Capítulo quatorze.

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Um cutuque irritante interrompeu o meu maravilhoso sono, afinal, que sono não é maravilhoso? Eu amo dormir, digo, é a segunda coisa depois de comer, comer é outro nível.
Dei um tapa ainda de olhos fechados no idiota que me cutucou, quando ouvi um 'ai' pude perceber que era Erick. Abri meus olhos lentamente, o que fez parecer uma capivara acordando com a luz solar em seus olhos, e então vi o garoto ao chão. Estiquei meus braços, peguei o meu celular do chão, olhei às horas. 6:30.
Ele me acordou seis e meia da manhã para quê????? Aé, lembrei, a maldita e favorita escola em que todo adolescente tem que frequentar e blá-blá-blá.
- Saí do meu quarto. - Não deixei ele falar, já falei em um tom grosso, o que fez com que ele se levantasse.
- Você é muito idiota, eu estava te acordando e... - Acertei uma almofada nele, sorri.
- Vaza. - Berrei.
Ele se levanta, e como sempre, fazendo cara feia. Revirei os olhos. Me levantei devagar da cama, eu não queria abandonar aquela cama tão mácia para sentar em uma cadeira dura e... Argh!
Tomei coragem, fui ao banheiro, me olhei ao espelho e me vi como se fosse uma menina que mal se cuidava. O que na verdade, era verdade. Meu cabelo estava todo bagunçado, havia bolas e bolas de maçarocas, sem contar que estava ressecado.
Tomar banho? Nem a pau. Fiz minha higiene matinal, logo assim, peguei um pente qualquer e fiquei contra a guerra de cabelo vs bárbara, adquire seus ingressos.
Depois da pequena e longa guerra do meu cabelo, coloquei uma roupa mais simples, óbvio que não iria para a escola com um vestido mostrando a bunda, né? Né. Coloquei uma calça jeans desfiada aos joelhos, uma regata branca comum, por cima botei uma jaqueta de couro, por fim, vans vermelho.
Peguei meu celular, um caderno que estava em cima do criado e que eu não sei como ele foi parar lá, desci. Vi que Erick estava com uma cara de sono, digo, uma cara pior que a minha. Mentira. Nada supera a minha cara de sono.
Seu cabelo estava jogado de lado, o que o deixava totalmete perfeito. Estava com uma blusa preta de mangas, com uma calça jeans preta, tenis preto.
- Alguém morreu por acaso? - Olhei para a pequena mesa que havia bolacha, porra, mano, é bolacha!!!!
Já falei que sou viciada em bolachas? Digo, é amor à primeira vista. Único amor para que eu me liberto, o resto é resto.
- Hã? - Ele me olhou como se não entendesse nada, a esse ponto eu havia completamente esquecido de tudo, e só me lembrando que havia bolachas em minha frente.
Peguei dois pacotes de uma vez, joguei metade em minha boca e engoli. Erick me olhou assustado, acho que ia pedir uma, só que eu fiz sinal de que se ele ouzesse a fazer sinal de querer pegar as minhas bolachas, ele iria para a escola com um vermelho ao rosto.
- Pra que isso tudo? - Não respondi.
Bolachas e mais bolachas, o que dá no total, bolachas. Peguei mais dois casos e joguei para dentro da minha jaqueta, peguei o meu caderno e o encarei.
Ele me encarou.
- Tá disposta a ir para a aula? - Ele me encarava.
- Claro, e estou doida para conhecer o Barney. - Revirei os olhos.
Ele riu, se apróximou da porta e abriu-a. Saí logo em seguida, e aquela rotina de chamar elevador, xingar, entrar, xingar de novo, descer, se repetiu mais uma vez.
Quando descemos, fomos direto para o carro, ele já foi ligando o carro, e eu já fui botando meus fiéis fones de ouvidos. Ele não falou nada, só acerelou o carro, o que eu achei muito irritante. Me segurei para não quebrar o volante e acertar na cara dele. Foda-se se não tem a ver com o volante, é o volante e pronto.
- DÁ PRA PARAR DE ACERELAR ESSA MERDINHA DE CARRO? - Gritei.
Ele riu, acertei o meu caderno na cabeça dele. Quem mandou 1- acerelar o carro 2- me fazer ficar mais irritada do que já estou 3- rir depois de tudo isso.
Revirei os olhos. O carro parou na frente de prédios, tipo, muitos prédios. Se aquilo fosse a escola, meu deus, nem imagino o que tem lá dentro.
Ele puxou o freio, abriu a porta, logo eu abri. Vi um monte de estudantes do lado de fora, todos com roupinhas de marca e toda aquela escrotisse de gente mimada e nojenta.
As garotas olharam para Erick assim que ele botou o alarme, logo olharam para mim, fizeram cara feia e acompanharam cada passo que eu dava. Aquilo me deu aos nervos.
- Por acaso tem uma melancia em minha cabeça para vocês ficarem me encarando toda hora? - Grito. - Sei que sou mais fabulosa que todas vocês, mais não precisam ficar me encarando toda hora.
Elas cochicharam alguma coisa entre elas, que afinal, deve ter haver comigo, óbvio, e riram. Olhei para Erick que logo olhou para uma loira, percebi que era a loira-com-cara-de-capivara.
- Anão. - Suspirei. - Eu que não vou ficar com essa loira com cara de capivara nem a pau.
Ele ia reto, enquanto eu dei a volta ao contrária dela. Passei por aquelas garotas, que no entanto, me encaravam que pareciam querer arrancar um pedaço de mim. Ao abrir a porta de um dos prédios, que descobri que era o meu prédio, uma vovó, digo, uma velha aparece em minha direção.
- Eu achava que a novata seria bem mais arrumada pelo o que o Erick me falou. - Ela me análisava dos pés à cabeça.
- Eu vim aqui pra estudar, não para a senhora ficar reparando em mim. - Revirei os olhos.
Ela carregava algumas folhas de papel prendidas em um grampo. Ela sorriu.
- Ah, não é como as outras menininhas daqui. - Ela ergueu a mão. - Muito prazer, meu nome é Yara, sou a dona desse colégio.
Não retribui o sorriso, muito menos ergui minha mão.
- Aonde é a minha sala? - Olhei ao meu redor, um monte de gente me encarava.
- Sua sala é junto com a do Erick, creio que seja a última desse corredor. - Ela saiu.
Uma multidão se formou ao longo do corredor, o que fez com que eu empurasse todas as pessoas de minha frente. Uma garota, ela havia cabelos pretos, olhos verdes, e havia um piercing no nariz, me encarava de longe.
Gostei dela, afinal, piercings são tudo de bom. Quando eu tiver dezoito anos, irei colocar um piercing na cartilagem da orelha inteira, não por modinha, mais por gostar mesmo.
Passei por uma garota que me segurou pela mão. Eu achando que seria aquelas valentonas vida louca, sabe? Mais não, são aquelas patricinhas que vem de saia para a escola, salto, maquiagem, enfim, parecendo que vai em um baile funk.
- Perdeu alguma coisa? - Me larguei do seu pulso, o que fez a erguer sua sombrancelha.
- Quem manda aqui sou eu, novatinha... - Ela me encarou. - Se você ouser ir contra as minhas regras, você irá se arrepender, muito.
- Isso e papo de criança. - Revirei os olhos. - Não gosto de regras, muito menos, de obedecê-las.

Bárbara (Correção) Onde as histórias ganham vida. Descobre agora