0 dias até o Natal.
— Viu? Ganhei.
Alex me encarou perplexo.
— Como você sempre ganha?
Sorri convencida e comecei a misturar o baralho novamente.
— Sou fã número um da Yumeko.
— Quem? — ele perguntou.
Soltei uma risada.
— Nada, deixa pra lá... Quer jogar mais uma?
— Na verdade... — Alexander lançou um olhar para a porta, e depois voltou a olhar para mim. — Acho que você devia passar um tempo com sua família. Podemos passar um tempo juntos depois. Quero dizer... é importante para você, não é? — ele perguntou e eu assenti. — Então é importante para mim também.
Sorri diante sua gentileza.
E com essa brecha, comecei a pensar. Com toda essa loucura de maldição e libertação, nunca parei para reparar no quanto Alexander é... bonito!
Sua pele, seu cabelo, seus olhos... Tudo nele contrastava com sua personalidade. Em segundos comecei a pensar em como havia sido sua vida antigamente, se ele tinha amigos no orfanato, o que aconteceu a ele quando completou dezoito anos... Alexander é um homem que carrega um mundo de acontecimentos nas costas, e sempre parece pesado demais de se carregar.
— Stella? — voltei a nossa realidade o encarando, absorta.
Estranho... Ele nunca me chama pelo meu nome.
— Sim, Alexander? — Imitei o seu ato o chamando pelo próprio nome também. Ele sorriu e se levantou do chão, e eu me levantei também.
— Pode ir. Te chamo se eu precisar.
Eu não sei o que ele queria dizer com aquilo.
Talvez quisesse passar o Natal sozinho?
Talvez havia percebido que eu estava preocupada em deixa-lo sozinho?
Talvez eu estivesse fazendo algo errado?
Há muitos "talvez", mas a única coisa que eu posso fazer agora é confiar nele. Como ele confiou em mim.
— Certo. — Sorri para ele em despedida, sentindo minhas mãos soando levemente.
A adrenalina na minha corrente sanguínea só confirmava o fato de que eu estava muito preocupada em saber se minhas tentativas haviam sido capazes de salvar Alex de seu fatídico destino. Porém, Alex havia mudado.
Não parecia preocupado com o tempo, nem se ele iria finalmente sair dos sinos ou não.
Isso me preocupava. Ele desistiria de tentar logo agora?
— Eu odiei a decoração do quarto. — Sophia apareceu de repente em minha frente, e eu engoli em seco pelo susto repentino.
— Qual quarto? — pergunto, sem interesse.
— O que nós estamos dividindo. Sério, ele é horrível.
Nós só vamos ficar aqui por mais uns dois dias!
— Não se preocupe, logo você estará de volta à sua casa. — Argumentei. Mas ela não via a situação assim.
— Posso mudar? — ela perguntou.
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❆ ENQUANTO O NATAL NÃO CHEGA
Short Story"Ella ganha de sua avó um par de sinos, mas não imaginava o quanto aquele presente iria mudar a sua vida. Enquanto Natal não chega."