O começo do fim: A descoberta

|Cap. 1|

Arca - 2040

Daniel

Arca está tão bonita, o céu está tão azul, o ar tão fresco e puro, tenho até medo que essa calmaria signifique que vem "tempestade" por aí. As coisas andam tão estranhas ultimamente.

ー Dani, Dan!... - Gritou Amarílis, correndo ao meu encontro de uma forma tão ávida que seus cabelos balançavam contra o vento, e o chacoalhar de cachos ruivos deixava-a ainda mais linda.

Lis sempre foi uma bonequinha desde mais nova, e agora com quase quatro anos continua a mesma princesinha, isso me faz lembrar do dia em que ela chegou em Arca, um bebê ainda, tão perdida e assustada com trajes rasgados e sujos de lama, deduzimos que ela havia ficado muito tempo sozinha na Floresta do Fogo. Lembranças invadem meus pensamentos e me lembro exatamente desse dia.

ー Mãe porque a senhora não descansa um pouco? Andas trabalhando demais, trouxe um pouco de água, beba um pouco. - Claire, minha mãe, era tão teimosa de um jeito que largar suas flores e deixá-las aos cuidados dos outros, viria a ser um crime de estado. Éramos donos de uma grande parte das terras de Arca, apesar de sermos governantes do reino fazíamos questão de distribuir ao povo o que pertence a eles por direito, somos responsáveis por todas as flores e frutas que eram distribuídas e comercializadas pelo reino.

Mamãe tem tanto orgulho quando dizem que nossos produtos são os melhores, que ela cuida deles com tanto esmero e paixão, acho bonito, devo confessar.

Devido a minha insistência por um pouco de atenção e descanso de sua parte, neste momento, estamos em cima de uma pequena rocha, para um intervalo e como eu conheço dona Claire sei que isso não vai demorar muito tempo, mas não custa nada tentar.

Gosto de apreciar o vento que balança nossos cabelos e refresca os nossos corpos, o calor está terrível esses dias. Mamãe é tão pequena e frágil que tenho medo que se esforce demais, mas no momento que olho em seus olhos azuis que possuem tanta bondade e amor, desisto no mesmo momento de meus pensamentos acusatórios.

ー Dan, você sabe que eu sou louca pelo o que faço, essa é minha vida e eu a amo. Está vendo toda essa imensidão de cores? - Antes de beber um gole de água em seu cantil ela aponta na direção de todo o campo, e devo dizer que ela tem toda razão é a coisa mais bonita que uma pessoa poderia um dia presenciar e eu me sentia sortudo por fazer parte disso, não tem comparação com nada que eu já tenha visto. São vastos campos de tantas cores e perfumes.

ー Eu sei, dona Claire, mas a senhora sabe que me preocupo, não consigo evitar.

ー Oh, meu bebê, não se preocupe comigo, sou mais forte do que você possa imaginar. - Ela falou isso olhando nos meus olhos, cheguei a acreditar por um momento, mas isso não quer dizer que vou deixar de cuidá-la e protegê-la.

ー Mãe! Já faz muito tempo que não sou mais um bebê.

ー Você sempre será o meu bebê, Dan, e deixe de bobagens, não é porque está aprendendo a lutar, a conquistar garotas e se tornando independente que vou te deixar em paz. - Ela fala isso com uma calma que me assusta, quando moto o seu sorriso contido ela desata a rir da minha cara de apavorado.

ー Poxa, mãe! Achei que estivesse falando a verdade.

ー Desculpa filho, não podia perder a oportunidade. Sabe que tenho orgulho de você, de quem você está se tornando, sabe que eu e seu pai torcemos pelo seu futuro aqui em Arca, um dia será você a comandar o nosso povo, Daniel, e tenho certeza que será um perfeito e bondoso líder, como seu pai. - Quando vejo seus olhos marejados e transbordando de tanto amor, sei que tudo é verdadeiro. Sei que eles esperam isso de mim, mas ainda tenho minhas dúvidas, medo de ser um péssimo líder de não superar as expectativas postas a mim. Não quero que ela veja minhas incertezas e preocupações, apenas movimento a cabeça concordando.