Capítulo 6

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CATARINA

Quando dei por mim, estava sendo empurrada até o alto da escada, em poucos segundos, Raul já estava do meu lado.

Luísa sorriu para mim, e abraçou-me.

— É um grande prazer conhecê-la, querida! —diz com a voz cheia de empolgação, me abraçando tão forte que temi ser partida em duas.

Ao se afastar, ela entregou o microfone ao Sr. Mandão.

Eu apenas obsvervava aquilo, com um enorme vontade de dar um grito de frustração.

— Hora do discurso, querido. —ao dizer isso, ela desceu as escadas se juntando aos convidados.

Aquilo só podia ser brincadeira, olhei para frente, notando todos os olhares sobre nós.

Eu disse ao Raul, eu disse que deveríamos ter criado uma história, então agora ele que dê um jeito!

Ele limpou a garganta e afrouxou um pouco a gravata, e preparou-se para falar.

— Boa noite a todos. —disse ele mantendo a pose de poderoso chefão. — Eu e minha noiva agradecemos, a presença de todos em nosso noivado, agora minha noiva irá dizer algumas, palavras, não é meu doce?

Meu doce? Tenho que lembrá-lo que tem que tem que melhorar nos apelidos.

Não acredito que ele está jogando isso para mim. Que salafrário!

Mordi a bochecha para reprimir os milhões de palavrões que pretendia dizer.

Peguei o microfone dele com um pouco de brutalidade, recebendo um olhar feio de sua parte.

Encarei os convidados, e preparei-me para falar.

Vamos lá, Catarina, você consegue.

Repeti para mim mesmo, algumas vezes antes de começar.

— Olá pessoal. —comecei meio hesitante, todos responderam em uníssono. — Vocês não tem idéia como estou feliz, por saber que posso contar com vocês nesse dia tão especial, obrigado a todos!

Sorri nervosa, enquanto alguns me aplaudiram.

— Como vocês se apaixonaram? —gritou uma voz no meio da multidão, procurei e notei ser Luísa, a tia do Sr. Mandão.

Ótimo, só era o que faltava.

Antes que essa pergunta fosse direcionada a mim, praticamente joguei o microfone nas mãos do Raul.

Ele me fuzilou com o olhar, e sem dúvidas, a vontade dele era me empurrar de escada à baixo.

— Bom, como alguns de vocês sabem a... —olhou para mim em súplica, não acredito que ele esqueceu meu nome.

— Catarina. —murmurei baixinho disfarçadamente para ele.

— A Catarina é minha secretária, e bom ficavamos muito todo no escritório. —sem que eu esperasse ele segurou minha mão. — Então química vai, química vem... E cá estamos nós.

Minhas bochechas ganharam um leve rubor, ai Deus, que vergonha.

— E como ficaram noivos? —a tia de Raul gritou novamente.

Será que alguém poderia tirar essa mulher daqui?!

— Tenho certeza que a minha noiva adoraria responder a essa pergunta.

Ele me entregou o microfone sem me dar tempo de argumentar.

Se ele acha que jogar essa responsabilidade para mim, ficará por isso mesmo, ele está muito enganado.

— Foi em um show de Rock. —olhei de esgueira para ele o vendo me olhar feio, mas pouco me importava. — Ele subiu no palco, e me pediu em casamento lá mesmo. Fomos expulsos do show. Então eu pensei, ele deve me amar muito, para pagar um mico desses, então aceitei seu pedido.

A medida que eu ia contando as pessoas riam de algumas partes, ao finalizar olhei para Raul dando-lhe um sorriso mais doce possível.

— Obrigado a todos, e aproveitem a festa. —encerrei, e praticamente puxei Raul pelo braço, antes que aquela tia dele nos fizesse mais perguntas.

Mas mal chegamos no final da escada que uma mulher, loira, literalmente pulou nos braços do Raul.

— Que saudades! —ela disse ao desgrudar dele, e supreendendo a todos, incluse a mim ela beijou o canto da boca dele.

Olhei incrédula para tudo aquilo, e sem dizer uma palavra sequer saí dali à passos largos.

Eu não acredito que ele deixou que ela o beijasse!

Do lado de fora da casa, pude ouvi-lo gritando para que eu parasse, mas o ignorei por completo.

— Michele, pare agora mesmo!!!

Esbravejou, mas eu estava irritada demais para ao menos olhá-lo. Foi quando senti ele segurar em meu braço, me fazendo parar.

Virei abruptamente em sua direção completamente furiosa.

— Me solta! —quase grito, e puxo meu braço da sua mão.

— Por que, diabos você está tão irritada?!

— Por quê?! —repeti suas palavras com um misto de incrédualidade e raiva. — Você deixou ela te beijar, e ainda me pergunta porque estou irritada?!

— Ela não me beijou! —defendeu-se.

— Por apenas um centímetro de distância da sua boca!

— Nosso noivado é de mentira esqueceu! —exclamou.

Ri sem humor para ele, e passei as mãos no rosto em frustração.

— Sim, mas só nós sabemos. —lembrei. — Ou seja, eu passei por corna na frente de todos!

— Quer parar de ser tão dramática. —revirou os olhos. — Isso não foi nada demais.

— Nada demais? —soltou um risada nervosa. — Quer dizer que se fossemos noivos de verdade, ela poderia te beijar, e não seria "nada demais?

— Mas... —tentou falar mas não lhe dei chance.

— Para mim já deu! Quer mentir para todas aquelas pessoas lá dentro, minta sozinho. Porque eu me demito!

— Se demite?

— Sim, me demito do cargo de sua noiva e também da empresa, isso tudo acaba aqui!

Virei de costas e comecei a andar para longe dele, minha paciência estava no limite. Avistei o motorista um pouco mais a frente e me aproximei dele.

— Me leve para casa! —pedi, ele me olhou confuso.

— NÃO, MARTIN, NÃO ESCUTE ELA! —gritou o Sr. Mandão ao longe se aproximando de nós.

Ah não, dessa vez ele não vai conseguir me segurar aqui.

Aproveitei que a porta do motorista estava aberta, e entrei rapidamente no carro trancando a porta, graças a Deus a chave estava no carro.

— Abra essa porta, senhorita! —pediu o motorista batendo na janela do carro.

— ABRA ISSO, MARIA! —gritou o idiota do meu ex chefe, vindo passos largos até o carro.

Ignorei ambos e me concentrei no volante, eu ia sair daqui com motorista ou sem motorista.

Não deve ser tão difícil dirigir.

Raul começou a bater no vidro do meu lado, acelerei com tudo.

— CONSEGUI! —gritei alegre.

O carro estava indo rápido demais, e eu não estava conseguindo pará-lo, foi então que para meu azar, acabei batendo em uma árvore.

Com impacto minha cabeça bateu brutalmente no volante, comecei a enxergar as coisas em um borrão.

A última coisa que lembro é de ver Raul gritando desesperado, então todo escureceu.

Sr. Mandão [COMPLETO]Where stories live. Discover now