21 - Vinde a mim todos os cansados.

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- E por que o Eduardo ficaria contra o irmão e a favor de três estranhos? E quem é Sarah? - Perguntou empolgada, achava sua vida tão monótona, que ficava extasiada quando ouvia histórias reais interessantes.

- "Agora você tem uma história bem interessante, ou já esqueceu?" - Pensou, mas ignorou tal pensamento. Não queria pensar sobre isso ainda.

- O Edu é uma das pessoas mais sensatas que eu já conheci, e ele compreendeu que o irmão era o responsável pelo acidente, e além do mais apenas eu e o Mike éramos estranhos, a Vick era alguém especial. - Concluiu distraído, com o pensamento longe. - E Sarah é uma amiga da Vick. As duas dividiam o aluguel, quando se mudaram pra cá. Ela é a contadora da escola, com certeza você a conhecerá, ela é uma ótima pessoa. - Os olhos de Artur brilhavam enquanto falava nos amigos.

- Você os ama muito, não é? - Perguntou suavemente.

- Amo sim! Aquele acidente mudou fantasticamente a minha vida. Ainda estou naquele emprego por causa do Mike, claro que eu amo o meu trabalho, e aprendi que posso fazê-lo bem, e que as pessoas me respeitarão se eu respeita-las também. Mas não foi sempre assim, você me conheceu na faculdade, foi difícil deixar de ser aquela pessoa detestável, e ainda hoje vez ou outra eu tenho uma recaída, como aquela noite na pizzaria. - Lembrou cabisbaixo.

- Aquela noite foi um caso isolado, e você me pediu desculpas, e no final das contas, não é isso que importa? - Disse solidária, surpreendendo-se.

- O Mike é quem me mantém na linha, quando eu estou fora dos trilhos, ele me puxa de volta, ele me faz querer ser melhor. - Admitiu sacudindo a cabeça.

- Um bom amigo! - Comentou orgulhosa, sem entender porque estava orgulhosa de uma pessoa, que apesar de gentil, definitivamente não gostava dela.

- Mais que um bom amigo, ele é um irmão muito especial! - O garçom veio recolher os pratos; de sobremesa Claudia escolheu mousse de  maracujá com chocolate, e Artur uma torta de abacaxi.

- Claudia, posso te fazer uma pergunta íntima? - Perguntou tímido, e ela parou a colher a caminho da boca, sentindo o coração acelerar, mas se controlou e continuou com sua sobremesa.

- Sim, pode perguntar! - Disse corajosa.

- Quando a gente era mais jovem, você era muito reservada, e me parece que continua assim... - Ele se enrolou, e deixou a sobremesa pra lá.

- Pode perguntar o que você quer saber,  eu só não garanto responder. - Disse tranquila com um meio sorriso, mais uma vez se surpreendendo.

- Por que você é tão fechada? Por que você não deixa ninguém se aproximar?

- Estou deixando você se aproximar agora. - Respondeu simplesmente.

- Mas eu acho que essa aproximação tem reservas, estou certo? - Perguntou em lamento.

Ela olhou para a mesa, sem saber o que fazer ou falar, lembrou de Marcelo dizendo para ela ser sincera, mas a verdade era que estava gostando desse Artur bem-humorado e gentil, não queria magoa-lo, mas Marcelo tinha razão não poderia engana-lo, menos ainda se a pessoa que fazia seu coração acelerar era o melhor amigo dele, este Artur que estava neste momento na sua frente merecia todo o carinho, a verdade e a gentileza que ela pudesse ter com ele.

- Não sou boa nisso, então não sei o que você quer de mim, mas o que eu posso te oferecer no momento, é a minha amizade, e gostaria muito se possível de ter a sua também. - Disse temerosa.

Ele encarou-a, e sorriu. Mas seu olhar estava triste, e ela sentiu-se mal, por estar magoando-o. Ela se mexeu inquieta.

- Eu também gostaria que fôssemos amigos. E será que poderemos sair outras vezes? Como amigos! - Acrescentou sorrindo.

Deus também estava lá.Where stories live. Discover now