S/N
Estou nesse carro algemada e amordaçada por esses panos que foram enfiados e amarrados na minha boca. Nenhum dos policiais fizeram algo ou disseram alguma palavra, nem mesmo durante as diversas vezes em que se ouvia o som de notificações de mensagens e de chamadas vindos do meu celular. Até que então nós chegamos ao que parece ser o destino final.
Percebo que o carro começa a diminuir a velocidade até que entramos em uma espécie de estacionamento. Quando o carro para, os três policiais descem e vejo aquele homem caladão, que não disse nenhuma palavra durante todo o trajeto, me puxar pelo braço para me tira do carro e começa a me arrastar juntamente com eles para um local grande.
Quando estamos entrando nesse local, consigo ver uma placa. Nela está escrito algo como "Sistema Penitenciário". Havia outras coisas escritas nessa placa, mas não tive tempo de ler. Eles estão me levando para a cadeia? Isso não faz sentido.
Ao entrarmos nesse lugar, vejo vários policiais circulando pelo ambiente. Todos eles parecem muito atarefados, já que a maioria estavam com papéis nas mãos. Nós passamos por diversas salas, até que chegamos em uma sala grande e com pouca iluminação.
Brian, que ainda segurava meu braço com força, me conduz até uma cadeira, me abrigando a sentar nela. Quando eu sento, vejo o outro policial, o Ryan, se aproximar de mim e ele algema minhas pernas na cadeira. Logo em seguida, Kevin, aquele homem que passou os últimos dias me vigiando, vem até mim e tira aqueles panos da minha boca.
S/N: Será que dá para pelo menos tirar as algemas dos meus pulsos? Já cansei de ficar com os braços para trás. Eu não cometi nenhum crime para ser tratada assim.
Kevin: Se você colaborar, tudo isso vai acabar logo e ninguém vai se machucar.
Ele se dirige para Brian e fala:
Kevin: Chame o R. Smith. Diga a ele que trouxemos a garota.
Brian: Sim, senhor.
Ao dizer isso, Brian se retira da sala.
S/N: Olha só, ele fala. Eu achava que ele era mudo. Mas me diz uma coisa: quem é R. Smith?
Brian: É a maior autoridade policial do governo. Ele também dirige esse presídio.
Eu olho para Kevin e sem pensar duas vezes, eu falo:
S/N: Olha só... Você dita regras e paga tanto de durão, mas nem é o chefão daqui. Hilário.
Kevin: Cala a boca!
Ao falar isso, ele me dá um tapa na minha cara e eu sinto meu rosto arder.
Kevin: Você quer ser presa por desacato a autoridade? Acho que não. Então cala essa maldita boca.
Ele mal termina a frase e eu vejo um homem entrar na sala. Ele é alto, forte, tem cabelos e olhos pretos. Sua cara é fechada e seu olhar é intimidador. Logo percebo que ele está fardado e eu consigo ler em seu crachá o nome R. Smith. De todos os policiais que eu vi desde que cheguei aqui, ele é o único que usa um crachá. Eu não sei exatamente o porque, mas ao olhar para esse homem, eu senti o medo tomar conta de mim. Ele parece ser frio e calculista, o tipo de cara que faz qualquer coisa para conseguir o que quer e isso me deixa realmente apreensiva. Ele se aproxima mais de mim e me lança um olhar julgador.
R. Smith: Então essa é a garota?
Kevin: Sim, senhor.
R. Smith: Muito bem então. É o seguinte, garota. Eu não quero perder todo o meu tempo aqui e sei que você também não quer. Por isso é só você colaborar que tudo isso acabará em instantes. Eu vou te fazer uma única pergunta. É só você me responder que eu deixarei você sair daqui.
Ele me lança um olhar severo e eu sinto uma nova onda de medo tomar conta de mim. Nisso, ele se aproxima ainda mais de mim e olha dentro dos meus olhos e eu sinto como se ele pudesse ler a minha alma. Então eu ouço a seguinte pergunta:
R. Smith: Onde está o Jake?
Eu queria ter ouvido qualquer coisa, menos essa pergunta. Meu maior medo se tornou realidade. Eles realmente me pegaram por causa do Jake, mas como que eles descobriram que eu conheço ele?
Meus pensamentos são interrompidos por um grito.
R. Smith: RESPONDE!
S/N: Eu não sei do que você está falando. Eu não conheço nenhum Jake.
Percebo que R. Smith me lança um olhar furioso por alguns instantes, então ele se dirige para Kevin.
R. Smith: Tem certeza que essa é a garota certa, agente?
Kevin: Claro que tenho. É só você ver a prova aqui.
Noto que Kevin se aproxima de mim e começa a me revistar, até que ele encontra meu celular que estava no meu bolso. Ao pega-lo e ao perceber que ele desbloqueia com a digital, Kevin leva o celular até onde estão as minhas mãos e por mais que eu cerre meus punhos com força, ele também usa a força para conseguir pegar o meu dedo e desbloquear meu celular.
No mesmo instante ele entrega-o para R. Smith que começa a mexer nele. Não demora muito para que R. Smith largue meu celular e venha até mim e me dê um tapa forte no meu rosto.
R. Smith: Isso é por você mentir para uma autoridade policial. Seu celular está cheio de provas de que você tem uma relação bem próxima com o Jake. Principalmente as últimas mensagens que você enviou para ele e as que ele lhe enviou comprovam isso.
Mesmo eu sentindo dor em razão do tapa e estando com muito medo do que possa acontecer a seguir, eu resolvo ficar em silêncio.
R. Smith: Quando vocês se encontram pela última vez?
S/N: Eu nunca me encontrei com ele.
R. Smith: Onde que foi?
S/N: Já disse que não me encontrei com ele.
R. Smith: Se você parar de mentir e colaborar, nós resolveremos isso do jeito fácil, se não, vai ser do jeito difícil e você irá se machucar.
S/N: Como vocês conseguiram chegar até mim?
R. Smith: Você acha mesmo que uma autoridade do governo vai revelar os segredos para você? Vamos acabar logo com isso. Me responda onde ele está.
S/N: Juro que eu também queria saber. Vamos procurá-lo juntos?
Ao falar isso, sinto meu rosto arder novamente devido a mais um tapa que acabei de levar.
R. Smith: RESPONDA!
S/N: Eu quero meu advogado.
Ao falar isso, ouço R. Smith gargalhar.
R. Smith: Não me conte piadas. Aqui não tem essa palhaçada de advogado, então responda: onde vocês se encontraram da última vez?
S/N: A gente se encontrou onde a puta te pariu, aproveita para ir visitar ela, a sua mãe, você vai encontrar o Jake lá.
Nesse instante, vejo ele vir até mim com raiva e me dá um tapa muito forte que involuntariamente minha cabeça se inclina para o lado devido ao impacto da batida.
R. Smith: Onde ele está?
S/N: Eu já disse que não sei. E mesmo se eu soubesse, eu não iria falar nada. Você pode me bater o quanto quiser. Pode até me matar, mas eu não vou falar nada.
R. Smith: Não pense que só porque você é mulher que nós vamos pegar leve. Aqui não existe essa diferença. Ainda mais para alguém que defende um bandido.
S/N: O Jake não é nenhum bandido. Ele deve ter divulgado algum podre de vocês, não é? Vocês devem ter muita sujeira escondida por aí, seus corruptos. É por isso que vocês querem tanto pegar ele. Mas ele é mais inteligente que todos vocês juntos, por isso que vocês nunca...
Eu não consigo terminar minha fala, pois dessa vez sou atingida com um forte soco em meu maxilar. Eu começo a ficar um pouco tonta e sinto uma forte dor no meu rosto, principalmente no meu lábio, então eu começo a sentir gosto de sangue na minha boca e quando eu percebo, algumas lágrimas já estão escorrendo pelo meu rosto.
R. Smith: Não preciso que você fale mais nada.
Nisso, noto que R. Smith pega meu celular e logo em seguida eu sinto um flash atingindo os meus olhos.
R. Smith: Nós não precisamos mais ir atrás dele. Agora só vamos aguardar o herói se render para salvar a princesinha amada.