Depois de El Oásis

3. A Superação

Uma hora se passa e Saray chega trazendo muitas coisas. Sei que essa é uma tentativa de me fazer esquecer essa pensamentos deprimentes, mas a única coisa que me faria feliz, era ela.

O dia se passou e a hora de dormir chegou. Peguei no sono e acordei no outro dia, dormi a noite inteira.

Umas semanas depois fui morar com Saray.

O telefone tocava e quando eu ia atender, a pessoa não falava, apenas escutava sua respiração.

Outro dia a pessoa ligou de novo, mas dessa vez ela falou algo. Não sei se era coisa da minha cabeça, mas juro ter ouvido a voz de Macarena. Na ligação eu disse o nome dela, mas a pessoa do outro lado da linha desligou.

...

Saray e eu fomos ao mercado comprar algumas coisas. Saray estava estranha, não parava de olhar pro lado, acho que era uma mulher que estava na fila ao lado.

Ignorei e fomos embora. Saray continuou olhando a tal mulher misteriosa.

— Saray? Pode parar de olhar pra essa mulher e prestar atenção na rua?

— Que? Que mulher?

— A que você tanto olha.

Saray me ignora e continuamos nosso caminho pra casa.

O telefone toca, mas dessa vez quem atende é Saray. Não escutei muito bem o que ela disse no telefone, mas parecia estar com raiva.

— Quem era?

— Ah, era uma filha da puta me empurrando aquelas merdas de planos de internet.

Esperei ela se acalmar, quando percebi que eu não sentia mais falta da Loira. Demorei um tempo pra superar e, superei. Não chorava pelos cantos como uma criança de 5 anos, tinha esquecido completamente de dela.

Resolvo sair na rua pra comprar roupas, quando vejo um velho nojento assediando uma garotinha.

— Ei, menininha.

Eu com fúria nos olhos fui até ele e dei um soco em seu nariz. A menina ficou assustada, mas me agradeceu. Me senti pela primeira vez na vida, uma pessoa boa.

Enquanto estava voltando pra casa com minhas sacolas de roupas, sinto uma mão me tocar. Me viro e é a garotinha, me agradecendo novamente.

"Obrigada, moça." Disse a garotinha um pouco envergonhada.

Sorrio pra ela e continuo meu caminho.

Chego em casa e Saray estava gritando com alguém no telefone.

— QUE MERDA! SERÁ QUE VOCÊ NÃO PODE SIMPLESMENTE ME PASSAR O NÚMERO DELA?

As vezes tinha que tapar os ouvidos de tão alto que ela estava berrando.

— MAS QUE MERDA DE LUGAR! ESPERO QUE ELAS SE REVOLTEM E MATEM TODOS VOCÊS!

Saray desliga o telefone.

— Com quem você estava falando?

— Eu estava tentando pegar o número de Rizos, mas as pessoas que estão em Cruz Del Norte é um bando de filhas da puta! Nem sou da família da loira e deram meu número pra ela!

— A loira tem seu número?

— V-você escutou errado, eu disse Luna.

Não sei se ela realmente estava falando a verdade, apenas acreditei.

...

Macarena

Fiquei pensado por um bom tempo nas palavras de Saray, não aceitava o jeito rude que ela foi comigo. Eu estava disposta a superar.

Meu coração batia mais rápido só de lembrar que moramos na mesma cidade... Não Macarena, você não está boiola pela Zulema. Se controla.

Ando pra lá e pra cá pela casa pensando no que vou fazer. Pego meu telefone e ligo para Cruz Del Norte.

— Cruz Del Norte, em que posso ajudar?

— Posso pedir o endereço de uma ex-detenta?

— Qual seu grau de parentesco com ela?

— Sou tia dela.

— Ok, qual o nome dela?

— Saray Vargas.

— O endereço dela é...

Desligo o telefone.

Agora tenho endereço de Saray, nada me impede de bater na porta e correr pros braços da minha Zule... Só meu orgulho...

...

Saray

Já faz um tempo que chamei Zulema pra morar comigo, ela parece mais feliz agora. Estou com medo dela ter outra recaída e ficar chorando pela maldita loira, morar com a loira fez ela mudar, ela não era assim. Por um lado, ela fez Zulema melhorar, mas por outro, fez ela se apaixonar. Meio que gosto dessa nova Zulema, mas a antiga faz falta.

Enquanto eu estava perdida em meus pensamentos, escuto alguém batendo na porta.

Me levanto e abro..

— Como achou minha casa?

— Foi fácil, todos te conhecem por aqui.

Pego na cintura de Rizos e levo ela pro quarto.

Zulema

Enquanto Saray e Rizos se pegam quarto, eu olho pro teto perdida nos meus pensamentos. Preciso fazer algo, não consigo ficar parada.

Olho no meu celular e começo a assistir alguma coisa pra passar o tempo. Uma hora se passa e elas não saem do quarto, vou até o quarto e vejo que elas estão dormindo.

Aproveito o momento e saio pra andar um pouco.

...

Enquanto passo perto de uma loja de doces, vejo a loira.. Tento a ignorar, mas percebo que meus olhos estão fixos nela.

Nossos olhos se encontram, sinto meu coração pular a ponto de sair pela boca. Vejo ela saindo da loja ao meu encontro, ando rápido pra que ela não perceba que eu estava olhando pra ela, mas já era tarde. Ela se aproxima de mim, sinto a mão quente e macia dela nos meus ombros, eu me viro e fico olhando para ela...

Acordo.

Sim, era um sonho. Um sonho que eu não gostei muito, eu tento superar e meu corpo se recusa. Não nasci grudada nela, não preciso dela. Coloquei essas palavras na minha cabeça na tentativa de me convencer que não preciso dela, até que funcionou um pouco.

Macarena

Pensei muito e resolvi mandar uma carta pra ela.

"Saray se for você que recebeu essa carta, por favor, dê a Zulema por mim. Se for você Zule, saiba que eu não tive intenção de ter machucar, e que... eu te amo. ASS: M"

Peguei a carta e coloquei no correio, com esperanças de receber uma resposta.

1 semana depois a carta chega na casa de Saray.

— Vou ver se chegou cartas, Saray.

Zulema abre a caixa do correio e tira 3 cartas, todas endereçadas a Saray. Saray abre a carta de Macarena e lê. Por um minuto ela pensa em rasgar, mas abre jogo com Zulema.

— Zulema, precisamos conversar.

— Sobre o que?

— A um tempo a loira fica ligando pra cá, eu ameacei bloquear o número dela se ela continuasse ligando, ela parou.

— O que isso tem haver comigo? Não sou nada dela.

Saray

Escutar aquelas palavras de Zulema me faz lembrar que ela pode ser sem coração as vezes, se é que ela tem um.

— Só quis falar p--

Zulema me interrompe.

— Eu não tenho nada haver com ela, ela é passado.

Zulema sai andando deixando Saray falar sozinha.