𝑪𝒂𝒑𝒊́𝒕𝒖𝒍𝒐 27

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(𝑫𝒚𝒍𝒂𝒏 𝑯𝒂𝒓𝒑𝒆𝒓 𝒏𝒂 𝑴𝒊́𝒅𝒊𝒂)
---ꕥ---

Aponto a minha arma na cara do demônio e atiro. O demônio vira poeira e some pelo ar.

___ Sem palavras, Lizzie. ___ O Dylan gargalha.

Nosso momento de risadas acaba quando ouvimos a sirene da polícia ao longe.

___ Merda! Chamaram a polícia! ___ Digo nervosa.

Corremos pelos campos, em direção a caminhonete.
Com certeza vamos nos encontrar com a polícia quando alcançarmos o carro.

Começamos a caminhar mais devagar, ficando abaixados entre os campos.
A frente, a alguns metros de mim, eu vejo um policial apontando sua lanterna para os campos.

Me abaixo e pego uma pedra. Atiro em uma direção oposta para distrair o policial.
O policial olha para o lado mas não se deixa distrair. Ele aponta bem em nossa direção e nos encara com os olhos arregalados.

___ Ei, vocês!

___ Merda! ___ Resmungo.

Começamos a correr a toda velocidade, tentando despistar o policial.
Passamos pelo sítio, onde o mesmo se encontra deserto e vejo algumas pessoas correndo para longe desta área.

As garrafas de bebidas ainda estão aqui, mas as caixas de som sumiram.

O Dylan me puxa pelo braço, me fazendo parar. Olho adiante e vejo alguns policiais abaixados entre os campos.
Eu realmente não vi nem ouvi.

Parece que o Dylan tem um sexto sentido oculto ou algo assim.

Passamos calmamente pelo lado e chegamos a caminhonete.

___ Entra, não estou afim de passar essa noite na cadeia. ___ O Dylan diz rapidamente.

Eu abro a porta do carro discretamente e entro no banco do carona.
O Dylan liga o motor, que faz um barulho, alertando a nossa posição para os policiais.

___ Vocês aí, parem! ___ O policial grita.

A frente tem um carro da polícia, nos bloqueando.
O Dylan contorna e entra nos campos de trigo. O carro esmaga as espigas de trigo e cria um rastro atrás de nós.

___ Isso não é nada discreto! ___ Digo nervosa.

___ Eu posso deixar você aqui se você preferir.

Em nosso rastro, o carro da polícia continua nos seguindo.

___ Porra, eles não vão nos deixar ir. ___ Resmungo.

O Dylan acelera furioso e chega a estrada do outro lado do campo. Ele dirige em alta velocidade.

O carro da polícia está cada vez mais distante.

___ Vire aqui! ___ Digo alto. ___ Tem uma floresta mais adiante.

O Dylan vira o carro com tudo e rapidamente já nos encontramos na floresta.
O carro da polícia não está mais nos seguindo.

Eles devem ter pego bastante adolescentes bêbados essa noite, eles não podem perder tempo conosco. Somos agulha no palheiro.

O Dylan atravessa a floresta em velocidade reduzida.

___ Impossível que eles nos encontre aqui! ___ Ele comenta.

Após essa descarga de adrenalina, a luta exaustiva e a fuga, eu tento relaxar meu corpo.
Eu odeio me sentir como uma fugitiva quando meu único objetivo é ajudar as pessoas.

O Dylan opta por parar o carro e desligar os faróis, deixando somente a luz de dentro ligada.
Vamos sair daqui quando a poeira abaixar.

___ Você parece um pouco desapontada, você não gosta deste lindo resort?

___ Só se você me construir uma cabana na floresta.

___ Será nosso refúgio. ___ Ele diz entre risos.

Eu não aguento e começo a rir.

Olho para trás e suspiro.

___ Ainda é uma loucura que tenhamos que nos esconder enquanto ajudamos esses jovens. Esse mundo não funciona direito. Ajudamos a população, mas podemos ser presos por isso, temos que viver escondidos, corremos o risco de sermos apanhados a cada momento. ___ Digo.

___ Esta é a vida que você escolheu.

___ Escolher? Não... eu não escolhi nada, Dylan. Caiu sobre mim... eu não tive escolha.

___ Eu não entendo.

Eu decido falar com ele francamente.

___ A minha mãe morreu, Dylan. Mataram ela.

O Dylan fica surpreso, então seu rosto revela uma forma de dor. Ele parece tocado com as minhas palavras.

___ A minha vida era perfeita antes disso. Eu tinha uma vida normal.

___ Eu vou ser honesto com você, eu não sabia exatamente o que havia levado-a a vim para Heartfield. A Dakota havia comentado por alto.

___ Eu venho tentando ser forte...

___ Eu nunca duvidei disso.

___ Você gostaria de mim a seis meses atrás. Eu era diferente quando estava em Nova York.

___ Eu gosto de você do jeito que você é.

Eu me sinto intimidada pelas suas palavras. Não sei se foi a sua intonação, mas suas palavras parecem bem sinceras.
Além de suas piadas, eu vejo um brilho verdadeiro em seus olhos.

___ O que houve com ela?

___ Foi morta por um demônio.

___ Ela? A maior caçadora de demônios?

___ Talvez fosse para ser. Até mesmo as pessoas grandiosas falham.

O Dylan se aproxima de mim, com um olhar triste.

___ Sinto que meu passado foi deixado para trás. Não é fácil não ter passado. ___ Suspiro.

___ Mas você tem um futuro.

O Dylan é protetor e atencioso, embora normalmente não mostra essas qualidades. Mas nesse momento é a única coisa nos olhos dele enquanto estamos perdidos no meio do nada.

Ele se inclina para mim, me olha diretamente nos olhos e sinto uma confiança mútua.

Ele pega meu rosto em suas mãos e beija suavemente meus lábios. Eu o deixo fazer isso.
Seus lábios são quentes e incrivelmente macios. Sinto que não aproveitei do seu beijo na última vez que nos beijamos. Só agora eu pude perceber o quão seu beijo me conforta e quanto eu precisava dele.

Eu sinto que estou livre. Fugindo do mundo no meio do nada. Eu sinto que posso ser eu mesma.

Isso não é um capricho e também não pode ser uma coisa passageira.
Eu não preciso de mais um "amorzinho" raso, eu quero uma coisa mais profunda, mais duradoura. Eu sofri demais para não correr atrás do que eu realmente quero.

Sinto que dei um passo a frente e deixei para trás todos os meus medos.

"Não tenha medo daquilo que tem fascínio".

Seu beijo dessa vez é calmo e carinhoso. Sua língua me invade lentamente e suas mãos estão firmes em meu rosto.

Tenho medo do que isso possa trazer.
É muito mais fácil fingir que você tem um coração de gelo do que deixar alguém entrar nele.

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