Capítulo - 04

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Após o almoço ajudei a secar a louça enquanto tia Amanda lavava. Meu pai ficou de escolher um filme para assistirmos, e estava na sala já procurando na TV.

No bolso de minha calça eu senti meu celular vibrar. Enxuguei minhas mãos pedindo licença para Amanda em seguida, e indo até o corredor atender.

"Número desconhecido"

Apresentava na tela.

Atendi.

— Alô. — falei.

— Pensei que não fosse do tipo que atendesse chamada de desconhecidos, cada dia me surpreendo mais com você, Cassandra. — disse a voz do outro lado da linha.

Aquela voz me parecia um tanto quanto familiar, mas eu ainda não conseguia identificar com clareza e precisão.

— De quem se trata?

A voz sorriu do outro lado da linha.

— Sério que não consegue identificar minha voz? Nossa, eu deveria me sentir péssimo por isso. Sou eu, Carson. — respondeu o idiota.

Naquele momento revirei meus olhos em 360. Como ele poderia ter conseguido meu número? Por que me ligar? O que ele queria comigo?

Eu me questionava.

Respirei fundo e prossegui.

— O que você quer, Bennet?

— Não fica brava comigo, somos uma dupla agora, só imagina o quão incrível vai ser esses nossos quase um ano juntos. — disse, e a imagem dele dando aquele sorriso de lado idiota me veio a cabeça, o que me fez suspirar entediada.

Respirei fundo por um breve momento antes de voltar a falar com ele.

— Está imaginando, não está? — perguntou de forma divertida.

Idiota.

— Você vai falar o que quer comigo agora? Ou vai esperar até eu desligar na sua cara e bloquear seu número? — retruquei visivelmente irritada.

— Fica calma, nanica, eu só te liguei pra saber como que vai ser isso da gente fazer dupla, a professora não deu uma explicação muito clara, estou meio perdido. — disse.

— Claro, talvez seja por que você dormiu a aula quase toda, seu embuste. — soltei.

— Acho chique quando me xinga, deveria fazer mais vezes, é bom para se soltar um pouco. — disse e eu revirei os olhos.

— Olha, Bennet, deixa eu te falar uma coisa, nunca mais me ligue de novo, entendeu? Quando eu souber o momento certo para isso, eu mesma vou te chamar, não preciso que me ligue ou me cobre qualquer coisa, sei do meu compromisso para com a escola, e não vai ser um bad boyzinho igual você que vai tirar minha concentração e foco no meu objetivo que é concluir de uma vez por todas esse ano, adeus. — falei, desligando em seguida.

Carson era um maluco completo, e eu previa muita luta e confusão dali para frente com ele ao meu lado. Tipo muita mesmo.

Retornei a cozinha onde tia Amanda se encontrava já fazendo pipoca.

— Terminou a louça, tia? Quer ajuda com a pipoca? — perguntei.

— Terminei, querida, não precisa me ajudar, apenas vá e faça companhia ao seu pai, logo chego lá. — respondeu.

— Está bem. — falei saindo da cozinha e indo até a sala.

Papai estava ainda na luta de procurar por um bom filme.

— Papai, ainda nada? — perguntei encostada a parede da sala.

— Por enquanto sim, filha. — respondeu, com cara de poucos amigos.

— Não precisa se preocupar tanto, papai, eu não me importo com essas coisas, sério, eu não ligo, qualquer coisa que o senhor decidir colocar eu assisto sem problemas nenhum, e tenho certeza que tia Amanda também.

— Eu sei, baby, mas eu quero achar algo que todos nós gostassemos, e que nenhum dormisse durante o filme.

— Bom, ao julgar pela hora que é, tenho quase certeza de que ninguém aqui vai dormir durante o filme, seria quase impossível de acontecer, mas, se acontecer, tudo bem também, a gente assiste o resto numa próxima. — falei.

— Tudo bem, filha, obrigada por ser compreensível. — agradeceu e eu sorri para ele.

— Pipoca pronta com sucesso, e o filme? Tudo certo? — perguntou tia Amanda aparecendo na sala e sentando ao sofá com a vasilha de pipoca em mãos.

O cheiro de pipoca já pairava no ar, o que me deu fome daquilo. Sentei ao lado dela e esperei até papai fazer o mesmo.

— Depois de uma luta incessante, finalmente encontrei um filme aparentemente legal pra assistirmos em família. — anunciou papai já sentando do outro lado do sofá, ao lado de tia Amanda.

Ficamos nós três sentados assistindo durante uma hora e meia de filme. Logo que terminou, levantei pedindo licença e dizendo que iria em casa para estudar. Era por volta de duas da tarde. Meu pai sugeriu ir comigo para fazer companhia em casa, e eu recusei.

— Não necessita, papai, fique aqui e faça companhia a tia Amanda, ela está sozinha e precisa mais de você do que eu, de todo modo eu irei ficar apenas em meu quarto, não lhe farei companhia, de nada adianta. — falei.

No fim papai concordou e me despedi indo para casa.

Ao chegar em casa fui direto para meu quarto. Tomei um banho demorado pois o clima estava quente.

Revisei algumas atividades durante mais ou menos duas horas e após terminar fui até a varanda de meu quarto para tomar um pouco de ar. Naquela altura o clima estava menos quente e mais arejado.

Era por volta de quatro da tarde.

Olhando pela janela de longe vejo um caminhão de mudanças se aproximar e parar na casa ao lado da minha.

Observei tudo atenta.

Vizinhos novos? Que novidade!

Pensei.

Logo atrás do caminhão de mudanças vi um carro estacionar. De lá saíram duas pessoas do banco da frente, um homem e uma mulher. Eles ficaram conversando entre si e ao ter minha atenção voltada ao carro mais uma vez, vi quando mais alguém saiu do banco de trás.

Era um garoto, sua fisionomia por hora me parecia familiar. Até que ao olhar diretamente para sua face, consegui identificar de quem se tratava.

Nicholas Kahn.

O garoto que foi meu colega de classe por três anos de ensino médio, havia acabado de virar também o meu mais novo vizinho.

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