Magic Lessons

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Boa leitura.

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O som dos respingos na janela era como um mantra que embalava seu sono. Merlin seria completamente alheio a esses ruídos naturais em outra época, quando pensava ser completamente impossível dormir com a mente em paz. Mas agora, sentindo o calor da pessoa amada ao seu lado e sabendo que tudo em sua vida estava bem, ele não podia estar mais satisfeito com a própria vida e assim, dormir tranquilo.

۞

Imaginou ter ouvido ruídos bem próximos a sua cabeceira. Antes de poder raciocinar direito, acabou adormecendo de novo, mas o som persistiu e dessa vez ele sentiu um peso em cima da cama. Abriu os olhos lentamente, seus olhos doendo pela luz vinda da janela ofuscando-os. Não conseguiu se sentir irritado pois ao perceber o rosto infantil a sua frente, tudo o que fez foi sorrir gentilmente.


— Acorda papai, já está ficando tarde. — a garotinha começa a pular na cama para animar o rapaz. Merlin se ajeita na cama, despertando de vez.

— Bom dia Ellena. Como foi sua noite, docinho? — Merlin faz um cafuné em sua cabeça e ela abre um sorriso lindo.

— Eu mal consegui dormir, eu queria muito ter a minha primeira lição de magia! Eu quero fazer as coisas moverem, que nem você papai! — ela diz fazendo um beicinho e Merlin a abraça fortemente, seu coração não aguentando a fofura da filha.

— Você já consegue fazer isso, querida. Desde que era um bebê você já demonstrava que seria uma ótima feiticeira.

— É eu quero ser melhor... — Merlin sente um aperto em seu peito por vê-la desanimada.

— Você já é a melhor. — ele a aconchega mais em seu colo — É linda, forte, poderosa e gentil, como sua mãe. Aliás, onde ela está?

— Ela acordou cedo e agora tá cuidando do Willi.

Como se estivesse esperando ser chamada para entrar em cena, Freya aparece na porta do quarto, o caçula da família ressonando em seus braços. "Linda" era uma palavra muito simples para Merlin poder descrevê-la.

— Ellena, o que eu disse sobre acordar o seu pai? Ele está cansado.

— Desculpa, mamãe...

— Está tudo bem, Freya. Venha... — ele faz um sinal para que ela aproxime. Ela o encara confusa antes de se aproximar deles na cama, ele se oferece para carregar a criança em seus braços. — Me desculpe, você tem se esforçado tanto. Por favor, apenas fique aqui e aproveite o resto do dia, eu e Ellena vamos ao lago treinar as habilidades dela. — ele beija sua testa, em seguida fazendo círculos relaxantes em suas costas. — Descanse. Ok? — Ela o responde com aquele sorriso que fez Merlin se apaixonar por ela, seus eram olhos profundos e melancólicos, mas Merlin sabia que ela estava bem.

— Tudo bem... espero que vocês se divirtam. — Ellena pula da cama correndo pela porta, Merlin se levanta para ir até ela mas volta para dar um último beijo em Freya.

— Se cuide bem, e do William.

— Eu cuidarei. — ela sorri e Merlin vira as costas para eles. Imediatamente seu coração começa a palpitar, o assustando.

Merlin. — ele petrifica. Ainda era Freya o chamando mas, ela estava diferente, e com todas as suas forças, Merlin tentou não se virar, com medo. — Você sabe que não é real, não sabe? — Sua voz era calma, quase etérea, estava na mesma posição, segurando o filho deles, e ouvi-la dizendo isso fez com que o chão de Merlin caísse. Literalmente.


Ficou calado por um bom tempo a encarando, absorvendo uma última vez sua bela, pura e melancólica imagem, igual quando a viu pela última vez. Ele a abraça e dá um beijo no garotinho em seus braços. Ele não permite nenhuma lágrima escapar.


— Sim. Eu sei. — ele fecha os olhos, e quando os abre novamente, havia um imenso vácuo branco o cercando.


Por favor, acabe com isso. Deus, alguém, por favor acabe logo com isso...


— Papai! O que houve? — a voz infantil atrás de si terminou de quebrar o seu coração.

— Eu tenho que ir, Ellena, minha querida. — ele se ajoelha a frente dela.

— E a minha lição de magia? — ela pergunta inocente, sem tristeza, apenas confusa.

— É que... Não há como... Não podemos. Eu não posso. Eu fiz uma escolha. E você não existe por conta dessa escolha. — sua voz treme.

— Não? Ah... Então, quando vamos poder ter essa aula, papai? — Merlin tomba a cabeça para trás agressivamente. Céus, encará-la estava sendo tão difícil...

— Eu não sei, bebê. Talvez... Talvez possamos em outra vida. — Merlin diz, sua alma destruída.

— Tá bom. Te vejo lá papai. — ela sorri e Merlin tenta com todas as suas forças gravar essa imagem em sua cabeça, mas tudo está ficando sem cor e sem som e ele sente que está sumindo.

Até... — quando consegue dizer isso, ele já não estava mais com Ellena. Ela havia sumido. Estava em casa agora, não em sua casa entre as montanhas e um lago, mas sim em Camelot. Sua cama parecia mais áspera agora e as lágrimas que fluíam de seu rosto só machucavam ainda mais seu rosto.

Então, era isso. É assim que seria se ele não... Se ele não tivesse bagunçado tudo.

Merlin odiava quando seu cérebro fazia isso com ele, lhe fazia duvidar de todas as suas decisões e de sua própria felicidade. Pois ele tinha certeza que gostava de estar aqui, com Arthur, protegendo-o, era seu destino e ele estava feliz. Então por que isso acontecia?

Voltar a dormir estava fora de cogitação, o sol já brilhava, em breve Gaius viria lhe acordar e sua rotina se reiniciaria. Aproveitou estes últimos momentos na cama, juntando forças e tentando se livrar do sentimento amargo que ficou ao sonhar com a vida que nunca poderia ter.



Em algum lugar de sua mente, a voz de sua criança fictícia tentava lhe acalmar.


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:'3

Obrigado por ler e desculpe qualquer erro.

Uma vez num sonhoWhere stories live. Discover now