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| S e l e n a |

— Papai, não precisa disso. — Meu pai está andando em círculos ao redor da mesa de centro.

Sua mão castiga seu couro cabelo, arranhando e puxando os cabelos. A mão livre está fechada em um punho ao lado do corpo. Ele está nervoso como nunca.

E se vocês acham que o motivo é a viagem para Itália, estão completamente certos. Ele sabe que há algo de errado, e está puto porque não estou contando o que é.

— EU SÓ QUERO SABER O QUE ESTÁ ACONTECENDO.  — Brada. Ele está vermelho. Ele vai infartar? — Minha filha quer fazer uma viagem com o namorado NO MEIO DO MÊS. Diz que é urgente, mas não é nada demais. ISSO NEM FAZ SENTIDO, SELENA.

— Pai, você vai infartar. — Digo calmamente, tentando manter o controle dessa conversa amistosa. — Quer um chá?

— EU VOU ENFIAR ESSE CHÁ N...

— THEODORE GRADER. — Viro o rosto para trás, dando de cara com minha mãe. A senhora Grader está belíssima sobre saltos altos e vestido coladinho vermelho sangue. — Olhe como fala com minha filha. — Ela está apontando o dedo para meu pai, sua voz sai em tom de aviso.

Que bom, minha mãe está do meu lado.

— Pois a SUA filha quer ir para Itália, DO NADA. Falou que é urgente, mas não é nada demais. — Ele explica a última parte com ironia. Até aspas com os dedos ele fez.

— UM CARALHO QUE VOCÊ VAI PARA ITÁLIA, SELENA.

Ah, pronto. Dois contra um. É injusto.

— Eu vou com ela. — Não é possível...

Gabe para ao lado do meu pai. Ele está de suéter azul e calça caqui. Seus cabelos estão grandes, os cachos enormes já caem na testa. Ele é incrivelmente nerd.

— Não vai, não. — Digo e olho para meu pai. — Vocês vão ter que confiar em mim. Eu vou ficar bem lá. Tenho certeza que não corro perigo na casa dos meus padrinhos.

— Eu só quero saber por que isso é urgente. — Meu pai fala mais calmamente dessa vez. — Selena, me fala, ou eu descubro sozinho e vai ser pior. — Ele não está blefando. Meu pai tem recursos para descobrir o que quiser.

— Eu vou contar, mas antes, preciso confirmar minhas suspeitas.

— Suspeitas? — Minha mãe fala, temerosa. Agora está ela, meu pai e meu irmão, todos lado a lado e de frente para mim. — Que suspeita? Você está grávida?

— Qual é o problema de vocês com gravidez? E por que eu iria para Itália se estivesse suspeitando de gravidez? Não faz sentido.

Gabe aperta os olhos. Ele permanece calado, apenas observando. Esse menino às vezes me assusta.

— Mãe, pai, eu poderia ficar a sós com minha irmã? — Ele pede educadamente aos meus pais. Esse menino é realmente da minha família? Eu poderia dizer que ele é a cópia de Theodore Grader, mas meus tios disseram que meu pai era o demônio na infância.

— Claro, e vê se enfia juízo na cabeça de vento da sua irmã. — Minha mãe rosna. Elegantemente, Mackenzie beija minha testa e sai pisando duro para fora da sala. Meu pai faz o mesmo, indo atrás dela.

O sócio do meu paiWhere stories live. Discover now