5 - Amizade

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Maria

—Isso não é uma boa ideia, galera.. ele não é mais daqui, mora bem longe agora e eu tô tentando esquecer, ok? —Eu disse tentando sair da saia justa que eu mesma me meti. —Vamos mudar de assunto? O concurso de skate tá chegando, temos que nos preparar!

E foi assim que eu consegui mudar rapidamente o assunto, agora falávamos sobre o concurso, estávamos empolgados porque dessa vez o prêmio seria em dinheiro, e além do mais os vencedores ganhariam patrocínio e mais visibilidade no mundo do skate.

Enquanto ainda conversávamos sobre o concurso, um silêncio se instaurou aos poucos quando o pai do Ph apareceu na pista de skate e parecia bravo.

—Pedro Henrique, você não cansa de vagabundar por aí não? Vamos embora, você tem que me ajudar na oficina.—Disse o homem autoritário.

Ph já havia nos dito outras vezes que tinha problemas com o pai dele, mas ele odeia ter que falar sobre isso, claramente ph fica triste com essa situação, mas mascara toda sua tristeza em forma de raiva.

—Vagabundar? O meu irmão que vende drogas e eu sou o vagabundo?! —PH alterou a voz.—Você é uma comédia mesmo.

—Seu irmão traz dinheiro pra dentro de casa, você só traz desgosto, moleque preguiçoso.

Ph deu uma risada sarcástica ao escutar o que seu pai acabara de dizer.

—Preguiçoso eu? Você é que fica a semana toda de bunda pro alto no sofá e quer me chamar de preguiçoso?!

—Você sabe que eu não posso fazer muito esforço porque sou acidentado, e nem pra me ajudar você presta, garoto inútil, não vale o nem o prato de comida que come.

Ph se levantou e foi na direção do pai dele.
Vitor e Cadu entraram na frente dele tentado pará-lo.

—Não precisa me segurar não, eu não vou fazer nada com esse merda, a vida dele já é ruim o bastante. —Ph disse com raiva.—Eu tenho pena da minha mãe que casou com você, um covarde. Eu só quero olhar pra sua cara e dizer que você vai ser arrepender de tudo de mal que fez pra mim.

—Fica tranquilo que eu não vou arrebentar sua cara na frente dos seus amiguinhos. Mas na minha casa você pisa mais, entendeu bem moleque?

—Ótimo. —Ph respondeu.

O pai dele se virou e foi embora deixando um clima pesadíssimo.

Ficamos sentados lado a lado no alto da pista.
Ph estava com tanta raiva que saía lágrimas dos seus olhos.

—Eu odeio esse cara com todas as minhas forças. —ele disse.—Quero que ele morra!

E deixamos ele falar tudo que tinha vontade, até a sua raiva sair um pouco.

—Eu não aguento mais conviver com ele, isso me mata todo dia, ainda tenho que presenciar minha mãe apanhar pra esse merda sem poder fazer nada. Esse concurso é a minha oportunidade, se tudo der certo, vamos passar a ganhar visibilidade e dinheiro, e eu vou poder tirar minha mãe e minha irmã dessa situação e calar a boca daquele maldito que diz que eu sou inútil.—Ph desabafou.

Não sou muito disso, mas nesse momento eu o abracei.
Depois os meninos fizeram o mesmo.

—A gente vai vencer esse concurso, custe o que custar. —eu disse.

Finalmente vi um sorriso de esperança no rosto do PH.

—Obrigado pelo apoio galera.

—Mano... Sabe que minha casa está sempre disponível pra você né? —Vitor disse.

—Valeu irmão.

Amizade é estar nos bons e maus momentos, Se eu já queria ganhar esse concurso antes, agora eu quero ainda mais.

Toda essa situação me fez lembrar de quando eu conheci os meninos através do skate.
Pra mim,tem um valor enorme.
Foi nessa mesma praça há uns 7 anos atrás.
Eles estavam andando de skate na pista e eu só olhava, porque minha mãe nunca quis me dar um skate, por eu ser menina.

Mas quando  os meninos perceberam que eu vinha sempre olhá-los, um dia me perguntaram se eu queria aprender a andar de skate, sem me julgar, ou me olhar diferente por eu ser uma menina, e é lógico que eu disse sim.

E desde então, nos tornamos melhores amigos.

Quero poder levar isso pro resto da vida.

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MARIA MACHO - DEGUSTAÇÃOWhere stories live. Discover now