•𝑷𝒓𝒐́𝒍𝒐𝒈𝒐•

94 9 16
                                    

(𝑳𝒊𝒛𝒛𝒊𝒆 𝑳𝒂𝒏𝒏𝒆 𝒏𝒂 𝑴𝒊́𝒅𝒊𝒂) ---ꕥ---

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

(𝑳𝒊𝒛𝒛𝒊𝒆 𝑳𝒂𝒏𝒏𝒆 𝒏𝒂 𝑴𝒊́𝒅𝒊𝒂)
---ꕥ---

𝑯𝒆𝒂𝒓𝒕𝒇𝒊𝒆𝒍𝒅, 05 𝒅𝒆 𝑭𝒆𝒗𝒆𝒓𝒆𝒊𝒓𝒐 𝒅𝒆 2003

Grandes campos de trigo se desdobram diante de mim em grande velocidade.
Acabei gostando do espetáculo que essa estrada rural me oferece, no meu caminho de volta para casa.

Eu precisava sair da minha antiga casa, a enorme casa que eu morei por 18 anos.
A enorme casa onde os meus sonhos e conquistas foram destruídos por um demônio. O demônio que manipulou a mente da minha família e matou a minha mãe.

"Ela merecia ter vivido."

A minha mãe é uma protetora pura. Ela nasceu com esse dom de afastar os demônios e manter o equilíbrio do mundo.
Ela fez o que podia...

Com o coração amargurado, o meu pai saiu de casa e veio para cá, para Heartfield, uma civilização isolada que fica no coração dos Estados Unidos.

Eu sorrio comigo mesma. Ok, essa é outra maneira de dizer que você está no meio do nada.

O meu pai se mudou para cá mas sente falta das comidas típicas do exterior.
Ele me pediu para trazer croquetes de caranguejo para o jantar. Acompanhado da cerveja local. Em outras palavras, será um banquete digno de reis.

Olho para a estrada e olho para o céu. O sol brilhante deste dia magnífico não me fará baixar a guarda. O perigo nunca está longe, especialmente aqui...

O rádio está tocando uma música da Roxette, "Listen to Your Heart". Era a música preferida da minha mãe.

É impossível acompanhar a música em meu rádio estragado. Para falar a verdade, muita coisa está estragada em minha caminhonete, mas essa lataria tem histórias e quilômetros para contar.

Talvez a minha amiga Addison Listen possa dar uma olhada. Ela gosta de eletrônicos, automóveis e pode me poupar de gastar uma fortuna com essa belezinha.

Eu toco nos botões do rádio, fazendo-o se desligar sozinho e ligar novamente.
Eu desisto do meu rádio e vejo que cheguei ao meu destino.
Manobro para estacionar na beira da estrada e saio da caminhonete.

Assim que fecho a porta, meu pai aparece na varanda e se aproxima com um olhar determinado. Ele vai me dizer novamente que estacionei mal.
Meu pai continua como sempre, forte, atlético e com os cabelos e barbas bem aparados.
Um falso velho que derrete o coração de muitas mulheres vividas. Meu pai só tem idade, mas o físico e a aparência é de um dono de empresa luxuoso.

___ Você chegou no momento certo, Lizzie!

Ajeito a minha longa bota de couro e gargalho.

___ Sim, eu já sei que você está morrendo de fome e você quer os croquetes de caranguejo. E não se preocupe, eu não esqueci a maionese.

Ele veste sua jaqueta preta e me olha com um olhar incomodado.
Essa jaqueta... parece que ele só tem ela.

___ A comida vai ter que esperar. Há um exorcismo e eu preciso de você. Um homem está apavorado por sua filha.

Suspirando com rejeição eu me jogo em uma cadeira velha e olho para o meu pai.

___ Parece que não ficou muito feliz com a minha chegada.

Eu faço uma expressão carente e ele me abraça fortemente contra ele.
Eu precisava senti-lo. O meu pai é a única família que eu tenho e não quero perdê-lo.

___ Eu não sou o tipo de garota que é a deusa que vai salvar o mundo. Sou somente... eu.

___ Mas é o tipo de garota que pode ajudar as pessoas. O tipo de garota que tem o dom para isso.

Derrotada e cansada eu me afasto dele.

___ Eu não estou afim de me envolver com isso.

Ele caminha até uma estante na varanda e abre uma gaveta empoeirada. Ele retira um jornal da mesma e me entrega.

___ Tem acontecido algumas possessões nessas últimas semanas. ___ Ele comenta.

Eu olho para o jornal e vejo a reportagem, onde está dizendo que uma adolescente foi possuída por um demônio à alguns dias atrás.

___ Merda, ela estava em Heartfield. Sabia que eu devia ter ficado em Nova York.

___ Aí diz que depois do exorcismo ela perdeu o lobo frontal.

De forma debochada eu dou de ombros.

___ Ótimo, assim ela não terá mais pesadelos.

O meu pai puxa o jornal da minha mão e me olha com desdém.

___ Isso não é brincadeira, Lizzie.

Ele pega um papel velho e anota algumas coisas. Vejo que é o endereço da casa onde a família precisa de ajuda.

___ Eu já estou velho para essas coisas. ___ Ele diz por fim.

O olho com decepção e solto um longo suspiro. Olho para os meus próprios pés e nego com a cabeça.

___ A minha mãe começou com isso e morreu, você quer me perder também?

___ Eu não vou te perder, Lizzie. Só estou dizendo que tem pessoas, humanos, que precisam da nossa ajuda. O mundo está perdendo o equilíbrio aos poucos e não podemos deixar isso acontecer.

___ Não me inclui nisso, pai, por favor. Eu não sou uma protetora, não sou como a mamãe. Você não pode me obrigar.

Eu me levanto furiosa e começo a caminhar para dentro.

___ Sua mãe faria você mudar de ideia. ___ Ele diz com uma voz baixa, me fazendo parar. ___ Ela precisava de ajuda e mesmo assim ajudava os outros.

Sinto meus olhos pesados e lágrimas ameaçam a rolar.
O meu pai estende o papel para o meu lado e eu pego-o lentamente.

Pisando forte e resmungando eu abro a porta da caminhonete com força.

___ Tenha cuidado, Lizzie. Hoje eu percebi algo estranho no ar.

___ O mundo em que vivemos é estranho, não é novidade...

Entro na caminhonete e bato a porta novamente para fechá-la.

___ É sério, Lizzie.

Eu ligo o motor e abaixo a janela. Apoio meu cotovelo na porta do carro e me inclino para ouvi-lo melhor.

___ O céu, os animais... tudo. Há um tempo atrás o rádio estava com defeito, a frequência estava tão... sinistra. Você devia sentir essas sensações.

___ Eu só sinto o que eu quero...

O meu pai suspira pesadamente, sinto que ele está desesperado.
Mas gostaria de saber se o seu desespero é sobre as sensações sinistras ou desesperado comigo, que não aceito as minhas condições.

___ O meu rádio veio dando interferência a viagem toda. As interferências podem indicar uma presença maligna?

___ Sim, tem muitas coisas que você precisa saber sobre isso.

Eu fecho meus olhos e encosto a cabeça no banco.

___ Então todos esses barulhos estranhos que eu tenho ouvido desde manhã é algo maligno chegando na cidade?

___ Ou já chegou.

Eu bato no volante nervosa. Isso é ruim, muito ruim!

CONQUISTANDO O PERIGO Where stories live. Discover now