Na saída da escola Michael despediu-se de Artur e entrou no carro pensando na noite de karaokê, amava sair com os amigos, mas quando pensava que estaria com a Claudia, seu coração acelerava; distraído pegou o telefone tocou, era o pai.
- Oi pai! - Atendeu.
- Ainda está na escola?
- Estou indo pra casa. O que foi?
- Você pode me encontrar na praça do bosque? - Ele olhou a hora, e suspirou.
- Pai, já vai dar seis horas, esqueceu que vamos ao karaokê? - Perguntou passando a mão na cabeça.
- Não esqueci. Será rápido.
- Ok! Estou indo pra lá. - Respondeu, desligando o celular e dando à ré no carro voltou em direção à praça do bosque.
O pai já o esperava, quando chegou lá; achou-o distraído, ambos pediu água de coco, e falaram de amenidades enquanto esperavam; e ele observava a tranquilidade do pai, era uma das características do novo homem em que Deus o havia transformado, ele não vivia mais ansioso, com pressa, e sempre procurando uma rota de fuga. Este novo homem, quando algo o incomodava ou ficava batendo com o pé no chão, ou os dedos em alguma coisa, e neste momento ele batia com os pés, e os dedos dedilhava um piano ou um teclado imaginário.
- E então pai, qual é o problema? - Perguntou Michael, tomando a água de coco gelada, exatamente como gostava.
- Eu quero te pedir perdão. - Disse olhando-o nos olhos. - Gostaria que você me perdoasse filho, por ter me envolvido com a sua esposa, por nunca ter sido o pai que você merecia e precisava. Se você soubesse o quanto eu lamento! - Disse pesaroso.
- Eu sei pai. Ninguém é transformado pelo Espírito Santo, sem lamentar as coisas más que fez. Eu já perdoei o senhor. E o senhor pai, já se perdoou? - O pai suspirou profundamente, e olhou em outra direção.
- É complicado meu filho. - Disse desolado.
- Eu imagino! Mas o senhor mudou de vida, agora o senhor é uma nova criatura, o que o senhor fez no passado já era, acabou, Deus já te perdoou. - Disse emocionado e constrangido, jamais vira o pai vulnerável.
- Não é fácil ver a raiva, e a mágoa das pessoas, e saber que eu não posso fazer nada, por que fui eu que provoquei tudo aquilo. - O pai respirou fundo passando a mão na cabeça. - Você por exemplo, quando eu penso no que poderia ter acontecido com você se não fosse sua avó e a dona Júlia, eu não sei o que teria sido de você, e o pior, é que até um dia desses eu nunca tinha pensado em nada disso.
- E o senhor não precisa pensar em nada disso. Pense em tudo que deu certo, apesar das circunstâncias. Pense no quanto Deus foi maravilhoso comigo! - Disse sorrindo, o pai também sorriu, mas visivelmente triste.
- Sua avó sempre me detestou, mas cuidou muito de você e de sua irmã. - Reconheceu carinhosamente.
- A minha avó não detesta o senhor, ela detesta o que o senhor fazia. E me diga sinceramente, o senhor gostaria que a Michelle tivesse casado com alguém que fizesse as coisas que o senhor fazia? - Perguntou com um meio sorriso.
- Antes disso eu o mataria. - Respondeu naturalmente. Michael sentiu um calafrio ao ouvi-lo, mas infelizmente, ele sabia que o pai estava falando a verdade, o homem que um dia o seu pai foi, era bem capaz de fazer isso.
- Pai! Isso é coisa que se diz? - Perguntou aflito, como sempre ficava quando se via diante de algo que lembrava a velha natureza do pai.
- Desculpe, mas você lembra que quando a Michelle casou eu ainda pertencia àquele mundo. Aliás não sei bem como eu e o Patrick não matamos um ao outro, afinal, eu acho que naquele contexto, ela casar com um agente federal do FBI, foi pior que casar com um mafioso.
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Deus também estava lá.
RomanceClaudia é uma jovem traumatizada, protegida pelos pais, e descrente. Ela decide morar sozinha e trabalhar, e quer ser livre e independente. Mas a mãe dela contrata Luciana para trabalhar na casa dela e o primo Marcelo vai passar uns dias com ela, e...