• Capítulo 22: Bola amarela •

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Meu olhar se espalhou pelo azul da piscina e mais uma vez me encantei com a maneira como a luz se refrata em fiapos nos azulejos coloridos. Finalmente era sexta-feira. Ansiar por esse dia é o que tem me motivado a começar cada semana, apenas as aulas de natação tem me distraído, o suficiente para me fazer esquecer tudo por alguns minutos, como se todos os problemas não fossem importantes durante esse período. A natação me causa uma sensação de bem-estar tão grande que às vezes se torna uma espécie de êxtase. Ao mesmo tempo em que preciso lembrar de respirar corretamente, também preciso alterar a virada do pescoço, bater mais as pernas e ter foco. São tantas ações.

Não consigo me lembrar de alguém me ensinando a nadar, apenas tenho lembranças de quando era criança e meu pai me levava até a praia. Passávamos horas construindo castelos de areia que se desmanchavam assim que a água os tocava, e conversando sobre as conchas quase enterradas, as aves que circulavam pelo céu. Eu também adorava observar Peter boiar livremente e depois se perder no mar. Ele, desengonçado com seus quase dois metros de altura, se transformava em um ser mágico dentro da água.

Há uma entrega total no ato de nadar, em cada braçada e movimentação do tronco, é quase como uma dança, que mantém o corpo na superfície. Para a Samantha de oito anos, aquilo era como magia, uma que eu queria cada vez mais aprender. As memórias que tenho adiante, são dos meus pais preocupados com minha teimosia em acordar às seis da manhã para ir nadar, de Claire sentada em uma rocha enquanto observava sua filha boiando e se sentindo vitoriosa como se tivesse ganhado milhões na loteria, de Peter comemorando quando de repente eu passei a dar meus primeiros mergulhos.

— Seu tempo continua relativamente bom, Samantha, mas tem que continuar focada para não perder o ritmo como na última competição.

— Você já disse isso umas quinze vezes desde esse dia, Carol — brinquei, ao apoiar meus braços no batente da piscina e erguer meu corpo, sentando-me nele e deixando meus pés tocando a água.

— Sabe que esse é seu último ano aqui e que ficaríamos muito felizes se participasse da competição deste semestre.

— Você também já disse isso várias vezes.

— Pense com carinho sobre esse assunto, já que não pretende seguir carreira com a natação, competir agora será como uma despedida. Os meses seguintes serão focados nos planos de carreira dos estudantes, planos que foram discutidos ainda no ano passado.

Todos sempre me incentivaram com a ideia de me tornar uma nadadora profissional, mesmo eles tendo consciência de que não é algo fácil. Eu nunca me imaginei dessa forma no futuro, nem consigo me visualizar participando de inúmeras competições, treinando drasticamente e tendo holofotes (ou não) voltados para mim. Gosto de muitas coisas, como pintar, nadar, fazer rabiscos, cantar. Mas não desejo transformar nenhum desses hobbies em trabalho, apenas quero que continuem sendo meus pontos de fuga.

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