• Capítulo 1: A estranha •

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15.02

Minha manhã teria sido normal se eu não tivesse acordado com a Ninfadora andando entre minhas pernas, carregando consigo duas baratas em sua pequena boca. Meu susto foi de uma proporção tão grande que a gata se assustou junto comigo e não demorou para que saísse correndo do quarto com seus pelos eriçados. Acabei acordando minha irmã, que passou o restante do dia reclamando por tê-la acordado às sete horas.

Enquanto preparava o almoço (felizmente não fui muito desastrada hoje), recebi algumas mensagens de Loren, minha prima e filha caçula de Hernando e Nancy. A última vez em que a vi foi no começo de janeiro, passamos o dia todo maratonando alguma série que não me recordo o nome e fazendo biscoitos de baunilha com Dakota. Nossa diferença de idade é apenas de três meses, mas infelizmente não estudamos no mesmo colégio. O colégio Green Lake possui uma ótima reputação, mas eu também não gostaria de estudar em uma escola na qual meu pai é o diretor. Se eu, a sobrinha, sou atormentada quase toda semana, nem consigo imaginar como ele trataria a própria filha.

Nós não somos mais tão próximas quanto antes, mas vez ou outra saímos para passar o tempo e colocar o papo em dia, por isso inicialmente imaginei que hoje ela me convidaria para algo do tipo. Mas eu estava enganada.

De fato foi um convite, mas não para um passeio pela cidade, e sim para uma festa que ela daria em seu apartamento na quarta-feira à noite. Tive a sensação de que provavelmente ela me queria lá para acobertar suas besteiras mais uma vez. Eu não tenho vontade alguma de cuidar de adolescentes bêbados, ou de sair do conforto do meu quarto somente para ficar sentada observando os outros se divertirem, mas não lhe disse isso. Aquela provavelmente seria a primeira festa de muitas dadas pela Loren que acabara de completar dezoito anos, e esse foi o primeiro convite que recebi para uma comemoração fora do âmbito escolar. 

Mesmo que eu não tenha apreço por barulho e bebidas alcoólicas, não posso negar que às vezes tenho curiosidade em vivenciar algo novo. Talvez meus tios parem de reclamar do meu lado não sociável se souberem que fui.

Minha força de vontade para comparecer a alguns lugares consegue variar de dia para dia. Talvez no dia marcado eu esteja extremamente sem paciência para sair de casa, ou talvez esteja com uma necessidade incontrolável de ir e tentar me distrair. Quando nós duas éramos crianças, sempre aprontávamos juntas, nossos parentes nos chamavam de "a dupla imbatível". Nas festividades dos Bishop, ela era a única pessoa que eu gostava de encontrar. Acho que quase todos tem algum primo favorito, e Loren é a minha.

Após terminar de preparar a comida, cujo aroma levemente apimentado pareceu abranger todos os cômodos, subi até o quarto de minha irmã, que fica bem ao lado do meu.

- Ei - iniciei, observando-a debruçada sob a janela. A brisa fria suavemente movimentou seus cachos escuros. - O almoço está pronto, vai comer agora? - encarei Dakota virar-se em minha direção e dar um sorriso largo, como se somente naquele instante tivesse sentido o cheiro convidativo vindo da cozinha.

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