O Despertar: Caos Sagrado - Capítulo Dahlia [FINALIZADO]

I - "Negação" [ATO II]

[ATO II]

Ela aparece diante de mim em choque, de pé, trêmula, e com algumas mechas molhadas de seus longos cabelos ruivos cobrindo os olhos cor de âmbar. Chovia na Terra e você retém a aparência final ao transcender, mas deveras ela não sabe disso.

Para os Terrenos, como de costume, todos tem sua anima levada sem demora para o que conhecem por "céu". Nenhum ser ascende ou descende sem que seu Verdadeiro Eu, para um melhor entendimento, passe por este plano.

- Eu sou uma companhia para todos no pós-vida, de forma igualitária em todos os universos e dimensões existentes, a finalidade é de que possam ser julgados pela Grande Luz.

- Que luz é essa, senhor! Não consigo ver direito! Por que não... Não consigo me controlar, por que tô andando? Aonde eu tô?

Ela ainda não sabe, mas eu não ofuscava sua visão. Em verdade digo à vocês que era ela quem não se conhecia. Eu segui no caminho de cristal e ambos nos colocamos a caminhar.

Um outro ditado humano que acho interessante é o de que a justiça divina tarda e nunca falha, afirmo ser verdade. Interessante que todos pensam que quando os olhos se fecham em vida há apenas o nada.

- Todos os dias, a todo o momento, no mundo inteiro, almas sofridas sobem ao céu para serem julgadas, porém a sua é uma das mais intrigantes que já levei... Você sabe quem é você?

"...Eu tô sonhando... Eu ESTOU sonhando, não é possível... Como assim quem sou Eu? Eu sou Eu, Meu Deus aonde eu estou? Que luz é essa que ta falando comigo? Por que que não consigo parar de andar? Estou com medo e com frio..."

Apenas se mantendo em quietude, Incrédula no que vê e ouve, pensa Ela tudo ser um aparente pesadelo... O único conforto é se abraçar, o que não poderia deixar de ser salutar para ela.

Estas lágrimas escorrendo pelo rosto dela bem como o som do gotejar ao tocar o chão de cristal, eram quase uma sinfonia... Abaixo das nuvens negras deste mesmo belo caminho este som é o que rege aquele local, para mim é indiferente, todavia interessante. O silêncio das palavras não me incomoda.

- Aonde estou? Por que não consigo parar de andar e por que não consigo ver quem é você? Eu estou mesmo sonhando? Eu... Morri? Eu não entendo, me ajuda? Por favor... Só quero ir pra casa...

Ela repete incessantemente as mesmas questões, um ciclo que a maioria deles não consegue se libertar até um momento em específico que os próprios devem ter. Eu não poderia ajudar, mas ela estava por hora salva estando acima das nuvens negras. Como é dito no livro da vida, "os mortos não estão cônscios de nada", mas a reação de todos é sempre muito peculiar.

- Eu sou o guia, sua... Luz, digamos assim. Todos vêem e devem caminhar para ela. Com ela devem ir até o lugar onde é decidido o destino final conforme o aproveitado enquanto encarnados. Mas não se preocupe: Enquanto você permanecer acima dos céus tudo estará bem. Logo você entenderá... Até breve...

- Meu Deus, aahgh! Que luz!! Ei!! Pra onde você foi? Não me deixa aqui!!

Foi o que ela disse quando chegamos diante do trono: O Assento De Ouro Dos Deuses Da Criação. O artefato espiritual flutua frente ao grande jardim e uma vez que eu tenha posto minha presença próxima a este local, minha luz tinha de deixá-la. Essa luminosidade era tudo que eu era para ela e o que ela via de mim até ali não tinha mudado.

Quando me ausentei de sua presença, foi repentinamente forte e a deixou com pouca visão novamente. Ainda se apegando a humanidade... Não me permitirei dizer que Ela está do nosso lado, não do lado espiritual totalmente ainda. É notável que as viciosas repetições de ações mundanas ainda perduram: Ela esfregou os olhos como qualquer ser que não consegue ver Meu Verdadeiro Eu.

Fiz minha parte e retrocedi, como dizem os mortais, "num feixe de luz". Permanecer neste plano ao chegar o momento deles é desconfortável e invasivo. Os próximos momento acontecem coisas que Eu particularmente preferiria não saber que acontecem.