CAPÍTULO 02. O primeiro dia do resto da minha vida (Finn)

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Ficava cada vez mais arrependido por não ter, ao menos, tentado aprender norueguês durante todos esses anos. Quando eu cheguei em Londres eu queria fazer amizades e conversar com todo mundo e por isso nem pensei em treinar a minha língua nativa. Só que naquele instante eu estava tão próximo daquele menino e, mesmo escutando o que estava falando, eu não entendia quase nenhuma palavra.

O sinal tocou e interrompeu minha decodificação do que poderia estar acontecendo na sua mesa. Todos se levantaram e saíram da cantina, mas é claro que eu ainda estava olhando para o menino, e como um milagre ele olhou para trás, apenas por um segundo e então baixou o olhar para o chão ficando um pouco corado, pela segunda vez. Eu achei um bom sinal ele ficar procurando meus olhos daquele jeito.

Estava um pouco apreensivo de passar todas as aulas sozinho e perdido, mas por fim, uma menina veio conversar comigo, Noora. Ela perguntou se eu era o aluno novo e depois de muitos gestos com as mãos nós conseguimos chegar a um acordo e conversamos em inglês.

– Eu não acredito que você está no colégio, mas não fala nada da língua. Como que você vai entender as matérias?

– Na verdade, eu só vou ficar aqui até o fim do mês. Depois do natal eu volto para Londres.

– Que estranho, Finn. Por que você se matricularia no colégio em vez de conhecer a cidade?

– Pergunte isso para o meu pai. Ele achou mais fácil me colocar aqui do que passar algum tempo comigo. – disse dando os ombros.

Enquanto caminhávamos pelo corredor eu vi o menino de novo e não me segurei mais, eu precisava de ter alguma informação sobre ele.

– Noora, quem é aquele menino? – perguntei a ela apontando o mais discretamente que eu conseguia.

– É o Jørn, por quê?

– Por nada, eu o vi hoje no intervalo e, sei lá, achei ele bonito para caralho – disse rindo.

– Não quero te desanimar Finn, mas ele não é gay.

– Ele não precisa ser gay, só não-hétero já está bom para mim – tentei fazer com que o tema fosse leve, mesmo porque eu nem conhecia Noora, se bem que ela não parecia homofóbica.

– Se quiser testar a sua suspeita, a gente vai sair hoje à noite, nós vamos em um bar e ele vai estar lá. O que acha?

– Acho que você vai ser a minha melhor amiga por anos. – falei dando uma piscadinha para Noora.

Ela me passou o seu celular e explicou como que eu chegava no bar que nós iríamos. O resto do dia eu fiquei conversando com Noora, nós trocamos mensagens durante as aulas e continuamos quando eu cheguei na casa do meu pai. Eu já sabia quase tudo da sua vida e contei sobre a minha para ela. Eu adorava conhecer pessoas novas!

Sabia que estaria sozinho a tarde toda, mas mesmo assim não gostei da sensação de solidão que entrou no meu coração assim que eu abri a porta. Eu pensava que poderia ser pior, se a namorada do meu pai estivesse junto comigo eu ia ter que ser educado e puxar assunto com ela, e eu, com certeza, não queria fazer isso.

Enrolei até dar a hora de ir ao bar com Noora e ver Jørn, nesse tempo fiquei desenhando um pouco, mas tudo que tinha na minha mente era aquele par de olhos verdes, peguei minha aquarela e tentei replicar a cor.

Uma hora antes comecei a me preparar, eu troquei de roupa algumas vezes imaginando o que o meu possível futuro paquera iria achar do que eu estava vestido. Talvez eu tivesse muitas expectativas para com tudo e todos, mas eu não era naquele instante que eu iria mudar.

Fiz vídeo chamada com Noora e perguntei se eu estava bonito o suficiente, depois de rir muito e me chamar de apaixonado, ela deu opinião no que eu estava vestindo. Resolvi ir com uma camiseta preta do nirvana, um jeans rasgado e botas. Sim, eu tinha certeza absoluta que ia passar frio. Coloquei o meu maior casaco depois de passar muito perfume e arrumar o meu cabelo para cima.

Não tive coragem de pegar o ônibus até o bar, eu estava muito ansioso para a minha primeira saída em Oslo, e até consegui, por alguns minutos, não pensar em Jørn. Eu apenas queria chegar ao bar logo. Assim que o uber estacionou eu vi a Noora. Ela estava linda com uma maquiagem muito suave e um batom vermelho vivo, como ela era muito clara, bem mais do que eu, qualquer cor que usava destacava em sua pele.

Ela me ensinou a falar cerveja, depois de explicar que era uma palavra importante para as nossas próximas saídas. Para falar a verdade eu estava adorando aprender uma língua nova.

Depois da nossa segunda cerveja eu vi Jørn chegando e dei um cutucão em Noora, que apenas riu de mim. Ela se levantou e o abraçou, e falou algo que eu achei que era sobre mim, pois depois disso ele falou oi para mim em inglês e sentou-se na minha frente. Assim que cumprimentei seus amigos e todos começaram a falar inglês para que eu pudesse entender o que estava acontecendo senti os olhos de Jørn em mim, de tempo em tempo, mas sempre que eu olhava de volta ele fingia que estava prestando atenção em qualquer outra coisa.

Talvez o meu desejo tenha se realizado.


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De mãos dadas em Tøyen (história gay) AMOSTRAحيث تعيش القصص. اكتشف الآن