Capítulo 14

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As garotas ainda estavam perto da costa. Nenhuma delas parecia estar preocupada com a possível volta dos heróis. Na verdade elas ainda estavam no calor do momento, empolgadas com o que acabara de acontecer, Zaina principalmente. Mas a Z não estava com aquele ar ríspido e confiante de mais cedo. Ela estava... preocupada.

Z: Você tá legal? — falou tocando no ombro de Iha.
Iha: Tô, tô sim... eu só preciso ir pra um lugar mais silencioso.
Z: Desculpa por provocar isso de novo.
Iha: Sem problemas, sou sempre eu quem te chama pra isso.
Z: É Ziá seu nome, certo?
Ziá: Sim.
Z: Estávamos indo pra o seu esconderijo, podemos nos apressar?
Ziá: Com toda certeza. Mas e quanto a nave, vão deixar ali? Por experiência própria aviso que não é aconselhável.
Iha: Temos que levá-la pra um lugar mais deserto. Conhecem algum?
Zaina: Tem aquele lugar que a gente treina — ela fala um pouco baixo, se escondendo atrás da Ziá.
Ziá: Mas empurrar até lá vai ser meio complicado.
Z: Se for perto do litoral, daria pra eu ajudar na maior parte empurrando ela com as ondas.
Zaina: É perto dessa tal litoral Ziá?
Ziá: É, às vezes parece que meu trabalho ensinando foi inútil — pensou ela — Sim Zaina, literalmente no litoral.
Z: Perfeito, então vamos.
Ziá: Veja que legal, Zaina, você poderá ajudar a empurrar.
Zaina: Verdade? — ela se anima por alguns segundos — Mas acho que é melhor ficar apenas segurando o almoço.

As 4 demoraram um pouco até chegarem no local que Ziá e Zaina estavam treinando, uma doca abandonada.

Z: Certeza que ninguém nunca vem aqui?
Ziá: Sim, eles estavam construindo algo aqui há muito tempo. Mas acabou a verba e as obras foram deixadas de lado.
Iha: Os seres daqui são assim? — falou com olhar decepcionado, tentando esconder a expressão de dor.
Z: Ta longe do lugar que vocês ficam?
Ziá: À pé deve dar uns 40 à 30 minutos.
Iha: E por que não vamos voando?
Zaina: A Ziá, não sabe voar.
Ziá: Você não precisava ter deixado essa informação tão nítida — sussurrou um pouco brava.
Iha: Ah, me desculpe a indelicadeza.
Z: ...É melhor eu ir arrumar nossas coisas.
Iha: Eu vou com você.

As duas vão a passos largos até a nave, evitando não voar, e alguns minutos depois voltam com mochilas nas costas, e roupas diferentes das que estavam. Após fechar a nave, elas a deixam completamente invisível.

Ziá: O que há com você? Normalmente gritando por ter visto algo novo — falou olhando para Zaina.
Zaina: Elas me dão medo — sussurra pra Ziá.
Z: Ouviu Iha? Cê dá medo nela.
Iha: Mas por quê? — falou um pouco pra baixo.
Zaina: Ta vendo, elas fazem coisas assustadoras o tempo todo.
Ziá: Ta falando do redemoinhos que levou a Vadia e o resto?
Zaina: E elas são muito maiores que eu.
Ziá: Todo mundo é maior que você.
Zaina: Mas elas são muito mais maiores.
Ziá: Falando assim parece que eu sou baixinha.
Zaina: Um pouco.

         (Imagem de alturas)

Ziá: Qual altura de vocês? — falou um pouco inquieta.
Iha: Em qual escala?
Ziá: Em qual vocês medem?
Iha: Em Paer, conhece?
Ziá: Sim.
Iha: Nós temos 80'8.
Z: Mas como a bonitinha usa salto, ela fica com uns 80'2.
Ziá: Eu vou me arrepender dessa pergunta, mas qual vocês acham que é minha altura?
Iha: Eu creio que por volta dos 70. A menor deve ter 40 à 45.
Z: ... Vamos andando pro esconderijo — falou um pouco sem graça.

Elas vão andando, Zaina ainda se escondendo na sombra de Ziá. O caminho foi completamente silencioso, ninguém ousou dizer uma palavra. Iha, ficava observando os arredores desconfiada de tudo. Z ficava implicando com Zaina, fazendo caretas. 

                  (Imagem)

Ao chegar, as gêmeas ficam impressionadas com o local, principalmente após Ziá falar que montou ele sozinha. Z não perde tempo e se esparrama no sofá.

Iha: Z, porque você tem que ser tão mal-educada.
Ziá: Se estressa não, sintam-se em casa — fala ainda com o mesmo olhar cabisbaixo.
Z: Viu, relaxa.
Ziá: Zaina, esquenta nossa comida, já deve ter esfriado.
Iha: Ela costuma fazer isso?
Ziá: Sim? 
Iha: Mas ela é tão pequena — ela fala acariciando Zaina — Ai.
Ziá: Ah, é que não nos apresentamos devidamente. Eu, consigo criar e controlar raios e a Zaina tem poderes de fogo, ela quase que é o próprio fogo — falou tentando esconder um risinho.
Zaina: Desculpa moça — ela faz novamente uma carinha triste. 
Iha: Como uma criatura tão fofa pode ser do mal? Eu não consigo acreditar nisso — pensou escondendo o quanto queria apertá-la — Entendi, vou tentar não cometer essa gafe novamente — falou forçando um sorriso.
Ziá: Se quiser eu tenho pomada pra queimadura. Embora eu ache que qualquer coisas que vocês tiverem seja de melhor qualidade.
Iha: Não preciso, obrigada pela gentileza.

Zaina esquentou a comida, e enquanto comiam, Ziá apresentou devidamente os cômodos. Foi um tour bem rápido, já que o local não era tão grande. Ela também citou um pouco dos adversários, os heróis, falou das habilidades de clarividência do Liko, e das estrelas e do Teleporte da Zeiko. Vale lembrar que Iha, não pareceu contente enquanto falavam dos "inimigos".

Z: Já que estamos falando em habilidades. Eu sinto informar que nunca mais usaremos aquele golpe novamente.
Ziá: Mas por quê? Ele é fantástico.
Z: Aquilo tem algumas consequências que a Iha sente. Ela consegue ouvir as vozes da natureza, e nessas horas ela grita tão alto que a Iha fica com dores.
Zaina: Você está melhor? — falou preocupada.
Iha: Tô sim, foi até bom virmos para um lugar afastado e mais subterrâneo.
Ziá: Que chato, queria tanto ver a Zeiko sendo jogada pelos ares novamente.
Z: É, não vai rolar. Mas a Iha compensa essa falha com sua infinidade de talentos. 
Iha: Lá vem ela me bajulando de novo.
Z: É sério, qualquer coisa que vocês pensarem, ela sabe fazer.
Zaina: Eu duvido ela ser mais talentosa que a Ziá.
Ziá: Ela cozinha?
Z: Divinamente.
Iha: Não é algo muito incrível, eu apenas faço coisas comestíveis.
Z: Ela fará o jantar de hoje e vocês tirarão as conclusões.

Ziá e Z acabaram por ficar falando das tais grandiosas habilidades da Iha, o que a deixava um tanto sem graça. Quem perdeu o interesse nessa história foi a Zaina, que foi pro seu espaço na casa para ficar brincando sozinha.
Iha ficava bastante intrigadda com ela, o nível de desconfiança sobre ela era maior que o na própria Ziá.

Iha: Uma dupla de vilãs, uma faz questão de mostrar o quão é má, e a outra se faz de inocente. O que será isso, um plano pra atrair novos membros? — ela pensava olhando fixamente para Zaina brincando — Por trás daquela carinha com certeza há um ser perverso que elas insistem em não revelar. Preciso me empenhar em mostrar a Z o quão terríveis elas são, assim poderemos voltar a missão em breve — ela vai se aproximando de onde Zaina estava — Todas as crianças sempre gostam de mim, então se ela não segue o padrão, há algo errado com ela — ela dá um leve sorriso para Zaina — Ó meu deus, você tem um bichinho, que lindo.
Zaina: ... — ela fica um pouco assustada com a aproximação repentina.
Iha: Sabia que eu também gosto muito de animais — ela se agacha para falar melhor com Zaina.
Zaina: Eu prefiro os que não são de verdade. A Ziá odeia bichos.
Iha: Odiar é uma palavra tão forte.
Zaina: Deve ser por isso que os ratos lá de fora nunca aparecem por aqui.
Iha: Ela não parece assustada com a quantidade de animais inocentes que com certeza foram mortos. Ela é má — pensou ainda com o seu sorriso doce — Ai ai Zaina, eu acho você tão fofinha, sabe.
Zaina: Isso é bom, já que a Ziá já falou isso.
Iha: É um pena que ela não cuide direito do seu cabelo. Eu sou bem habilidosa com cortes. Eu posso cortar pra você se quiser.

Zaina começa a tremer, e o vapor começa a sair dos seus olhos.

Zaina: ZIÁ — ela sai correndo e chorando na direção da Ziá.
Ziá: O que foi dessa vez? 
Zaina: Ela cruel, ela queria cortar meu cabelo — falou se escondendo da Iha atrás do sofá.
Ziá: Ei, não precisa chorar por causa disso — falou fazendo carinho na cabeça dela.
Zaina: Mas...
Ziá: Tenho certeza que foi só uma sugestão. Não precisa aceitar se não quiser.
Zaina: Ta bom — falou ainda com um olhar triste.
Ziá: Vamos fazer o seguinte, porque não brinca lá no quarto enquanto eu falo com a meninas.

Ela vai saindo da sala olhando para trás. Ziá estava com um olhar bravo. Z também estava com um olhar sério, mas por dentro ela estava caindo na gargalhada.

Ziá: Eu vou falar calmamente, para você entender. Pare de pressionar a Zaina.
Z: Se preocupa não Ziá, ela é assim mesmo. Ela quer impressionar a pequena.
Ziá: Não me interessa. Eu não quero nenhuma de vocês sobrecarregando a mente dela com perguntas. Não pensem que por sermos vilãs esse é um lugar sem leis. Se ela quiser falar algo, ela irá até vocês. Ficou claro?

Iha: ...

Meu outro ladoWhere stories live. Discover now