Where can I fit in?

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A música estava alta e infelizmente a comida acabando. Depois de perder as estribeiras na pista de dança ao lado do clube dos corações partidos, Taehyung estirou seu corpo num pequeno sofá manchado de licor, cansado e com seu suor escorrendo pelas têmporas. A jaqueta jeans azul esquentava ainda mais sua temperatura corporal, mas estava tão exausto que se recusou a mexer sequer um músculo para tirá-la.


Encostou sua cabeça de lado e mirou seus hyungs espalhados por aquele clube. Jung Hoseok dançava como se não houvesse amanhã, irradiando sua animação, pouco se importando com toda a atenção que chamava pra si. Estaria ele de olho no DJ? O líder às vezes conseguia ser óbvio demais. Kim Namjoon gesticulava como adulto para um grupo de garotos de outra escola, ao seu lado estava a Jung mais nova que os acompanhou. Todos ali pareciam amigos.

Seria estranho se entrasse naquela rodinha assim, sem ser convidado?

Park Jimin já estava envolvido com alguma garota. Ela ria de algo provavelmente idiota que seu melhor amigo teria dito, enquanto ele brincava com uma mecha de seu cabelo roxo fantasia.

Céus, até mesmo Jeon Jungkook, que não era tão afim de festas, conversava com um garoto bonito no bar!

Provavelmente o auge da festa pra si já havia passado, justificava-se pela péssima sequência de músicas pop pique 2010 que tocava no momento, como se ela fosse a verdadeira culpada por sua onda de desânimo.

Mas quem queria enganar? Sabia muito bem o motivo de sua chateação, que não era nada repentina.

Suspirou. Por que as coisas tinham que acabar desse jeito pra si? O início da festa havia sido fantástico! Estava dançando e se divertindo e conversando e rindo! Até tinha feito novas amizades essa noite, estava tudo indo perfeitamente bem. Entretanto, depois de se jogar nesse sofá duro e finalmente olhar a sua volta, essa multidão de adolescentes, a música alta, os risos estridentes e os beijos roubados, depois de olhar seus amigos na companhia de desconhecidos, sentiu-se só, no meio de uma festa. E novamente aqueles pensamentos duros vieram teimosamente a tona, roubando seu bom humor. As mesmas questões repentinas que de vez em quando surgiam quando sentia-se só.

As mesmas questões de quando percebeu que tinha seu coração partido.

Ao ver tantas pessoas acompanhadas essa noite, perguntou-se, enquanto luzes coloridas dançavam sobre seu rosto, "Por que raios é tão difícil seguir em frente? Por que não consigo me envolver com alguém como o clube está fazendo? Tem algo de errado comigo?"

Sentia-se pior ao lembrar que o culpado por seu coração partido já havia o superado e criado novos laços com outro alguém, talvez mal lembrava-se do que tiveram, enquanto o Kim parecia parado no lugar, clicando sobre a mesma tecla e angustiado pelas mesmas lamúrias.

Soltou um longo e pesado ar dos seus pulmões, na esperança de aliviar um pouco. Alguns olhos estavam sobre si, o que o deixava incomodado. Devia estar com uma cara de bunda detestável.

Levantou-se dando batidinhas na calça, decidido a respirar um pouco de ar puro. Cruzou as portas do clube às pressas, esquecendo-se de avisar os amigos. Se deparou com a noite fria de sexta feira e pensou que, nessas horas, estaria debaixo de sua coberta, maratonando animes. A ideia parecia bem mais convidativa do que uma festa no momento.

Dentro do clube estava quente e lotado, contudo do outro lado da parede estava exatamente o oposto. Taehyung sentou-se no meio fio, inspirando o ar noturno misturado ao cheiro de álcool que aquela calçada possuía.

Mesmo que fosse mais aliviador estar fora do evento, seus sentimentos inquietantes não deram trégua. Era uma merda sentir-se tão solitário e perdido dessa forma. Afinal quando toda essa frustração dentro de si irá passar?

Por meses sentiu essa mesma inquietude, e mesmo que agora conseguisse lidar bem com a situação, ela ainda o incomodava. Precisava de respostas, precisava de um porquê.

"Por quê nos tornamos dois desconhecidos? Quando eu te perdi? Por quê? O que eu poderia ter feito diferente?"

Kim Taehyung só não entendia que essas questões eram meros frutos de sua insegurança e que não necessitavam de uma resposta, afinal, o problema nunca esteve em Kim Taehyung.

— Essa festa tá um saco, não é? Esses filhos de burguês só sabem se exibir, que droga. O nariz dessa galera é tão em pé que dá até pra ver a meleca.

Franziu o cenho ao ouvir uma voz familiar atrás de si. Surpreendeu-se ao reconhecer a silhueta de Jungkook em pé, os cabelos negros se misturando com o escuro da noite. O garoto riu com a mudança de expressão rápida de Taehyung, do penstivo ao confuso.

Droga, Jungkook estava lindo mesmo quando encarava seu estado deplorável. Sentiu vergonha por um instante.

— Quê? Eu... achei que estivesse se divertindo. — Observou cada movimento do mais novo até este se sentar ao seu lado.

— Nah, não sou muito de festas. Pelo menos, não de festas grandes assim.

— Hum... é, eu também não. — Deu de ombros. Estavam tão próximos que seus joelhos se esbarravam. Os dois permaneceram em silêncio. Kim Taehyung encarando seus tênis surrados e Jeon Jungkook distraindo-se com as estrelas, os braços apoiando seu corpo esguio. Era confortável, mas sentiam vontade de dizer algo.

— Você está bem? Não parecia com uma cara muito boa. — As orbes inocentes procuravam algum sinal de desconforto no rosto de Taehyung.

— É por isso que veio? Não deveria se preocupar comigo, nem deixar aquele cara do bar te esperando. — Incomodava a ideia de ter preocupado Jungkook e o tirado da festa a toa.

— Sinceramente você está me fazendo um favor com sua companhia, acredita que esse babaca deu um apertão na minha bunda? Sério! Eu fiquei puto, nem pra pagar um jantar antes...

— Sinto muito por você, Guk. — Afirmou sinceramente, mesmo que risse imaginando a situação no mínimo constrangedora.

"Guk" o mais novo repetiu várias vezes em sua mente, gravando o apelido na voz grossa do Kim. Era fofo, se acostumaria facilmente com "Guk". Sorriu tímido, que bobagens estava pensando?

— Mas então... quer conversar sobre o que tá te incomodando? Pode ficar tranquilo, não irei julgar.

— Hm... você jura? — Perguntou incerto.

— É claro! O clube dos corações partidos deve estar sempre disposto a ajudar seus membros, tá nos mandamentos que Hoseok escreveu semana passada.— O mais novo ficou ereto e posicionou sua mão sobre o peito, como se fosse um juramento.

Conseguiu arrancar um riso do seu hyung, o que definitivamente foi muito bom.

— É um pouquinho complicado, sei lá, eu, hm...— Mirou o mais novo mais uma vez, reunindo coragem. — Como vocês conseguem, sabe, seguir em frente? Como você descobriu que tinha superado? É que... vocês me trouxeram aqui com a missão de me arranjar alguém, mas... eu não consigo sair do lugar... eu tenho medo, Jungkook. Medo de ser machucado de novo.

Oh, então é sobre o coração, Jeon pensou, e não podia estar mais apavorado com o pensamento. Julgava-se horrível para questões do coração e conselhos amorosos. Não era motivador como Hoseok, nem mesmo sábio como Namjoon. Era só Jeon Jungkook, um pirralho que teve um péssimo relacionamento.

Contudo sabia que mesmo esta péssima experiência havia lhe ensinado boas lições, e não custava nada ser empático, ao menos, esperava que seu conselho fizesse algum sentido.

Suspirou audível, recebendo toda a atenção do Kim.

— Tae, você precisa entender que superar não significa esquecer... Você pode até tentar, excluindo mensagens e bloqueando todas as redes sociais, mas no fundo sabe que não vai esquecer. Também não significa encontrar um novo alguém, não! Você não precisa de um novo amor pra superar o antigo. Superar é, literalmente, se amar. E eu sei o quanto isso é difícil, porra, eu sei como é horrível acreditar que você não se encaixa nessa coisa chamada amor. Mas, hyung, não há ninguém no mundo que possa te amar tão verdadeiramente quanto você. E quando você for capaz de afirmar pra si mesmo "Eu sou um garoto incrível que merece viver uma puta história de amor." Ah, vai ser aliviador! E toda essa merda que você está passando no momento vai se tornar só... uma experiência. E tudo isso vai ser tão pequeno, como uma memória distante, então... é, ame-se em primeiro lugar, se encontre, e aí, quando você se der conta, já vai ter superado.

The Broken Hearts ClubWhere stories live. Discover now