• Capítulo 8: Campo de trigo com ciprestes •

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21.02

Enquanto eu encarava meu pôster de Cálice de Fogo, que estava perto do guarda-roupa, tentei encontrar uma boa posição para deitar-me e ficar confortável. A imagem do doce verso que ela escreveu persistia em não sair de minha mente.

Ontem, após lê-lo, fiquei atordoada por alguns segundos, e meus pensamentos estavam conturbados o suficiente para que eu nem notasse-a sair do banheiro. Minha respiração falhou quando recuperei meus sentidos e encarei sua figura estática a minha frente. Enquanto Elisa secava calmamente seu cabelo com uma toalha roxa felpuda, eu refletia se deveria questioná-la sobre aquilo. Mas conforme os minutos passavam, mais aquelas palavras pareciam se unir em minha garganta, até formarem um gigantesco nó que me impediu de falar. Não demorou muito para que ela perguntasse se eu iria ficar para o jantar, mas ao escutar seu convite, pareceu que uma festa havia se iniciado dentro de meu estômago. Engoli em seco e procurei manter contato visual com qualquer coisa que não fosse seu rosto, respondendo-a da maneira mais natural que pude e com uma mentira tosca.

"Obrigada, mas preciso ir, Dakota me mandou mensagem, ela precisa de mim."

"Tem certeza?"

"Tenho."

Não conferi a expressão de Elisa após minha recusa, apenas saí rapidamente do quarto e logo me despedi de todos, mesmo com a mãe dela relutando para que eu ficasse. Felizmente, acabei chegando em casa antes do anoitecer. Bastante coisa havia acontecido desde aquela festa no apartamento de minha prima, e todas, de alguma forma me abalaram um pouco emocionalmente.

O escrito no caderno significa algo, embora eu não tenha absoluta certeza do que ela quis dizer com poder escrever sobre mim. Me perguntei desde o momento que li, se ela realmente registrava meu nome tantas vezes no papel. Meus sentimentos são incertos em relação a isso, por tal motivo, optei fingir que não tinha sido curiosa ao ponto de vasculhar seu diário e ler aquele versinho. Era o melhor a se fazer, assim, seria mais fácil agir normalmente.

Eu estava largada em minha cama desforrada, meu celular tocava alguma música deprimente que aleatoriamente foi escolhida entre tantas da playlist. Eram quatorze horas, os raios solares atravessavam fracos pela cortina da janela e Ninfadora incessantemente continuava à procura de algum bicho para perseguir. Conseguia ouvir seus miados vindos da garagem. Dakota havia chegado do colégio há alguns minutos, pegou carona com a melhor amiga e novamente as duas estavam lá embaixo estudando. Elas não se desgrudam desde o retorno das aulas, e embora às vezes eu me queixe de ter que ficar de olho não só em uma, mas em duas crianças, gosto de ver minha irmã se divertindo.
Acabo sempre lembrando de mim e Maya; de como passávamos nosso tempo jogando Fireboy e Watergirl no meu antigo computador, e de quando eu forçava ela a assistir vídeos de gatos no Youtube. Ela preferia assistir clipes de música de seus cantores preferidos, então vez ou outra nos revezávamos e eu era obrigada a vê-la chorar enquanto assistíamos o clipe de Mirrors do Justin Timberlake. Sinto sua falta e do John fazendo graça dizendo que eu estava roubando-a dele.

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