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Maria

Fiquei com tanta raiva que nem consegui responder.

Minha vontade era colocar essa tal Paty num foguete direto pra Marte.

Será que ele já beijou ela?

Ou se ainda não... será que esse beijo tá pra acontecer no sábado?

Onde será que eles vão?

Eu queria não me importar com tudo isso.

Também queria chorar, mas não podia, Acabei de receber essa mensagem na mesa de jantar, frente a minha mãe.

—Que cara é essa? —Minha mãe perguntou.

—Não é nada, mãe. O que dizia? —perguntei.

—Eu estava comentando o quanto eu amei esse seu novo estilo mais feminino, já estava mais do que na hora de você deixar de ser uma machinho né? Mas por que tão repentino? Por acaso está interessada em alguém da escola?

Quase engasguei com a comida.
Era a primeira vez que minha mãe me perguntava algo do tipo, nunca falamos sobre isso, nunca mesmo.
Acho que por isso eu não me sentia nem um pouco confortável em dizer a verdade pra ela.

—Não. Eu só quis mudar um pouco, não tem nada haver. —Eu disse sem graça.

—Qual é, eu já tive sua idade, sei como é ter um paquera. Será que o seu não é aquele seu amigo, o João? Ele até que é bonito, vai.

Espera, O que?!
Em primeiro lugar, ninguém mais fala "paquera"
E em segundo lugar, o João é o garoto mais babaca que eu conheço!

—Mãe, corta esse papo, eu não tenho nenhum "paquera", e se eu tivesse, o João seria o Último! Agora, me dê licença que eu vou pro meu quarto.

Onde já se viu...

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No sábado, fui sair com os meninos, mas minha cabeça estava no Vitor, o que será que ele estaria fazendo nesse momento?

Isso me atormentava, nem as palhaçadas do Cadu me faziam rir.

—Junta pra foto, galera. —João disse e apontou seu celular pra nossa cara.

A foto ficou péssima.

—Fiquei lindão, vou postar. —João disse.

Ele sempre foi assim, não importa se o Cadu saiu na foto de boca aberta, ou se olho do Davi saiu meio fechado e o do ph muito aberto e se eu saí com um sorriso falso.
Se o João sentir que saiu bem, os outros que lutem.

É um bom amigo, mas ele consegue ser bem babaca as vezes, e eu posso dizer isso com propriedade, o conheço há anos.

Tem uma menina na escola que é apaixonada pelo João, o nome dela é Eduarda, é super inteligente, já perdi as contas de quantas vezes ela tirou os Insanos do sufoco em matemática, só por gostar do João.

Não sei ao certo o que o João sente pela Eduarda, ele é gentil com ela na maioria das vezes, mas se tem algo que sei é que quando João está perto dos outros garotos (sem ser nossos amigos) ele se transforma em outra pessoa com a Duda.

O João é conhecido nesse universo masculino (idiota) como "O pegador das mais gatas."

E a Duda.. Mal é conhecida no colégio.
Ainda mais porque tem o nome de uma das mais patricinhas da escola, então o nome dela sempre é associado a Eduarda patricinha.
Os outros garotos fazem bullying com ela, e a desrespeitam muito, só por não ser do padrão deles.
E não sabem a pessoa maravilhosa que ela é.

O João sabe.

Os dois conversam, e se divertem juntos, contanto que seus amiguinhos populares não o vejam com ela, porque isso pode "manchar" sua reputação idiota.

Eu fico mal de ver uma situação dessas, já disse várias vezes pra ela deixar o João de lado, mas ela não me ouve.

Parece que também está infectada com essa tal paixão, assim como eu.

Paixão é algo novo pra mim, mal consegui me diagnosticar, imagina diagnosticar outra pessoa, mas mesmo assim, na minha cabeça, eu acho que João gosta da Duda, nem que seja lá no fundo, sei que ele olha pra ela de uma forma diferente.

Inclusive, foi ideia dele chamá-la para pizzaria hoje no lugar do Vítor.

Queria que ele estivesse aqui com a gente,
Ter que ver a Duda dando pizza na boca do João bem na minha frente, me deu uma saudade...

Os dois formariam um belo casal, na real, estavam parecendo um casal de verdade na nossa frente.

Chegava a ser um pouco estranho, tanto pra mim, quanto pro Ph, Davi e Cadu, parecíamos as famosas velas.

João sorria e olhava pra ela com um brilho nos olhos.
E os dois provavam a pizza um do outro e conversavam entre sorrisos bobos.

—Querem um quarto? —Ph perguntou enjoado de ver aquela melação toda, cortando o clima entre os dois.

Eu achava até fofo, mas é uma pena isso só durar enquanto não há testemunhas populares por perto.

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Na segunda-feira, eu não conseguia disfarçar minha indignação em perceber com meus próprios olhos que Vitor estava mais próximo da Paty, certeza que ele beijou ela.

Enquanto nos meus pensamentos mais obscuros se passavam vários xingamentos e formas de acabar com a tal Paty, Dária chegou de repente me dando um susto.

—Não chega assim, mano! Quer me matar?—eu disse chegando meus batimentos cardíacos.

—Desculpa, Mah!

—O que você quer, criatura? —perguntei.

—Xiii... Já vi que está de mau-humor. Desembucha, o que aconteceu? —Dária disse.

Eu não aguentava mais guardar o ódio dentro de mim, então contei tudo pra Dária, que é bem mais experiente no assunto que eu.

—Olha.. Sendo sincera com você, eu acho que rolou mesmo um beijo entre eles, talvez mais de um, mas isso não significa nada, você ainda é a melhor amiga dele, sabe dos segredos, conhece bem,  então tem pontos fortes quanto a isso, você já é linda, só precisa provocá-lo. —Dária disse.

—Como assim provocá-lo?

—Fazer ele sentir ciúmes de você, e não se preocupa porque a sua solução está a um clique. —ela me mostrou o celular dela.

—No que está pensando, Dária?

—Olha, eu não te contei isso antes, porque sei que está focada no Vitor, mas saca só o tanto de menino que me pediu seu número de telefone depois da minha festa. —Dária me mostrou o celular enquanto rolava a tela.

—Eu não quero ficar com nenhum desses meninos, Dária. —Avisei.

—Não precisa ficar com nenhum deles, você só precisa que o Vitor ache que você está ficando com um deles, simples assim.

E lá vamos nós para mais um episódio das ideias loucas de Dária...

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MARIA MACHO - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora