13 - O diabo vem nos buscar

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Acordou tarde na manhã seguinte, com o sol machucando suas pálpebras, o anúncio de um dia desagradável. O tecido nas pernas estava encharcado, o que fez com que Júlia se levantasse depressa, sem entender a umidade que roubava dela o que restava de sono. Choveu? Não. Estremeceu, olhando ao redor. As paredes pareciam querer esmagá-la, tamanho era o vexame. Contemplou suas roupas e, indignada, a mancha enorme, no lençol, na colcha e no edredom. Preciso limpar rápido! Juntou tudo o que estava sujo e correu para a suíte. Deixou a roupa de cama dentro da banheira comprida, tirou seus brincos bem depressa, largando sobre o balcão, e deslizou as peças de sobre o corpo, entrando no chuveiro.

 Deixou a roupa de cama dentro da banheira comprida, tirou seus brincos bem depressa, largando sobre o balcão, e deslizou as peças de sobre o corpo, entrando no chuveiro

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– Dezenove anos, e fazendo xixi na cama.

O banho foi um alívio e a culpa quase se aliou com a vergonha. Mas só quase, porque se perdoava, pensando naquela que foi uma das piores noites de sua vida. Era estranho, já que, quando encostou no travesseiro para dormir, reconciliada com Deus, esperava sonhos tranquilos, e não que Júnior e Danilo surgissem feito fantasmas para atormentá-la. Mesmo assim... então, talvez fosse um castigo, pelas coisas que fez, pelo tempo que passou longe da igreja.

– Sim! – disse consigo, terminando de se enxaguar. – É um castigo.

Por isso ou por outra coisa, tinha se molhado ridiculamente: o primeiro dos seus problemas. O segundo, era outra roupa, que ela foi procurar logo depois de trocar a água de sua pele pelo leve cheiro de Jacques, usando o desodorante da prateleira do banheiro. Correu até o closet do casal e procurou peças que serviam. Não vão se importar, nem estão em casa. Pegou tudo de que precisava – uma calcinha e um longo vestido, minorias naquele armário tão masculino – não sem se sentir levemente constrangida.

Se vestiu diante do espelho. Mesmo com aquela peça linda cobrindo seu corpo, pareceu a si mesma outra pessoa, mais besta do que costumava ser. O recorte no busto era provocador e por pouco ela não deitou fora o vestido que fazia com que parecesse uma... bom, não tenho o que fazer.

Outra vez no quarto, abriu a janela para o cheiro de urina partir e viu que a cama tinha a mesma mancha que impregnava o lençol e as outras peças. Puta que pariu! Depois, vou ter que voltar aqui para ajeitar tudo direitinho, comentou, terminando de resolver o terceiro dos problemas: erguer e arrastar sozinha até a varanda aquele colchão colossal, para um banho de sol. Voltou ao banheiro e juntou a roupa de cama e as vestes sujas, levando para a lavanderia, no andar de baixo. Aqui, o cheiro não vai incomodar. Colocou – aquele quarto problema – no cesto, antes de voltar ao marco zero.

O despertador ressoou por toda a casa, obrigando com que subisse as escadas depressa. Desativou o aparelho na cômoda e, no gesto, viu tantas notificações, da mãe, do irmão, dos amigos, que teve preguiça. Preciso falar com o Danilo. Então, cumprimentou alguns, respondeu outros, antes de atirar sua flecha, pedindo para Luísa o contato de Danilo ou de Bruno. Hoje, se Deus quiser, eu vou descobrir tudo e tudo vai se arranjar. Não demorou a receber resposta.

Caindo em tentação: ObsessãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora