Capítulo 21 - Diante do Breu

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Yang Mi narrando

    Minhas mãos estavam inquietas, o anel que antes estivera em meu bolso agora passava de uma para a outra pelas pontas dos dedos.

   O carro se movia para o próximo destino, agora estando eu junto a Terence e Selene como tinha pedido quando deixamos a casa do amigo desses. Hérus não pareceu estranhar, afinal, quando Selene e eu retornamos à sala, eu estava abraçando a mais velha com um sorriso estampado em meu rosto para essa. Definitivamente eu precisava de tempo para pensar e não conseguiria me concentrar em raciocinar bem estando junto a Hérus, sabia que ele perceberia se deixasse algum sinal do que se passava em minha mente ser refletido em minha face.

- Está muito quieta... Tudo bem? - Selene perguntou virando um pouco o corpo em seu banco.

   Meu olhar que antes estava perdido na noite além da janela voltou-se para si. Sorri pequeno e assenti com a cabeça.

- Estou curiosa para saber como é esse tal museu de vocês. - Menti.

   Selene sorriu abertamente, o que me fez sentir uma pontada de tristeza pelo que tinha acabado de fazer a essa.

- Acho que você vai gostar. Há muitas coisas incríveis lá sobre a história do mundo antes do apocalipse.

   Senti uma sobrancelha se erguer.

- Antes?

   Ela assentiu veemente com a cabeça. Selene parecia gostar muito de falar sobre o assunto.

- Desde muito antes dos humanos saberem da existência dos vampiros. - Contou.

- Há uma biblioteca lá também, Yang Mi. - Terence contou me olhando por um segundo através do retrovisor. Ele sorriu pequeno e então voltou a focar no caminho pois era o mesmo quem estava dirigindo. - Há mais daqueles que você anda lendo em casa. Pode pegar alguns emprestados se quiser.

   Mordi o lábio sentindo a ansiedade nascendo. Pelo que o gêmeo havia dado a entender, havia coisas sobre as bruxas lá.

    Depois disso, os irmãos começaram uma conversa entre si falando da primeira vez, quando ainda pequenos, que estiveram no tal museu, e mesmo que eu quisesse muito ouvi-los falar sobre sua primeira experiência, minha mente logo se pegou voltando para o assunto que me atormentava mais cedo.

    Sun Hee havia me contado sobre o tal ritual da lua de sangue quando estávamos na boate há algumas noites, ritual esse que, se bem sucedido, era capaz de libertar os vampiros do domínio do período das trevas, podendo assim deixarem-se sair ao sol e sentirem o calor desse tocar suas peles como quando era quando humanos. A mesma Sun Hee foi quem pintara dois quadros, senão mais, com imagens que pareciam referentes ao tal ritual. O ritual. O ritual que poderia ser feito só por bruxas, certo? Então uma bruxa era precisa.

   Só podia ser isso. Minha mente já me apontava repetidas vezes que certamente Hérus desconfiava do que eu era, e provavelmente era isso o que ele queria uma confirmação quanto a minha pessoa.

   Apertei o anel entre as pontas dos dedos das mãos.

   Mas se fosse isso mesmo, se Hérus desconfiava que eu pudesse fazer magia, ele me queria ali para fazer o tal ritual? E apenas por isso?

   Ambas as perguntas grudaram em minha cabeça, ecoando seguidas vezes. Tardei a perceber que havia me encolhido ali no banco de trás.

- Chegamos. - Anunciou Terence de repente, trazendo-me ao mundo real novamente.

   Olhei a janela novamente, percebendo que a paisagem havia mudado. Fui então tomada pela surpresa.

  Estátuas e mais estátuas estavam dispostas sobre a grama em seu verde mais vivo com rosas em vermelho sangue cercando os pés dessas. Ali, debaixo do céu noturno de Nébola estava a história de um mundo que antes não era dividido em dois, assim como também, pelo que percebi, estar junto às histórias do atual. Rostos que se tornaram famosos pela sua contribuição para um futuro melhor eram facilmente reconhecidos, fosse esses marcados pela liderança, pela educação, pela música, por atitudes isoladas de grande valor, por ideias que revolucionaram. Rostos que agregaram mais na cultura mundial.

Entre Vampiros: Do Outro Lado Da MuralhaOnde histórias criam vida. Descubra agora