Clair de lune

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Lua: guardadora da noite e dos amantes.

Às meia noite de uma quarta-feira, a lua pairava sobre o céu de um lago localizado na Inglaterra. Ela admirava seu lindo reflexo na água, admirava seu brilho e seu tamanho que hoje era inteiro.

Ela estava em outros cantos, obviamente. Era o segundo astro mais poderoso. Mas ela sentia, sentia que deveria estar ali naquele momento.

Foi quando ela viu, na janela de um prédio próximo ao lago, uma linda moça deitada na cama...

Acordei...

Algo havia me despertado e logo percebi que o lado da cama estava vazio. Levantei devagar para que não escurecesse a visão. Calcei minhas botas, vesti um casaco e fui até o lago.

Morava-mos perto do lago a pedido de Dani. Ela gostava de ver o reflexo, gostava de sentir que não precisava mais ter medo de olhar para as águas profundas daquela imensa escuridão ondulante.

Ela estava parada, olhando o reflexo da lua.

- Você está bem?- perguntei me aproximando devagar.

- Hã?- ela disse se virando.

- Perguntei se você está bem, Poppins?

- Estou sim, estou- depois disso, ela ficou em silêncio apenas observando a água.

Não gostava de invadir seu espaço, por isso, pus-me ao seu lado e observei a água.

- Sabe o que eu acho triste?- ela disse.

- O que?

- O reflexo. É algo que nos lembra que nunca vamos ter certeza se somos reais ou não. Por exemplo, se eu jogar uma pedra nessa água, a forma da lua vai ficar diferente, mas ela não é assim. Se eu me visse deformada em um reflexo, acharia que sou deformada, mas na verdade eu não sou. Na verdade, eu nem sei se sou do jeito que sou.- ela disse ainda encarando a água.

- Dani, eu acho que você está equivocada. O reflexo não faz com que pensemos que somos irreais, ele permite que nos amemos mesmo nunca olhando diretamente para nós mesmos. Ele permite que nos amemos pelos olhos de outras pessoas.

Ela me olhou.

-  Na verdade, cada um vê as coisas de formas diferentes. Não é o reflexo que cria verdades, somos nós mesmos.

Ela ficou pensativa por um tempo, me olhou de novo e depois olhou novamente para a água.

- Você tem razão.- ela deu um longo suspiro.- Sabe, Jamie, eu gosto de me ver pelos seus olhos. Eu gosto, muito.

Fui em sua direção e a abracei. Ela me olhou e deu um leve beijo em minha boca. Seu beijo era doce, o doce que jamais existirá senão em seus lábios. O doce que me lembrava que eu estava viva, com ela.

Comecei a acariciar seus lindos cabelos dourados que reluziam à luz do luar.

Eu a amava, profundamente. E ela me amava, seus olhos diziam isso. A lua era guardiã disso, todas as noites.

-  Eu te amo.- eu disse.

-  Eu te amo.

A lua então chorou. Ela chorou junto a moça que dormia calmamente com um sorriso no rosto, sonhando com sua amada. Ela chorou por ter invadido tais pensamentos. Ela chorou por não poder guardar as duas amantes.

Lua: guardiã dos sonhos e dos desejos.

Seis história de amor- DamieWhere stories live. Discover now