31

7.7K 842 48
                                    

|F r a n k|


Quatro números, um nome e uma luva feita de pele artificial com digitais que não são minhas.
É assim que irei me passar por um delegado francês e muito respeitado, que foi transferido para essa delegacia por um superior que irei inventar na hora.

— Sabe o que fazer, sim? — Encaro Lola. Ela parece tranquila.

— Sei que se eu esquecer de algo, você vai me lembrar. — Bato no ponto que está no meu ouvido. Ela sorri. — E se ele acordar? — Murmuro, olhando para o verdadeiro Delegado Laurent, desmaiado, amarrado e amordaçado na parte de trás da van.

— Eu faço ele dormir de novo. — Lola diz despretensiosamente, entregando-me um distintivo com os dados do delegado, a diferença é que tem a minha cara na foto. — Lembre-se, você tem uma esposa chamada Marie, um filho de vinte e cinco anos chamado Antony e um cachorro chamado Andrea.

— Essa porra nem é nome de cachorro. — Resmungo, olhando para o cara. — Quando ele acordar, vou ter uma conversa muito séria com ele a respeito de nomes de cachorro.

— Foco, Frank. — Lola estala os dedos no meu rosto e volto a prestar atenção nela. — Sebastian alterou a foto do delegado nos sistemas da polícia também, então não se preocupe se eles decidirem checar no computador.

— Como ele fez isso? — Ela me olha como se eu fosse tonto.

— Você ainda me pergunta? Eu não faço ideia. Ainda tenho dúvidas se o Sebastian alterou ou não os resultados da eleição presidencial passada.

— Por que ele faria isso?

— Não é óbvio? — Nego com a cabeça. — Para ganhar a aposta que fez com o Theodore de quem ganharia. Qual é? Qual era a chance do Partido Vegano ganhar as eleições presidenciais nos EUA?

— É, faz sentido. — Murmuro, pensativo. — O Partido Vegano não ganharia.

— Exatamente, e... — Ela para de falar, fazendo uma careta. — Estamos perdendo tempo. Vai logo.

— Tá, está bem. Merda. — Saio do carro, preparando-me para ser um ator.

Normalmente eu só fico atrás do computador ou sou chamado quando a coisa aperta, mais especificamente, quando tenho que bater em alguém. A Área de disfarce não é comigo, é com Lola e meu cunhado, Vitor, o irmão dela.

— Amor, e se me pegarem?

— Não vão te pegar. Vai logo, Frank. Temos poucas horas.

Suspiro e chamo ela para fora com o dedinho indicador. Lola aproxima apenas a cabeça da janela e seguro seu rosto, beijando seus lábios.

— Até logo. — Digo sem mais, virando as costas e partindo em direção a entrada da delegacia.

Assim que passo pelas portas, vou andando com confiança e sem olhar na cara de ninguém. Isso não é atuação, é algo que eu faria sendo eu mesmo.

— Com licença... — Viro-me para a voz doce e feminina. É uma policial, está parada e me olhando de braços cruzados. — Posso saber quem é o senhor... — Ela encara o distintivo pendurado em meu pescoço. — Delegado?

O sócio do meu paiWhere stories live. Discover now