5.

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             Bi Bi Bi Bi Bi Bi Bi Bi...

  Os sons constantes do aparelho ao lado do leito eram tudo o que Akaashi conseguia ouvir. Era o que fazia com que ele tivesse certeza que o corpo deitado ainda estava vivo, que ainda respirava.

  - Akaashi.

  Quando ouviu a voz grossa do amigo de cabelos negros, Keiji se sente desabar. Sentando-se em uma cadeira perto da cama, ele luta para tirar os olhos da expressão congelada de Bokuto, mas seus olhos se recusam a desviar-se dos traços familiares. Sem encarar Kuroo, pergunta.

  - O que aconteceu?

  A voz mal passa de um sussurro. Era um verdadeiro esforço encontrar palavras.

  Keiji percebe pelo canto da visão o ex-capitão se aproximar e apoiar-se na parede ao lado da cama de lençóis brancos, evitando ao máximo contato visual.

  - Foi à 5 meses atrás. Bokuto pretendia te visitar em Londres, como vocês tinham combinado no começo do ano.

  O garoto sentado sente o peito apertar. Lembrava daquele combinado. Lembrava de ter ido até o aeroporto. Lembrava da decepção quando soube que o vôo havia sido cancelado. Lembrou também de não fazer nenhum esforço para entrar em contato, afundando a mágoa no fundo do peito e focando nos estudos.

  - Como você não falava conosco a mais de um mês, Bokuto estava preocupado e inquieto. Chovia muito naquele dia. Nós avisamos...

  A voz de Kuroo falha, como se ainda fosse incrivelmente doloroso falar daquilo. No fundo da mente, Akaashi lembra que os capitães eram tão próximos quanto irmãos. Uma parte dele ficou com pena de submeter o amigo de cabelos negros a ter que reviver mentalmente o acontecimento.

  Suspirando para se recompor, Kuroo continua.

  - Avisamos que o vôo provavelmente seria cancelado, mas ele não queria ouvir. Foi mesmo assim. Nós não queríamos ir junto, como era o planejado, mas nem isso o impediu.

  Um silêncio toma o quarto, uma culpa pesada no ar. Akaashi escuta os passos leves de Kenma aproximarem-se, parando ao lado do garoto mais velho, reconfortando Kuroo.

  - Ele estava dirigindo como um louco. Bokuto nunca foi muito consciente no volante, mas...

  Akaashi não queria mais ouvir. Podia claramente imaginar o que havia acontecido. Sentia que estava a beira de um precipício prestes a desabar em uma queda eterna.

  - Foi inevitável.

  A voz de Kozume quebra o silêncio que se estabeleceu no quarto. O ex-capitão dos gatos claramente não conseguiria dizer mais uma palavra sequer.

  Lágrimas quentes escorriam pelas faces do garoto de olhos azuis, caindo sobre os lençóis brancos do leito.

  Depois de alguns minutos, ou horas, Akaashi não conseguiria dizer, Kenma e Kuroo saem do quarto, deixando o ex-levantador sozinho com Bokuto.

  Sentindo como se cada parte de seu corpo doesse, Akaashi se curva sobre a cama, os dois braços apoiados no colchão, a testa apoiada nos antebraços.

  - Eu sinto muito...

See you one more time... ★ BokuAkaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora