Capítulo um.

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– O voo para Estados Unidos será daqui dez minutos. – A voz da mulher soava nas caixinhas de som. –  Repito, o voo para Estados Unidos será daqui dez minutos.

O aeroporto estava lotado, não podia negar que, várias pessoas saíam das cabines dos aviões com lágrimas de alegria, sem contar que muitas pessoas, assim como eu, carregavam uma bolsa logo atrás para ir para outro pais ou sei lá. Todas as pessoas estavam acompanhadas com alguém próximo, digo, ou era pai emãe,  ou era vó e  vô, ou era filho. Menos eu, óbvio,  estava sozinha, com apenas uma mala em minha mão.

Flashback ~ 

– Eu não ligo. – Grito. –  Papai fez bem de te largar.

Minha mãe, como sempre, fazia seus dramas com uma coisa atoa, dessa vez estavámos brigando com a minha falta de educação para cima dos meus primos pirralhos, digo, os garotos me irritavam de vez.

Ela deu um tapa em minha cara, ficou vermelho, obvio.

– Nunca mais repita isso. – Ela gritou.

– Não vou repetir, mesmo. – Falei. – Estou indo embora daqui. 

Flashback off ~

Peguei a minha mala, fiz todas aquelas babaquices que tem que fazer antes de entrar em um avião, e assim entrei. Como sempre, estava na cadeira da janela, meus pés apoiados na poltrona ao lado, os fones em meu ouvido, e então pude perceber que alguma pessoa se sentou ao meu lado. 

– Qual seu nome? – Percebi que o garoto, aparentava ter mais ou menos uns vinte anos, perguntou.

Eu odeio conversar, digo, não sou de conversar com gente desconhecida, dei de ombros. Olhei para a janela com meus fones ao ouvido, e então só agora pude ver que o avião já estava decolando, vi que o aeroporto estava ficando para trás, a medida em que o avião subia, não conseguia ver absolutamente nada. 

Deitei minha cabeça no vidro da janela, e sem ao menos me importar com quem estava ao meu lado, dormi feito um cachorro babão. Foi então que, nem passara uns quinze minutos, acordei. Pelo simples fato de que havia um infeliz, quer dizer, um menino chutando a minha poltrona.

Dei de ombros, deitei minha cabeça ao vidro de novo, senti de novo o garoto chutando a minha poltrona, estava com uma puta de uma raiva, me virei. O garoto aparentava ter uns nove anos, mascava chiclete de uma forma esquisita, e o pai, bem, lia um jornal.

– Dá pra parar com esse fogo no seu pé? – Falei. – Para de chutar essa merda de cadeira, antes que eu pegue esse seu pé e dou para os cachorros dos Estados Unidos comerem, afinal, pelo que eu sei, cachorros gostam de comer pé.

Me virei sem antes dele falar nada. Deitei minha cabeça ao vidro, achei que ele havia parado, até que sinto a cadeira sendo chutada de novo. Suspiro. Uma longa viagem, pensei. 

Bárbara (Correção) Onde as histórias ganham vida. Descobre agora