Le Cygne

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Primeiro Ato

Lá estava ela, dançando livremente ao redor do grande lago que servia como espelho para a lua. Seu cabelo loiro, solto, com movimentos leves, balançava sobre seu dorso nu enquanto ela continuava a movimentar-se com passos perfeitos de balé. Momento algum ela se virava de frente para mim.

Ela vestia sapatilhas rosa claro com fitas firmemente amarradas em sua canela. Seu tutu era branco como a lua crescente que nos iluminava naquele lugar. De vez em quando, ela dava sinais que iria começar a rodopiar em cima das águas noturnas do lago mal iluminado, mas depois mudava de ideia e começava a fazer grand jetés ao redor da água.

Eu observava tudo sentada perto de um pé de buquê-de-noiva, a noite não poderia ser mais bela. Eu não conseguia tirar os olhos da bailarina que saltitava em minha frente.

Nessa noite, os passos dela eram a única coisa que eu ouvia.

...

Acordei assustada com o sonho que acabara de ter. Foi tão real que achei que estivesse acordada. A moça que dançava em meu sonho não saia de minha cabeça. Seu cabelo dourado ainda reluzia em minha mente.

Levantei-me e fui tomar um banho para ver se esquecia o sonho maluco que tinha acabado de ter. O casamento de Owen era daqui três dias e parecia que isso havia me afetado, já que acabara de ter um sonho sentada perto de um buquê-de-noiva. Que coisa.

Precisava me apressar, eu havia ficado responsável pelos arranjos do casamento... eu disse: todo o casamento! A igreja, o salão de recepção, as mesas, o salão de dança, os buquês etc. Tinha que ir para floricultura logo e me preparar para mais um dia contando se todos os lírios haviam chegado. Apesar da chatice de fazer buquês e arranjos, eu estava feliz e animada para o casamento do meu melhor amigo.

Amanhã eu teria um jantar, apenas eu e ele , para conversar sobre a vida e decisões muitos bruscas que eu não havia tomado (e inclusive evitava) e ele havia mergulhado de cabeça. Mal podia esperar.

Por isso, precisava logo terminar tudo hoje para amanhã apenas me preocupar com minhas próprias roupas e não ficar flutuando em problemas enquanto deveria estar mergulhada na conversa com Owen.

...

Todos os cravos estavam contados. Não faltava contar mais nada.

Eu ria sozinha enquanto contava o os jacintos de um lado e as jasmins de outro. Significados tão diferentes, mas acho que ninguém se atentava tanto ao fato de ter jacintos em um casamento, só as escolhiam pois, eram flores belíssimas. Não estavam errados, porém, ainda assim, era um fato engraçado.

Depois de terminar de montar todos os arranjos e ajeitar o buquê de Hannah com vários lírios-do-vale, desliguei as luzes da floricultura e fui embora para casa.

No caminho, uma loja pequena de esquina chamou minha atenção. Era uma loja de balé. Ainda me encontrava encucada com o sonho que havia tido de ontem pra hoje. As sapatilhas na vitrine eram idênticas as que a bailarina de meu sonho usava.

O sonho beiraria ao assustador... se o dorso daquela estranha não fosse tão bonito.

Voltei a caminhar para casa, desejando que ela não dançasse mais.

...

Segundo ato.

Lá estava eu novamente, sentada, agora, embaixo de um ipê amarelo. A lua era cheia. Dessa vez, a bailarina estava com o cabelo preso em uma trança, amarrada por um laço amarelo no fim daquele entrelaçar de cabelo. Seu tutu continuava branco, porém, dessa vez, possuía linhas douradas fazendo contornos delicados em toda saia. O tutu não era mais reto como antes, ele tinha algumas caldas o que dava um ar feliz e leve para a figura da moça. Sua sapatilhas eram brancas e continuavam com fitas amarradas, firmemente, na canela.

Seis história de amor- DamieDonde viven las historias. Descúbrelo ahora