5 dias até o natal.
O globo de neve me serviria como arma, se preciso.
O garoto ainda estava lá.
— Ok... Stella, você está sonhando... — disse a mim mesma ao começar a dar passos para trás.
— Stella? Pensei que o seu nome fosse "Ella" ... — ele disse, com o cenho franzido, observando meu quarto. — Ah, Ella é seu apelido. Óbvio. — Ele riu, parecia se sentir o próprio Sherlock Holmes.
— Você é... fruto da minha imaginação. Então agora eu vou dormir e quando eu acordar, verei que tudo não passou de um sonho. Um realista, estranho, mas... um sonho.
— Tá, vocês nunca entendem a situação de primeira mesmo. Pode ir dormir, ainda temos cinco dias. — Ele disse, e como um sopro de inverno, seu corpo se desmaterializou na minha frente, e um vento balançou os sinos que estavam atras de mim, como se sua alma tivesse voltado para dentro deles.
Com o susto, joguei o globo de neve no chão, que felizmente não quebrou. Não sei se estou completamente maluca, mas pude ouvi-lo protestar com um "Ai! Isso doeu, sabia?"
Respirei fundo e deitei na cama, me obrigando a dormir o mais rápido possível.
***
Os primeiros raios de sol alcançaram meu quarto, me fazendo acordar.
Sentei sob minha cama, refletindo os acontecimentos de ontem à noite. Como sempre eu estava certa. Foi um sonho idiota.
Fui até o banheiro, lavei o rosto e comecei a escovar os dentes, entretida com uns pontinhos que havia sobre o espelho.
— Já tentei limpar, me incomoda também. — Olhei para o reflexo do espelho imediatamente, vendo alguém.
Vendo ele.
Meus olhos se arregalaram e instintivamente meus pulmões se encheram de ar.
— Dá pra não gritar? Já passamos dessa parte. — Senti seus braços agarrarem meus ombros, me virando de frente para ele, olhando no fundo dos olhos. — E você vai engasgar se gritar. E vai morrer. Eu não estou afim de voltar para aqueles sinos e ficar por mais deus sabe quantos anos. E você? Quer ficar conhecida como a garota que morreu pra uma pasta de dente? Você quer? — balancei a cabeça negativamente, ainda não acreditando no que estava acontecendo. — Ótimo — ele abriu um sorriso e saiu andando.
Rapidamente cuspi a pasta na pia e enxaguei minha boca.
E... e se isso for real? E se tem mesmo alguém dentro do meu quarto que consegue entrar dentro de uns sinos?
— Tinha alguma coisa naquele biscoito. — Sussurrei para mim mesma.
Um barulho de algo se quebrando veio do meu quarto. Corri até o local, vendo um copo de vidro estilhaçado no chão, e o cara bem ao lado dele, sorrindo culpado.
— Opa. Foi mal. — ele sorriu.
— Ta bom, dá pra você explicar quem é você e o que está fazendo aqui? — eu disse, sentindo um sentimento de revolta surgir de dentro de mim.
— Mi hija? — a porta se abriu, minha mãe estava logo atrás dela. — Está tudo bem?
Me virei de frente para minha mãe.
— Você é a cara da sua mãe. — O garoto disse enquanto analisava minha mãe de cima a baixo, ficando atrás dela, olhando para mim, com um sorriso convencido.
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❆ ENQUANTO O NATAL NÃO CHEGA
Short Story"Ella ganha de sua avó um par de sinos, mas não imaginava o quanto aquele presente iria mudar a sua vida. Enquanto Natal não chega."