A vantagem de ter estado algumas vezes em um hospital, é que você não precisa ver o quarto branco e impessoal para saber que está em um, os sons e o aroma denunciam quando você mais uma vez desperta em um quarto de hospital.
- "O que será que eu fiz dessa vez"? - Perguntou-se ainda de olhos fechados. - "Se eu continuar de olhos fechados, a mamãe não vai começar com as agressões de sempre". - Pensou frustrada, tentando lembrar o que acontecera para ela está de novo no hospital.
Pior que os sons e o aroma dos hospitais, era a confusão inicial ao despertar, a confusão de imagens do que acontecera, e pior que tudo isso, era sua mãe culpando-a pelo que acontecera.
Não poderia continuar de olhos fechados fingindo que dormia, precisava enfrentar logo a mãe e saber o que acontecera, tentou subir um pouco e forçou as mãos na cama para impulsiona-la para cima, a dor no peito bem no lado do coração foi excruciante, e ela gemeu abrindo os olhos, a mãe estava ao seu lado.
- Está sentindo dor? - Perguntou a mãe carinhosamente, ela fitou-a surpresa.
- Sim. - Respondeu colocando a mão no local, e claro, havia um curativo. - Eu fiz alguma bobagem de novo? - Perguntou tímida, sentiu um formigamento no nariz, e passou a mão no local, parecia no mínimo inchado.
- "Jesus! Quebraram meu nariz"! - Pensou encarando a mãe.
- E quando você não faz bobagem? Sabe eu acho que eu deveria amarrar você no pé da minha cama. - Disse brincando, acariciando o cabelo da filha, fosse lá o que aconteceu, era muito mais grave do que ela imaginara, sua mãe fazendo piada?
- E a senhora acha que isso adiantaria de alguma coisa? - Perguntou franzindo a testa, sentindo o nariz incomodar.
- Provavelmente não, você seria capaz de aprontar alguma com cama e tudo. - Claudia riu, o que provocou uma dor ainda pior, fazendo-a ficar pálida de dor.
A mãe saiu gritando a enfermeira, ela fechou os olhos, e um par de olhos negros invadiu a sua mente, junto com algo rasgando a sua pele, então ouviu o som do tiro, o que rasgara a sua pele foi uma bala, abriu os olhos assustada, a enfermeira já estava administrando o medicamento no soro.
- Não! Mamãe? - Chamou, a mãe ficou ao lado da enfermeira pegando em sua mão. - Eu lembrei o que eu fiz, eu não... Não foi... - As ideias começaram a ficar embaralhadas, queria falar para a mãe que ela só queria ajudar o garoto, mas foi tomada novamente pelo silêncio e pela escuridão.
Quando voltou a acordar, sua mente estava lúcida, lembrava-se do que acontecera e de onde estava. Abriu os olhos, observando ao seu redor. A irmã estava sentada em uma cadeira de fibra lendo, apurou as vistas para ter certeza de que estava vendo mesmo a bíblia!
- Carla! - Chamou.
- Oi! - Respondeu sorrindo, indo até a irmã, se jogou em cima dela.
- Ai! - Gemeu.
- Desculpa. Eu tive tanto medo! - Disse com os olhos cheio d'água. - Eu não deveria ter deixado você fazer isso, aonde eu estava com a minha cabeça? - Disse chorando.
- A sua cabeça estava no lugar certo, pois graças a você deu tudo certo. Carla, e o menino Gui? - Perguntou preocupada.
- Ele está bem. Você sabe que é uma heroína, agora só dá Claudia. - Disse sorrindo entre as lágrimas, e a irmã ficou encabulada.
- "Obrigada meu Deus! Tudo terminou bem, muito obrigada". - Pensou.
- E o Giuseppe? - Perguntou temerosa.
- Preso. O que você conseguiu fazê-lo falar é o suficiente para ele estar bem encrencado! Fiquei apavorada com medo de perdê-la, mas estou muito orgulhosa de você.
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Deus também estava lá.
RomanceClaudia é uma jovem traumatizada, protegida pelos pais, e descrente. Ela decide morar sozinha e trabalhar, e quer ser livre e independente. Mas a mãe dela contrata Luciana para trabalhar na casa dela e o primo Marcelo vai passar uns dias com ela, e...