia em que ela vier, ou seja não é uma boa ideia não mandar sua filha para a escola.

- O intervalo é um direito da minha filha, vamos ver o que o conselho tutelar acha disso.

- Carol, por favor! Senta. - Disse dona Benta firme, ela sentou. - O doutor João já assinou, e desde que você entrou aqui que eu estou tentando te dizer que ele me preveniu da sua visita.

- O quê? - Perguntou surpresa.

- Ele imaginou que você viria aqui, ele até pediu que eu não deixasse você falar com o Michael, mas infelizmente isso não foi possível.

- Ele não tinha o direito de fazer isso comigo. - Gritou possessa.

- Se você quiser ir ao conselho tutelar, é um direito seu, mais não se esqueça que existem coisas que você não quer que as pessoas saibam. - Disse dona Benta serena.

- A senhora está me chantageando dona Benta? - Perguntou surpresa.

- De jeito nenhum! Só quero que você saiba que tudo o que a gente faz tem consequências.

- Pois a senhora diga isso a sua empregada, porque o que ela me fez não vai ficar barato.

- Você que sabe Carol. Faça o que você achar melhor, passa na sala da sua filha para se despedir dela, e Claudia você por favor, me aguarda na sua sala. - Disse dona Benta dispensando-as, Claudia levantou pegando o gravador e saiu.

- E o Mike! - Perguntou Carol.

Claudia não ouviu porque o Michael não foi dispensado junto com elas; ela saiu quase correndo da sala. Porque ela não era uma pessoa centrada e equilibrada igual as irmãs? Iria dizer o que aos pais? Que fora demitida porque quase quebrara o braço da dondoca que estava se esfregando no Michael, e ofendendo a ela, gritando com o Michael como se ele fosse um menino? Bateu na porta de Victória.

- Entra. - Ela entrou nervosa.

- Aqui seu gravador.

- Gravou alguma coisa interessante?

- Claro que não! Não é porque ela é uma oferecida que ela é burra; mas pelo menos parou de ficar chamando a Katie de bastarda. - Disse andando de um lado para o outro.

- Por que está tão agitada?

- Porque de repente eu não penso mais antes de fazer as coisas, com certeza eu vou ser demitida.

- O que você fez de mais grave que assustar uma menina de onze anos? - Perguntou com um meio sorriso.

- Quase quebrei o braço da mãe. - Victória gargalhou.

- Isso foi uma péssima ideia, mas todos nós já tivemos vontade de fazer isso. - Disse ainda rindo.

- Esse é o problema, eu sou uma pessoa sonsa, não gosto e nem quero ser vista por ninguém, e agora eu estou envolvida em tudo que é confusão, quando eu me dou conta estou fazendo coisas que eu jamais faria.

- Entendo! E o único motivo para você quase quebrar o braço dela, foi porque ela estava insinuando que você e o Mike estavam tendo um caso, e o único motivo de você querer assusta-la com o gravador era a preocupação por ela chamar a Katie de bastarda? - Perguntou fazendo-a parar.

- E por que mais seria? - Perguntou assustada.

- Não sei! Mas talvez o fato de ela ser um pouco oferecida, e ela está quase beijando o Mike quando você entrou na sala? - Perguntou cautelosamente.

- Arfe! - Fungou. - Imagine nada haver! - Disse sorrindo erguendo as mãos nervosa.

- Certo! Você tem razão, não é certo ela magoar a Katie mais do que ela já magoou. - Disse olhando-a nos olhos, e sorriu.

- O que ela fez com a Katie? - Perguntou cautelosa, controlando a respiração.

Victória foi até ela e a levou até a poltrona, ela sentou olhando a psicóloga aguardando.

- Os dois chegaram juntos, ela começou a ofender o Mike no estacionamento, eu e o Cristiano que chegamos junto com eles, tentamos acalma-la, mas era mesmo que jogar álcool em fogo; fomos todos para a sala da diretora, nosso erro foi levar as ctianças junto, na sala ela percebeu que a Katie estava com um buquê de flores. - O rosto de Claudia tremeu lembrando das pétalas pelo chão. - Claudia respira, lembre-se do quanto é importante manter a respiração sob controle.

Claudia inspirou e expirou, até conseguir controlar a respiração.

- Ela perguntou para quem era o buquê, Katie inocentemente disse que era para você.

- Pra mim? - Interrompeu emocionada.

- Sim. E ela começou a falar coisa com coisa, e o Mike pediu para o Cristiano tirar a Katie de lá, mas antes de eles chegarem a porta ela tirou o buquê da mão dela e estraçalhou.

- E a Katie? - Perguntou desolada.

- Começou a chorar, eu fiquei entre o Mike e a Carol, porque dessa vez eu pensei que ele iria às vias de fato com ela. O Cristiano tirou ela da sala, e logo você chegou.

- Parece que os dois já tiveram problemas antes, desde quando isso acontece? - Perguntou tensa.

- Desde quando ela deu em cima dele. - Ela disse sem pensar, cobrindo a boca com as duas mãos, ao se dar conta do que falara.

- Então eu estava certa no meu delírio. - Sussurrou Claudia.

- Perdoe-me Claudia, mas esse é um assunto dele, eu não deveria ter dito isso, meu Deus! O que deu em mim? Por favor, esqueça isso! Ele vai me matar. - Disse exasperada.

- Acalme-se! Está tudo bem, eu não vou perguntar nada, nem para você e nem ninguém, fique tranquila. - Disse tranquilizando-a.

- Obrigada! - Agradeceu sem jeito.

- Você acha que eu deveria falar com a Katie? - Perguntou confusa.

- No intervalo você fala com ela, e vocês terão mais tempo para ficarem juntas. Agora ela está mais calma, mas lembrar do que aconteceu, vai ser doloroso pra ela, e vai começar tudo de novo.

- Você tem razão, obrigada!

🌹🌹🌹

Logo que Carol saiu, dona Benta olhou séria para o Michael.

- Está acontecendo alguma coisa entre você e a Claudia? - Perguntou firme.

- Não! Quero dizer ainda não! - Respondeu olhando-a os olhos.

- Então a Carol tem razão. - Disse desolada.

- Não, ela não tem razão. Não está acontecendo nada entre nós, mas eu estou interessado nela.

- Meu Deus! Qual o problema dos homens dessa escola? Os lugares que vocês frequentam não têm mulheres imteressantes não? - Perguntou exasperada.

- Tem, mas não somos obrigados a nos interessar por elas, além do mais pelo novo estatuto da escola, não há problema em se relacionar com colegas.

- Eu sei, eu também estava lá ajudando a formular o novo estatuto. Mike a Claudia sabe do que aconteceu entre você e a Carol?

- Não aconteceu nada entre mim e a Carol, e a senhora sabe disso. E não a Claudia não sabe daquele episódio ridículo.

- Mas ela te perguntou, alguma coisa por causa do problema com as crianças.

- Sim. Eu disse a história que o João criou, por enquanto, não vejo motivo para ela saber disso.

- Mas se a relação de vocês fluir, você contará a ela.

- Com certeza!

- Mike, eu fico feliz por você se interessar por alguém, mas a família da Claudia é estranha, vai devagar!

- Estranha? Tenho certeza que não é mais estranha que a minha. - Disse sorrindo.

- Tá certo! Boa sorte. - Disse carinhosamente.

- Dona Benta, a senhora não vai demiti-la, só porque ela quase quebrou o braço da Carol, vai? - Perguntou preocupado.

- Por isso não! - Disse sorrindo. - Mas graças a Deus que ela não quebrou o braço dela, ou estaríamos com graves problemas. - Ambos sorriram.

- Verdade. Estou indo para a minha aula. - Disse levantando, e voltou para a diretora. - A senhora vai avisar o João?

- Vou, com a Carol é melhor não descuidar. Além disso eu dei a minha palavra a ele, que se ela voltasse aqui eu avisaria a ele. - Respondeu tensa.

Michael deu de ombro e foi para o ginásio, a turma do sétimo ano estava saindo.

- E aí professor! - Falaram com ele, enquanto passavam correndo, ele apenas sorria e assentia.

- A Andréa e o Cristiano não me deixaram entrar na sala da diretora, que eu ia ensinar aquela mulherzinha a fazer a minha menina chorar. E você como está? - Perguntou furioso.

- Não se preocupe, acho que a Claudia deu uma lição nela. - Disse com um sorriso de orelha a orelha, Artur parou de guardar o material e encarou o amigo.

- Que interessante! Quero saber tudo. - Disse rindo.

- Depois eu te conto tudo, agora eu preciso te perguntar uma coisa. - Artur ergueu a sobrancelha. - O que foi aquilo ontem a noite? Você falou em particular com ela, e os dois voltaram estranhos.

- Eu precisava esclarecer umas coisas com ela, coisas do tempo da faculdade, eu quero a amizade dela, e não quero mal-entendidos entre a gente.

- Então você está oficialmente me dizendo que não está mais interessado nela, ou apenas está tirando o seu time de campo por mim?

- Estou tirando o meu time de campo, porque ela não está interessada em mim dessa forma; e espero que você compreenda, que Deus está te dando uma chance de ser feliz, aproveite mano! - Disse voltando para seus afazares.

- Artur. - Ele voltou a atenção para o amigo. - Também não quero mal-entendidos entre nós. Já aconteceu alguma coisa entre vocês, que poderia ser restaurado?

- Não! Um dia eu te conto, como eu me aproximei dela na faculdade, mas por hora basta você saber que nunca aconteceu nada entre o seu irmão e a sua futura esposa. - Disse sorrindo, e Michael fungou. - Sério! Uma vez eu tentei beija-la, mas ela ficou apavorada, em pânico mesmo, e foi aí que eu percebi, que ela não era um passatempo como as outras e foi a vez de eu entrar em pânico, e fiz uma besteira atrás da outra depois disso; foi depois disso que eu passei a chama-la de assexuada, mas pedi perdão a ela por isso, e ela me perdoou.

Michael ficou parado olhando o amigo, Artur riu alto.

- Está tudo bem, não se preocupe comigo, se preocupe em conquista-la, eu quero ser padrinho de casamento. - Disse batendo no ombro do amigo. - Vamos trabalhar. - As crianças do nono ano já estavam no ginásio. - E aí a Carol se comportou dessa vez? - Perguntou segurando o riso.

- Afinal qual é o problema dela comigo? - Perguntou triste.

- O mesmo problema da esposa de Potifar com José. - Disse se acabando de rir.

Michael sorriu sacudindo a cabeça, detestava admitir, mas Artur estava certo, tinha que continuar longe daquela senhora, pois que ela poderia lhe causar problemas bem piores do que já causou.

E sorrindo, e empurrando um ao outro como dois adolescentes, eles foram trabalhar, provocando um ao outro, com a intimidade que uma amizade duradoura oferecia.

- "Obrigado, Senhor pelo irmão de coração que o Senhor pôs no meu caminho". - Pensou Michael feliz.

Continua...






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