– Longe de mim dizer o que você deve ou não fazer. Só acho que a Mallory precisa de um pouco de espaço, não é? – Andras inclina-se em minha direção e leva a mão ao meu rosto, acariciando minha bochecha. Arregalo os olhos e empalideço enquanto observo o trajeto de seus dedos em minha pele.

 – Vocês me conhecem? – busco forças para enfim perguntar, mesmo que não faça ideia do que fiz para arranjar inimigos tão obstinados a ponto de invadirem a minha casa e me ameaçarem com uma arma.

 Posso não ser a pessoa mais sorridente e receptiva do mundo. Sou sim introvertida e introspectiva, mas não sou mal educada. Costumo sempre ser gentil e simpática com as pessoas, então estremeço só de imaginar o motivo daquela invasão.

 Os três trocam olhares cúmplices e riem, parecendo esconder um segredo mórbido.

 – O suficiente para saber que você está sozinha. Seus pais estão viajando, não é? Para onde mesmo? – Valak estreita os olhos e ajeita a jaqueta de couro que já estava perfeitamente alinhada.

 Todos eles vestem roupas de cores escuras e portam o mesmo brilho ameaçador nos olhos, como se quisessem me comer viva e meu desespero os divertisse. 

 Respiro fundo e trato de tentar me acalmar. Quero mostrar que sou forte, assim como no dia-a-dia evito deixar que minhas fraquezas sejam percebidas.

 – Para o Brasil, não é mesmo? Nada como passar as festas de fim de ano nas praias brasileiras. _ quem fala é o homem cujo o nome ainda me é desconhecido. Ao ver que eu permaneço imóvel, ele guarda a arma na cintura e cruza os braços na frente do corpo. Seu rosto é bem anguloso e seus lábios movem-se para cima, enrugando sutilmente suas bochechas.

 Meu queixo cai e minha boca mostra-se como um grande "O". Como eles sabem que eu estava sozinha em casa? Mais ainda. Como sabem para onde meus pais foram viajar? Teriam eles me observado durante dias? Meus músculos tremem, emitindo espasmos pelo meu corpo, no entanto, tento controlá-los visto que toda vez que me movo as amarras queimam em meus pulsos.

 – E o que querem comigo? Já disse que não tenho dinheiro, então por favor, peguem o que quiserem e vão embora. 

 Nesse instante, Andras e Valak sentam-se um em cada lado do sofá, espremendo-me com suas coxas enquanto inclinam seus corpos sobre o meu. Arqueio os ombros na tentativa de ganhar mais espaço, contudo, quanto mais o faço mais sou pressionada. O mais velho passa seu braço sobre o meu ombro, abraçando-me e me trazendo para mais perto de si.

 –  Queremos apenas garantir que garotas bonitas não passem o Natal sozinha. – diz.

 – Eu sou muito bom nisso, sabe? Companhia. – o outro ao meu lado sussurra, pousando a palma em minha coxa e deslizando-a lentamente em direção a minha virilha.

 Trinco os dentes e fecho os olhos, respirando com força. Isso é a última coisa que eu quero, a única que eu não suportaria, porém não encontro forças para reagir. E reagir para que? Eles estão em três e possuem uma arma.

 – Por favor, não... – choramingo.

 – Não? Pensei que era isso o que você queria. Ou mudou de ideia? – ele recolhe rapidamente os dedos e arqueia a sobrancelha.

 Olho de esguelha para e ele e franzo o cenho.

 – O que quer dizer?

 – Nos diz você. Você quem se inscreveu em um site de acompanhantes em busca de um "Natal mágico", segundo suas próprias palavras. E veja só, seus desejos se realizaram. Você tem não só um, como três homens muito charmosos para te fazer companhia.

Quando soam os sinos [Concluída]Where stories live. Discover now