Capítulo 3

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CATARINA

Eu estava terminando de arrumar a mala quando ouvi batidas na porta. Fui abri-la e lá estava o mesmo motorista que me trouxe em casa ontem.

— Deixe comigo, senhorita. —pegou a mala da minha mão e saiu.

Olhei uma última vez para a minha casa e sai trancando as portas.

Em duas semanas estarei de volta, e tudo voltará a ser como antes.

Assim que cheguei no carro, o motorista abriu a porta para mim, franzi a testa ao notar que Raul não estava.

— Cadê  o Sr. Mandão?

Todos os funcionários do Raul o chamavam assim, afinal era exatamente isso que ele era com todos, um mandão.

— Já está no jatinho, Catarina.

Só agora me dei conta, de que iria de avião.

Arregalei meus olhos, eu tinha esquecido totalmente desse detalhe. Eu morro de medo de altura, então como vou viajar de jatinho?

Fui o caminho pensando no que iria fazer para vencer meu medo de altura.

Até que para o meu azar, rapidamente chegamos. Fui conduzida com passos hesitantes até o jatinho.

Engoli em seco antes de entrar, agora era tarde para voltar atrás.

Maldito vinte mil!

Ao entrar, vagueio meu olhar por todo o lugar, e parece mais uma casa do que um avião. Tudo chique e devidamente arrumado.

Paro de andar quando avisto Raul, totalmente concentrado no computador em seu colo.

Respirando fundo, tomando coragem, vou até ele, faço um som com a garganta para chamar-lhe a atenção, ele levanta a cabeça franzido a testa ao me ver.

— Está atrasada 2 segundos. —disse ao olhar rapidamente no seu relógio. — Sabe que odeio atrasos.

Fiz uma careta, me digam uma coisa que esse homem não odeia? Acho que nem ele se suporta.

Não falei nada e me sentei ao seu lado, ele me ignorou e voltou sua atenção para o computador.

Comecei a balançar o pé totalmente desconfortável enquanto batucava os dedos em uma pequena mesinha ao meu lado.

Raul deu um alto suspiro, e olhou para mim visivelmente irritado.

— Algum problema, Maria?

— Ainda vamos demorar muito? —ele revirou os olhos e voltou a olhar o computador.

Quando pensei que ele não iria me responder ele voltou a me olhar.

— Não. Mais alguma coisa, Elina?

— Na verdade, sim. —desviei meu olhar do seu e comecei a mexer nos meus dedos. — É que e-eu... Eu, tenho medo de altura, é isso.

Ele me analisou com os olhos cerrados e preparou-se para falar.

— E isso importa?

Olhei com a boca levemente aberta para ele.

— Claro que importa! —afirmei.

— Olha, só relaxa.

Novamente voltou a sua atenção para o computador, pouco tempo depois o piloto veio nos avisar que já iria decolar.

Meu coração corria desenfreadamente, logo senti quando o avião se moveu, dei um pequeno gritinho de medo.

Raul nem sequer moveu um músculo para me ajudar.

Olhei em pânico pela janela vendo Manhattan cada vez mais distante.

Eu tinha que me distrair ou a qualquer momento eu teria um ataque cardíaco.

— Senhor Raul. —o chamei, ele levantou o rosto e ergueu uma sobrancelha para mim. — Não acha melhor você conhecer um pouco do meu gosto, vai que perguntem...

Ele mal esperou que eu terminasse de falar, já me interrompeu.

— Não!

— Mas, Senhor...

— Nem mais, nem meio mais, Alexa! Se eu disse não é não. —irritou-se. — Por que simplismente não fica calada?

— A questão é que sei tudo de você e você não sabe nada de mim! —assevero rapidamente antes que ele me interrompa. — Você nem meu nome sabe.

Ele suspirou e fechou seu computador, o colocando na pequena mesinha. Em seguida, cruzou os braços se encostando na poltrona dando-me total atenção.

— Claro que sei seu nome. —disse simplesmente me encarando.

— Então, como é? —ergui minha sobrancelha em desafio.

Isso seria até que divertido, ao menos esqueci meu medo de altura.

Ele passou algum tempo em silêncio, como se estivesse tentando lembrar de algo. Aquilo era ridículo.

Trabalho com ele há um ano e ele nem ao menos sabe o meu nome?

Suspirei impaciente.

— Catarina, meu nome é Catarina. —revirei os olhos.

— Não revire os olhos para mim! —alertou. — É claro que eu sabia seu nome, Catalina.

Reprimi a vontade de revirar os olhos, ao menos dessa vez ele errou apenas uma letra.

— Vamos começar as perguntas. —mudei de assunto. — Vamos começar por você.

Ele deu de ombros e afrouxou um pouco a gravata, meus olhos seguiram todos os seus movimentos, e sem querer acabei parando minha atenção na sua mão.

Ela era tão máscula e enorme...

— Estou pronto.

Rapidamente desviei meu olhar antes que ele percebesse minha mancada, e senti meu rosto queimar de vergonha.

Limpei a garganta, e tentei parecer o mais normal possível.

— Primeiro, qual minha cor preferida?

— Azul. —respondeu de imediato.

— É Rosa, senhor. —o corrigi, mas isso não me surpreendeu nem um pouco. — Qual a minha comida preferida?

Ele me olhou totalmente perdido o que me fez bufar.

— Macarrão. —falei entre dentes. — Simplemente macarrão.

— Como é que você quer eu saiba todas essas coisas?!

— Do mesmo modo que eu sei as suas.

— Sabe?! —repetiu sem humor. — Vejamos, qual a minha cor preferida?

— O Senhor não tem cor preferida porque diz que isso são para idiotas.

Pude notar pela sua cara que eu o supreendi, mas ele disfarçava muito bem.

— Minha comida preferida?

— Pastrami.

Dessa vez ele arregalou levemente os olhos.

— O mais gosto de fazer no tempo livre?

— Correr, o senhor diz que correr é saúde e que sou uma estúpida por não praticar exercícios.

— Você por acaso me espia? —estreitou os olhos para mim.

— Claro que não! —indgnei-me. — Apenas gosto de observar as coisas.

— Sei. —continuou a me olhar deixando-me totalmente imcomadada.

— Não deveria pensar em uma história de como nos apaixonamos? —lembrei.

— Isso não importa. —deu de ombros e voltou a pegar o computador. — Na hora veremos isso.

Realmente não tenho ideia de como irei suportar um dia inteiro com esse homem. Na empresa é diferente, ao menos tem a noite para descansar meu juízo.

Deus que me ajude, porque sem dúvidas irei precisar.

Sr. Mandão [COMPLETO]Where stories live. Discover now