13 - Verdade

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Maria

Por que que eu me submeto a esse tipo de coisa mesmo?
Como minha avó diria: "Você é uma Maria vai com as outras!"
Eu não entendia bem este ditado quando criança, mas agora ele faz todo sentido, eu me deixo levar muito fácil pela idéia dos outros, mas agora era muito tarde pra voltar atrás.

Afinal, ensinar o Júlio a andar de skate não poderia ser pior do que ser pega na mentira.

É...

Eu estava completamente enganada.
O Júlio é péssimo.

Ele não conseguia se equilibrar de jeito nenhum.

—Isso não vai dar certo, Maria. Eu sou horrível! —Júlio disse meio sem graça ao se levantar do 4° tombo.

De fato, ele é.

—Você consegue, só relaxa e segura minha mão. —eu disse.

Aquilo deu certo nos primeiros cinco segundos.

Depois ele se desequilibrou e caímos juntos.

—Acho melhor desistirmos dessa ideia, eu preciso estar inteiro se quiser continuar trabalhando. —ele se levantou.

Pior que ele tinha razão, impossível aprender a andar de skate em dois dias.
E eu já estava pensando na desculpa que eu iria inventar pro Júlio não precisar ir passar vergonha na frente dos meus amigos.

Me despedi do Júlio e decidimos que deixaríamos isso pra lá.

Só me dei conta do estrago no dia seguinte.

—E aí, Maria? Como foi com o Júlio ontem? —Dária perguntou assim que me viu de manhã no colégio.

—Um desastre, ele é péssimo Dária. —eu disse desanimada.

—O quão péssimo numa escala de 0 a 10?

—11. —eu disse.

—Vish, amiga... E agora, o que você vai dizer pros meninos?

—Eu não sei Dária, você teve essa ideia maluca, deveria me ajudar!

—Vou pensar em algo, calma. —Dária disse.

Fechei meus olhos por um instante e quando os abri de novo, avistei de longe o Vitor conversando com a Paty.

Todo sorridente.

—Pensa rápido. —eu disse pra Dária, e em seguida me levantei e fui pra minha aula, tentando ignorar aquela cena.

Passei o resto do dia pensando em como me livrar daquela situação desesperadora, e em como seria vergonhoso pra mim ter que confessar a mentira pros meninos.

—Ei, eu já sei o que vamos dizer! —disse  Dária animada me despertando de todos os pensamentos.

Lá vem.

—Vamos dizer que o Júlio está doente! —Dária sugeriu.

—O quê? Esqueceu que ele trabalha junto com o PH? Quem trabalha doente? —eu disse.

—Que tal enfaixarmos o pé dele e dizer q ele não pode andar de skate? A gente inventa alguma coisa, sei lá? —Dária fez outra tentativa.

Eu gostaria muito de saber como isso funcionaria na cabeça da Dária.

—Que tal isso Dária? Chama-se Verdade, já ouviu falar? —eu disse impaciente. —Eu vou contar toda a verdade.

—Você vai jogar todo nosso plano no lixo!—Dária disse.

—Quer saber? Eu nem me importo mais, não está dando certo mesmo! —eu disse levemente irritada.

Um silêncio esquisito se instaurou por alguns segundos.

—Você é quem sabe, Maria. —ela disse mais brava ainda, e saiu batendo o pé.

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No dia seguinte...

Eu estava decidida, ia contar que aquele garoto não era o meu Crush coisa nenhuma, e que eu menti sobre ele ser skatista.
E quando eles perguntassem o motivo disso tudo, eu fingiria um desmaio para que eles esquecessem essa parte, não queria parecer uma louca apaixonada.

Quando cheguei na pista pra treinar, os Insanos me olharam esperando eu estar acompanhada do Júlio, mas eu estava sozinha.

—E então, cadê seu namorado, Maria? —Vitor perguntou.

Respirei fundo.

—Primeiramente, ele não é o meu namorado. E segundamente... tenho que contar uma coisa pra vocês... —eu disse e fiz uma pausa um pouco dramática.

Eu estava morrendo de vergonha.

A Maria terminou com o Júlio, e não quer nem ouvir falar o nome dele. —A voz da Dária surgiu atrás de mim e foi se aproximando até parar do meu lado. —Então os idiotas podem parar de ficar perturbando ela? Obrigada. —ela completou olhando para os meninos.

Quase não acreditei que ela havia feito aquilo, não era bem o que eu queria, mas eu não conseguir abrir a boca para contrariá-la.

—O que está fazendo, criatura? —perguntei quase em um susurro.

—Salvando sua vida. —ela disse.

—Sinto muito pelo seu término, Maria. —Disse Davi.

—Ele fez alguma coisa de ruim pra você Maria? Se ele fez, pode falar comigo que eu quebro ele no meio. —Disse PH.

—Não, ele não fez nada.. —eu disse meio sem jeito.

—Você está bem, Maria? —Vitor perguntou.

—Estou ótima. —eu disse aliviada, o que soou estranho para todos, mas não me importei muito. —Que tal pararmos de falar do Júlio e irmos ao que interessa? O concurso está chegando!

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MARIA MACHO - DEGUSTAÇÃODove le storie prendono vita. Scoprilo ora